Ensino Religioso, Filosofia e o “efeito Feliciano”

Leio que a ONU criticou o ensino resligioso em escolas públicas aqui no Brasil.

Pois outro dia foi debatido aqui no canal do Nassif a hipótese de se ministrar a disciplina de Filosofia no ensino fundamental e médio. Fui defensor minoritário, quiçá na proporção de 99 X 1.

No entanto, não consigo entender o seguinte (aliás, compreendo, mas não me conformo): as escolas públicas e os educadores encontram espaço na grade para o Ensino Religioso, e não para a Filosofia!

O argumento central naquela discussão anterior foi o seguinte: nada de novo existe sobre a Filosofia, o conhecimento filosófico encontrou seu limite no próprio limite da velocidade do cérebro (e outras baboseiras).

 

E sobre a Religião, afinal o que existe de novo em termos de “ampliação” de conhecimento? Pelo que verifico, seus valores obscurantistas estão presos ao Medievo, bem diferente da Filosofia, que sustenta, por exemplo, a moderna plataforma de Direitos Humanos!

Talvez essa prática educacional explique, ainda que parcialmente, a razão de a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados exibir para as gerações futuras a foto de Marco Feliciano na galeria de seus ex-presidentes, um religioso que nutre forte preconceito em relação às minorias.

E nem vou falar do “risco Bolsonaro.

 

 

 

 

 

Redação

22 Comentários

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    1. Resposta

      Em teoria, em nenhuma, já que essa matéria é facultativa.

      na prática, em todas  que tem a matéria. A obrigatoriedade se faz pela pressão de outros alunos e professores.

       Tente ficar de fora e sofra as consequencias.

      1. No interior de SP já conheci

        No interior de SP já conheci muitos professores de escolas públicas, estaduais e municpais, e nunca ouvi dizer que havia ensino religioso em nenhuma escola. Seja facultativo ou obrigatório.

        1. sabe porque?

          Porque em são paulo não tem ensino de religião nas escolas públicas, como tem em alguns estados, como Rio de janeiro, por exemplo.

           Copoiu?

      2. prove o que disse!

        exemplifique isso que falou sobre a perseguição para os que “ficaram de fora”!

        como soube, quem te disse ou uma expeculação!  

        vou avisar, pode me ofender do que quiser mas vou ficar perguntando isso até vc me responder!  portanto não tende a saida classica e me agredir não vai funcionar!

    2. No Rio de Janeiro.
       
      A maior

      No Rio de Janeiro.

       

      A maior contratação nos últimos 30 anos de professores para o ensino no Estado do Rio foi de pastores para dar aula na rede pública.

       

      O Acre talvez seja o mesmo uma vez que comprou Biblias para todos os professores da rede pública.

  1. Há outros argumentos contra o ensino da Filosofia, e + sérios

    O problema nao sao “limitaçoes da Filosofia”, claro que isso é ridículo. O problema é que seria uma disciplina a mais no currículo já sobrecarregado do Ensino Médio, donde seria de apenas 2 tempos, ou seja, um tempo absolutamente insuficiente para ser feito algo sério. E além do mais nao há professores de Filosofia em número suficiente, donde a disciplina seria entregue a professores sem contato com a Filosofia (na melhor das hipóteses; pior ainda a probabilidade dela ser entregue a padres…). Disso resultaria que a Filosofia seria reduzida a clichês da história da Filosofia (Sócrates=Conhece-te a ti mesmo; Platao=Mito da caverna; etc), o que nao aumenta a reflexao de ninguém. O mesmo tipo de ensino que já vigora na disciplina Literatura, e que faz os alunos a odiarem, além de desestimular a leitura. Nao é enfiando mais disciplinas no currículo que se melhora a capacidade de reflexao dos alunos, e sim exatamente o contrário: que menos disciplinas sejam dadas, com mais tempo de aprofundamento. 

