Mesmo depois de expansão, ensino integral paulista só estará em 3% das escolas

Sugerido por Cyrus

Do blog Novas Cartas Persas

Com atual ritmo de expansão, ensino em tempo integral demoraria 1.594 anos para atingir toda a rede em SP

Governado há 20 anos por um mesmo partido, estado de SP terá, mesmo depois de ampliação do programa, apenas 1,25% de alunos em escolas de tempo completo

O governo anunciou uma “megaexpansão” do ensino em tempo integral da rede pública estadual. Atualmente, são 69 as escolas que fazem parte do programa e passarão neste ano para 182 instituições de ensino, beneficiando, segundo o governo, cerca de 55 mil alunos da rede pública estadual.

A notícia foi propagandeada divulgada hoje pelos grandes jornais de São Paulo. A Folha, na verdade, já tinha dado o “furo” no dia 4 de janeiro: “São Paulo triplica (sic) número de escolas com aula integral (sic)”. Tirando o fato de que o triplo de 69 é 207 (e não 182), é algo para comemorar o fato salutar de a rede estadual estar agora com mais escolas com “aulas integrais”… já chega dessas escolas com aulas que acabam na metade, hahaha! Parece piada pronta para o José Simão… Enfim, isso é o de menos. De todo modo, o jornal reforçou o recado hoje, para quem não tinha entendido direito a lógica ou a matemática da notícia anterior: “Governo de São Paulo expande programa de ensino em tempo integral“. O Estado de São Paulo já não se entusiasmou tanto com a “triplicação” deste ano, e preferiu focar na promessa para 2015, porque, afinal, já estamos em ano eleitoral: “Governo vai ampliar escolas de tempo integral para 1ª à 5ª série em 2015” .

Boa notícia? Bom, sim. Ainda que haja controvérsias entre especialistas em educação, e que seja necessário avaliar com cuidado como essa “megaexpansão” está se dando, como leigo na área (que deve ser o caso da maioria do leitorado dos grandes jornais supracitados), eu sou levado a crer que se trata de uma excelente notícia!

Vamos soltar fogos! Só que não.

Isso porque a rede pública conta com 5.578 escolas e mais de 4,3 MILHÕES de alunos. Ou seja, mesmo DEPOIS do anúncio da hiperampliação de hoje, as escolas da rede estadual com escolas de tempo integral vão representar apenas 3,26% do total de escolas (ou seja, “triplicou” de 1% para 3%). Ou, ainda, os 55 mil alunos da rede beneficiados com ensino em tempo integral representam apenas 1,25% do total de alunos do Estado.

Bom, não se pode fazer tudo de uma hora para outra, dirão os maiscomplacentes ponderados. Sim, claro. Ampliar educação em tempo integral não é tarefa fácil, é um empreendimento complexo e caro.

Só que não se pode esquecer que este governo não começou quando Alckmin assumiu, em 2011. Começou em 1995. Ou seja, neste ano, completará 20 anos no poder, sem interrupções, sem ruptura nas orientações e nas políticas públicas. Isso não ocorre em praticamente nenhum outro Estado, nem mesmo no Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul ou no governo federal. São duas décadas seguidas.

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Em 20 anos, portanto, o ensino integral atingiu 3,25% das escolas da rede estadual e 1,25% de seus alunos. Nesse ritmo chinês tucano de expansão, para o ensino integral atingir toda a rede demoraria 660 anos ou, para incluir todos os seus alunos, seriam necessários 1.594 anos.Não há “Pax Tucanax” que aguente. Mesmo se incluirmos na conta apenas alunos do ensino médio e integral, ainda assim seriam necessários 1.444 anos para que todos tivessem aulas das 7:00 às 16:00 (aliás, aula tão cedo é muito cruel… só quem não lembra mais o que é estar na escola para achar isso normal!).

Alardeada como uma grande notícia, a lentidão na expansão de ensino integral é, na verdade, mais um resultado do xoque de jestão tucano na educação de São Paulo.

Redação

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