Aumento de verbas não é o único fator para melhoria da educação

Sugerido por Cláudio José

Da Istoé

Educação: só dinheiro não basta

O principal projeto do País para a área educacional é o aumento de verbas. Mas os exames internacionais mostram que isso é insuficiente

Camila Brandalise

Quando se fala em melhorar a educação no Brasil, a chave do sucesso parece sempre se concentrar na obtenção de mais verba. O País vem aumentando gradativamente os investimentos no setor – passou de 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2000 para 6,1% em 2011, último dado disponível. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), esse percentual deve chegar a 10% em 2020. Há três meses, o Congresso Nacional aprovou com estardalhaço o repasse de 75% do dinheiro do pré-sal para a área educacional. É claro que recursos são muito importantes, mas, para o País dar o salto qualitativo de que precisa, é necessário avançar também em outras áreas. Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (o Pisa, na sigla em inglês), de 2012, divulgados na semana passada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ilustram isso.

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EXEMPLO
Acima, a Escola Professor Renato José da Costa Pacheco, no Espírito Santo, que capacita professores. Abaixo, colégio chinês: os asiáticos dominaram o Pisa

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O exame, realizado de três em três anos, mede o conhecimento de alunos de 15 anos em matemática, leitura e ciências. Nessa edição, o foco principal era matemática e a pontuação dos alunos brasileiros na matéria subiu 10% em relação a 2003, o maior crescimento de todos. O País ficou em segundo lugar no quesito inclusão de novos alunos – perde só para a Indonésia. Mas foi só isso a comemorar. Embora invista US$ 26.765 por aluno dos 6 aos 15 anos, o Brasil amarga a 57ª colocação entre as 65 nações participantes. Os asiáticos dominaram a prova. Salta aos olhos o caso do Vietnã, que gasta apenas US$ 6.969 por estudante e alcançou a 15ª posição (leia quadro). Os Estados Unidos, por exemplo, aplicam 115.961 per capita e estão em 29º lugar. Se não atacar problemas estruturais, o País continuará na lanterna.

Um ponto crucial é ter professores qualificados. “Daqui para a frente, o Brasil precisa atrair bons profissionais”, afirma Andreas Schleicher, diretor-adjunto da OCDE para Educação. “Pessoas talentosas devem estar em escolas com mais desafios para superar as diferenças sociais.” No topo do ranking, a província chinesa de Xangai segue à risca a proposta de colocar o foco na qualidade da docência. Com 20 milhões de habitantes, a localidade tem orçamento e planejamentos próprios e investe pesadamente em educação. “Mas a China como um todo também tem adotado políticas voltadas para o professor”, afirma Alexandre Uehara, coordenador do Grupo de Estudos sobre a Ásia do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP). Assim como Xangai, o gigante asiático adota uma política de forte supervisão dos métodos empregados em sala de aula.

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No Brasil, as dificuldades ainda são primárias. “O problema começa quando a escola procura profissionais em áreas específicas, como química e física. Há estabelecimentos educacionais que passam o ano inteiro sem professor para uma disciplina. Já vi colégios em que um docente de filosofia dava aula de física”, diz Cleuza Repulho, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação. Outra questão urgente é a criação de um currículo nacional. “Com uma base comum, seria possível trabalhar de maneira mais precisa a formação dos professores na faculdade”, afirma Eduardo Deschamps, vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação. Além disso, um bom projeto tem de atravessar as sucessivas administrações e não ser engavetado pelo novo governante. “Países que apresentaram evolução, como Cingapura, tiveram essa postura”, diz Andrea Bergamaschi, do movimento Todos pela Educação.

Entre os Estados brasileiros, o melhor exemplo, segundo o Pisa, é o do Espírito Santo, que passou do 6º lugar em 2009 para o primeiro em 2012. “Cerca de 85% dos alunos são de escolas públicas, isso mostra que estamos avançando”, afirma Klinger Barbosa Alves, secretário de Educação do Estado. Segundo lugar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre os colégios estaduais capixabas, a Escola Professor Renato José da Costa Pacheco, em Vitória, atribui a boa nota às sucessivas capacitações de professores. “Os docentes participam de cursos para melhorar o ensino de matemática e damos muito enfoque no envolvimento da família com a realidade escolar”, explica a diretora, Adélia Maria Dias Ramos. A hora é de se debruçar sobre bons exemplos, internos e externos. Caso o País não corra contra o tempo, levaremos 25 anos para atingir a nota mínima estabelecida pela OCDE.

