Entrega do petróleo após mudança do regime de partilha será desfeita, diz Ciro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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“Se a empresa se sente fragilizada, imagine o trabalhador, com 13,7 milhões de desempregados” (REPRODUÇÃO)

da Rede Brasil Atual

Entrega do petróleo após mudança do regime de partilha será desfeita, diz Ciro

Em sabatina realizada pela Abimaq, pré-candidato do PDT afirmou que promoverá debate entre trabalho e capital para rever pontos “aberrantes” da reforma trabalhista

por Redação RBA

São Paulo – Em sabatina promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo, o pré-candidato pelo PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou que, se eleito, todas “as entregas” do petróleo depois da mudança da lei de partilha vão ser desfeitas. Os campos de petróleo comprados por multinacionais serão “desapropriados, com a devida indenização”. Ele disse ainda que enviou uma carta à Boeing pedindo para que a empresa norte-americana não consolidasse o negócio de compra da Embraer.

Um dos momentos polêmicos do evento, que se tornou um debate entre o pedetista e pessoas da plateia, foi a discussão da reforma trabalhista aprovada durante o governo de Michel Temer. Segundo Ciro, a reforma tem coisas boas mas tem “aberrações e defeitos de origem”. “Esses defeitos exigem conversa, para que não fique uma parte derrotada e humilhada e a outra com uma vitória de Pirro”, disse Ciro. De acordo com ele, uma das coisas aberrantes é o artigo que pode “alocar uma grávida num ambiente insalubre, se o patrão entender que não é insalubre”.

Ele afirmou que seu compromisso “não é conservar coisas erradas do passado, mas trazer a bola de volta ao centro do campo e fazer uma discussão. Não sou contra uma reforma, sou contra esta reforma. Não é revogar pura e simplesmente, mas convocar um diálogo aberto (entre trabalho e capital) e modernizar o Brasil”.

Questionado sobre a “fragilidade” de pequenas e médias empresas diante de sindicatos fortes de trabalhadores, o pré-candidato respondeu: “Se a empresa se sente fragilizada, imagine o trabalhador, com 13,7 milhões de desempregados.Tem que se proteger o lado mais fraco. Me comprometi com os sindicatos a botar a bola no meio de campo para conversar. A parte historicamente mais frágil é a parte do trabalho”.

“Se você introduz insegurança jurídica e econômica, você está matando a lógica do capitalismo de massa, que se afirma no consumo de massa. E o consumo de massa se afirma na renda. Se eu destruo a renda, não tenho escala para a economia.”

Ele foi também perguntado como governaria um país em crise político-institucional em um sistema conhecido como “presidencialismo de coalisão” falido. “Desde o general Dutra, todos os presidentes eleitos o foram com minoria no Congresso. É inerente à federação.”

Porém, afirmou que todos os presidentes desde o período Dutra (1946-1951) “tiveram poderes quase imperiais por seis meses”. Inclusive Fernando Collor (1990-1992), que adotou medidas autoritárias, como o sequestro de ativos. “O Congresso engoliu, o Judiciário engoliu e o povo bateu palma. O tempo da reforma são os seis primeiros meses. Tem que aproveitar esses seis primeiros meses”. Em sua opinião, “o Brasil está pronto para uma convergência”.

Mas, para o pré-candidato, o próximo governo vai herdar um país que virou “uma babel”, no qual não há segurança jurídica e 63 milhões de pessoas estão com os nomes em serviços de proteção ao crédito, por exemplo. “Pelo consumo das famílias não é provável que venha crescimento. O endividamento privado está em R$ 2 trilhões de divida, mais de R$ 600 bilhões de potencial inadimplência e o Brasil está em um colapso fiscal.”

Para piorar, segundo sua avaliação, “parece inevitável” que se o crescimento se aproximar de meros 2% do PIB, o Brasil teria uma crise cambial. “E voltamos a manipular a taxa de câmbio, o que me parece próximo do crime.” Ele defendeu uma reforma tributária que desonere a produção e declarou que não tem nada contra o mercado, “mas o mercado não sabe promover o desenvolvimento”.

Afirmou ainda que um de seus compromissos é recapitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “País como o nosso precisa de um banco de fomento.” Segundo ele, o país teve ‘a sorte’ de o governo Temer não ter conseguido tirar do banco R$ 200 bilhões como pretendia. “Mas conseguiu tirar 100.” Para Ciro, é possível recuperar o banco, “se ele não chegar morto” ao próximo governo.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. Ciro dando um guinadinha à esquerda?

    Como assim não ha segurança juridica no Brasil? Ele não tem afirmado em todos os meios de comunicação que a Lava Jato e o juiz Moro são respeitaveis? Nunca é tarde…

    1. Precisa se informar melhor,

      Precisa se informar melhor, ele nunca afirmou isso. Ele fala que a lava-jato, como operação de combate a corrupção é necessário ao Brasil, quanto a judge morrow, veja o que ele fala, assista com imparcialidade uma palestra ou entrevista do Ciro.

      1. Dificil saber quando vai dar cara ou coroa nesse caso

        O Ciro Gomes tem essas dicotomias. Um hora diz que recebera a turma do Moro na bala, em outro momento diz que a Lava Jato é essencial para o Pais. Em determinada entrevista dizia ela em 2017 que Lula não poderia ser condenado, não havia razão. Depois andou dizendo que Lula se deixou corromper, acusa os filhos etc… Dificil, né. 

