Que dizem os números das pesquisas Ibope e DataFolha

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Que dizem os números das pesquisas Ibope e DataFolha

por Jacqueline Quaresemin e alunos

As pesquisas de intenção de voto divulgadas nessa semana por IBOPE e DataFolha ampliam as hipóteses sobre as eleições presidenciais, além de apontar algumas tendências, se comparadas com pesquisas realizadas antes da homologação das candidaturas ou mesmos com análises de monitoramento de redes sociais digitais. Ambos Institutos desenharam suas amostras com margem de erro de 2pp para mais ou para menos e intervalo de confiança de 95%. Os dados foram coletados num período muito próximo: IBOPE (17 a 19/08) e Data Folha (20 a 21/08).

Os resultados gerais dos Institutos comparando os cenários com e sem a candidatura do ex-presidente Lula são os seguintes:

INTENÇÃO DE VOTO

IBOPE

%

 

%

 

DATA FOLHA

%

 

%

Lula

37

Haddad

4

 

Lula

39

Haddad

4

Bolsonaro

18

 

20

 

Bolsonaro

19

 

22

Marina Silva

6

 

12

 

Marina Silva

8

 

16

Ciro Gomes

5

 

9

 

Ciro Gomes

5

 

10

Geraldo Alckmin

5

 

7

 

Geraldo Alckmin

6

 

9

Álvaro Dias

3

 

3

 

Álvaro Dias

3

 

4

Eymael

1

 

1

 

Eymael

0

 

0

Guilherme Boulos

1

 

1

 

Guilherme Boulos

1

 

1

Henrique Meirelles

1

 

1

 

Henrique Meirelles

1

 

2

João Amoêdo

1

 

1

 

João Amoêdo

2

 

2

Cabo Daciolo

0

 

1

 

Cabo Daciolo

1

 

1

Vera

0

 

1

 

Vera

1

 

1

João Goulart Filho

0

 

1

 

João Goulart Filho

0

 

1

Branco/Nulo

16

 

29

 

Branco/Nulo

11

 

22

NS/NR

6

 

9

 

NS/NR

3

 

6

 

 

Os resultados do IBOPE mostram 19% de vantagem ao ex-presidente Lula sobre o segundo colocado Jair Bolsonaro. Ou seja, Lula teria 37% contra 41% da soma dos percentuais das outras candidaturas. No cenário com Haddad (4%) crescem os potenciais de voto dos candidatos: Bolsonaro 11%, Marina 100%, Ciro Gomes 80%, Alckmin 40%, brancos/nulos 81% e indecisos 50%. Isso significa que com Haddad na disputa, Bolsonaro passa de 18% para 20%, Marina 6% para 12%, Ciro Gomes 5% para 9% e Alckmin 5% para 7%.

Os resultados do DATA FOLHA mostram vantagem de 20% para o ex-presidente Lula sobre o segundo colocado Jair Bolsonaro. Isto é, Lula teria 39% contra 47% da soma dos percentuais dos outros candidatos. Já no cenário com Haddad, também crescem os potenciais de intenção de voto: Bolsonaro 16%, Marina Silva, Ciro Gomes, Henrique Meirelles e João Goulart Filho 100% cada, Alckmin 50%, Álvaro Dias 33%. Brancos/Nulos e Indecisos também cresceriam 100% cada. Isto é, Bolsonaro passa de 19% para 22%, Marina Silva de 8% para 16%, Ciro Gomes de 5% para 10%, Geraldo Alckmin de 6% para 9%, Álvaro Dias de 3% para 4%, Henrique Meirelles de 1% para 2% e João Goulart Filho passa a ter 1%. Brancos/nulos 11% para 22% e indecisos de 3% para 6%.

Comparando os cenários 1 (com ex-presidente Lula) e 2 (com ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad), e, considerando as margens de erro, os resultados de ambos Institutos mantêm o ex-presidente Lula e Bolsonaro como primeiro e segundo colocados. Marina Silva cresce 100% de seu potencial de voto tanto no resultado IBOPE quanto Data Folha num cenário sem o ex-presidente Lula. Enquanto Ciro Gomes (100%) e Geraldo Alckmin (50%) crescem seu potencial sem o ex-presidente Lula somente nos resultados do Data Folha.