Redação

33 Comentários

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  1. Conta outra vai…

    Nunca vi educação melhorar sem aumento de verbas, nos governos do choque de gestão os professores são obrigados a serem produtivos com um baixo salário.

    Isso só funciona na Ásia, onde há uma grande disciplina e mesmo assim, o ensino foca mais na preparação para o mercado de trabalho do que ensinar a pensar ou filosofar.

    Quando o PISA começou a incluir o Brasil, a pontuação era bem abaixo dos 300 pontos.

    Falta aos governos municipais e estaduais o mesmo empenho do governo federal.

  2. Salário de professor e salário do jornalista

    Caro Nassif e demais

    Claro que não é só salário.

    Mas para começarmos, que tal o dito jornalista, ter um salário de professor iniciante, com as 40 aulas, em SP? E depois a gente conversa sobre o resto.

    Saudações

    1. Apoiado!

      Apoiado, Avelino! Em todas as áreas profissionais, o principal incentivo para a produtividade é a remuneração; só do professor se cobra trabalhar — e dazer milagres! — por amor à arte. Isso não passa de falta de respeito com a educação e seus trabalhadores. 

      1. Caro Carlos
        O que a gente lê

        Caro Carlos

        O que a gente lê de pessoas que tem salários altos, que só o salário maior não resolve.

        É pura provocação. 

        Saudações

  3. Vergonha nacional

    Até que enfim o assunto Pisa foi abordado, ainda que de forma lateral. O fato é: O BRASIL É UM DOS LANTERNAS NO EXAME INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO (57º, de 65). 

    O texto é claro. Em Xangai, primeiro lugar no ranking, o governo LOCAL investe pesadamente na educação básica. Ora, no Brasil os governos estaduais e municipais têm $$$ e quadro técnico para tanto? Obviamente não.

    Ou alteramos este federalismo de francaria, dando mais dinheiro para os entes locais, ou a União federaliza a educação. Este empurra-empurra de responsabilidades gera este quadro vergonhoso para o país.

    Depois não sabem porque o Brasil carece de bons médicos, engenheiros, professores, acadêmicos, planejadores, etcétera, etc. etc..

     

     

    1. Federalizar é uma solução,

      Federalizar é uma solução, mas os demais entes federativos se quiserem podem receber recursos da União para melhorar a educação, nesse ponto o republicanismo petista é correto.

      Desde 2003 Brasil foi um dos países que mais avançou no PISA.

      1. Eu acho que federalizar é a

        Eu acho que federalizar é a melhor opção.

        Até gostaria que houvesse um rearranjo institucional, para que a arrecadação dos impostos fosse mais equilibrada, mas o problema é que haveria uma desigualdade muito grande, entre Estados imagina o quanto de dinheiro SP teria, e o quanto que Alagoas e Maranhão teriam por outro lado.

        Já federalizando, o governo poderia planejar de forma mais equânime e unificada a Educação Básica, lógico que em caráter colaborativo com Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. O problema maior é dinheiro, e quem tem é a União.

        Mesmo com os Fundos, quando se dilui em 26 Estados (+ DF) e cinco mil e cacetada de Municípios, o que é que sobra?

        1. Até a constituição de 1988 era desse jeito Arthur:

          O governo Federal cuidava das universidades, os estados do ensino médio e os municípios do ensino básico.

          O resultado é que estados do Sul-Sudeste ofereciam um bom ensino (pelo menos até a ditadura piorar a escola pública) enquanto o pessoal do Norte-Nordeste não tinham escola e a para ter acesso migravam para outra região.

