A delegação brasileira na Conferência de Bretton Woods

Por Motta Araujo

A DELEGAÇÃO BRASILEIRA À CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS – A Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, conhecida popularmente como conferência de Bretton Woods, realizou-se de 1º a 27 de julho de 1944 na estação de veraneio de Bretton Woods, no Estado de New Hampshire, colado ao Canadá. O Brasil, naquele momento, era um dos oito países Aliados,  potências que combatiam o nazi-fascismo, no auge de uma atuação diplomática expressiva liderando a America Latina e único País latino-americano  a enviar tropas para a Guerra que ainda se desenrolava.  O Brasil só não foi potência ocupante da Áustria porque não quis.

Para a Conferência, o Brasil enviou uma delegação de peso, no papel chefiada pelo líder empresarial Euvaldo Lodi, da Confederação Nacional da Indústria e na prática liderada pelo Ministro da Fazenda Arthur de Souza Costa, pelo Prof. Eugênio Gudin, criador dos cursos de economia no Brasil, Octávio Gouveia de Bulhões e Roberto Campos.

A conferência não foi mansa e pacífica. Desde o início, dois grupos se confrontaram com visões diferentes sobre a reorganização monetária do mundo do pós-guerra. A delegação americana era chefiada por Harry Dexter White e a britânica por John Maynard Keynes, eram as duas delegações mais atuantes da Conferência.

A primeira grande divergência foi sobre o BIS, o Banco de Liquidações Internacionais, conhecido como Banco da Basiléia ou Banco Central dos Bancos Centrais. A delegação da Noruega apresentou uma moção para extinguir o BIS, dado o seu carater alemão. O BIS foi fundado em 1930, por inspiração dos EUA através do Plano Young, um dos dois planos de ajuste das reparações alemãs decorrentes do Tratado de Versalhes. Sua efetiva criação foi autoria de Sir Montagu Norman, governador do Banco da Inglaterra e Hjalmar Schacht, presidente do Reichsbank e depois Ministro de Economia do Terceiro Reich. Hitler pessoalmente indicou dois de seus Diretores, nazistas de carteirinha, Walther Funk e Emil Puhl,  além do célebre banqueiro ligado ao regime, o Barão von Schroeder.

Os estatutos do BIS foram elaborados em reunião realizada em Baden Baden, na Alemanha, em 1931.

Durante toda a Guerra o BIS operou com diretores alemães no Conselho de Administração, sentados lado a lado com diretores ingleses e americanos em reuniões trimestrais na neutra Suíça.

Os americanos apoiaram de imediato a moção da Noruega para liquidar o BIS, os ingleses ficaram em posição oposta.

O BIS teria sido liquidado se Roosevelt não tivesse morrido, Truman pensava diferente e o Banco continuou a existir.

Outra grande, a maior controvérsia da conferência,  foi sobre a moeda reserva mundial. Keynes propunha a criação de um organismo de compensações automáticas de saldos de balança de transações correntes, a International Clearing Union, que processaria os ajustes através de uma moeda gráfica, o BANCOR. Os americanos nem quiseram ouvir falar, firmaram posição desde o início para que o dólar fosse a moeda reserva internacional. A dominância americana era irresistível, os ingleses não tinham como sustentar sua proposta e o BANCOR foi esquecido.

A delegação brasileira participou ativamente dos trabalhos da Conferência, colei um paper muito bem elaborado sobre a atuação da delegação brasileira, de Daniel Barreiros, que serviu de base a outro trabalho recente por Matias Spektor, da Fundação Getúlio Vargas.

O excelente nivel técnico da delegação brasileira, lembrando que apenas 44 países foram participantes, deixou excelente impressão entre os delegados. Gudin e Bulhões seriam futuros Ministros da Fazenda e Campos o todo poderoso Ministro do Planejamento do primeiro Governo militar

A Conferência tinha como objetivo político eliminar o nacionalismo econômico, então considerado um dos culpados pela Segunda Guerra e tornar o mundo um espaço de economia livre e conectada, pode-se dizer que Bretton Woods foi o principio da globalização economica e financeira.

Três organismos, o “tripé de Bretton Woods”, o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (hoje Banco Mundial), o Fundo Monetário Internacional e a Organização Mundial do Comércio (anteriormente Acordo Geral de Tarifas e Comercio). O mundo até hoje segue sob os principios de Bretton Woods, em variadas versões e ciclos.