Quando o resultado (cenário 1) é segmentado por regiões, tem-se o seguinte quadro:

 

NORTE (7,83%)

NORDESTE (26,63%)

SUDESTE (43,38%)

SUL (14,53%)

CENTRO-OESTE (7,30%)

NORTE, CENTRO-OESTE

 

DATA FOLHA

IBOPE

DATA FOLHA

IBOPE

DATA FOLHA

IBOPE

DATA FOLHA

DATA FOLHA

IBOPE

Lula

45

60

59

28

31

27

25

30

33

Bolsonaro

20

9

11

19

20

20

28

26

29

Marina Silva

12

4

5

7

10

5

6

10

7

Ciro Gomes

4

6

5

5

5

5

4

4

2

Alckmin

3

2

3

9

9

4

5

6

3

Álvaro Dias

1

1

1

2

2

10

11

3

1

João Amoêdo

0

0

1

1

2

2

2

1

1

Henrique Meirelles

2

1

1

0

1

0

0

3

1

Guilherme Boulos

1

1

0

1

1

0

1

1

1

Cabo Daciolo

1

0

1

0

1

0

1

1

Vera

1

0

0

0

1

0

1

1

0

João Goulart Filho

1

0

0

0

0

1

1

0

0

Eymael

0

0

1

0

1

0

0

Branco/Nulo/Nenhum

8

13

9

18

12

15

12

10

14

NS/NR

3

3

3

8

3

10

5

4

5

 

Aqui a comparação entre os dois Institutos só é possível nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Isso porque o IBOPE, diferente da Data Folha, juntou as regiões Norte e Centro-Oeste.

Na região Sudeste, maior colégio eleitoral do país, representando 43,38%, a vantagem do ex-presidente Lula sobre Bolsonaro é de 9% nos resultados do IBOPE (podendo subir para 13%, se considerados os limites superior e inferior entre os dois primeiros colocados) e 11% pela DATA FOLHA (podendo chegar a 15%, se considerados os limites superior e inferior entre os dois primeiros colocados). Lembrando que São Paulo é um Estado governado há 24 anos pelo PSDB, onde tal partido reelegeu Geraldo Alckmin no primeiro turno nas eleições para governador em 2014, e elegeu João Dória também no primeiro turno para prefeito da capital em 2016, enquanto à candidata do PT, Dilma Rousseff, venceu em apenas uma cidade (município de Cunha) do interior do Estado.

No Nordeste, representando 26,63% do eleitorado, o ex-presidente Lula tem 51% (ou 55% nos limites da margem de erro) de vantagem sobre intenções de voto em Bolsonaro nos resultados IBOPE, e 48% (ou 52% nos limites da margem de erro) pelo Data Folha. Sabe-se da força de Lula no Nordeste, mas está “fora” dos debates na TV, das campanhas de rua, e dos grandes noticiários impressos e eletrônicos, exceto para alguma notícia sobre sua prisão em Curitiba.

Enquanto, no Sul, terceiro maior colégio com 14,53% eleitores, o ex-presidente Lula tem a vantagem de 7% (ou 11% nos limites da margem de erro) pelo IBOPE, e desvantagem de 3% na Data Folha, que nos limites da margem de erro a desvantagem cai para 1%, o que significa tecnicamente empatados.

Ainda segundo o Data Folha, na região Norte, 7,83% do eleitorado, a vantagem do ex-presidente Lula é de 25% (ou 29% no limite das margens superior e inferior) sobre Bolsonaro. E no Centro-Oeste, 7,30% do eleitorado, Lula tem a vantagem de 4% (ou 8% nos limites das margens superior e inferior) sobre Bolsonaro.

Pelo IBOPE, na “região” Norte/Centro-Oeste, “somada” para 15,13% do eleitorado nacional, Lula tem a vantagem de 4% (ou 8% nos limites das margens superior e inferior) sobre Bolsonaro.