          Apesar de colocar a educação como prioridade e determinar percentuais para estados e municípios investirem, os conservadores na constituinte impediram a federalização da educação (nos moldes do SUS).

          FHC criou o FUNDEF apenas para o ensino fundamental, apenas com Lula (no 2º mandato) que o FUNDEB passou a atingir toda educação básica.

          1. E daí que com o Lula foi

            E daí que com o Lula foi criado o FUNDEB..?

            E se fosse o FHC que criasse este e o Lula o FUNDEF., que grande diferença seria feita.?

            Para todos os governos a educação é prioridade mas os avanços são mínimos… E isso é uma vergonha principalmente para os partidos de “esquerda” que deviam saber mais que os outros sobre sua importância.

            E onde estão os dados que dizem que houve um salto de qualidade na educação e país foi o que mais avançou como vc disse.?

            Cadê..? Mostra um único link com isso…

      2. Com todo respeito, não vi

        Com todo respeito, não vi onde informaram nesta ou em outras notícias do assunto sobre esse avanço maior que todos os outros. 

        E tem mais, mesmo se for como diz, é mais fácil o quinquagésimo subir 20 posições que o vigésimo alcançar a quinta posição. Sem contar o nosso potencial e a necessidade absurda de fazê-lo devido a dramaticidade da situação. 

        A propósito, a educação não é um drama para o Governo (principalmente o Federal). Não se dão conta de sua importância porque seus problemas não são sentidos de modo claro (como o transporte publico, por exemplo)

        1. você não viu nem verá.

          Chico Pedro, você não viu que a posição do Brasil melhorou porque aquilo que você lê, ouve e assiste não permite que você saiba. Não queira ser bem informado lendo a Revista do Esgoto, Caras, Folha, Estadão, Globo e vendo a GloboNews. Dá até para imaginatr os livros que você lê (caso leia algum). Mas entre nos sites da UNESCO ou da OMS e verá que o Brasil melhorou e muito. Mas isso é notícia censurada, se o povo souber, é capaz de varrer o PSDB até do Paraná.

          1. O nível do lunatismo de

            O nível do lunatismo de alguns pessoas aqui é surreal.

            Os caras são tão cegos devido a rivalidade PT x PSDB que não veem um palmo na frente do nariz.

            Os dados históricos e oficiais nos colocam numa situação alarmante.

            Apenas para citar um único mísero exemplo as carreiras do magistério tem cada vez menos interessados.

            Ninguém quer ser professor..!

            E isso não tem nada a ver com esse maniqueísmo nojento.

            Acorda estúpido!

             

        2. Com relação ao Brasil, o

          Com relação ao Brasil, o vice-diretor da OCDE ressaltou que nenhum país viu tantos ganhos no desempenho de Matemática entre 2003 e 2012, quando saltou de 353 para 391 pontos no Pisa. “Com esse ritmo, o Brasil vai chegar ao patamar dos Estados Unidos (481 pontos) em 18 anos e a média dos países selecionado pela OCDE (494 pontos) em 21 anos”, diz.

          http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,com-alunos-na-serie-correta-brasil-subiria-oito-posicoes-no-pisa-diz-fgv,1105289,0.htm

           

           

          1. “…Desde 2003 Brasil foi um

            “…Desde 2003 Brasil foi um dos países que mais avançou no PISA…
             

            Estamos discutindo aqui avanços gerais, não os pontuais nessa e naquela disciplina.

            Talvez seja o caso também de ler com mais atenção o que está lá nesse seu texto.

            Tem mais problemas que solução, como por exemplo o desnível entre entes federados ou a dificuldade de atriar bons professores. 

            Deixa eu te mostrar uma coisinha agora.:

            http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2931:catid=28&Itemid=23

             

  4. Piada pronta…

    O próprio texto fala na necessidade de professores capacitados. Como atraí-los com os salários aviltantes que os professores recebem? E para pagar melhores salários é preciso sim DINHEIRO. 