O notável da Delegação brasileira, que hoje não poderia ser reconstituída, foi a presença de ECONOMISTAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS, dedicados a uma operação MACRO da economia, um tipo de formação intelectual que desapareceu no Brasil, hoje temos burocratas da economia e ECONOMISTAS DE MERCADO, nenhum dos quais tem a envergadura de um Gudin, de um Bulhões, de um Roberto Campos ou de um Celso Furtado, capazes de inserir o Brasil no pódio de construção monetária mundial na escala de valores que presidiu Bretton Woods.

Atuação da Delegação Brasileira na Formulação do Acordo Internacional de Bretton Woods (1942-1944)  – Daniel de Pinho BARREIROS
Redação

23 Comentários

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  1. Meu Deus, Eugênio Gudin era

    Meu Deus, Eugênio Gudin era um homem de visão MACRO da economia?

    Mais um belo exemplo de um artigo escrito por um completo ANALFABETO EM ECONOMIA, Motta Araújo, o autor de livros sobre finanças que não conhece nem os conceitos mais rudimentares de finanças públicas.

     

    1. Eugenio Gudin foi quem criou

      Eugenio Gudin foi quem criou o primeiro curso de ECONOMIA no Brasil, a pedido do então Ministro da Educação Gustavo Capanema e seu livro PRINCIPIOS DE ECONOMIA MONETARIA foi o manual basico para as primeiras faculdades de economia do Pais. Trata-se de um registro historico relativo àquela época.

      Quanto a mim jamais pretendi ser economista, sou um mero curioso de historia economica e assim continuarei.

      1. Eden SP, obviamente o senhor

        Eden SP, obviamente o senhor compartilha d aingorância do Motta Araújo, desconhecendo até mesmo o significado de macroeconomia.

        Recomendo a leitura de qualquer livro introdutório de economia, assim você poderá a prender a diferença entre micro e macroeconomia.

        1. Colega…

           

          Para iniciar os meus estudos em economia, qual a obra que voce me recomendaria? O Mankiw seria uma boa? Dois colegas meus que tiveram aula com ele em Harvard acharam-no excessivamente neoclassico, tipo assim, “quadradao”, sabe. Que você acha? E Macroeconomia, Blanchard ou Krugman ? Sobre micro, aquele negocio de Elasticidade, Inelasticidade, Curvas de Produção,  Monopólio,  Oligopolio, Competição Monopolistica (é assim que se escreve?), embaralha toda a minha cabeca. Que vc recomenda em micro, para, ao menos, iniciar uma conversa contigo?

           

          Agradeceria imensamente a sua recomendação. 

           

          Abracos

           

           

           

           

           

          1. Eden SP, o livro introdutório

            Eden SP, o livro introdutório do Mankiw é bastante popular, os protestos contra seu neoclassicismo(e Mankiw nem é tão neoclássico assim, muito mais um sintético)por parte de alguns de seus alunos são muito mais significativos das críticas à teoria neoclássica do que ao professor em si.

            Na verdade, como o senhor, assim como Motta Araújo, não sabe nem a diferença entre micro e macroeconomia, qualquer livro introdutório serve, na verdade, uma rápida pesquisa no google serviria para desembaralhar sua cabecinha.

            Boa sorte.

  2. Comentando “sem comentários”

    1 vs 2: 

    1) “Keynes propunha … a International Clearing Union, que processaria os ajustes através de uma moeda gráfica, o BANCOR. Os americanos nem quiseram ouvir falar, firmaram posição desde o início para que o dólar fosse a moeda reserva internacional.”

    2) “A Conferência tinha como objetivo político eliminar o nacionalismo econômico, então considerado um dos culpados pela Segunda Guerra e tornar o mundo um espaço de economia livre e conectada, pode-se dizer que Bretton Woods foi o principio da globalização economica e financeira.”

    Nota A): A delegação brasileira explica muito sobre as cócoras brasileiras desde então: Gudin, Bulhões e Bob Fields .

    Nota B) Notar que a Alemanha se rendeu em maio do ano seguinte (quase um ano depois) e o Japão em agosto (mais de um ano depois). O butim e seu controle já estavam sendo discutidos cerca de um ano antes.

