Manaus, com muita água, pouca administração

 

No dia 13 de maio de 2009, a prefeitura de Manaus decretou estado de emergência no município em função da subida do nível das águas do rio Negro que naquele dia atingira a quota da 29 metros.


A previsão das autoridades era de que 3.000 casas seriam alagadas e 18 mil pessoas sofreriam as consequências da enchente que viria ser a segunda maior da história de Manaus, desde quando se iniciou o acompanhamento das enchentes do rio Negro, em novembro de 1902. Nas contas das autoridades, 19 bairros e comunidades seriam atingidas.

Além disso, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) tinha previsto que o nível do Negro poderia atingir 29,60 metros. Como se soube depois, o recorde atingido em 2009 foi 29,77 metros, oito centímetrso acima da marca de 1953, de 29,69 metros, e 16 centímetros acima da enchente de 1976, que chegou a 29,61 metros.

Neste ano, e ainda com as consequências da enchente de 2009 fresca na memória, o prefeito Amazonino Mendes decretou estado de emergência no dia 27 de abril, com o nível do Negro marcando 28,96 metros e a previsão da Defesa Civil era de que 3,6 mil famílias, cerca de 18,3 mil pessoas, seriam atingidas nos onze bairros situados mais próximos à orla do rio Negro.

Para dar assistência a quem perdeu tudo, a prefeitura lançou o “cartão enchente”, uma ajuda de R$ 400 às pessoas comprovadamente atingidas pela enchente recorde deste ano, conforme se verirficou na última quarta-feira, 16, quando a medição apontou o nível 29,78 metros, já um centímetro acima da marca de 2009.

Neste ano a previsão do Serviço Geológico do Brasil indica a possibilidade de que as águas subam, em Manaus, até o nível de 30,13 metros. Em outras palavras, ainda restariam 32 cm para que se atinja outro registro histórico com as consequências danosas para a população.

Até agora, 80,64% dos 62 municípios amazonenses decretaram estado de emergência, pois estão sob esta situação 50 municípios, enquanto outros dois tiveram que se abrigar sob a decretação do estado de calamidade pública: quer dizer, não tem hospital, nem energia elétrica, além de os serviços de distribuição de água potável terem entrado em colapso. Só em Manaus já se fala em mais de 10.000 famílias enfrentando esse problema cíclico da Amazônia.

Se ainda não existe a tecnologia capaz de evitar ou prever enchentes deste nível, está disponível há muito tempo técnicas de administração e planejamento que podem reduzir ao mínimo esses danos. É só olhar para o Japão ou para o Prosamim.

Luis Nassif

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