Mais um manifesto contra candidatura de Jair Bolsonaro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – De Miguel Reale Jr. a Rento Janine Ribeiro, de Maria Alice Setúbal a Caetano Veloso, de Oscar Vilhena a Drauzio Varella. O cardápio de adesões é variado e com uma única pauta em comum entre tantos: um manifesto contra a candidatura de Jair Bolsonaro. O manifesto chama-se ‘Democracia Sim’.

O documento ressalta as diferenças ideológicas entre tantos signatários. Mas explica a que veio quando compara o sucesso de Bolsonaro, ex-capitão, a outros presidentes que assumiram  com promessas populistas relacionadas ao fim da corrupção. 

Já com 330 adesões, o documento afirma que o Brasil enfrenta desafios e que o desgaste da classe política levou a um sentimento de descrença. ‘Mas sabemos também dos perigos de pretender responder a isso com concessões ao autoritarismo, à erosão das instituições democráticas ou à desconstrução da nossa herança humanista primordial’, diz o texto.

No documento, a certeza de que as assinaturas unem brasileiros de diferentes matizes políticos, diferentes apoios a partidos e candidatos diversos, que defendem causas, ideias e projetos distintos, mas que têm em comum o compromisso com a democracia, a liberdade, a convivência plural e o respeito mútuo. ‘E acreditamos no Brasil. Um Brasil formado por todos os seus cidadãos, ético, pacífico, dinâmico, livre de intolerância, preconceito e discriminação’, afirma.

E a pauta comum é o repúdio à candidatura de Bolsonaro. ‘É preciso dizer, mais que uma escolha política, a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial. É preciso recusar sua normalização, e somar forças na defesa da liberdade, da tolerância e do destino coletivo entre nós’, diz o texto.

Por fim, o texto lembra que é a democracia que provê abertura, inclusão e prosperidade aos povos que a cultivam com solidez. ‘Que nos trouxe nos últimos 30 anos a estabilidade econômica, o início da superação de desigualdades históricas e a expansão sem precedentes da cidadania entre nós… Por isso, estamos preparados para estar juntos na sua defesa em qualquer situação, e nos reunimos aqui no chamado para que novas vozes possam convergir nisso. E para que possamos, na soma da nossa pluralidade e diversidade, refazer as bases da política e cidadania compartilhadas e retomar o curso da sociedade vibrante, plena e exitosa que precisamos e podemos ser’, pontua.

Leia o manifesto a seguir.

Pela Democracia, pelo Brasil

Somos diferentes. Temos trajetórias pessoais e públicas variadas. Votamos em pessoas e partidos diversos. Defendemos causas, ideias e projetos distintos para nosso país, muitas vezes antagônicos.

Mas temos em comum o compromisso com a democracia. Com a liberdade, a convivência plural e o respeito mútuo. E acreditamos no Brasil. Um Brasil formado por todos os seus cidadãos, ético, pacífico, dinâmico, livre de intolerância, preconceito e discriminação.

Como todos os brasileiros, sabemos da profundidade dos desafios que nos convocam nesse momento. Mais além deles, do imperativo de superar o colapso do nosso sistema político, que está na raiz das crises múltiplas que vivemos nos últimos anos e que nos trazem ao presente de frustração e descrença.

Mas sabemos também dos perigos de pretender responder a isso com concessões ao autoritarismo, à erosão das instituições democráticas ou à desconstrução da nossa herança humanista primordial.

Podemos divergir intensamente sobre os rumos das políticas econômicas, sociais ou ambientais, a qualidade deste ou daquele ator político, o acerto do nosso sistema legal nos mais variados temas e dos processos e decisões judiciais para sua aplicação. Nisso, estamos no terreno da democracia, da disputa legítima de ideias e projetos no debate público.

Quando, no entanto, nos deparamos com projetos que negam a existência de um passado autoritário no Brasil, flertam explicitamente com conceitos como a produção de nova Constituição sem delegação popular, a manipulação do número de juízes nas cortes superiores ou recurso a autogolpes presidenciais, acumulam declarações francamente xenofóbicas e discriminatórias contra setores diversos da sociedade, refutam textualmente o princípio da proteção de minorias contra o arbítrio e lamentam o fato das forças do Estado terem historicamente matado menos dissidentes do que deveriam, temos a consciência inequívoca de estarmos lidando com algo maior, e anterior a todo dissenso democrático.

