Por um Brasil de todos, com mais emprego e inclusão, por Lula

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Mais um artigo do ex-presidente Lula nos chega hoje. Este texto foi publicado em três jornais nordestinos neste domingo, dia 29. Jornal do Commercio (PE), A Tarde (BA) e O Povo (CE) publicaram o artigo que fala da importância de se movimentar a economia para que o país recupere sua capacidade de investimento e possa iniciar um novo ciclo de crescimento. ”Dinheiro na mão de rico fica parado no banco. Dinheiro na mão de pobre, movimenta a economia”, escreveu.

Leia o artigo na íntegra abaixo:

Por um Brasil de todos, com mais emprego e inclusão

Por Luiz Inácio Lula da Silva

Toda a pessoa que tem um diploma da vida, como eu tenho, sabe que trabalhar, poder cuidar da família, é uma coisa sagrada que nos dá muito orgulho. Para podermos ter emprego e isso acontecer é preciso que a economia cresça, e o resultado desse crescimento seja distribuído de forma justa.

Para a economia crescer, o empresário tem que investir. Para o empresário investir, é preciso que o governo ofereça infraestrutura, um ambiente estável e políticas que favoreçam o crédito tanto para o investimento quanto o consumo.

O investimento vai gerar emprego na indústria, que vai pagar um salário que gera um consumidor, que faz o comércio vender e gerar outro trabalhador, na loja, que vai consumir também. É como se fosse uma roda gigante.

Quanto mais emprego e inclusão social, mais salário, mais consumo, mais arrecadação que permite mais investimento, com mais empregos. É o óbvio: dinheiro na mão de rico vira uma conta parada no banco. Dinheiro na mão de pobre, ele vai no mercado e movimenta a economia.

Por isso é fundamental o país recuperar sua capacidade de investir para ter um novo ciclo de crescimento. O Brasil foi um dos países mais promissores e otimistas do mundo, quando seguiu esse caminho que combina combate à pobreza com desenvolvimento da economia. Hoje o país vive um ciclo diferente. O governo atual reduz investimentos, gerando pobreza, desemprego e aumento nos custos da energia. A indústria e o comércio demitem. Dizem que a inflação está baixa, mas os pobres sofrem com o aumento do gás de cozinha e a classe média com o aumento na gasolina e nos planos de saúde. E é claro que a relação dívida/PIB piora, porque o PIB não cresce.

A reforma trabalhista conduz a empregos de pior qualidade, reduz a segurança do trabalhador, corta direitos. A reforma também vai dificultar a qualificação da mão-de-obra em um momento em que há cada vez mais tecnologia em qualquer setor da sociedade.

As próximas eleições são fundamentais para definir o caminho do país. Precisamos retomar os investimentos no futuro do Brasil, e esse futuro são os brasileiros que precisam voltar a ter emprego, oportunidades e sonhos. No meu governo, o povo parcelava a compra do carro e da casa própria. Agora, com Temer e o PSDB, parcela para encher o tanque de gasolina ou comprar um botijão de gás.

Retomada de economia de verdade será quando as pessoas voltarem a ter bons empregos com carteira assinada, a ter a chance de fazerem uma faculdade e comprarem uma casinha. Para isso acontecer, precisamos de governantes que acreditem no nosso povo.. Eu tenho certeza que é possível vencer a crise, porque eu já resolvi uma grave crise no Brasil uma vez e tenho certeza que posso, mais experiente, fazer isso de novo.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. Redução da jornada de trabalho

    Tendo em vista o constante avanço da tecnologia poupadora de mão-de-obra, é necessário reduzir a jornada de trabalho para garantir os empregos e gerar mais empregos.

  2. Aquele velho discurso

    Aquele velho discurso alarmista da inflação alta é para manter essa dinheirama danada dos ricos valendo bem mais parado no banco sem variação de preços que na atividade produtiva, o trabalhador ganha mais com salário mais alto e reposição da inflação.

      1. Questão elementar de lógica, meu caro Pedro ABBM

        Se a reposição salarial não compensava a inflação, então não havia reposição salarial. O que se está exigindo atualmente é a reposição das perdas salariais causadas pela inflação.

        Questão de lógica elementar, meu caro Watson

         

        PS: Em 2006, quando a Heloisa Helena foi entrevistada no Bom Dia Brasil, a Miriam Leitão perguntou-lhe:

        “O programa do P-SOL, seu partido, defende a reposição salarial mensal da inflação. A inflação foi sempre um fantasma que perseguiu os brasileiros durante 40 anos, e essa reposição, nós já vimos, é um processo inflacionário. A senhora não defende a estabilidade da moeda?”