    1. Não há nada de

      Não há nada de extraordinario, a reorganização da ordem global se deu nas quatro conferencias geopoliticas muito antreiores ao fim da Guerra, as de Casablanca, Cairo, Teheran e Yalta, só a de Potsdam ocorreu depois do fim das hostilidades, em julho de 1944 já havia certeza absoluta da derrota do Eixo, o fim do conflito já estava previsto com certeza.

  3. Um fato interessnate neste

    Um fato interessnate neste assunto é que a delegação brasileira não conseguiu absolutamente nada do que pretendia em Bretton Woods, principalmente que o apoio financeiro à Europa fosse estendido às nações em desenvolvimento.

    Não fosse por suas limitações ideológicas, Motta Araújo estaria denunciando as pretensões descabidas dos “cucarachas bolivarianos”, que nada conseguiram. Na verdade, o Brasil nunca conseguiu nada com esse posicionamento submisso aos EUA, e isso é outro fato histórico nunca abordado pelo tendencioso Motta Araújo.

    1. O Brasil e o Mexico eram os

      O Brasil e o Mexico eram os unicos dois grandes emergentes na Conferencia de Bretton Woods, conseguiram muito na criação do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento, que financiou no caso do Brasil, entre 1950 e

      1980, quase todas as usinas hidroeletricas, rodovias, refinarias de petroleo, oleodutos, metrôs, trens subirbanos,  prohetos de expansão agricola, como o Cerrado Mineiro, a grande maioria das obras de infraestrutura do Brasil tiveram apoio do Banco Mundial, dentro das mesmas regras do financiamento à reconstrução europeia. O lado DESENVOLVIMENTO do Bird teve o Brasil como MAIOR CLIENTE DO BANCO por mais de 30 anos, portanto o Brasil conseguiu muito em Bretton Woods, anteriormente não havia um banco desse tipo no mundo, o Brasil dependia dos harpagões da City de Londres e de Wall Street, os Dillon Read, Schoeder, Rothschild, Lazard Freres, Goldman Sachs, Kuhn Loeb para fazer um quilometro de trem, pagando juros e comissões extorsivas

      O que mais poderia pretender? Que tipo de ajuda multilateral alem desse tipo de apoio?

      Portanto dizer que “”não conseguiu nada”” é sem sentido. Conseguir o que? Presentes? Que coisa varzeana.

      1. Segundo Roberto

        Segundo Roberto Campos:

         

        Isso levou [Eugênio] Gudin e [Octavio Gouvêa de] Bulhões, na reunião de Bretton Woods, a queixar-se da assimetria da Conferência. Estavam se criando duas instituições. Uma, o BIRD, para a reconstrução e desenvolvimento, que se imaginava inicialmente voltada sobretudo para a reconstrução européia, e num estágio ulterior, para o desenvolvimento. Outra, o Fundo Monetário Internacional, que tratava de problemas de balança de pagamentos. Mas, argumentava Gudin, para países subdesenvolvidos, balança de pagamento é sinônimo de preços de matéria-prima. O que se teria de fazer era criar uma terceira organização que cuidasse especificamente da estabilização dos preços das matérias-primas e dos produtos primários. A concessão de liquidez financeira seria essencial para os países desenvolvidos transporem crises cíclicas, enquanto que as crises cíclicas dos países subdesenvolvidos estão diretamente radicadas sobretudo nas flutuações de preços de produtos primários. Keynes, que era o presidente da Segunda Comissão em Bretton Woods, a comissão relativa ao Banco Mundial, reconhecia a validade do argumento, mas ressalvava que já seria extremamente complexo criar duas organizações internacionais àquela altura, quanto mais três. O problema ficaria sob exame mas não poderia ser tratado em Bretton Woods. Logo depois de terminada a guerra e implantado o Fundo Monetário, convocou-se a Conferência de Comércio e Emprego de Havana, para atender exatamente ao problema do comércio internacional, com particular atenção aos países subdesenvolvidos. A Conferência de Comércio, entretanto, fracassou porque em todos os países industrializados havia esquemas de protecionismo agrícola, inclusive e principalmente os Estados Unidos, que tinham o chamado “sistema de paridade de preços”. 

        Conversa com Economistas Brasileiros.

