A corrupção no sistema financeiro e o complexo de vira-lata

Do Observatório de Imprensa

Contra o complexo de vira-lata

Jorge Alberto Benitz

O documentário Trabalho Interno, de Charles Ferguson, vencedor do Oscar de melhor documentário de 2011, é um perfeito antídoto contra os brasileiros que, como bem disse Nelson Rodrigues, têm complexo de vira- lata e acham que tudo nosso é ruim e lamentável. No documentário fica demonstrado que a nossa corrupção é “café pequeno” perto da dos países do primeiro mundo (expressão que está caducando, por sinal), que foram quebrados por picaretas de terno e gravata (banqueiros, executivos de bancos, corretores de Wall Street e fazedores de relatórios fajutos de consultorias famosas que passaram noites e dias manivelando picadoras de papel para destruir provas a fim de não serem pegos) e nada aconteceu com os mesmos (exceção a Bernard Madoff, bode expiatório). Muitos foram promovidos, isto é, assumiram cargos no governo Obama e outros foram agraciados com polpudas gratificações. A desinformação grassa nos que só leem jornalões e veem TV.

Dentre estes que acham que tudo que é brasileiro não presta e é pior que o do resto do mundo, ocupam lugar de destaque um monte de reacionários que aproveitam assim para atacar por via transversa a democracia. A reportagem “O Efeito Skuromatic” da revista CartaCapital (edição de 23 de maio de 2012), faz uma análise importante sobre o papel destes na internet. Vale a pena citar um trecho da reportagem:

“A internet é de fato um terreno usado por militâncias organizadas de todas as correntes de pensamento desinteressadas em debater ideias. Protegidos pelo anonimato, cometem as maiores covardias. Mas uma coisa é inegável: São os internautas auto-assumidos como “conservadores” ( em temas como aborto, sexualidade, liberdades individuais, armamento e religião) aqueles que cometem os ataques mais virulentos da rede.”

Catões fajutos

Saudosos que são do tempo da ditadura e astutos para aproveitar a oportunidade de ouro que se apresenta, eles são o batalhão de choque da tropa que desanca a política e os políticos, conforme prescrito no receituário do consenso de Washington. Não que eles não mereçam críticas, ao contrário. No entanto, espere sentado se deseja alguma crítica destes aos corruptores.

Ao contrário, quando falam de grandes capitães de indústria ou grandes capitalistas, colocam antes o termo doutor a emoldurar a citação do nome de gente tão distinta, ainda que o alvo desta reverência não tenha a referida qualificação acadêmica. Tal gesto mais do que qualquer coisa demonstra o seu espírito de cortezão. São eles os mesmos que no tempo da ditadura, no mínimo, faziam parte da maioria silenciosa que, com seu silêncio, abonava a barbárie em curso. Não se enganem com estes falsos moralistas, estes catões fajutos. O exemplo de Demóstenes Torres é emblemático.

[Jorge Alberto Benitz é engenheiro e consultor, Porto Alegre, RS]

Luis Nassif

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