    1. Melhorar o ensino? A direita impedirá.

      Se aumentarem duzentos reais nos miseráveis salários dos professores, haverá as leitoas com horário nobre na TV a clamar por “responsabilidade fiscal”. Mesmo que a responsabilidade fiscal traga a irresponsabilidade educacional. Se em  2014 atrairmos as melhores cabeças para prepararem nossos alunos, os resultados só virão em 2030. Em dezembro de 2013 em São Paulo há faxineiras cobrando R$ 200,00 a diária. Qual professor do Ensino Básico ou Ensino Médio que ganha isso no Brasil?

  5. É o inferno brasileiro.

    É o inferno brasileiro. Cobra-se verbas para poder executar um bom programa de educação. O governo acena com a mão cheia de dinheiro, aí aparece um espertinho e diz: Ahh! Mas só isso não resolve.

    É claro que não resolve, Todos sabem disso, mas esta etapa foi vencida. Sem ela não se vence as próximas. E ponto final. Vamos para a próxima.

  6. O  aumento de verbas 

    O  aumento de verbas  possibilita  as  melhorias salariais,  melhores  equipamentos e materiais para as escolas, a ampliação dos  horários de aulas, a melhoria das instalações, a  capacitação do professorado,  etc.

         Se verificarmos as notas das escolas federais,  veremos que são  melhores  do que  as privadas. Se imaginarmos que  houvesse  melhorias  nessas escolas,  inclusive salarais,  eríamos  um grupo de escolas  com médias altíssimas  no PISA.

        Mas  há  os  que  preferem  ser  assaltados  pelas  empresas  que exploram  a educação  e  a  doença  no  Brasil…

  7. A velha questão dos Professores

    Interessante observar como os países asiáticos lideram o PISA.

    Lembrei de um filme do Mestre Kurosawa, “Madadayo”, filmado nos últimos anos de sua vida, em que narra uma história de carinho e devoção que os alunos possuem com o seu velho e aposentado Professor de Alemão. 

    Os seus alunos, que jamais deixariam de chamá-lo de “Sensei”, resolveram todo ano realizar um encontro anual, que aproveitavam para bebericar e se reunir em torno do seu querido Professor. O mais engraçado é que o objeto original de seus ensinamentos – a língua alemã – tinha sido deixado de lado, sendo o Professor muito requisitado, pois havia se tornado um Mestre para a vida de seus ex-alunos.

    De fato, na sociedade japonesa (assim como em diversos outros países asiáticos), a figura do Professor goza de alto status social e profissional, e o país consegue atrair pessoal muito qualificado para ministrar aulas no ensino básico. Claro que, sendo um filme com a grife “Kurosawa”, a narrativa está mais focada no aspecto humano da relação entre o Professor aposentado e seus ex-alunos. Mas é interessante linkar a relação de valores que uma sociedade possui com o seu subsequente desenvolvimento intelectual, cultural e tecnológico.

    Falamos tanto de aumentar a produtividade da indústria, mas se o país chegasse à conclusão óbvia que antes de pesquisadores, cientistas, acadêmicos, mão de obra qualificadíssima, é preciso existir um ensino básico forte, já daríamos um grande passo.

    Agora, relacionando este assunto com a realidade brasileira, lembro de uma empregada doméstica de um amigo meu, que acabou se tornando Professora do ensino básico municipal. Ela de fato nunca foi (e provavelmente nem é ainda) uma pessoa de leitura, nem muito estudada, mas aos quarenta e poucos anos cursou uma faculdade destas de fundo de quintal, conseguiu seu diploma e foi aprovada em um concurso, destes de Prefeitura.

    Conversando com ela, me disse que em termos salariais não era uma grannnnde vantagem ser Professora do ensino básico, mas era mais pela questão de status, instrução, e por aí vai.

    Diante disto, me pergunto: que tipo de educação terão nossas crianças com a falta de profissionais qualificados? 

    E olha que não estou querendo discriminar a ex-empregada doméstica, pois ela é outra vítima de um círculo vicioso: egressa da escola pública, nunca teve chance de um ensino de qualidade, nunca incentivaram-na a ler livros, adquirir cultura, tornar-se uma pessoa qualificada tecnicamente, consequentemente não teve chances de se inserir muito bem no mercado de trabalho, e por fim dará aulas na rede pública, com uma capacidade duvidosa de lecionar e como última alternativa que surgiu, retroalimentando este círculo vicioso.