        Como se pode ler nos comentários de Campos, as queixas apresentadas pelos brasileiros não foram nem sequer tratadas em Bretton woods, ao contrário do que afirmou Motta Araújo, o historiador de botequim.

        Sobre Gudin e seu grande pensamento macroeconômico, basta lembrar que ele foi um dos grandes opositores à criação da Petrobrás, o que ilustra muito bem sua falta de visão estratégica.

        Portanto dizer que “”não conseguiu nada”” é sem sentido. Conseguir o que? Presentes? Que coisa varzeana.

         

        Mas é o que o senhor sempre diz das pretensões brasileiras, pior, devido às suas graves restrições idoelógicas, diz quando o Brasil – ao contrário de sua fracassada participação em Bretton Woods – consegue grandes benefícios nas negociações internacionais.

        Sobre conseguir “presentes”, isso é com o senhor, e os favorzinhos recebidos da ditadura e seus ministros, dos quais o senhor se gaba no tópico. Nada mais varzeano e antiético do que o uso do estado para conceder favorzinhos para apaniguados puxa-sacos.

  4. Parece que o senhor Daytona

    Parece que o senhor Daytona sai-se pela tangente. Pior mesmo é sua confusão entra finanças publicas e teoria do desenvolvimento. Sua limitação ideológica torna-o cego . Quer mudar até a história documentada.

    1. O senhor iron estudou

      O senhor iron estudou economia no mesmo botequim que o senhor Araújo.

      No trecho do comentário do Roberto Campos que postei abaixo, lemos que umas das reivindicações da delegação brasileira(aparentemente com base nas ideias de Raúl Prebisch)consistia em acrescentar às atribuições do FMI(ou criar uma nova instituição para tanto)medidas destinadas a corrigir os desequilíbrios causados pela deterioração dos termos de troca. 

      Infelizmente, no botequim onde iron e Araújo “estudaram” economia, não ficou claro para ele o papel das finanças e do comércio internacional no desenvolvimento das nações. É por isso que iron não entende a relação entre finanças e desenvolvimento, o que é de se esperar dos discípulos de Araújo, o analfabeto em economia, Miriam Leitão, Constantino e outros “economistas” muito influentes nos botequins frequentados por essa turma.

      1. http://www.wto.org/english/ne

        http://www.wto.org/english/news_e/pres97_e/cuba.htm

        A narrativa de Roberto Campos se dava no tempo historico, ele relata uma conversa ao tempo da narrativa, como Keynes muito bem ponderou, não havia tempo e consenso para a criação de TRES organismos numa só conferencia, DUAS organizações já era trabalho demais para pouco tempo.

        Mas em 1947, na Conferencia de Havana, o organismo reinvidicado pelo Brasil foi criado como Acordo Geral de Tarifas e Comercio, que evolui para Organização Mundial do Comercio, hoje dirigida por um brasileiro.

        Portanto a alegação de que as reinvidações brasileiras não foram sequer consideradas é FALSA. A reinvidicação brasileira só não foi atendida naquele momento por causa das circunstancias e da escassez de tempo mas a semente do GATT foi plantada em Bretton Woods, tanto que hoje a OMC é considerada uma das tres entidades originadas da Conferencia de Bretton Woods aoesar de sua formalização ter-se data numa conferencia posterior.

        1. Apenas uma pessoa sem o menor

          Apenas uma pessoa sem o menor senso de ridículo, como o historiador de botequim, pra dizer que o GATT atendia às demandas dos países subdesenvolvidos. Medidas destinadas aos países subdesenvolvidos só foram incluídas no GATT nos anos 70(segundo o historiador de botequim, devido ás reivindicações bvrasileiras na década de 40, mais de 30 anos antes!!).

          As reivindicações brasileiras feitas pelos capachos norte-americanos na década de 40 não foram atendidas, assim como o Brasil nunca consgeuiu nada seguindo a política de submissão defendida pelo Araújo, foi apenas por meio de reivindicações promovidas pelos países desenvolvidos na década de 60, que levaram à criação da UNCTAD, que as demandas do mundo subdesenvolvido passarma a ser discutidas e implementadas.

          Explicado esse ponto, vamos rir um pouco com os comentários de Araújo, o historiador de botequim:

          “A reinvidicação brasileira só não foi atendida naquele momento por causa das circunstancias e da escassez de tempo” 

          “escassez de tempo”, que maravilha!

