Enquanto o mercado discute, a economia real afunda, por Luís Nassif

Em 12 meses, setores que mais cresceram tem pouco impacto no nível de atividade; mais caíram aqueles de cadeias produtivas complexas.

Ontem, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galipolo, ousou traçar um cenário positivo para a inflação e abriu a possibilidade do Banco Central acelerar o corte da taxa Selic. Bastou a apresentação de um cenário benigno para os contratos de juros de curto prazo passassem a operar em queda, os longos zerando a alta e a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2026 registrar pequena queda.

Houve um reboliço no mercado, sobre o que seria bom ou ruim para a economia. Provavelmente houve reação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, através de seus porta-vozes do mercado. Toda a discussão girava em torno do que seria bom para o mercado.

Na outra ponta, a Pesquisa Mensal da Indústria, do IBGE, mostrava um panorama desalentador. Se o combate à inflação passa, também, pelo arrefecimento de demanda, a indústria está aí para mostrar que sequer se consegue mais tomar seu pulso. Pequenas e médias empresas não têm acesso a crédito; não existe mais o crédito ao consumidor.

A indústria de transformação experimentou queda de 0,04% no mês, alta de irrelevante 0,41$ em 12 meses e queda de 3,62% em 4 anos.

Isso não é o pior. Em 12 meses, os setores que mais cresceram tem pouco impacto no nível de atividade e os que mais caíram são aqueles de cadeias produtivas mais complexas.

Ao longo de dez anos, a queda é contristadora.

Na subdivisao Grandes Categorias Econômicas, o IBGE divide o setor em 5 grupos. O mais relevante é Bens de Capital, porque indica o desempenho futuro da indústria, já que engloba fabricantes de equipamentos. Em 12 meses, a queda foi de 16,63%; em 10 anos, de 35,96%.

Na subdivisão Grupos e Classes Industriais, em 12 meses 39 setores registraram alta e 43 registraramm queda. Em 24 meses, 51 mostraram queda; em 48 meses 62,

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Luis Nassif

2 Comentários

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  1. Caro Nassif, o artigo é ótimo para economistas e afins, bem completo por este ponto de vista, já que as análises devem serem feitas em um conjunto. Porém, não consigo entender, porque nenhum jornalistas ou portal Prog não faz nenhuma reportagem sincera, sobre o problema das pessoas com mais de 55 anos, que fizeram contribuições previdenciárias, sem mercado de trabalho e que não se aposentam por causa das ultimas reformas previdenciárias. São pessoas humanas abandonadas na dependência de outros e muitos mendigando. Tiveram seus direitos ceifados sem participação nas discussões pelo congresso malandro e desonesto, nenhum governo está vendo o tamanho do problema e humilhação para essa faixa da sociedade. O UOL produziu um dado devastador, nos últimos 4 anos o governo pagou em pensões para viúvas, filhas, netas, quiçá bisnetas de militares mais de 94 bilhões. Só a ultima reforma da previdência contra os trabalhadores, era para em 10 anos economizar 100 bilhões, tem alguma justiça nisso, Nassif, é preciso tocar no assunto o mais rápido possível.

  2. Os nossos sábios economistas orientados a rentabilidade do capital financeiro contra o capital produtivo, costumam usar frequentemente o conceito de “ÃNCORA FISCAL” O uso da palavra âncora, não emprestada da navegação à toa. Como se sabe, na navegação, a âncora é usada para que as embarcações sejam travadas num determinado local ou dependendo da situação, a embarçação se desloque vagarosamente com extrema dificuldade. Trazendo para economia, a âncora fiscal, serve para travar a economia de tal ordem, que propiciem aos detentores do capital financeiros lucros fáceis e fartos. Não é por outra razão, que o BCB HÁ MAIS DE 30 ANOS, controlado pelo mercado financeiro, defenda com tanta ênfase a ÃNCORA FISCAL.

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