A primeira final de Libertadores do Santos

Uma Libertadores que nao mudou muito de 62 para hoje.

Do Estadao.com

Em 62, Santos decolava rumo à glória

Há 49 anos, time de Pelé e Cia. destronava o então bicampeão Peñarol para dar início à trajetória de êxitos no cenário mundial

Bruno Deiro e Sérgio Martins – O Estado de S.Paulo

Em 1962, Santos e Peñarol precisaram de três jogos para definir quem era o dono da Libertadores. Quase 50 anos depois, eles reeditam a partir de quarta-feira, em Montevidéu, aquela final.

A conquista legitimou a crescente fama do Santos mundo afora. Dos 11 titulares, sete eram bicampeões mundiais com a seleção brasileira: o goleiro Gilmar, o zagueiro Mauro, o volante Zito, o meia Mengálvio e os atacantes Coutinho, Pepe e Pelé, que se machucou na Copa do Chile.

Mas não foi só pela ausência da principal estrela santista que o Peñarol começou a disputa como favorito: o time era campeão intercontinental e bi da Libertadores (1960 e 61). A equipe tinha jogadores de refinada técnica, como Pedro Rocha, Sasía, o ponta peruano Joya, apelidado “el Negro 11”, e o equatoriano Spencer.

O Santos chegou invicto à decisão. Na fase de grupos, venceu o boliviano Deportivo Municipal, por 4 a 3 e 6 a 1, e passou pelo paraguaio Cerro Porteño com um empate por 1 a 1, em Assunção, e com uma das maiores goleadas da história da competição: 9 a 1, na Vila Belmiro, com gols de Zito, Pelé (2), Pepe (3) e Coutinho (3), que terminaria aquela Libertadores como artilheiro com 6 gols, ao lado de Spencer. Nas semifinais, o time santista eliminou o Universidad Católica, do Chile, com um empate por 1 a 1, em Santiago, e uma vitória por 1 a 0 no jogo de volta.

Já o Peñarol, campeão do ano anterior, entrou nas semifinais, quando enfrentou o arquirrival Nacional em três jogos: venceu um (3 a 1), perdeu o outro (2 a 1) e empatou o terceiro (1 a 1).

O primeiro jogo da decisão foi n o Estádio Centenário, em Montevidéu, no dia 28 de julho. “O gramado do Centenário era sempre perfeito, mas naquele dia estava cheio de buracos”, lembra Pepe. “Eles depois confessaram que fizeram isso para prejudicar nossa velocidade.”

Na ausência de Pelé, Coutinho garantiu a vitória por 2 a 1 marcando duas vezes. Spencer, que é o recordista de gols na história da Libertadores (54 marcados em 11 edições), descontou.

Cinco dias depois, ainda sem Pelé, o Santos recebeu um Peñarol mordido na Vila Belmiro. O primeiro tempo transcorreu sem qualquer problema. Spencer abriu o placar logo aos 5. Dorval empatou aos 19 e Mengálvio virou em 2 a 1.

No segundo tempo, porém, tudo mudou. Spencer empatou aos 4, com Gilmar reclamando que Sasía jogara terra em seus olhos. Dois minutos depois o próprio Sasía fez o terceiro do Peñarol: 3 a 2. A virada frustrou os 22 mil torcedores e um deles jogou uma garrafa na direção do árbitro chileno Carlos Robles, que suspendeu o jogo.

A partida ficou paralisada por quase uma hora e meia e, após intermináveis discussões, Robles foi convencido pelos dirigentes da Conmebol a reiniciar o duelo a fim de acalmar os torcedores, mas por decisão secreta do árbitro a partida fora suspenso no momento em que a garrafa do torcedor caiu no gramado. Nenhum dos jogadores sabia disso, nem os 22 mil torcedores.

Com a bola rolando, o Santos buscava o empate e o Peñarol se defendia. Até que, aos 51, Pagão fez o terceiro gol santistas. O empate por 3 a 3 representava a conquista do título. No dia seguinte, o Estado e os outros jornais paulistas davam em edição especial o título ao Santos. Porém, a Conmebol acatou a decisão do juiz e deu a vitória ao Peñarol.

Com um triunfo para cada lado, o tira-teima foi marcada para 30 de agosto. Para azar dos uruguaios, desta vez Pelé estaria em campo. E os 50 mil torcedores que foram ao Monumental de Núñez, em Buenos Aires, viram uma exibição perfeita do time santista. “Quando a gente ia para uma decisão, a gente crescia”, diz Pepe. E o Peñarol perdeu por 3 a 0, com gols de Caetano (contra) e Pelé (2). Era o início da consagração mundial do Santos, que naquele ano seria campeão mundial contra o Benfica e, no ano seguinte, repetiria a dose nas duas competições.

Luis Nassif

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