        1. Olha, não é díficil, se vc

          Olha, não é díficil, se vc consulta as fontes corretas. A frase em que ele ” recebe o  Moro a bala”  é a seguinte: ” ele que mande me prender, que eu recebo o pessoal dele a bala*, se eu for inocente”  e, ainda, complementa  que todo cidadão faz uso de legítima defesa.  Isso foi numa entrevista com o LN. As edições na internet, inclusive no PIG nunca mostram a frase inteira. 

          * “receber a bala” é uma figura de linguagem muito usada aqui no NE e se refere a defesa.

          Podermos afirmar que Moro não é a operação lava-jato. Essas entrevistas são feitas no calor das notícias e interpretações acontecem, uma coisa é certo Ciro Gomes sempre apoiou o Lula e o seu discurso nunca saiu da linha de enfrentamento com a elite.

           

  2. Banqueiros contra Ciro

    Ciro é o único candidato (até agora) que afirma claramente como vai promover o equilíbrio fiscal:

    (1) redução de despesas: reduzirá o item do orçamento que é o mais relevante – pagamentro de juros e serviços da dívida. Hoje ele afirma que esse item corresponde a 51,7% do orçamento.

    (2) aumento de receita:   tributação de lucros e dividendos; aumento do índice do imposto sobre herança; eliminação de algumas isenções tributárias de empresas.

    Isso signidica que Ciro está claramente enfrentando a mais poderosa força: os parasitas sociais (bancos e rentistas). Por isso ele já está sendo violentamene atacado.

    1. Aumento do imposto sobre

      Aumento do imposto sobre herança é uma pseudo política de esquerda. Pobres e classe média também recebem heranças e os ricos, ora, quem não conhece como funcionam os sistemas de fiscalização no Brasil? O rico sempre conhece alguém na Prefeitura, na Secretaria da Fazenda, no Judiciário e acaba pagando sempre menos por tudo. Tenho exemplos de moradores do Belvedere em BH, cujos imóveis valem o triplo do meu e pagam menos IPTU. 

      Aqui em Minas o imóvel é avaliado pela média do metro quadrado da região. Então quando minha mãe faleceu, ficou um apartamento velho, mal conservado, que estamos tentando vender até hoje por 400 mil. E ele na média do metro quadrado do bairro foi avaliado em 680 mil, sobre esse valor foi cobrado o ITCD. Outra pessoa com imóvel do mesmo tamanho mas com valor venal de 1 milhão, pagará o mesmo valor que eu paguei. 

      E ainda tem aquele esquema de colocar os bens em nome de pessoa jurídica, como o JB fez em Miami. No fim o aumento desse imposto só atingirá o lombo dos de sempre, patos amarelos e vermelhos.

      1. Não é no lombo do pobre, não !

        MarFig: o imposto sobre herança NÃO atingirá os pobres e a classe média, média. É para grandes fortunas.

        Mas o filé é a tributação sobre lucros e dividendos. Hoje é zero. Os donos do Itaú receberam R$ 9 BILHÕES cada e o imposto foi ZERO !

        O financiador do golpe Jorge Paulo Lemann recebe bilhões de suas indústrias de cerveja. Com um adequado “planejamento tributário” e contas em paraísos fiscais, ele NÃO paga um tostão no Brasil.

  3. A revogação das medidas

    A revogação das medidas feitas pelo governo Temer teve amplo apoio do Congresso Nacional. Desfazer o estrago causado pelo golpe como a PEC da morte, a reforma trabalhista e as privatizações dependerá do Congresso Nacional. Se o Ciro Gomes se eleger com base parlamentar formada pelo DEM, PR, PP, PRB, PDS e SD será impossível ele cumprir suas promessas. 

    O Ciro Gomes está sendo usado pela direita para inviabilizar o PT, principalmente no Congresso Nacional, e ajudar a reeleger as bancadas fisiológicas que deram o golpe. Sua candidatura é imprevisível e seus discursos volúveis. Isso sem falar do sua instabilidade emocional. 

    Nas últimos eleições o Ciro foi traído por sua arrogância e seu destempero. Quando as eleições começarem para valer ele será um alvo fácil para a mídia golpista e os agitadores virtuais como o MBL e o Vem Pra Rua. Frases machistas, injúrias raciais e ofensas serão exploradas ao máximo. Provavelmente a candidatura do Ciro de 2018 terminará como as outras candidaturas anteriores.

    Sua agreção ao promotor que o denunciou por racismo revela um pouco de seu desequilíbrio emocional que poderá inviabilizar sua candidatura e seu projeto de ser presidente. Se não vejamos:

    “Um promotor aqui de São Paulo agora resolveu me processar por injúria racial. E pronto, um filho da p* desse faz isso” (…) “Ele que cuide de gastar o restinho das atribuições dele, porque se eu for presidente essa mamata vai acabar”

    Isso é algo que não se diz, pode dar margem a várias interpretações e criar mais resistência. O Ciro por onde passa cria inimigos desnecessários e isso dificulda a construção de alianças e de uma plataforma política que possa viabilizar um governo.

    Pessoalmente não consigo confiar no Ciro Gomes. Votarei no candidato que o Lula indicar!

    1.  
       
      ” Isso eu quero dizer com

       

       

      ” Isso eu quero dizer com muita clareza, cavalheiros e damas, a quem serve presidencias fracas ? Do ponto de vista democrático, a quem serve uma democracia onde um presidente da república nomeia um ministro e um ministro do STF, exorbitando a constituição, por  liminar, proíbe esse ministro de tomar posse, vamos ter clareza! O judiciário brasileiro precisa voltar para o seu quadrado, o MPF precisa voltar para o seu quadrado, portanto, restaurar a autoridade do poder político democrático é uma das tarefas …..”  Ciro Gomes , 04/07/18, CNI.

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