Conhecemos amplamente os resultados de processos históricos assim. Tivemos em Jânio e Collor outros pretensos heróis da pátria, aventureiros eleitos como supostos redentores da ética e da limpeza política, para nos levar ao desastre. Conhecemos 20 anos de sombras sob a ditadura, iniciados com o respaldo de não poucos atores na sociedade. Testemunhamos os ecos de experiências autoritárias pelo mundo, deflagradas pela expectativa de responder a crises ou superar impasses políticos, afundando seus países no isolamento, na violência e na ruína econômica. Nunca é demais lembrar, líderes fascistas, nazistas e diversos outros regimes autocráticos na história e no presente foram originalmente eleitos, com a promessa de resgatar a autoestima e a credibilidade de suas nações, antes de subordiná-las aos mais variados desmandos autoritários.

Em momento de crise, é preciso ter a clareza máxima da responsabilidade histórica das escolhas que fazemos.

Esta clareza nos move a esta manifestação conjunta, nesse momento do país. Para além de todas as diferenças, estivemos juntos na construção democrática no Brasil. E é preciso saber defendê-la assim agora.

É preciso dizer, mais que uma escolha política, a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial. É preciso recusar sua normalização, e somar forças na defesa da liberdade, da tolerância e do destino coletivo entre nós.

Prezamos a democracia. A democracia que provê abertura, inclusão e prosperidade aos povos que a cultivam com solidez no mundo. Que nos trouxe nos últimos 30 anos a estabilidade econômica, o início da superação de desigualdades históricas e a expansão sem precedentes da cidadania entre nós. Não são, certamente, poucos os desafios para avançar por dentro dela, mas sabemos ser sempre o único e mais promissor caminho, sem ovos de serpente ou ilusões armadas.

Por isso, estamos preparados para estar juntos na sua defesa em qualquer situação, e nos reunimos aqui no chamado para que novas vozes possam convergir nisso. E para que possamos, na soma da nossa pluralidade e diversidade, refazer as bases da política e cidadania compartilhadas e retomar o curso da sociedade vibrante, plena e exitosa que precisamos e podemos ser.

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

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  1. Uai, quer dizer que  agora

    Uai, quer dizer que  agora tem gente e está negando o filho que ajudou a colocar no mundo? Por que o não compra um setor das arquibancadas num grande clássico do brazileirão a ser transmitido ao vivo pela Globo e coloca lá gente disposta a promover um VTNC contra o Coiso. Afinal, mesmo que o Coiso lá não se encontre, a manifestaçãos seria transmitida ao vivo e ele também veria a cena pela TV do quarto do hospital.

    1. na veia, CB, na veia!

      Caro CB, eu ia fazer um comentário avulso, mas a propriedade sintética do seu, a precisão cirúrgica e didática me impôs a rendição.

      Todo comentário aqui DEVE ser derivado do seu.

      Eis o meu:

      Não me espanta o cinismo de quem ajudou a criar o monstro e agora quer que todos nós o embalemos.

      Isso não me espanta em nada, afinal, foi com essa sólida manipulação (ideológica) através dos tempos que as elites se mantêm no poder e a bordo de um sistema excludente e assassino, apesar de ter trazido ganhos significativos para parcelas da Humanidade (como ensina Marx).

      Que eles queiram se apropriar do conceito de “democracia”, tratando-a como um entidade quase espiritual, que seja alimentada por nossa fé cega e inabalável na pureza do Homem e sua bondade atávica, negando o caráter histórico e político das conquistas democráticas, que só podem ser debitadas na conta do sacrifício de vários que ousaram desafiar o poder, isso não deve nos surpreender.

      Essa tolice é recorrente.

      O problema é isso colar aqui!

      É assustado como “naturalizamos” o domínio, o arbítrio, quase que pedindo mais e mais chicote nos nossos lombos.

      Sim, vamos agora dar as mãos, deixando de nominar e especificar todos aqueles que flertaram com o “coiso”, que destroçaram nosso arremedo de instituições, em nome de “um sentimento maior que nos une”, e assim, nunca dizemos quem é o culpado, ou pior, achamos que a culpa é nossa, e partimos para auto-imolações públicas, chamadas pomposamente de “auto-crítica” (avoé noam chomsky, avoé).

      E aí, no lugar de luta política, rendição incondicional!

      Claro que não se trata de desprezar o perigo que o “coiso” representa, mas afastar o pensamento crítico em nome de uma “suposta” urgência em afastar o “coiso” é deixar intacto o ninho para que as “aves emplumadas da democracia” choquem novos “coisos”.