    Portanto, fazendo uma comparação com duas realidades completamente distintas, chega-se a conclusão que o ponto central de uma política educacional é o Professor. Indubitavelmente, Parece até óbvio o que eu estou dizendo, mas não é, porque nos dias de hoje as pessoas querem ser tudo menos Professor de ensino básico da rede pública. Quem tem chance de ser outra coisa, não vira Professor. Este fato singelo é uma das origens para o nosso ensino público deficiente.

    Sem contar que a sociedade como um todo não nutre apreço nenhum para este tipo de profissional, que acaba sofrendo assédio moral, acaba sofrendo com a violência dos alunos, ministrando aulas em péssimas condições materiais/pedagógicas, e por aí vai.

    Sei que a origem do respeito que certas sociedades têm pelo Professor deita raízes religiosas, étnicas, espirituais, históricas, etcétera. No Brasil, aumentando bem o Salário do Professor e atraindo pessoas qualificadas, já começaríamos a mudar um pouco esta realidade de desrespeito. 

  8. O dinheiro para a educação é

    O dinheiro para a educação é fundamental.

    Primeiro, com ele poderemos pagar muito bem os professores. E com isto, iremos atrair milhares de brasileiros que deixaram de lado o magistério, que atualmente não é um emprego ou função que possa permitir-lhe acesso a ótimos salários e melhores condições de vida. Sem a grana, na verdade, infelizmente, somente aqueles que são muito vocacionados e idealistas estão dando aulas, os demais, na sua grande e imensa maioria, são pessoas que nada conseguem em outros campos e, por que não, vão dar aulas.

    Depois, o dinheiro irá permitir que as escolas sejam muito melhor aparelhadas, de forma a possibilitar aos professores condições de melhor desenvolverem as suas aulas e conseguindo, assim, ensinar com mais eficácia. Hoje as escolas, na grande maioria, não tem laboratórios, bibliotecas, salas de música, auditórios, quadras de esportes, etc.

    Ainda, com o dinheiro, o Estado poderá começar a exigir o aprendizado dos alunos. O grave problema atual é a existência da obrigação dos professores, das escolas em geral, em promover automaticamente o aluno, tenha ou não aprendido.  A progressão continuada foi transformada pelos governos tucanos, principalmente aqui em SP, em aprovação automática.

    E por que os professores são obrigados a aprovarem automaticamente os alunos? É facil: o governo não tem dinheiro para fazer novas escolas e pagar professores e todos os demais encargos que uma nova escola exige. Assim, é melhor aprovar automaticamente, dizem, para evitar a evasão escolar. Grande mentira. A evasão escola por reprovação não existiria se houvesse mais salas de aulas, mais professores, mais condições de trabalho. E é o dinheiro que está na ponta de todo o assunto.

    Hoje, no fundamental, poucos, mas poucos mesmos, são os alunos que aprendem a escrever, ler e entender o texto e fazer as operações matemáticas básicas. E como continuar com isto?

    Somente exigindo a aprendizagem.

    Por sinal, na educação, devemos conjugar, simultaneamente, os verbos ensinar e aprender.

    Sem o ensino, não há aprendizagem.

    Sem a aprendizagem, não adianta o ensino.

    Ensinar e aprender.

    O dinheiro vai ajudar. 

  9. Federalizar pode ser um

    Federalizar pode ser um caminho mas não será que as prefeituras desse Brasil vão se omitir ainda mais? uma prefeitura localizada em uma área metropolitana de uma grande cidade pode trabalhar em conjunto com o Estado e União  e ser cobrada mais facilmente.Mas e uma escola localizada em uma prefeitura  nos rincões do Maranhão ou Alagoas?( os dois estados mais pobres da federação) como proceder? . Concordo que os sálarios dos professores são baixos  e devem aumentar para atrair pessoas que estão indo para outras áreas. O maior Problema da Educação Brasileira é o Ensino Médio que ainda não é tão valorizado no Brasil a maioria dos estudantes do Ensino Médio trabalham e muitos são incentivados por familires a abandonar os “últimos 3 anos”. No Brasil se martela  (através da mídia , governos  e  ongs)que a criança deve ir para  a escola, mas os jovens do Ensino  Médio raramente são mencionados o resultado são os Problemas nessa fase decisiva do Ensino abandono gigantesco e falta de interesse. O Ensino Médio  noturno também atrapalha pois em muitas escolas  a  carga horária é  reduzida.