    Mais proveitoso para melhorar a capacidade de reflexao dos alunos seriam mais aulas de PORTUGUÊS, mas dadas com outra perspectiva; muito menos decoreba de gramática e de literatura, e mais leitura, escrita, discussao oral sobre temas relevantes; inclusive temas de Filosofia… (mas sobretudo muita leitura crítica da mídia, mostrando as falácias e os artifícios retóricos…). 

  2. Agora, claro, ensino religioso é o atraso corporificado

    E D. Marina ainda pretende que o criacionismo seja dado nas escolas… (Há vídeo dela dizendo isso, nao estou chutando). Ela é democrática, nao diz que só o criacionismo deva ser dado, a teoria da Evoluçao tb… Como se fosse possível ensinar o sistema solar ao mesmo tempo segundo a astronomia atual e segundo Ptolomeu. 

  3. Anarquista.

    Por que não o ensino das Leis de Trânsito (o básico óbvio), Cidadania e Xadrez?Eu lembro que no meu tempo, as escolas públicas tinham o Xadrez na grade curricular.

  4. Considero uma besteira muita

    Considero uma besteira muita grande contrapor o ensino da Filosofia e o Ensino da Religião. Não é da alçada da escola o proselitismo religioso. Usar a figura do pastor Marcos Feliciano para justificar o não ensino da Religião chega a ser ridículo. Ensinar os princípios religiosos é dar aos educandos conhecimentos que são inerentes a todas as culturas. Penso que essa resistência é como a história do avestruz. Ou uma tentativa de forçar o ateísmo como opção, sendo que essa não é a opção da maioria. Um dos muitos “buracos ideológicos” da Esquerda que ainda vê a Religião como o ópio do povo, sm jamais ter lido seriamente Marx e Lenin.

    O ensino da Filosofia não se esgotou, o que esgotou foi a formação de professores com o devido espírito crítico que devem ter os filósofos. A Filosofia dá embasamento para as ações dos homens, quer queiram quer não. O resto é pura baboseira.

  5. método cientifico nas escolas

    ” A ciência é muito mais uma maneira de se pensar do que um corpo especifico de conhecimentos” Carl Sagan

    Ao invés de retornar aos séculos XIX ou XX com a filosofia ou ao século XV com a religião, vamos abraçar o século XXI e ensinar método cientifico nas escolas.

     

    Ficheiro:Metodo cientifico.svg

    1. Sugerir que o sentimento

      Sugerir que o sentimento religioso e a especulação filosófica são formas de conhecimento ultrapassadas ou superadas pela ciência do século XXI é um sinal de profunda ignorância… E ignorância científica, inclusive. Pois significa, paradoxalmente, encarar a ciência de modo dogmático, como capaz de abarcar todas as respostas e questões que interpelam o homem.

      Quem reflete sobre o estatuto epistemológico da ciência não é a própria ciência (no sentido estrito da palavra), mas a filosofia (ciência no sentido largo).

      As bases metodológicas da ciência moderna e contemporânea, pelo menos da ciência de vanguarda, não são mais regidas por um esquema simplista (e de certo modo mesmo incorreto) como esse que o sr. postou, esquema que é aliás uma caricatura de mau gosto do racionalismo filosófico cartesiano e filosofia empirista anglo-saxonica.

      Elas se reportam antes a formulações muito mais complexas, como a fenomenologia de Husserl, a epistemologia de Popper, ou a critica de Foucault, por exemplo. Todos trabalhos filosóficos.

      A contribuição de físicos é também, evidentemente, decisiva, e nesses casos, é de se notar que a teorização da física se confunde em muito com uma reflexão propriamente filosófica.

      A relatividade restrita, o princípio de incerteza, e a física quântica entram nesse caso de figura. Aliás, os sólidos conhecimentos filosóficos dos físicos de vanguarda é algo de deixar a maioria das pessoas pasma. O pensamento abstrato de modo geral é um `pensamento filosófico.

