A última onda, por Marcos Soares

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A última onda

por Marcos Soares

Na semana passada comentei sobre as possibilidades de alteração no quadro da disputa do segundo turno considerando o que ocorrera na semana que antecedeu o primeiro turno. Foi possível perceber ali um deslocamento intenso de uma parcela significativa de eleitores na última semana, sobretudo entre a véspera e o dia da eleição, que decidiram ou mudaram o voto nesses últimos dois dias.

 

O que estamos assistindo nesse momento, na semana que antecede o segundo turno, é uma movimentação parecida. Lá como cá, houve uma “onda” que levou a maior parte dos eleitores a escolher o candidato que terminou à frente naquele momento. Hoje, com a divulgação das mais recentes pesquisas de Ibope e Datafolha, percebe-se uma nova onda levando à aproximação dos dois candidatos.

Uma projeção conservadora, de que a queda de Bolsonaro e consequente alta de Haddad sejam de 1 ponto por dia, diminuindo em 2 pontos a distância entre os candidatos, poderemos chegar no domingo com uma diferença de 6 pontos.

 

 

Mas há tempo para uma virada?

Há dois fatores a se considerar para tentar projetar o resultado no próximo domingo: os indecisos e a possibilidade de uma parcela significativa do eleitorado decidir o voto no dia da eleição, assim como ocorreu no primeiro turno.

A mais recente pesquisa do Datafolha mostra que o patamar de eleitores indecisos e que dizem votar em branco ou nulo ainda é alto para um momento tão próximo da eleição. São 6% de indecisos e outros 8% que dizem que votarão em branco ou nulo. Esse último indicador está próximo ao apurado no primeiro turno e dificilmente deve mudar, já os indecisos, esses devem fazer sua escolha nos momentos finais.

 

Quando analisamos o resultado da pergunta espontânea (nesse caso cito a pesquisa Ibope, o Datafolha estranhamente não fez essa pergunta) percebe-se uma queda mais acentuada de Bolsonaro e aumento do indicador de votos brancos e nulos.

 

Nota-se que Bolsonaro teria hoje, segundo esse indicador do Ibope, os mesmos 42% de votos totais alcançados no primeiro turno. Isso é indício de que uma parte do eleitorado que havia escolhido Bolsonaro logo após o primeiro turno decidiu se afastar dele mas ainda não aderiu ao seu concorrente.

Muito provavelmente os motivos para esse afastamento são as denúncias de difusão de notícias falsas a partir das redes sociais financiadas por caixa 2, como noticiado pelo jornal Folha de São Paulo. Essa notícia fez com que as próprias empresas (Facebook e WhatsApp) agissem para contar essa disseminação de fake news cancelando milhares de contas, o que aparentemente diminuiu bastante o alcance dessa corrente de boataria.

Os arroubos verbais autoritários do candidato no último final de semana também contribuíram para esse afastamento de parte do seu eleitorado.

Significa portanto que ainda há um “estoque” de eleitores que não fez sua escolha e deverá se posicionar entre a véspera e o dia da eleição, e aí entra o segundo aspecto a se considerar para a projeção do resultado de domingo.

Além dos indecisos, há também um contingente, pequeno mas não inexpressivo, de eleitores que dizem ter escolhido seu candidato mas que ainda admitem a possibilidade de mudar essa escolha. Segundo o Datafolha, são 9% que admitem mudar de candidato.

Como a tendência nesse momento, apurada em todas as pesquisas, é de queda do candidato do PSL, é razoável supor que a possibilidade de mudar de candidato seja maior entre os seus eleitores.

Por último, cito novamente o dado levantado na pesquisa Datafolha de 10 de outubro, mostrando que o percentual de eleitores que decidiram o voto entre a véspera e o dia da eleição no primeiro turno foi de 18%.

Fonte: Pesquisa Datafolha 10 de outubro de 2018

 

Tudo considerado, pode-se afirmar que a disputa está aberta e que poderemos ter uma nova onda de última hora levando a um resultado que até a poucos dias não era cogitado.

 

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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