Entretanto, para os que entendem que trabalhar com o limite superior e inferior da margem de erro do primeiro e segundo colocados “é uma manobra analítica”, apresentamos também o limite inferior do primeiro colocado contra o limite superior do segundo. Nesse caso tem-se o seguinte quadro:

Candidatos

IBOPE

DATA FOLHA

DIFERENÇA

SITUAÇÃO

 

LULA

BOLSONARO

LULA

BOLSONARO

IBOPE

DATA FOLHA

 

NORDESTE

58%

11%

57%

13%

47%

44%

Vantagem Lula

SUDESTE

26%

21%

29%

22%

5%

7%

Vantagem Lula

SUL

25%

22%

27%

30%

3%

3%

Empatados

CENTRO-OESTE

 

 

28%

28%

0%

Empatados

NORTE

 –

 –

43%

22%

 –

21%

Vantagem Lula

 

 

 

 

 

 

 

 

NORTE

/CENTRO-OESTE

31%

31%

 

 

0%

 

Empatados

 

Ou seja, considerando os “recortes” regionais e os limites inferior do primeiro colocado e o limite superior do segundo colocado, o ex-presidente Lula está em vantagem sobre o Jair Bolsonaro pelo IBOPE e Data Folha nas regiões Nordeste e Sudeste; Ainda em vantagem na região Norte pelo Data Folha. Estão empatados no Sul pelo IBOPE e Data Folha; Empatados no Centro-Oeste pelo Data Folha, e Empatados no “Norte/Centro-Oeste” pelo IBOPE.

 

CONSIDERAÇÕES GERAIS NUM CENÁRIO COM EX-PRESIDENTE LULA

Aqui a análise faz-se a partir das variáveis sociodemográficas e região.

Comparação quanto ao sexo:

 

  • Lula mantém igual liderança na intenção de votos entre homens (38%) e mulheres (39%), considerando a margem de erro.

  • Bolsonaro mantém o segundo lugar em ambos os sexos, mas com uma diferença significativa para homens (27%) em relação às mulheres (13%);

  • Mulheres têm maior intenção para voto “branco”, “nulo” e “nenhum candidato”;

  • Marina Silva tem maior aceitação entre às mulheres. Considerando que entre as mulheres está também o maior percentual de indecisas, Marina Silva tem potencial de crescimento. Isso porque há três fatos que podem posicionar as mulheres nessa eleição: (1) impeachment de Dilma Rousseff (primeira mulher presidente), (2) assassinato da Vereadora do RJ, Mariele Franco, insolúvel até hoje, e (3) o maior engajamento das mulheres, principalmente às mais jovens, em movimentos feminista, além de toda “discursividade” sobre empoderamento de mulheres.

Comparação entre faixas etárias:

  • O ex-presidente Lula vence em todas faixas etárias.

  • Assim como Lula, a intenção de voto em Bolsonaro vai caindo nas faixas etárias mais altas. Ou seja, ambos candidatos têm maior aceitação dentre os mais jovens. Talvez por estarem disputando mais acirradamente nas redes sociais, onde os jovens têm maior interação/presença digital. Portanto, mais expostos à polarização política. Daí a tendência em escolher em ampliar a polarização “esquerda” e “extrema-direita”;

  • Amoêdo pontua com 1%, de maneira geral, mas, na faixa etária “jovens e adultos” dobra seu potencial. Possivelmente pelo discurso “de milionário vencedor” e de incentivo ao empreendedorismo tenha maior potencial de aceitação dentre tal público.

Comparativo quanto à Escolaridade:

  • Quanto menor a escolaridade, maior o voto no ex-presidente Lula, e quanto maior a escolaridade, maior o voto em Bolsonaro. Nessa variável, interessante destacar o aumento do conservadorismo em eleitores com formação universitária. Sugere-se a leitura do artigo da revista Piauí: “O conservadorismo vai à faculdade”, in: https://piaui.folha.uol.com.br/grafico-conservadorismo/;

  • Também Amoêdo cresce na intenção de voto dentre os que possuem nível superior;

  • Não há grau de significância na intenção de votos “branco” e “nulo” no comparativo entre as faixas etárias.