        Segundo a Miriam Leitão, para acabar com a inflação basta NÃO REPOR AS PERDAS SALARIAIS DOS TRABALHADORES, pois essa repoisção das perdas salariais não é consequencia da inflação, é a sua causa.

        A direita só tem jênios.

        1. Os burros deveriam consultar seus pais antes de se manifestarem
          reporverbo1.transitivo diretotornar a pôr; restituir a estado ou situação anterior.”repor o que havia sido tirado”

          1. Depende

            Zerar a inflação não é, necessariamente, melhor do que repor as perdas salariais causadas por ela. Se a inflação é zerada ou controlada em razão do equilíbrio entre oferta e demanda, ela é muitíssimo melhor do que a reposição das perdas salariais decorrentes de processo inflacionário. Mas se a inflação é zerada/controlada em decorrência de arrocho salarial, o qual tem como conseqüencia a redução do poder aquisitivo dos assalariados, essa estabilidade monetária é pior para os trabalhadores do que a reposição das perdas salariais causadas pela inflação.

          2. Zerar a inflação, sim, mas só depois de repostas os salários

            Zerar a inflação, sim, mas só depois da reposição das perdas salariais.

          3. O problema é que…

            O problema é que, se a causa da inflação não for o reajuste dos salários, então ela continuará após a reposição das perdas, fazendo necessárias mais e mais reposições, e todo o mundo sabe que nessa corrida o trabalhador sempre perde, ao passo que os rentistas podem não só anular os efeitos da inflação, como lucrar com ela.

            O único capaz de produzir inflação é o governo, porque é o único que emite moeda. A inflação sempre foi considerada um componente essencial do modelo desenvolvimentista vigente desde Vargas até os militares, passando por JK. Trata-se de um método para cobrir os rombos das contas do governo mediante o sequestro do poder aquisitivo da população, como se fosse um imposto invisível: basta emitir mais moeda que a mágica está feita. Engenhoso, sem dúvida, é um imposto que pode ser criado sem aquela chatice de comprar deputados no congresso. Ah, sim, também é um método para baixar os salários, o que é proibido por lei: basta dar um reajuste inferior à inflação, que o efeito é o mesmo. Por que motivo o governo largaria mão de um recurso assim tão útil e fabuloso? A desculpa era que a inflação produzia o desenvolvimento, que beneficiava a todos. Mas os ganhos que o trabalhador obtinha com a abundância de empregos nos tempos de crescimento rápido da economia eram prontamente anulados pelo surto inflacionário que vinha em seguida. Dessa forma, durante décadas, o Brasil teve uma combinação de altos índices de crescimento com pouca ou nenhuma inclusão social, tornando-se uma das sociedades mais desiguais do planeta. O próprio Médici reconheceu: “A economia vai bem, mas o povo vai mal…”

            No fim das contas, produzir inflação, tal como endividar-se, é apenas jogar uma conta para o futuro. Você pode fazer a experiência em casa mesmo: gaste mais do que ganha ou tome um empréstimo, verá que o efeito é o mesmo. Uma hora a conta chega, e no caso do Brasil, chegou nos anos 80, a década perdida, quanto tivemos uma combinação de alta inflação com alto desemprego, mandando para as cucuias a falácia de que “inflação produz desenvolvimento”. Quem ainda credita nisso deseja retornar a um passado que já deveria estar enterrado.

             

          4. O reajuste dos salários é efeito, e não causa, da inflação

            Você acha, tal qual a Miriam Leitão, que a causa da inflação é a reposição das perdas salariais. Não é. A reposição das perdas salariais é efeito da inflação.

            Você afirma que a emissão de moeda pelo governo prejudica todas as classes da população. Se isso é verdade, falta explicar porque se todos são prejudicados, e não apenas os trabalhadores, porque os de cima sobem cada vez mais enquanto os de baixo descem cada vez mais.

            Você mesmo diz que que o Brasil se tornou um dos países mais desiguais do mundo. Isso é uma prova de que a inflação beneficia a classe rica e prejudica a classe pobre, principalmente se as perdas salariais não forem repostas.

