Pastores-atravessadores cobravam até compra de bíblias para liberar verbas do MEC

Prefeitos que participaram de reuniões do Ministério da Educação com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura relatam pedidos de até R$ 40 mil e “troca de favores”

Foto: Carolina Antunes/PR

Foram revelados nesta quinta-feira (24/3) novos detalhes do esquema organizado pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura para liberar verbas do MEC (Ministério da Educação), do ministro Milton Ribeiro.

Uma reportagem do jornal O Globo conversou com dois prefeitos que participaram das reuniões do MEC: Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO) e José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP).

Os detalhes contados por Pinheiro e De Souza em sua entrevista confirmam o modus operandi exposto nos áudios que originaram o escândalo: os pastores Gilmar Santos (presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil) e Arilton Moura (assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil) tinham o controle sobre os gastos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e pediam dinheiro ou favores dos prefeitos em troca da liberação desses recursos.

Segundo os prefeitos Kelton Pinheiro (Bonfinópolis) e José Manuel de Souza (Boa Esperança do Sul), os pastores pediam propinas que variavam entre R$ 15 mil e R$ 40 mil, ou sugeriam “trocas de favores”, que poderiam envolver, por exemplo, a compra de bíblias.

O prefeito Kelton Pinheiro foi quem revelou o esquema da compra de bíblias, que foi sugerida a ele pelo pastor Arilton Moura “Seria uma venda casada. Eu teria que comprar essas bíblias, porque ele estava em campanha para arrecadar dinheiro para a construção da igreja”, contou Pinheiro. A compra das bíblias, segundo esse relato, era a condição para que Bonfinópolis recebesse recursos do FNDE e foi solicitada na reunião realizado em 11 de março de 2021.

Já o prefeito José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul, descreveu uma proposta que ouviu do mesmo pastor Arilton, em reunião ocorrida em 13 de janeiro de 2021.

“Ele falou: ‘se você quiser, eu passo um papel agora, ligo para uma pessoa e as escolas profissionalizantes vão chegar ao seu município, mas em contrapartida, você precisa depositar R$ 40 mil para ajudar a igreja. Uma mão lava a outra, né?”, relatou De Souza.

Em suas entrevistas a O Globo, os dois prefeitos asseguram ter se negado as ofertas dos pastores.

Redação

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