Comparativo quanto à renda:

  • Quanto maior a renda menor a intenção de voto em Lula;

  • Quanto maior a renda, mais votos em Bolsonaro. Bolsonaro ultrapassa Lula na “classe média” e na classe “A”;

  • Amoêdo, Alckmin e Ciro Gomes também crescem à medida que crescem as faixas de renda.

Comparativo quanto a regiões:

  • O ex-presidente Lula assume o primeiro lugar em todas as regiões brasileiras, exceto no Sul, ficando em segundo, atrás de Bolsonaro, mas tecnicamente empatado pelos limites superior e inferior das margens de erro, conforme já mencionado anteriormente. Ressalta-se a expressiva vitória que o ex-presidente Lula teria no Nordeste e a baixa popularidade de Bolsonaro na mesma região;

  • Alckmin não cresce no Sul, mesmo tendo a gaúcha Ana Amélia como sua vice (PP-RS);

  • Álvaro Dias assume 11% no Sul, sua região de origem;

  • Marina Silva tem boa aceitação no Norte do país, sua região de origem.

Comparativo quanto a religiões:

  • É alto o índice de intenções de voto para o ex-presidente Lula dentro os eleitores católicos;

  • Igualmente interessante é a polaridade dentro do grupo “ateus” para Lula e Bolsonaro;

  • Bolsonaro tem baixa intenção de votos dentre os praticantes de Umbanda e Candomblé;

  • Marina Silva tem maior aceitação dentre os evangélicos.

 

CONSIDERAÇÕES GERAIS NO CENÁRIO COM HADDAD

Faz-se as seguintes considerações num cenário com Haddad, na pesquisa do DATA FOLHA:

  • O candidato Jair Bolsonaro lidera entre homens e mulheres, todas as faixas de idade, escolaridade e renda, à exceção de duas: a) entre os de menor escolaridade (tem apenas 13% das intenções de voto entre aqueles que possuem apenas Ensino Fundamental), e b) entre os de menor renda (tem 14% entre os que possuem renda até 2 SM). Nestes segmentos, Marina Silva lidera;

  • A menor taxa de brancos, nulos e indecisos está entre os mais jovens (16 a 24 anos): são 18% contra 28% do total da amostra;

  • No outro extremo, os mais velhos lideram entre os indecisos e abstenção (faixa de 60+): são 34% com intenção de votar branco, anular e/ou que estão indecisos;

  • Às mulheres também se mostram mais indecisas/se abstém mais que os homens: 34% é a soma de intenções “branco”, “nulo” e indecisas, contra 21% para homens na mesma situação. Portanto, há um grande campo de disputa pelo voto de mulheres mais velhas.

Em relação à pesquisa IBOPE, as considerações num cenário com Haddad são:

Comparação quanto ao sexo

  • As mulheres são maioria entre os brancos e nulos, com 33%, enquanto os homens são 23%;

  • Bolsonaro também venceria entre os homens (28% contra 13% entre às mulheres);

  • Haddad tem 3% entre homens e 4% entre mulheres;

  • Marina tem 10% entre homens e 15% entre mulheres.

Comparação entre faixas etárias:

  • Dentre os “mais velhos” é menor o percentual de votos para o Bolsonaro, que aparece com 14%. Enquanto na faixa etária entre 25 a 34 anos aparece com 25%.

Comparativo quanto à Escolaridade:

  • Bolsonaro tem a maior parte dos votos e está concentrado nas pessoas com maior escolaridade;

  • Marina Silva aparece em segundo lugar com 16% entre os eleitores com instrução de 5ª a 8ª série, e 14% dentre os que têm ensino médio;

  • Os votos brancos e nulos ainda são maioria, com 34% dentre os eleitores de menor escolaridade e 24% entre as mais altas.

