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Em entrevista a jornalistas e blogueiros, realizada nesta terça-feira (26/4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que caso ele volte ao Palácio do Planalto em 2023, os sigilos decretados por Jair Bolsonaro serão derrubados.
“Ele (Bolsonaro) vive de favor, fazendo decreto lei, fazendo indulto fora de hora, transformando qualquer coisinha que os filhos dele façam em sigilo de 100 anos. Tudo é sigilo de 100 anos. Mas nós vamos dar um jeito nisso. Se preparem que nós vamos dar um jeito nisso”, assegurou o líder petista.
A declaração de Lula se refere aos vários decretos de Bolsonaro que impuseram sigilo de 100 anos sobre informações relacionadas especialmente ao acesso ao Palácio do Planalto de figuras ligadas ao governo e envolvidas em temas controversos.
Um bom exemplo é o último decreto do tipo, lançado em março passado, e que impôs um sigilo de um século à reunião realizada em 2019 entre o presidente Bolsonaro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que recentemente se tornaram pivôs do escândalo de cobrança de propinas para liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O caso terminou, inclusive com a renúncia do então ministro da Educação, Milton Ribeiro.
O mesmo aconteceu com relação à reunião entre Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em novembro de 2021, que marcou a filiação do presidente à nova legenda. Meses antes, o mandatário também impôs sigilo de 100 anos às visitas dos seus filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
Outro caso que teve suas informações bloqueadas foi o processo administrativo contra o general Eduardo Pazuello, por sua participação em palanque durante um ato político junto com o presidente. No caso, a decisão de decretar o sigilo foi tomada pelo Exército.
Finalmente, o primeiro caso de sigilo de 100 anos diz respeito à carteira de vacinação de Jair Bolsonaro. O mandatário tomou a medida em janeiro de 2021, como forma de esconder a informação sobre se tomou ou não a vacina contra a covid-19 – situação que causou polêmica principalmente porque, na mesma época, ele dizia defender a “liberdade daqueles que não querem se vacinar”.
Assim, uma possível vitória de Lula nas eleições de outubro deste ano pode significar a revelação de todos esses segredos escondidos pelos decretos de Bolsonaro, enquanto a reeleição do presidente servirá para mantê-los em sigilo.
Talvez seja esse o motivo pelo qual o presidente deixou escapar, nesta mesma terça-feira, que deixar a presidência é uma das suas grandes preocupações. A frase foi dita durante evento com prefeitos em Brasília, segundo informa a matéria do jornalista Ivan Longo para a Revista Fórum.
Segundos depois, Bolsonaro emendou a frase, dizendo que se referia a mudanças na lei de improbidade administrativa.
“A grande preocupação nossa é quando deixarmos a prefeitura um dia. A minha, quando deixar a Presidência, porque vamos deixar um dia. Esta questão não pode nos perseguir por 10, 15, 20 anos. Fui muito criticado por ocasião da sanção da lei da improbidade administrativa, mas tenho certeza que trabalhamos junto com a Câmara e o Senado para dar mais tranquilidade para que os senhores possam trabalhar”, foi a declaração completa.
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