      Não há antagnismo ou superação entre as diversas modalidades de saber e especulação intelectual. Mas sim complementaridade. Cada uma tem seus métodos, campos de atuação e função.

      A filosofia deveria sim ser ensinada nas escolas. Se seria viável ou não, eu sinceramente não sei. Mas que uma sociedade saudável passa pela valorização da reflexão filosófica, quanto a isso não resta dúvida.

      abs

  6. Interessante, quer dizer que

    Interessante, quer dizer que a Alemanha que decidiu meses passado colocar aula de religião em suas escolas públicas esta errada?  Certo estão os preconceituosos que sem se quer estudar as religiões decidem discriminar os religiosos e tentarem amordaçar a sociedade sobre o assunto interferindo assim no direito de escolha deles e o que é pior negando o direito a informação ao aspecto positivo ensinado nas religiões como perdão, amor, tolerância, convivência. Sim porque todos estes valores se encontram na religião mas alguns preferem centrar no fanatismo religioso que é bem pequeno dentro da religião, pequeno mas maléfico tanto aos religiosos como os não religiosos. Por esta razão a Alemanha decidiu voltar o ensino religioso, para esvaziar o radicalismo Islâmico e centrarem no positivo que ele possua. Mas no prefiro os no Brasil colaborar com a gravidez na adolescência tirando a religião e enaltecendo os funks que fazem apologia a violência e ao sexo irresponsável, ora senhores por favor sejam menos preconceituosos.

  7. Cietificismo

    Prezado Marcelo Castro:

    Há uma falsa oposição entre ciência e filosofia.

    De qualquer sorte,  a “verdade” científica depende de um “concesso” da comunidade científica. E esse concenso é formado a patir de um contraditório, de uma debate metacientífico. E aí, queiramos ou não, temos filosofia. 

    A ciência não é imune à reflexão crítica (o que era científico ontem, hoje não é mais). Enteder diferente é pensar numa sociedade que vai passar a definir seu futuro seguindo modelos matématicos em sibstitição às decisões políticas…

    Mas, enfim, é somente a opinião de um leigo.

    Um abraço, Charles

     

    1. caro Charles,

      Meu caro, não há oposição entre ciência e filosofia. Como eu tentei mostrar, a ciência é uma forma naturalista de se pensar que não admite dogmas. A ciência é a própria contradição do dogma. Já a filosofia disciplina e classifica o raciocinio e consequentemente a própria ciência. A diferença é que filosofia pode ser apreendida em aulas de história ou literatura. A ciência não.

      Portanto a sua colocação de “verdade cientifica” é uma contradição em termos e se há algum consenso cientifico isto ocorre justamente devido à pequena popularização da ciência. Se cada aluno secundário for capaz de formular raciocinios cientificos, a possibilidade de consensos fica menor.

      É claro que a ciência não é imune a reflexão critica, por isto tentei demonstrar o método científico por um fluxograma. Pois não se trata de uma idéia acabada mas em constante auto-critica e auto-reflexão.

      A rigor, o método cientifico é o supra-sumo do raciocinio filosófico refinado através dos milênios.   

  8. Religião as crianças e os

    Religião as crianças e os jovens aprendem em casa com os pais religiosos. Aprendem nas escolas religiosas, quando os pais religiosos direcionam os filhos para essas escolas. Aprendem nas igrejas, porque os pais religiosos incentivam os filhos a frequentarem as igrejas. Aprendem nos meios de comunicação, pois o que mais existe são livros, rádios, e até TVs de propriedade de religiosos. Quando os religiosos não têm uma TV eles compram horários para a sua difusão religiosa. As igrejas não pagam impostos e arrecadam fortunas para difundir a sua religião. Isso não basta?   Que querem mais? Não podem respeitar quem não tem vontade de se aprofundar tanto assim em assuntos religiosos? Os jovens, bombardeados, por todos os lados, de religião, não podem, nem mesmo nas escolas, ter acesso a outras idéias que não sejam as idéias religiosas? 

