Presidente do PCdoB quer candidato próprio na eleição de 2018

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Frente de esquerda? Depois de o presidente do PT colocar Lula como único candidato possível para 2018, é a vez de Luciana Santos, presidente do PCdoB, falar em nome próprio na próxima disputa pelo Palácio do Planalto. Segundo reportagem do El País, o presidenciável comunista seria o governador Flávio Dino, que nada em Uma onda de popularidade oposta ao que ocorre em outros Estados. Para Santos, Dino é um nome que pode fazer a esquerda contornar a crise política e encerrar o ciclo do PT.

Por Rodolfo Borges

De olho na rápida ascensão de Flávio Dino, PCdoB mira presidência em 2018

No El País

O Estado do Maranhão ganhou 2.000 quilômetros de rodovias desde que o governador Flávio Dino (PCdoB) foi empossado, em 1º de janeiro de 2015. Dois desses quilômetros levam ao pequeno município de Paço do Lumiar, na região metropolitana da capital São Luís, onde Domingos Dutra, petista histórico que migrou no ano passado para o PCdoB, foi eleito prefeito neste ano. Embalado pelos bons resultados da gestão Dino, o PCdoB elevou de 14 para 46 o número de prefeituras no Maranhão, onde a coligação do Governo venceu 150 das 217 disputas na eleição municipal. Os resultados são tão bons que animam os admiradores de Dino a pensar em destinos mais distantes. Os 2.000 quilômetros novos de rodovias, comenta-se em São Luís, equivalem à distância entre a capital maranhense e Brasília. Teria o comunista pavimentado em apenas dois anos de Governo seu caminho para uma candidatura ao Palácio do Planalto?

O próprio Flávio Dino espanta a possibilidade de se candidatar à presidência em 2018. “Sou candidato à reeleição se Deus me der vida e saúde. Porque nós temos uma tarefa inconclusa no Estado”, disse o governador em entrevista ao EL PAÍS. Mas a presidenta nacional do partido, a deputada federal Luciana Santos (PE), diz que o governador ainda ficou de se posicionar sobre o assunto perante o partido. “Neste ambiente de falta de perspectiva, o PCdoB tomou uma definição: lança em março seu candidato à presidência. Ele [Dino] ficou de refletir”, diz a deputada, que comanda um partido obrigado a se reposicionar com a saída do PT do poder, de quem foi o mais leal parceiro em quase 14 anos, e com a perspectiva de uma pulverizada disputa presidencial.

Santos pondera sobre o planos: entende que Dino tem suas responsabilidades no Maranhão e diz que ele vem se dedicando para que a gestão dê certo, mas destaca a rápida projeção alcançada pelo governador em um curto período — os 46 prefeitos eleitos pelo PCdoB neste ano representam mais da metade das  80 vitórias do partido nas eleições municipais. A outra grande vitória da legenda foi em Aracaju, com a eleição do ex-prefeito Edvaldo Nogueira, o único de oposição a Michel Temer a emplacar numa capital do Nordeste ao lado de Roberto Cláudio (PDT), um aliado do também presidenciável Ciro Gomes. Caso Dino não aceite ser candidato, quais seriam as alternativas? Segundo Luciana Santos, entre os nomes estão a senadora Vanessa Grazziotin (AM), o ex-ministro Aldo Rebelo e a deputada Jandira Feghali, derrotada neste ano na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Nenhum parece se comparar ao do governador maranhense.

Em um momento de crise na esquerda brasileira, com seu principal partido, o PT, atravessando o pior momento de sua história, o nome de Flávio Dino, um ex-juiz federal que vai passando ileso pela apocalíptica Operação Lava Jato e ostenta 61% de aprovação popular, parece se apresentar naturalmente ao posto de liderança nacional. O governador destaca que, desde o impeachment de Dilma Rousseff — contra o qual atuou —, vem tentando se manter longe do debate político nacional. Mas todas as suas manifestações sobre o assunto, em entrevistas ou por meio de redes sociais, parecem carregar o tom da liderança esquerdista que ele, segundo suas próprias palavras, tenta evitar.

Não faltam números para explicar o sucesso do governador comunista — e seu Governo faz questão de expô-los constantemente, em reação a uma oposição que governou o Maranhão por mais de 50 anos e que tem apontado os limites da atual gestão por meio de grandes veículos de imprensa e de numerosos blogs que alimentam a luta política nas redes sociais. Neste fim de ano, Flávio Dino celebrou uma redução de 47,5% da mortalidade infantil em 30 cidades atendidas pelo programa Força Estadual de Saúde (Fesma). Além disso, a capital São Luís se aproxima de atingir o tratamento de 40% de seu esgoto — até o meio do ano, tratava apenas 4%, e a meta é atingir 70% até o meio de 2018.

