Putin e Erdogan se reúnem para tratar de exportação de grãos da Ucrânia

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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País da Otan, a Turquia pretende com a reunião retomar as negociações de paz entre Moscou e Kiev, além de aumentar comércio com os russos

Este é o primeiro encontro entre Putin e Erdogan após a suspensão por Moscou do pacto de exportação de cereais através do Mar Negro. Foto: @AttentiveCEE

O presidente russo, Vladimir Putin, se reúne nesta segunda-feira (4) com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, na cidade russa de Sochi, para discutir as exportações de alimentos através do Mar Negro e a operação militar especial na Ucrânia.

Outra questão que Putin e Erdogan irão analisar é a referente ao fornecimento de gás da Rússia à Europa através da Turquia. Todavia, Putin espera Erdogan horas depois de uma segunda noite de ataques de drones russos a regiões portuárias da Ucrânia localizadas no rio Danúbio.

A reunião no balneário russo será a primeira que os líderes realizarão após a suspensão por Moscou do pacto de exportação de cereais através do Mar Negro, sob o argumento de que o Ocidente não cumpriu com os compromissos assumidos na chamada Iniciativa do Mar Negro.  

Durante o encontro, Putin irá propor à Turquia o fornecimento de um milhão de toneladas de cereais a preço reduzido para que a commodity possa ser processada por empresas turcas e enviada aos países mais necessitados.

A Rússia insistiu que só retomará o acordo alimentar se estiverem reunidas as condições incluídas no memorando que assinou com a Organização das Nações Unidas (ONU), que Putin considera parte integrante da Iniciativa do Mar Negro.

Retomada da Iniciativa 

Segundo a agência de notícias turca Anadolu, tanto Erdogan quanto Putin admitiram que a retomada do acordo está na pauta de discussões, além de outros acordos na área energética entre os dois países. 

Segundo fontes, a Turquia, que é um país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal inimiga da Rússia por sua política expansionista a territórios da ex-URSS e do Império Czarista, espera usar o acordo de grãos como base para reiniciar as negociações de paz entre Moscou e Kiev. 

Ocorre que há por parte de Erdogan intenções também econômicas, ante o fato de ele prever que o volume de comércio exterior entre os dois países, Rússia e Turquia, deve dar um salto dos atuais US$ 62 bilhões para US$ 100 bilhões.

Violações

Moscou denunciou a violação do compromisso assumido pela ONU de facilitar as suas exportações, que enfrentam dificuldades devido às sanções unilaterais impostas pelo Ocidente devido à guerra na Ucrânia.

A partir do Kremlin, os russos exigem o desbloqueio de contas externas e de ativos de empresas russas ligadas à produção e transporte de alimentos e fertilizantes.

Por outro lado, drones russos atacaram um porto na região de Odessa, na Ucrânia, neste domingo (3), o que deixou duas pessoas feridas, de acordo com autoridades locais. O ataque ocorreu 24 horas antes da reunião programada entre os presidentes da Rússia e Turquia. 

Iniciativa do Mar Negro

Em julho de 2022, cerca de seis meses depois do início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, os dois países em conflito assinaram um acordo para permitir a circulação de navios civis pelo mar Negro para a exportação de grãos ucranianos. 

A tratativa pretendia evitar uma crise alimentar global e permitiu a reabertura de portos ucranianos, ocupados pelo Exército russo no sul, liberando o escoamento de toneladas de grãos da Ucrânia. 

Depois de quase um ano do acordo e três renovações, a Rússia decidiu deixar a iniciativa no último dia 17 de julho. Erdogan prometeu então renovar os acordos que ajudaram a evitar uma crise alimentar em partes da África, do Oriente Médio e da Ásia.

Com informações da TeleSur, InfoMoney e The Guardian.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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