      Tá traçado o roteiro: novo governo do PT, novo golpe, novo coiso…até que a corda dessa merda arrebente…e você sabe no colo de quem arrebenta a corda.

      miguel reali deveria, se houvesse gente de culhão nesse país, ser condenado a prisão perpétua ou ao degredo no Alaska.

      caetano é um imbecil, que nem merece esforço para punição, dada sua irrelevância (Tinhorão estava certo, baiano de miole mole).

      Sei não, acho que até temer vai assinar esse manifesto, que tal?

       

       

      1. Poderíamos reduzir todas as
        Poderíamos reduzir todas as considerações a dois ditos populares: Filho feio não tem pai e Quem pariu Mateus que o embale. Será que Janaína também assinou o manifesto? Isso tá parecendo o PDS que rachou porque uma parte não deu conta do filho gerou, Maluf.

  2. Vou procurar uma escola de

    Vou procurar uma escola de datilografia para melhorar a digitação… Ainda existe isso?

    Uai, quer dizer que agora tem gente que está negando o filho que ajudou a colocar no mundo? Por que não compra um setor das arquibancadas num grande clássico do brazileirão a ser transmitido ao vivo pela Globo e coloca lá gente disposta a promover um VTNC contra o Coiso? Afinal, mesmo que o Coiso lá não se encontre, a manifestaçãos seria transmitida ao vivo e ele também veria a cena pela TV do quarto do hospital.

  3. ffhhcc, a mão que balança o berço!

    Uai, batemos tanto em ffhhcc ontem, para celebrar um texto que defende o seu legado?

    “(…)Que nos trouxe nos últimos 30 anos a estabilidade econômica(…)”

    Confundir o processo de transferência dos processos inflacionários (emissão de moeda) do fim da década de 80 pelo mundo para a inflação das dívidas públicas e hegemonização do rentismo como esfera separada até do processo de acumulação de valor e mais-valor do capital industrial com “estabilidade”, processo tal que gerou um contingente de capital financeiro acumulado e concentrado em patameres jamais vistos (com as consequências sociais pelo mundo que conhecemos), é de uma burrice sem par!!!!

    Está aí, falem o que quiserem do ffhhcc, ele é tudo isso, mas antes de tudo, é um gênio da auto-propaganda!

    Sim senhores, esse blog como o conhecemos e aprendemos a gostar, acabou.

    Apertem os cintos.

  4. O Coiso acha que pode enganar muito mais pessoas

    BOLSONARO PREPARA MANIFESTO: LOBO MAU PROMETE NÃO COMER A VOVOZINHA

     

    O candidato à presidência Jair Bolsonaro vai divulgar sua ‘carta aos brasileiros’ versão ultradireita; nela, o ex-militar pretende dissipar sua fama de antidemocrata e fazer uma defesa da democracia, ressaltando o combate à misoginia e ao racismo; além disso, a candidatura que está associada ao fascismo extemporâneo brasileiro como nenhuma outra irá fazer o bom e velho ‘aceno’ ao mercado, assegurando que pretende fazer o ‘ajuste fiscal’; Bolsonaro incorpora, assim, o lobo mau das fábulas infantis – tão inverossímil e desconectado da sua identidade que será o manifesto – e promete não comer a democracia

    https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/369766/Bolsonaro-prepara-manifesto-lobo-mau-promete-n%C3%A3o-comer-a-vovozinha.htm

    Esperem na carta do Coiso coisas do tipo: durante a minha estada no hospital eu fiz uma reflexão profunda sobre a minha vida e juro que só pensei em matar 3 ou 4 vezes. Aqueles gestos que eu fazia com os dedos era uma brincadeira para amedrontar os PTistas, mas eu não  pretendo matar todo o mundo. Eu refiz os meus cálculos iniciais e reduzi o número de pessoas que inicialmente eu pretendia eliminar: eu vou me conformar com 20 mil. E não reclamem porque de 30 para 20 mil é uma redução de 1/3.

    Tudo aquilo que eu dizia contra os gays era uma maneira de esconder a minha homosexualidade que é de apenas  46%. Na minha palestra na CNI eu admiti inclusive que poderia sair do armário a qualquer momento num futuro próximo. Procurem pelo vídeo na internet, quando falo sobre educação, e vejam que eu não estou blefando. 

    Com relação às mulheres, eu só trato mal as masoquistas, ou seja, aquelas que imploram para apanhar ou serem empurradas e estupradas.