As políticas bem sucedidas — entre elas estão a proeza de não ter atrasado salários em um ano em que quase todo mundo atrasou e a melhoria das condições em um sistema prisional que ficou marcado pelas barbaridades do Complexo de Pedrinhas — atraíram para a órbita de Dino uma série de políticos, que renderam ao PCdoB um número de candidaturas (103) recorde neste ano. “O PCdoB é um partido forte, que reúne todas as condições para fazermos um grande trabalho em prol da cidade de Barão de Grajaú”, discursou em outubro de 2015 o prefeito Gleydson Resende, ao trocar o PR pelo partido comunista. Um ano depois, Resende seria reeleito como um dos 46 comunistas vitoriosos no Estado.

O resultado eleitoral deste ano animou o governador maranhense a antever um 2017 ainda melhor para o Estado, apesar da esperada intensificação no aperto financeiro, como consequência da crise econômica nacional. “Nós teremos em 2017 um cenário de trabalho com as prefeituras num clima melhor. Não que a gente não trabalhe com prefeituras que não são da nossa posição política, mas há uma identidade programática melhor, o que facilita o diálogo”, diz Flávio Dino, que completa: “Isso autoriza que a gente imagine o nosso fortalecimento político em 2018, com a reeleição no Governo e a eleição de deputados que consolidem a transição maranhense”. Ou brasileira.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Esquerda burra!

    Agora é o momento de união e não de fragmentação. Se continuar nessa toada vão repetir o fracasso das eleições municipais de 2016…

  2. Pela frente e pela culatra

    O bombardeio da guerrilha contra o LULA e o PT é desferido por todos os lados.

    Já temos o Ciro, temos a Genro, e agora a outra, que também é Luciana!

    Aceitamos qualquer um, desde que não seja o representante dos desdentados e esfomeados dessa gentalha da senzala!

    .

  3. “Teria o comunista

    “Teria o comunista pavimentado em apenas dois anos de Governo seu caminho para uma candidatura ao Palácio do Planalto?”

    Nos idos de 1989, o governador baiano Waldir Pires acreditou que sim. Retificando, acreditou que tinha pavimentado seu caminho para o Jaburu.

    Como nos diz a História, o grande Pires renunciou seu mandato, conquistado com uma vitória espetacular sobre a oligarquia carlista, para ser vice na chapa de Ulisses Guimarães. A História nos conta que foi um grande fiasco. O resultado, além do fracassso na eleições que consagraram Collor, foi a volta triunfal ao governo baiano de ACM e sua máfia  em 1990.

     Flavio Dino tem se revelado um grande quadro político neste Brasil de nulidades. Seria um grande nome para unir o país, mas não seria fácil sua eleição, aliás, qualquer candidatura de esquerda, com exceção de Lula.

    Certo, cada época tem seus desafios, mas é importante analisar se vale a pena abandonar um projeto vitorioso por um incerto e correr o risco da volta dos sarneys.

    Que Deus dê força e saúde ao governador para concluir sua obra de inclusão social num dos estados mais abandonados da federação. Creio que seja este o caminho certo. 

  4. Lula sem dúvida é o melhor

    Lula sem dúvida é o melhor Presidente que o Brasil teve. Mas passou. Cometeu 3 erros fatais: salvar a globo da falência, a exdruxula maneira de nomear o pgr, e a indicação da Dilma pra sucede-lo.

    Não há clima pro Lula voltar. Tá na vez de Ciro, Requião e porque não: Flávio Dino ou J. Wagner.

  5. Treis elefantes incomodam muito menos!!!

    Parece que o Brasil esta fadado ao fracasso mesmo.  Quando o excelente Dino deveria fazer uma grande convenção das esquerdas e setores progressistas em seu estado (São Paulo e Minas seriam com serteza sabotados) convocando figuras de expressão, jornalistas, governos dos BRICS e Mercosul, e muita, muita imprensa internacional para denunciar as garras americanas que se lançam sobre nossa soberania; denunciar o governo lesa patria e sua corja no poder, denunciar os patetas de Curitiba, em sua ignorancia e ganancia pequeno burquesa, e ai sim…dessa grande convenção começar a traçar uma estratategia unificada para salvar nossa Patria…..cada presidente de partidos de esquerda ficam, diminutos que são, fazendo teatrinho de absurdos.  Parece que o Brasil esta fadado ao fracasso mesmo!!!!!!! 

  6. falcao,lula e ciro

    enquanto o pt de falcao nao pedir o boné,lula forte contra abusos contra sí e humilde para passar adiante o boné,ciro respirar,refletir e parar de atirar nos amigos(criticar sim mas dentro do razoavel).candidatos da esquerda pode ser dino,cid,ciro ou requiao.lula infelismente uniria a direita e dividiria a esquerda.

  7. União

    União faz a força, já diz o ditado.

    Se cada partido quizer lançar o seu vai ser um massacre.

    Lula é um nome para unir ainda mias a direita. Seria massacrado diariamente pelo PIG.

    Tem que ser um nome novo, com experiencia, GRANDE PODER DE COMUNICAÇÃO, sem rabo preso com corrupção.

    Mas primeiro tem que reunia as melhores cabeças da esquerda para pensar um programa e apresenta-lo aos leitores potenciais da esquerda.

    Depois o candidato com previas se necessario; (como a direita francesa fez recentemente).

    Gosto do nome do Dino porem não é um nome nacional. O fato de ser fo PCdoB dificilta também.

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