  10. A velha desculpa

    A velha desculpa de que o aumento de verbas “não basta”! Outra velha é de que o aumento de salário aos professores “não é suficente para melhorar a educação”! Bobagem. Pensamentos de quem se preocupa mais em não pagar impostos do que ter um país socialmente justo.

    Aqueles que se preocupam com as verbas da educação crescendo “em nível preocupante”, me respondam uma coisa: como melhorar a educação se ainda existem salas com 45 alunos, se ainda existem turnos da fome, se não é toda cidade que possui vagas suficientes de creche, se a carreira de professor não atrai os melhores alunos das universidades?

    Não tenho como confirmar, mas o aumento do PIB para a edução, durante a década de 2000, foi pelo aumento das vagas nas universidades federais, confere? Se sim, significa que a parcela da educação básica continua ínfima como sempre.

     

  11. Capital Social

    A vencedora do prêmio Nobel de Economia em 2009 – Elinor Ostrom – aponta em um de seus estudos sobre vilarejos na África a presença de capital social como fator importante no desempenho das escolas. As pessoas se esquecem de que, quanto maior o envolvimento comunitário – em todos os sentidos e principalmente na escola – melhor o desempenho educacional das crianças e adolescentes, assim como melhor fica o trabalho da equipe escolar. É claro que verba é importante – e a administração desta também -, mas é bom lembrar que o desempenho positivos dos países asiáticos pode ser fruto de alta presença de capital social. São sociedades em que laços comunitários e coletivos são ainda fortes; há grande interação entre pessoas e o individualismo não sobrepõe tais características.

    Nas periferias brasileiras, o que nós vemos é uma ausência muito grande de capital social. Há um esgarçamento de instituições comunitárias, o individualismo reina, assim como o desinteresse por questões políticas, sociais e educacionais. Seria interessante que os formuladores de poíticas públicas passassem a se preocupar com isso também.

  12. Não é somente uma questão de grana. Mas também de grana.

    O curriculo nosso e o ideário é preparar o estudante pra passar no vestibular (mesmo que se estinga o vestibular). Ou seja, não se prepara o estudante pra criar, inventar, … entender como funciona o motor do carro, a internet, …

    Então o curriculo é fora da realidade.

    Aqui em Brasília conheci um professor de matemática do segundo grau que desconhece a existencia dos numeros complexos !! Então se aqui é assim … o que dirá nos rincões??

    Se estuda ciências ditando e copiando o conteúdo dos livros !! Loucura.

    Aulas de laboratório? O que é isto?

    É claro é evidente que não é somente uma questão de grana (Cristovão achava que com 9 Bi resolvia o problema …)

    Tem que haver reforma do curriculo e dos objetivos.

    Tem que se criar escolas especiais para receber alunos superdotados por exemplo. Hoje se o cara é superdotado é tratado como um problema em sala. Loucura total este inversão de valores !!

    Sugiro a criação de escolas modelo ANTES DA DITA FEDERALIZAÇÃO.

    Vamos experimentar primeiro minha gente. Tente criar uma escola ou federalizada ou em conjunto, … mas que seja uma escola teste. Uma escola pra balizar inclusive as possiveis escolas federalizadas ou não? Mas o problema é que queremos sempre resolver os problemas de UMA VEZ. COM UM CANETAÇO !! LOUCURA TOTAL.

  13. Alguma análise + conclusiva

    Alguma análise + conclusiva ?