          “mas a semente do GATT foi plantada em Bretton Woods, tanto que hoje a OMC é considerada uma das tres entidades originadas da Conferencia de Bretton Woods aoesar de sua formalização ter-se data numa conferencia posterior”

          “conferência posterior”, a Rodada do Uruguai, que foi criar a OMC na década de 90. Taí a escassez de tempo a qual se refere o historiador de botequim, foram necessários mais de 50 anos para atender os pedidos da delegação brasileira em Bretton Woods hahahahah

          1. O argumento da escassez de

            O argumento da escassez de tempo da conferencia que se realizou em julho de 1944 em meio à Guerra não é meu, é de John Maynard Keynes, dizia ele que já seria dificil criar duas organizações , o FMI e o BIRD e não via como ainda se pretendia criar uma terceira organização, o que levou a conclusão que essa terceira organização deveria ficar para uma conferencia posterior mas é obvio que a semente dessa ideia de organização comercial foi lá plantada.

            Quanto à evolução do GATT que começou com enfoque de redução de tarifas e cresceu em cinquenta anos para uma plataforma muito mais ampla de liberação de comercio através de sete Rodadas de negociações, trata-se de uma dinamica natural de evolução das entidades multilaterais se ajustando às mudanças dos ciclos economicos, o FMI de hoje é tambem muito diferente do original e o Banco Mundial tem politicas muito mais qualificadas do que o BIRD dos anos 50.

            O senhor que tem inegavel inteligencia e conhecimento, apesar de sua inutil grosseria, deve perceber que as entidades são criadas a partir de uma ideia-força mas sua estrutura atual é muito mais complexa do que aquela que presidiu sua criação, então nada é e nem poderia ser como era há cinquenta anos, quando o mundo carregava ainda o protecionismo

            que vinha da reação das economias centrais para defesa de suas balanças comerciais colocadas em vigor a partir da Grande Depressão e no caso dos paises perifericos, proteções necessarias para o lançamento de seu parque industrial,

            politicas essas inclusives defendidas por outros organismos da ONU como a CEPAL que no Brasil resultaram na Lei do Similar Nacional, cuja abolição no Governo Collor liquidou com muitas industrias brasileiras.

            Durante 30 anos estive pelo menos uma vez por mês na CACEX na sua Divisão Industrial, no Centro do Rio, chefiada por Namir Salek, defendendo a industria  de bens de capital, de cuja entidade nacional eu era dirigente, frente aos lobbies de importação, o produto importado era mais barato e com financiamento a longo prazo e a pressão dos que queriam importar era enorme, provocando grandes enfrentamentos onde Salek as vezes exorbitava na defesa intransigente do fabricante nacional. Sem essa proteção muitas industrias teriam fechado, como fecharam depois do fim da Lei do Similar no Governo Collor, o Brasil perdeu setores inteiros na area de bens de capital.

          2. O argumento da escassez de

            O argumento da escassez de tempo da conferencia que se realizou em julho de 1944 em meio à Guerra não é meu, é de John Maynard Keynes

            Sim, é o argumento de um membro da delegação britanica, que não alegou falta de tempo para defender os interesses de seu país. Cabia aos bananas da delegação brasileira alegar que havia sim tempo para discutir os interesses do nosso país. Aliás, se não havia tempo para discutir os interesses brasileiros, Campos, Gudin e outros foram apenas passear em Bretton Woods, pois sua participação foi nula.

             dizia ele que já seria dificil criar duas organizações , o FMI e o BIRD e não via como ainda se pretendia criar uma terceira organização, o que levou a conclusão que essa terceira organização deveria ficar para uma conferencia posterior mas é obvio que a semente dessa ideia de organização comercial foi lá plantada.

            Não, historiador de botequim, a terceira instituição seria a Organização Internacional do Comércio, que nunca foi criada pois não atendia aos interesses dos EUA(dessa vez, nem perderam tempo alegando “escassez de tempo”).