Comparativo quanto à renda:

  • Pessoas com até 2 salários mínimos mensais representam 33% dos votos brancos e nulos;

  • Bolsonaro tem 32% de votos na faixa com rendimento igual ou maior a 5 salários mínimos;

  • Marina fica em segundo com maior percentual de votos (16%) dentre as pessoas com menor renda (até 2 salários mínimos).

Comparativo por “raça”

  • As pessoas que se autodeclararam “brancas” são a maioria da intenção de voto em Bolsonaro;

  • Marina se destaca dentre os que se autodeclararam “pretos e/ou pardos”;

Comparativo quanto a regiões:

  • Sem o ex-presidente Lula, Bolsonaro perderia no Nordeste (13%), cresceria no Sudeste e Sul (21% e 23%, respectivamente). Perderia para Marina e Ciro no Nordeste (17% e 14%, respectivamente);

  • Como Norte/Centro-oeste foram agrupados na pesquisa IBOPE, Bolsonaro fica com 30%, mas, sem saber a distribuição por região;

  • Marina tem 15% na mesma região (Norte/Centro-oeste). Poderia ultrapassar Bolsonaro na região Norte?

  • Alckmin cresceria na região Sudeste. Entretanto, continuaria atrás de Bolsonaro, Marina e Ciro;

  • No Nordeste “branco”, “nulo” e indecisos atingem 41% (33% branco/nulo e 8% não sabe ou não responderam).

Comparativo por Crença/Religião

  • Bolsonaro aparece com mais votos dentre os evangélicos;

  • Marina tem igual percentual (12%) entre católicos, evangélicos e “outras religiões”;

  • Ciro Gomes é mais forte entre os católicos (10%);

  • Alckmin aparece com 8%;

  • Haddad é mais forte entre “outras religiões”;

  • Intenção de voto “branco” é mais forte dentre os católicos.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Pesquisas de intenção de voto são o “retrato do momento”. Sabe-se que muitos fatores estão em jogo, principalmente porque na maioria das vezes se analisam estas desconsiderando o debate nas redes sociais digitais, ambiente no qual também habitamos. Isto é, passamos nosso maior tempo hoje, seja trabalhando, interagindo com amigos/familiares, em transações comerciais e financeiras, dirigindo ou se localizando nas cidades, etc., em ambiente digital. Analisar o cenário eleitoral sem olhar para esta parte da realidade, é um grande equívoco.  E não basta monitorar tem que analisar social e politicamente.

De qualquer modo, a campanha no Rádio e na TV / Horário Eleitoral “gratuito” não iniciou. Televisão ainda tem a maior penetração nos lares brasileiros, e o rádio pode ser ouvido sem depender de esta a sua frente, mas é nos grandes centros urbanos que este têm maior audiência devido ao congestionamento e o tempo de deslocamentos casa/trabalho. Outro fator, talvez o mais importante do cenário eleitoral, é a situação da candidatura do ex-presidente Lula, que está sob judice. É o “divisor de águas” que impede uma projeção mais clara de cenários. Uma estratégia do PT não só para que o ex-presidente Lula seja candidato, mas também para garantir, em caso de manter-se a inelegibilidade, transferir uma parte seu capital político para Fernando Haddad, atual vice na chapa registrada. A questão é quanto conseguirá transferir? E essa semana a estratégia do PT ganhou mais força devido a repercussão do posicionamento da Comissão de Direitos Humanos da ONU, além de dois artigos no New York Times falando da elegibilidade do ex-presidente Lula, entre outras variáveis que devem ser consideradas para uma leitura mais precisa, principalmente, uma análise da conjuntura política, social e econômica que se encontra o país.

Neste texto, o primeiro de uma série de 10 (dez), analisamos somente as pesquisas de intenção de voto divulgadas durante a semana, as primeiras após o registro de candidaturas a presidência da República. Também analisaremos a transferência de votos. Aspecto que mostra do real potencial das candidaturas em um cenário sem o ex-presidente Lula e, também, dos outros candidatos/coligações que não iriam para o segundo turno; comparativos de pesquisa de intenção de voto com monitoramentos em redes sociais digitais; comparativos de resultados de diversos Institutos de Pesquisa; análises sobre o discurso político da “grande mídia” e da “mídia alternativa”, entre outras possibilidades de estudos.