    Toda vez que leio algum pequeno texto como o deste post sobre o assunto, fico intrigado com a discrepância entre os números apresentados. E quando acompanho debates em torno deles –desculpem-me pela franqueza–, os acho pouco conclusivos, diante de situação tão gritante.

    Algum especialista poderia analisar melhor esses dados contidos na ilustração do post, por exemplo ? Os valores investidos e as pontuações são diferentes demais (não é possível ! ). Ou então indicar algum texto mais conclusivo para eu ler sobre o assunto ?

    Obrigado !

    http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_1372781724369022.jpg

     

    1. Esqueceu que no meio desses

      Esqueceu que no meio desses números brasileiros tem corrupção e mais corrupção. Dinheiro que diz ser mandado para as escolas mas que nunca chegaram lá. Os números metem e muito. Cuidado com eles. Leia o livro “Os números(não) mentem”. Verá as barbaridades que se cometem em nome deles.

  14. …enquanto isso, a Coreia do Sul PISA nenóís sem dó…

    … enquanto isso a Coreia do Sul PISA em todo mundo judaico-cristão ocidental mais na chinesada:

    Blog Lu na China (Lu é PhD em Estudos Avançados da China e arredores)

    A Coreia do Sul!  Ou República da Coreia, como dizem por aqui.

    Na verdade, passei dois dias apenas em Seul, a capital.  Eu fiz uma breve comparação (e generalização) com outros países.  A seguir:

    * As padarias são iguais às de Portugal

    * As mulheres são tão bonitas e arrumadas como as espanholas

    * Os homens são tão charmosos e bem vestidos como os ingleses

    * Há lugares tão românticos como na França

    * A organização do país é igual a da Alemanha

    * As pessoas são tão amigáveis como os holandeses

    * Há parques tão lindos como na China

    * A eficiência é igual a de Hong Kong

     

    Coreano – diferenças culturais e educacionais

    Hoje conheci um coreano que é amigo de um amigo meu…  Conversa vai, conversa vem…

    eu:  Os asiáticos normalmente não falam inglês fluentemente, né…

     É preciso lembrar que para um asiático aprender inglês é o mesmo que para um ocidental aprender chinês.  Ou seja:  MUITO difícil.

     ele:  É… eu aprendi na escola, na Coreia.

     eu:  Ah, sim!  A Coreia tem fama de ter o ensino muito bom mesmo. 

     ele:  É.  Acho que sim.

     eu:  Você também fala chinês fluentemente, né?

     ele:  Falo.  Também aprendi na escola.

     eu:  Ah, que legal!  Quantas línguas você aprendeu na escola?

     ele:  Aprendi coreano, chinês, inglês e russo.

     eu:  …

     ele:  Ahahha

     eu:  Nossa!!! Você aprendeu 4 línguas diferentes na escola e todas as 4 com caracteres diferentes?

     Como assim???

     ele:  Sim, na Coreia todo mundo aprende essas 4 línguas na escola.

     eu:  E de que horas a que horas você ia à aula na Coreia?

     ele:  Das 8h da manhã às 11h da noite.

     eu:  ???

     ele:  Ahahaha

     eu:  Como assim??? Você quis dizer das 8h às 11h da manhã?

     ele:  Não, não.  Das 8h da manhã às 11h da noite mesmo. Os estudantes dormem na escola.

     eu:  Ah?  Isso dá…

     ele:  14h de estudo tirando as refeições.

     eu:  Você tá brincando, né?

     ele:  Ahahha.  E no Brasil de que horas a que horas você estudava no colégio?

     eu:  Normalmente das 7 ou 7p0 até as 13h.

     ele:  Nossa!  Só…?  E aos finais de semana também, né?  Estudava mais horas aos finais de semana?

     eu:  Não!  Imagina!  Aos finais de semana não tinha aula!

     ele:  Como assim não tinha aula aos finais de semana?

     eu:  Não tinha, ué!  Você, por acaso, tinha aula sábado e domingo?

     ele:  Claro!  Todos os sábados e domingos das 8h da manhã às 23h!

     eu:  …………

    afffffffffffffffffffffffff…

     Vamos estudar, pessoal!  A Ásia vai dominar o mundo!!!