            O senhor que tem inegavel inteligencia e conhecimento, apesar de sua inutil grosseria, deve perceber que as entidades são criadas a partir de uma ideia-força mas sua estrutura atual é muito mais complexa do que aquela que presidiu sua criação, então nada é e nem poderia ser como era há cinquenta anos, quando o mundo carregava ainda o protecionismo que vinha da reação das economias centrais para defesa de suas balanças comerciais 

            E que permanecem inalteradas até hoje, os países desenvolvidos defendem o livre comércio apenas para setores em que suas economias são competitivas, nos demais, eles defendem o mais ferrenho protecionismo. Prova disso é a PAC europeia, intocável, e a Farm Bill americana, que, em sua última versão, aumentou os subsídios aos fazendeiros, apesar da retórica vazia do livre comércio. Vide que a delegação brasileira em Bretton Woods não conseguiu ver NENHUM interesse brasileiro atendido. NENHUM. As reduções tarifárias nas rodadas seguintes do GATT(que, aliás, não foi criado em Bretton Woods como o senhor imagina)se referiam a produtos industrializados, o que, como o senhor mesmo afirma ao final de seu comentário, até hoje o Brasil não está preparado para atender. 

            Os países desenvolvidos sempre vão alegar que não há tempo ou qualquer outra desculpa esfarrapada para defender seus interesses, o que fazem com a maior desenvoltura e sem nenhum constrangimento, mas a verdade é que as parcas conquistas foram conseguidas quando o Brasil adotou uma postura mais firme e independente(ao contrário das políticas de submissão e vira-latismo defendidas pelo senhor), como no governo Lula-Roussef.

            Os países centrais sempre fizeram isso, desde o primeiro tratado de livre comércio celebrado pelo Brasil ainda no Primeiro Reinado, que era livre apenas para o comércio de mercadorias britânicas, pois os produtos que o Brasil exportava(çúcar, por exemplo)eram monopólio das colônias britânicas. Como se pode ver, há quase 200 anos que os países centrais exploram economicamente os países em desenvolvimento com as desculpas mais esfarrapadas, como dizer que há “escassez de tempo” para discutir os interesses destes, o que só pode ser considerado um argumento válido pelos vira-latas de plantão.

            Sobre grosserias – não reconheço no senhor, conhecido por comentários racistas, preconceituosos e desrespeitosos contra as mais variadas pessoas e grupos sociais – qualquer autoridade moral para se manifestar sobre essas questões. Respeito exige reciprocidade. 

             

    2. Como livros não são itens

      Como livros não são itens encontrados nos botecos frequentados por iron e seus amigos, um trecho do comentário do Roberto Campos, para iron entender a relação entre finanças públicas e desenvolvimento.

      Outra, o Fundo Monetário Internacional, que tratava de problemas de balança de pagamentos. Mas, argumentava Gudin, para países subdesenvolvidos, balança de pagamento é sinônimo de preços de matéria-prima. 

      Claro que, sabendo que iron faz parte da economia de botequim defendida pelo Araújo, ele provavelmente dirá que o Balanço de Pagamentos não fazem parte das finanças públicas, assim como Motta Araújo – historiador de botequim – já disse que remessas unilaterais não fazem parte do PIB de um país.

  5. .

    “A Conferência tinha como objetivo político eliminar o nacionalismo econômico, então considerado um dos culpados pela Segunda Guerra e tornar o mundo um espaço de economia livre e conectada, pode-se dizer que Bretton Woods foi o principio da globalização economica e financeira.”

     

    Não sei se AA quis dar a entender subliminarmente no parágrafo, mas esta dita eliminação do nacionalismo econômico foi exatamente enfiar goela abaixo o dólar como moeda de referência mundial, ou seja, o internacionalismo alcançado foi a dolarização global da economia com consequências até hoje maléficas e efeitos catastróficos e ainda hje imprevisíveis .

  6. Roberto Campos
    Tio Roberto dizia que Mr.Keynes nao deixou ninguém levar as mulheres …
    E após uns 15 dias de c castidade” todos estavam “aceitando” qualquer acordo……rsss ..rss

  7. A principal regra do acordo de Bretton Woods foi a adoção de cambio fixo em relação ao Dolar para os paises Europeus, o que foi fundamental para a rapida recuperação dos paises europeus pos-guerra. Os representantes do Brasil (Gudin, Campos, Bulhões, etc.) não entenderam a importancia de adotar o cambio fixo, e assim o Brasil adotou o cambio flexivel e as desvalorizações competitivas. Assim o Brasil perdeu mais uma oportunidade de se desenvolver rapidamente e ficou subdesenvolvido até hoje, e a Europa cresceu rapidamente.

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