          5. Rentistas não lucram com a inflação

            “Dos anos 80 em diante, economistas neoliberais (principalmente os da escola austríaca de Mises e Hayek) procuraram restabelecer a hegemonia teórica do aumento do volume de papel-moeda como causa única (e sinônimo) de inflação, tese que veio a ser chamada de monetarismo. Seu próprio êxito parcial pode ser interpretado como decorrente de mudanças do cenário político e social: por exemplo, o enfraquecimento do movimento sindical e o colapso do bloco soviético criaram condições que tornaram menos útil o jogo de aumentos nominais de salário versus inflação. Antes instrumento regulador da luta de classes, agora podia ser substituída pelo confronto direto com as reivindicações trabalhistas. A nova correlação de forças favoreceu os interesses do capital financeiro – cujo interesse como grande credor sem acesso direto a ativos reais é geralmente o da estabilidade monetária – contra o do capital agrícola, industrial e comercial – que, como devedores em dinheiro e possuidores de ativos reais, tendem a ganhar com uma inflação moderada, que além do mais lhes dá mais flexibilidade para manipular preços e salários.” – Antonio Luiz Costa, “

            http://antonioluizcosta.sites.uol.com.br/inflacao.htm

          6. Pelo visto você esqueceu…

            Pelo visto você esqueceu dos tempos da inflação alta, quando quem tinha dinheiro punha tudo no over que dava rendimento diário, e ficavam de papo para o ar só vendo a grana crescer. Já trabalhador que só tinha papel moeda no bolso, este se fu.

            O fim da inflação foi a maior conquista dos últimos 50 anos. Sem ele, não teria sido possível o grande incremento do padrão de vida do trabalhador nos dois primeiros governos de Lula, que se valeu da estabilidade econômica.

          7. E hoje quem tem dinheiro não fica de papo pro ar, porventura?

            Se os rentistas ganhassem tanto com a inflação, você acha que o FMI e o Tesouro Americano teriam imposto ao Brasil o fim da inflação?

            De acordo com a Miriam Leitão, a derrubada da inflação foi uma imposição do Tesouro Americano e do FMI:

            “No dia 9 de julho de 1992, às 4p0m da madrugada, na sala de um escritório de advocacia de Nova York, dois homens se deram as mãos. Eram Pedro Malan, representante do Brasil, e Bill Rhodes, representando os credores. Devíamos a 880 bancos. O Brasil devia até ao Banco do Brasil.

            Esse aperto de mãos selou o acordo, em princípio de troca de toda a velha dívida, que explodira 10 anos antes, por novos papéis. Era “em princípio” porque precisava de adesão dos bancos e aprovação do Congresso brasileiro.

            Já estava em curso uma operação secreta que foi decisiva. Os novos papéis embutiam uma perda para os credores e eles fizeram uma exigência: o Brasil teria que conseguir do Tesouro americano a emissão de títulos para serem dados em garantia, para a eventualidade de o Brasil não pagar de novo. O Tesouro americano fez para o México, mas não quis fazer para o Brasil. Exigiu que o país fechasse antes um acordo com o FMI. E o Fundo exigiu que o Brasil derrubasse a inflação. Ela estava a mais de mil.

            Secretamente, o Banco Central comprou títulos americanos. Quando chegou o prazo fatal o Brasil tinha o suficiente sem precisar pedir. Houve momentos de aflição na renegociação que só terminou em fins de 1994. O Senado quase rejeitou o acordo; o Banco do Brasil teve que fingir ser contra o Brasil para, juntando-se aos contrários à adesão, impedir que a ação deles na Justiça prosperasse.

            Toda a velha dívida foi trocada então por sete modalidades de títulos, que eram diferentes em prazo e juros dentro do formato do Plano Brady. Em 1995, o Brasil voltou ao mercado internacional e foi bem recebido, pela primeira vez depois de muitos anos, e as emissões de bônus brasileiros atraíram mais compradores do que precisava.” Miriam Leitão – Depois daquele Setembro”

            https://midiaindependente.org/pt/green/2014/07/533843.shtml

          8. Sim, mas…

            Sim, quem tem dinheiro hoje fica de papo para o ar, mas não com a mesma facilidade de antigamente. Os rentistas lucram com a instabilidade econômica, assim como os farmacêuticos lucram com os surtos de gripe e os fabricantes de armas lucram com as guerras.

            Se o fim da inflação foi uma imposição do tesouro americano e do FMI, então penso que devemos desejar que o tesouro americano e o FMI nos façam mais imposições, já que os resultados foram tão bons. Na boa, você queria mesmo que aquela inflação do Sarney e do Collor continuasse?

          9. Pergunte aos desempregados que perderam emprego após o golpe

            Pergunte às pessoas que eram empregadas durantes os governos petistas e que perderam o emprego após o golpe, quando a inflação foi reduzida não graças ao aumento da oferta mas à redução da demanda, se eles prefeririam a Dilma no governo com uma inflação mais elevada ou se eles preferem o Temer com uma inflação mais baixa?

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