    Blog Lu na China

  15. Tem que nivelar…

    …com a Receita Federal. É só o governo cuidar da Educação igual cuida da arrecadação.

    Isso vai acontecer um dia? Não.

    Sabe quando o salário inicial de um professor concursado do ensino básico será de R$ 9.000,00? Nunca.

    Sabe quando teremos escolas plurais, com pouca aula e mais aprendizagem? Nunca.

    Sabe quando as escolas terão equipes multidisciplinares e turmas com 15 estudantes por sala? Nunca.

    Sabe quando deixarão de ter salas de aula?

    E quando abandonarão essa classificação por idade e série?

    E piscina semiolímpica, estúdio de música, laboratórios de geografia, história, química, física, tecnologia, biologia?…

    E campo de futebol?

    Prática de esportes olímpicos… Tá querendo o quê?

    E atelier de artes?

    Já viu as bibliotecas? Pois é…

    Sabe quando as escolas sairão das mãos dos políticos e irão para as mãos dos professores, a exemplo das universidade públicas? Nunca…

    Acostume-se!

    1. Jamais deveremos nos

      Jamais deveremos nos acomodar.

      Tenho 70 anos e ainda acredito. Temos que acreditar e exigir, nas eleições, que as promessas de melhoria na educação sejam cumpridas.

      E basta de alienação. Hoje, o mundo está cada vez mais alienado, totalmente afastado das decisões do Estado. Conheci um mundo melhor do que este, que atualmente está absorvido e totalmente engolido pelo consumismo, a arma morta do capitalismo desenfreado e humilhante.

      Jovem, levante a cabeça e passe a acreditar.

      O País não muda em um dia e nem em uma década. As transformações podem demorar décadas e décadas, e perdemos muitas delas.

      Quando você esperava a modificação que se deu na Africa do Sul? Sei que ainda não é suficiente, mas melhorou e muito. O preço foi pago por Mandela, que era tido como um terrorista pela imprensa de todo o mundo “livre”. Restou muitos anos de sofrimento na prisão, para ao sair de lá, virar um ´grande líder, que abalou o preconceito e motivou a união na Africa do Sul.

      Temos que ter sempre a esperança.

       

  16. Impressionante

    Fico impressionado. A única categoria profissional sobre a qual vejo dissociarem desempenho de salário é a categoria dos professores. Se alguém viu ou leu algo algo sobre outras categorias fazendo a mesma dissociação por favor me avisem.

    Algumas vezes a associação é mais explícita. Mostrando uma escola onde APESAR do salário existe sucesso. Outras vezes a associação é mais sutil.

    E o assunto é recorrente. Ora aparece na TV, ora algum artigo publicado.

    Pois é nestes momentos que lembro de Maluf, numa afirmação, faz muitos anos. Questionado sobre o salário das professoras, ele afirma que não existe professora que ganhe mal, existe professora mal-casada.

    Um único detalhe gostaria de registrar. Quando aparece uma escola exemplar, geralmente não é mostrada a fórmula do sucesso. Que, na maioria dos casos, é seletividade. Sabe-se que existem escolas públicas que são consideradas modelos, e por conta da enorme demanda, torna-se necessário um teste seletivo. Isso mesmo, escolas de sucesso, com raríssimas excessões são escolas que selecionam os “melhores”. Tal como fazem muitas escolas particulares. E, mesmo quando a seleção falhou em filtrar os melhores, sempre existe a possibilidade de trasnferir os “indesejáveis”.

    Este tipo de seltividade é uma variação daquela seletividade que funciona colocando os alunos “menos” capazes juntos, geralmente nas turmas denominadas com as últimas letras do alfabeto. Ou seja, é feita uma espécie de homogeneização.

    Enfim, enquanto esta associação de ideias sobre a educação vigorar, só resta escrever uma carta ao Papai Noel.

    Perguntinha: porque a OAB estabelece em seu código uma comissão mínima para o trabalho dos advogados e preve punição a quem desrespeitar tal norma?

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