Esperamos de uma forma simples, mas com profundidade, contribuir com o debate político neste momento tão complexo que vive a sociedade brasileira, principalmente sob uma perspectiva para além das eleições. Queremos compreender para onde caminhamos com as atuais políticas e quais cenários são projetados para o Brasil diante do que propõem os candidatos nas eleições 2018.

Assinam este artigo os alunos: Beatriz Ramires de Britto, Camila P. Monteiro Costa, Danilo de Oliveira Romano, Débora Toniolo, Felipe Pragmacio Travassos Teles, Ivair J.A. Junior, Júlia Isabel Miranda Travaglini, Jimmy Augusto Moreira Pitondo, Jusuá Jihad Alves Soares, Kathleen Ângulo, Larissa Regina Ramos da Silva, Marcela Pereira Pedro, Mariana de Camargo Rodrigues, Robson Leandro de Almeida, Rodrigo da Silva Pereira, Rosimeire da Silva dos Anjos, e a professora Jacqueline Quaresemin, Pós-Graduação em Opinião Pública e Inteligência de Mercado – Disciplina de Opinião Pública e Pesquisa Eleitoral, na FESPSP.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

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  1. Macron, na França, por exemplo. Duvido que não sejam compradas

    Macron, na França, por exemplo. Duvido que não sejam compradas pra influenciar ou tentar influenciar a gente pra um lado ou prra outro. Mas o povo pode surpreender (ainda que eu não idolatre o povo) pra um lado ou pra outro(s). As melhores não são publicadas, são as internas feitas pelos partidos. E mais: pelo jeito, a decisão vai ser de última hora (até pesquisa de boca de urna pode falhar, mas é a que merece mais credibilidade – pros institutos não se desmralizarem e venderem). Meu voto era pela união da centro-esquerda (não vejo esquerda na nossa realidade, a não ser relativizando), mas, como dão rasteiras entre si, voto em possível minoria em Ciro Gomes (num meio de simpatizantes lulistas e/ou petistas é até ingenuidade manifestar-se). Haddad taria ótimo. Marina, como alguém já disse, que o PT jogou no colo da direita, pelo menos é limpa, até onde podemos saber. Gosto de Giannetti seu acessor economista que não pensa só naquilo (escreve sobre diversos assuntos). Tem um quê de pureza que admiro (ainda que também não acredite em pureza no ser humano). E não é dada a rasteiras e golpes de “esquerda”. Ah! E os votos nulos, brancos e abstenções aumentam a desconfiança com pesquisas.

  2. carai  .,.tem gente que joga

    carai  .,.tem gente que joga mer?? no ventilador  ..a analista parece que jogou NÙMEROS, computador, caneta e borracha

    dá pra resumir ? 

  3. cuidado pra não criar expectativas

    o artigo tem necessidade de ser assinado por fulanos A, B, c… Z. Não importa que sejam alunos ou doutores. Cita-se, lembra-se que pesquisa é coisa de momento. Mas isso é um artifício pra influenciar aparentando imparcialidade. A estratégia de um partido, o principal de centro-esquerda tem 2 fases: é acertada por manter na vitrine seu único e meritoso líder nos 40 anos de existência do partido (com jogadas pouco éticas, a meu ver, afastando lideranças capazes, talvez maiores). E é um erro (a se ver ainda…) que desgasta o PT (me refiro à luta interna entre as correntes, não à platéia fiel), afasta melhores alianças, realimenta o antipetismo em sua arrogância de hegemonismo a quaisquer custos. Custos. Custos.

  4. Que dizem os números das pesquisas Ibope e DataFolha

    Parabéns Prof.ª Jacqueline e alunxs!  Diante de tantos dados e fontes, o esforço em elaborar um texto rico em variáveis e considerações já é uma grande contribuição. Ímpar, o cenário político atual agrega uma série de aspectos que não podemos desconsiderar, em particular: judicialização da política e as tecnologias da comunicação.

     

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