A rendição secreta da Itália em 1943

Por Motta Araujo

A RENDIÇÃO SECRETA DA ITÁLIA EM 1943 – Parceira da Alemanha nazista, a Itália era muito menos belicosa e nada tinha a ganhar com a guerra. A população italiana, de índole pacífica, era contra a guerra desde o início e muito mais depois da invasão da Sicília, que causou a queda do Ditador Benito Mussolini, deposto em julho de 1943 pelo Grande Conselho Fascista e tornado prisioneiro. Havia todavia um grande problema: como sair da guerra que estava neste momento em pleno curso. Havia consenso na Casa Real e no novo Ministério, chefiado pelo Marechal Pietro Badoglio, Comandante do Exército, que era preciso solicitar um armistício aos Aliados e sair da guerra de imediato, a Itália estava sendo bombardeada diariamente com grande destruição.

Badoglio por intermediários pediu um reunião aos anglo-americanos em País neutro, estes aceitaram e foram marcadas negociações em Lisboa, absolutamente secretas, pois se os alemães soubessem seria um massacre na Itália, que estava fingindo ainda ser uma fiel aliada do Terceiro Reich. Badoglio enviou o General Giuseppe Castellano em 16 de agosto a Lisboa, com plenos poderes para assinar um armistício. Acima uma foto do encontro de Castellano (em civil) com o General Eisenhower, Comandante Aliado na Europa. Os alemães desconfiavam do Rei e de Badoglio, especialmente após a queda de Mussolini. O Embaixador alemão em Roma, Marechal von  Mackensen telefonou a Badoglio e disse que havia boatos sobre um eminente armistício italiano com os Aliados. Badoglio respondeu “Mackensen, nós dois somos os mais velhos Marechais da Europa, você acha que na minha idade vou mentir a um colega? Não há armisticio algum e nem a Itália pensa em pedir um, dou-lhe minha palavra de honra”. Nesse momento o Armistício com os Aliados já estava assinado.

O problema seguinte foi quando e como tornar público o Armistício, considerando que tropas alemãs já estavam em Roma. O armistício foi assinado a 2 de setembro e só foi anunciado as 6 horas do dia 8 pelo rádio.

Badoglio queria sincronizar o anúncio do Armistício com a invasão americana de Salerno que estava programada para 8 de setembro, data do anúncio do armistício, com o que o Rei e Badoglio fugiram para Brindisi em 9 de setembro, na zona já sob controle dos Aliados, para não serem feitos prisioneiros pelos alemães, que dominavam Roma. Os alemães habilmente respeitaram o Vaticano graças ao conselho do decano do corpo diplomático junto a Santa Sé, o Embaixador alemão Diego von Bergen, contra a opinião de  Berlin, que pretendia ocupar o Vaticano, von Bergen mostrou que os prejuízos à imagem da Alemanha seriam imensos e não compensariam ocupação.

Há uma discussão paralela até hoje sobre se os Aliados não puderiam ter entrado em Roma antes dos alemães, porque depois da queda de Mussolini Roma ficou dois meses sem tropa de nenhum dos lados. Os alemães sempre foram melhores improvisadores do que os anglo-americanos, que alegaram não ter planos prontos para ocupar Roma, deixando escapar a oportunidade única de chegar antes e ganhar uma posição muito mais favorável no teatro de guerra na Itália, que foi prolongada inutilmente com a ocupação de Roma pelos alemães.

A rendição secreta foi uma vitória importante para os Aliados, neutralizando um adversário e deixando para a Alemanha todo o peso de se contrapor à ofensiva que subia a bota italiana a partir da Sicília, com duas colunas, a britânica comandada pelo General Montgomery e a americana sob comando do General Patton.

Redação

4 Comentários

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  1. Italiano é tão bonzinho !

    Parceira da Alemanha nazista, a Itália era muito menos belicosa e nada tinha a ganhar com a guerra. A população italiana, de índole pacífica, era contra a guerra desde o início …..

     

    O italiano pacífico ??? Desde antes de Cristo o italiano invadia nações para sustentar seu império – sempre foi assim.

    Os gangters da máfia surgiram aonde? Nada a ver com a ” paz italiana”? Vá a Itália ( verdade que outros países também0 e verifique a quantidade de  monumentos e praças e anfiteatros dedicados ao cultos de morte pública. O Coliseu é produto desta pacificidade?

    A Igreja Romana que bancou com a Espanha e Portigal a Inquisição – outro belo exemplo da paz italiana !

    Esta adjetivação imprópria compremete o texto !

    1. exatamente, depois de 2000

      exatamente, depois de 2000 anos de guerras, o povo italiado DA DECADA DE 1930 tinha natureza mais pacifica que seus vizinhos. Não significa que fossem historicamente pacíficos.

       

      Por exemplo, os alemães de hoje são pacíficos. Muito mais que seus vizinhos franceses, ao contrario do periodo entre guerras.

       

      Mas convenhamos que o referido trecho é irrelevante no contexto.

    2. Refiro-me ao contexto

      Refiro-me ao contexto historico. As tropas italianas nos combates da Africa do Norte tinham cinco vezes mais combatentes que os ingleses mas foram derrotados por estes porque consideravam que não valia a pena lutar naquela campanha, rendiam-se por atacado depois de alguns tiros. Os ingleses já não tinham mais arame farpado para cercar os campos de prisioneiros.

      Não era covardia, era apenas reconhecimento de que era uma guerra ingloria na qual não valia a pena arriscar a vida.

  2. como diria um velho

    como diria um velho conhecido:

    “O dia em que a Itália sair da guerra do mesmo lado em que entrou, é porque trocou de lado 2 vezes”

     

     

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