O pensamento monofásico de Serra

Na matéria do Estadão de hoje, a informação de que José Serra discordou do economista norte-americano Edward Glasser, autor do livro “O Triunfo das Cidades”, que defende investimentos em transporte coletivo para melhorar o trânsito.

Argumento de Serra: “Mais linhas de ônibus vão engarrafar ainda mais o já caótico trânsito da cidade”.

O que se confere é a absoluta incapacidade de Serra de pensar qualquer realidade complexa. Não coloque duas variáveis na sua frente, que ele se embaralha todo. Serra só consegue raciocinar de forma monofásica: um elemento por vez, isolado dos demais e sem contextualizar. 

É evidente que transporte sobre trilhos é melhor do que linhas de ônibus. Mas é de uma obviedade esplendorosa que transporte por ônibus é melhor do que sobre carros, para descongestionar o trânsito. Outra obviedade assustadora é que, em qualquer be-a-bá de urbanismo, ambos os transportes, ônibus e metrô, são complementares.

NO entanto, sem cola, ele é incapaz de entender até a mais básica das equações sobre transporte público: + ônibus = – carro.

Serra conseguiu levar o maniqueísmo até para a área de transportes. Ou metrô ou ônibus. E tome Rodoanel.

Que ele não tenha vontade de estudar temas de política pública, vá lá. Mas que não tenha conhecimento básico sobre transportes públicos, tendo sido prefeito e governador, demonstra uma alienação assustadora. 

Serra parece um urso que hibernou no fim dos anos 80 e acordo em pleno século 21 sem ter assimilado nenhum dos grandes temas de discussão do período.

Do Estadão

Serra e Haddad divergem sobre transportes
29 de maio de 2012 | 3h 07
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FERNANDO GALLO, GUILHERME WALTENBERG , AGÊNCIA ESTADO – O Estado de S.Paulo
Os pré-candidatos Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) apresentaram ontem visões distintas sobre as soluções para os problemas do trânsito na cidade de São Paulo. Enquanto Haddad sustentou a necessidade de multiplicação dos corredores de ônibus, e afirmou planejar a construção de um deles na Avenida 23 de Maio, Serra defendeu o investimento em obras viárias e em transportes sobre trilhos.

Provocado a citar três vias onde pretende instalar parte dos 200 quilômetros de corredores que planeja construir, Haddad elencou as Avenidas 23 de Maio, Brasil e Celso Garcia.

“Algumas dependem de duplicação de vias”, ponderou, após seminário promovido pelo PT na Assembleia Legislativa sobre mobilidade urbana. Mas, sobre a 23 de Maio, comentou: “Ela passa do aeroporto praticamente sem semáforos. Só lá em cima (após Congonhas) talvez você tenha que fazer algum tipo de arranjo para (o corredor) chegar até Interlagos”.

Serra, por sua vez, rechaçou os investimentos em ônibus. Em evento realizado no Insper, o tucano discordou do economista norte-americano Edward Glasser, autor do livro O Triunfo das Cidades e defensor dos investimentos em coletivos como forma de melhorar o trânsito das grandes cidades. “Discordo (do economista) porque mais linhas de ônibus vão engarrafar ainda mais o trânsito caótico da cidade.”

O tucano defendeu obras viárias como o Rodoanel, e a ampliação das linhas de metrô e de trens urbanos em São Paulo, citando o exemplo dos monotrilhos que passam por Cidade Tiradentes, na zona leste e Jabaquara, região sul da capital paulista. Ele prometeu que a prefeitura participará financeiramente dos investimentos no metrô, caso venha a ser eleito.

Metrô. Fernando Haddad também afirmou que colocará verba municipal no metrô, mas condicionou o investimento à apresentação de um cronograma, para evitar atrasos.

“A parceria tem que ser continuada, mas sempre com plano de metas anexo. Não podemos simplesmente trocar o dinheiro de conta sem vir acompanhado de um cronograma de entrega de licitações e obras.”

O pré-candidato petista sustentou que o metrô não estaria superlotado se o plano de construção de 200 quilômetros de novos corredores, elaborado na gestão Marta Suplicy, tivesse sido executado.

“Se tivéssemos 300 quilômetros de corredores de ônibus na cidade hoje, o metrô não estaria sobrecarregado como está.” O tema dos corredores é sensível sobretudo na classe média de São Paulo desde que os túneis feitos no corredor da Avenida Rebouças desabaram durante a gestão Marta Suplicy (2001-2004).

Luis Nassif

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