    Com relação à tortura, eu prometo nunca mais falar no nome do coronel USTRA.

    Com relação a minha convivência com os negros, eu ainda não sei o que dizer. Mas isso é uma avanço porque antes eu só pensava em arregimentar a polícia para matá-los.

    Portanto, pensem num Bolsonaro paz e amor e gayzinho, gayzinho. Nunca é tarde para um macho alfa se revelar. Um beijo para todos, inclusive para as mulheres. 

  5. Vou morrer sem entender o ser

    Vou morrer sem entender o ser humano. Preparam todo o caminho pra chegada da besta e, na hora da coroação, ficam indignados. Ajudam a preparar o banquete, levam os enfeites pra arrumar o salão, dão polimento no cetro, trono e coroa, festejam cada tijolo colocado na pavimentação do seu caminho ao trono e, quando chega a hora de coroar o rei… Ah não! Quem colocou esse cara aí? Os outros (sempre eles) não pensam? Como ” deixaram” as coisas chegarem nesse ponto? Pessoal aceita toda a sorte de atos totalitaristas; comemora cada artigo violado da CF, cada arbitrariedade do judiciário, cada sindicato enfraquecido, cada liderança popular eliminada, cada partido destruído cada movimento social sufocado… Tem orgasmos múltiplos com a desqualificação da representação popular, etc… Não vou perder um dia elencando as barbaridade que pavimentaram nosso caminho até aqui pra dizer o que queria, no início da postagem. O ser humano é esquisito, aceita e comemora todos os atos do fascismo mas qdo seu,legítimo representante, aprece, ninguém quer ser o pai da criança. Do fascismo topam tudo MENOS coroar o rei. #FalaSério… Os menos culpados pelo sucesso de Bozo são seus eleitores. Um troço desses não cresce da noite para o dia. Temos aceitado toda a sorte de violência institucional, há anos, pq acatamos, bovinamente, o discurso único de nossos meios de comunicação que nos transformou, a todos num exército sem noção e violento,embora covarde. Plantamos quiabo e queremos colher maçãs, sempre!

    1. São irresponsáveis,

      São irresponsáveis, inconsequentes. Acgaram que libertariam a besta e depois que ela espantasse os inimigos consequiriam trancá-la de volta.

      Não conseguem.

      Os eleitores do “coiso” em grande parte são atmbém parte da besta à solta.

      Pariram o filho feio e agora fingem castidade.

      No fundo os coxinhas sabem que são responsáveis diretos pela escalado do fascismo, isso causa vergonha neles muito emboram jamais irão adimitir. Mas a adimissão não é necessária, é visível no semblante de qualquer coxinha que está espantado com o “coiso”.

      Como disse no início, são inconsequentes – a total falta de cultura e noção de História os fazem assim.

      Como disse Cazuza:

      Eu vejo o futuro repetir o passado
      Eu vejo um museu de grandes novidades
      O tempo não para
      Não para não, não para

    2. Povo Maria da Penha
       

      Sabe doutora que casa com bandido?

      É por aí.

      Vai na emoção do momento, no fascínio da malandragem…

      Depois vira notícia de Datena.

  6. Eles adoram manifestos…

    Sempre os mesmos… e sempre os mesmos manifestos… essa gente pensa que tutora quem???

    Eles adoram manifestos…

    Não se mancam que ditaram os rumos do país, como oposição ou situação, por mais de 50 anos e nos trouxeram até este bundalelê em que vivemos.

    Falharam miseravelmente, compadres… agora saiam de cena.

     

  7. DEFESA DA DEMOCRACIA

    Parabéns às celebridades pela bela iniciativa. A defesa da nossa herança humanista e dos princípios civilizatórios elementares constitui um desafio urgente. . (Se de repente eu conquistasse a fama, colaria também, rss).

    Todas as pessoas que prezam a liberdade cidadã, o respeito à dignidade humana e o direito à cidadania devem apoiar com rigor a ampla defesa da democracia, hoje ameaçada e agredida por discursos e práticas fascistóides, observadas no âmbito de candidaturas de extrema direita movidas a impropérios e fake news.

    E é preciso cobrar das autoridades relacionadas a cogente investigação e coibição dos diversos abusos que têm sido noticiados, pois não se pode silenciar diante das graves violações das garantias elementares do estado democrático de direito, tais como as ameaças contra opositores políticos por qualquer meio.

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