    Para mim a grade escolar deveria ser dividida em duas: a área de tecnologia (sem tecnologia nos tornamos escravos de outros: dos Estados Unidos, da China, da Rússia, da Alemanha, etc.) e a área de humanidades -a filosofia em primeiro lugar, a história da filosofia que é a história do pensamento, história e língua e literatura (porque sem capacidade de reflexão também nos tornamos escravos de outros: dos Estados Unidos com a sua rede de difusão de ideologias de extrema direita, das ideologias de extrema esquerda, com seu nhen-nhen-nhen destrutivo que nada constrói, etc.)

    E a filosofia deveria ser massificada, com prova exigida nos vestibulares, enems, concursos públicos, com base na grade curricular.

    Uma reforma curricular é difícil porque existe muita gente ganhando a vida – é compreensível que sejam contra mudanças – dando aulas de química, biologias, matemáticas, físicas, no ensino fundamental e médio. Mas por que ensinar tudo isso no ensino médio? O que eu lucrei em ter aprendido geometria espacial no 3º ano do meu ensino médio? Nunca usei, esqueci tudo, escolhi outros destinos na vida que nunca exigiram meus conhecimentos de geometria espacial. Acho que deve haver uma reformulação de currículos escolares, dando a ênfase que merece ao estudo de humanidades. Isso vai amenizar a barbárie em que estamos atolados. E cabe ao Estado Laico e Democrático realizar esforços nesse sentido. 

    1. Mas a geometria espacial é

      Mas a geometria espacial é importante na parte de tecnologia que você propõe. Não deveria haver o mínimo de ambas as partes para uma formação universalista?

      1. Certíssimo, Hélio, foi só um

        Certíssimo, Hélio, foi só um exemplo, talvez infeliz e mal explicado. Quando eu fiz o segundo grau em uma escola pública (1974-1976) estavam experimentando os então denominados de cursos profissionalizantes. Havia os cursos de Técnico em Química, Laboratório de Análise Clínicas e Tradutor e Intérprete. Naturalmente, quem escolhia o primeiro tinha um currículo mais recheado com ciências químicas, físicas e matemáticas, o segundo com biologias, e o terceiro com línguas e literatura, mas todos tinham um currículo mínimo de cada matéria, o que variava era a ênfase e o peso na grade curricular. Não quero dizer que todo segundo grau tenha de ser profissionalizante, mas acho que se pode administrar prioridades, de maneira a enxertar o estudo da filosofia urgentemente.   Na verdade, esse estudo das grades curriculares deve ser feito por especialistas  e eu não o sou, apenas dou pitaco. 

  9. Devaneios

    Ciência, bla bla bla… Filosofia, bla bla bla… Religião, bla bla bla… Ciência é importante. Raciocínio científico, pesquisas, descobertas, evolução da humanidade. Filosofia é importante. Lógica, dialética, base para outros pensamentos, inclusive, científicos. Religião é importante. Le bon trata da importância das crenças em seu livro “As Opiniões e as Crenças”. Distaca a diferença do conhecimento e da crença como necessários e igualmente importantes. Conhecimento esclarece o mundo, mas o que o guia, são as crenças. Então para quê ficarem discutindo como infantes? Para os que apoiam a ciência, digo: é importante. Você está certo. Para os que apoiam a filosofia, digo: é importante, você está certo. Assim vai. Religião, se ensinado pelo ponto de vista teológico e da mitologia comparada, é pura filosofia. Então digo ainda assim: você está certo em apoiar a religião. Satisfeito a todos, temos uma unanimidade lógica. Portanto todos satisfeitos em sua epistemologia, e nada mais a ser discutido senão o como unir todos os ensinos em uma escola democrática, não qual é o mais importante. E assim procegue o diálogo maduro…

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