A polêmica dos benefícios sociais no Reino Unido

Sugerido por Marco St.

Para o A.A se revoltar em inglês!

Eu morei na Inglaterra e toda hora você esbarra nessas filas (como a da foto). A imensa maioria utiliza os benefícios do governo de forma correta. Há excessões e elas são bem visíveis por Londres. Em quase todas as praças vc vê um bando de pessoas passando o dia todo bebendo. E todas elas gastam o dinheiro do benefício com bebidas e ou drogas.

Em outras cidades como Manchester, Birmingham ou Liverpool a coisa é mais assombrosa ainda. 30% dos moradores vivem exclusivamente destes benefícios. E isso não significa viver mal não! Em muitos casos, como o mostrado na reportagem abaixo, o padrão é equivalente a classe média alta no Brasil. Além do dinheiro, o inglês não paga aluguel e tem plano de saúde gratuíto e universal.

Mesmo com esses “desvios” os benefícios ao cidadão inglês não param de crescer.

Fico imaginado o A.A. britânico alucinado escrevendo em blogs e jornais contra toda essa “vagabundagem” . Mas uma coisa é certa, nenhum deles pede o fim destes benefícios. Isso nem pensar.

Do blog Por aí, na Inglaterra

EXTENSÃO DE BENEFÍCIOS SOCIAIS CAUSA POLÊMICA NO REINO UNIDO

19 fev 2012

Desempregados recebem benefícios

Os jornais mais conservadores da Inglaterra publicaram a notícia com estardalhaço: um em cada três lares de Liverpool vive às custas dos benefícios concedidos pelo Governo, a maior média do Reino Unido (RU), de acordo com pesquisa conduzida pelo Sindicato GMB. Alguns dados: o nordeste é a região com maior porcentagem de lares em que ninguém trabalha (24%); chega a 19.9% o total de lares sem trabalhadores em todo RU – cerca de impressionantes 3.9 milhões; são aproximadamente 770 mil pessoas vivendo de benefícios somente em Londres.

Os números assustam os britânicos, especialmente quando eles calculam quanto de imposto o cidadão médio trabalhador tem que pagar para sustentar não apenas o sistema de saúde mas também os benefícios sociais que o Governo oferece aos desempregados. Numa outra reportagem, o Daily Mail revelou que existem cerca de 190 famílias com mais de 10 filhos cada uma vivendo às custas dos benefícios sociais – o que contabiliza um gasto de cerca de 11 milhões de libras (!) por ano aos cofres públicos.

O jornal mostrou o caso da família de Pete and Sam Smith, de Bristol, que ilustra a situação. O casal, que tem 10 filhos menores, recebe 95 mil libras – cerca de 247 mil reais! – por ano em benefícios do Governo, mora numa casa de quatro quartos (do Governo, eles não precisam pagar aluguel) e chegam até mesmo a ter o café da manhã despachado até eles todos os dias. Sam tem um problema na coluna que a impede de trabalhar; seu marido pediu dispensa da Marinha para ficar em casa cuidando dela e dos filhos.

Esse tipo de estória provoca imensa reação dos leitores; centenas escreveram ao site do jornal irados com a situação.

E você, o que acha?

Luis Nassif

6 Comentários

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  1. Escolheu um mau exemplo. O

    Escolheu um mau exemplo. O Reino Unido INVENTOU o Welfare State que quase liquidou com o Pais,  foi salvo da ruina absoluta pela Primeira Ministra Thatcher, ao cortar seus abusos.

    Historicamente os ingleses nao sao fanaticos pelo trabalho. Em tempos antigos dedicavam-se com afinco a pirataria, saqueando galeoes e entrepostos espanhois quando roubavam todo o ouro e a prata, devidamente legalizados pelas “Cartas de Corso”, autorizaçao que o Rei dava aos corsarios, alguns enobrecidos.

    Nos tempos aureos das colonias os ingleses viviam as custas do Imperio .

    Nao sei e acho discutivel que 30% da populaçao de grandes cidades viva do welfare mas lembro que o atual Reino Unido nao tem recursos tao abundantes. A assistencia social britanica e basicamente para atender idosos e invalidos e nao para familias jovens, os governos trablahistas que sucederam a Mrs.Thatcher restauraram alguns programas mas nao todos.

    Programas de assistencia social existem por todo norte da Europa mas nao sao similares ao bolsa familia, nem filosoficamente e nem operacionalmente. Sao mais direcionados a invalidos e idosos do que a populaçao em geral.

    Por outro lado, na Asia nao ha assistencia social, cada familia se vira por si propria, os mais moços cuidam dos mais velhos, nem previdencia existe.

    Nada disso tem algo a ver com a proposta do bolsa familia, que e de outra natureza.

    1. Idosos, inválidos?
      Você está
      Idosos, inválidos?

      Você está redondamente engando, falando teoricamente do que não conhece na prática.

      Eu estive na Europa por um bom tempo, conheço Europeus de, pelo menos, sete países e, lá mesmo, ouvia, direto, reclamações locais sobre os programas, exatamente pelo “abuso” de alguns (jovens, meia-idade, idosos) sobre esses programas.

      Se você quer discordar da filosofia por trás desses programas, é justo. Trazer fatos incorretos pra embasar suas teorias, é sacanagem.

    2. Ouve o canto do galo cantar e se deslumbra

      Mais uma vez mostra desconhecimento de torcedor fanático, apenas revendendo a propaganda que assimila dos que deslumbradamente considera “superiores”.

      Também morei no Reino Unido (como expatriado de multinacional, não como aventureiro) e conheci ingleses que comentavam ou reclamavam que um emprego (no limite inferior do mercado poderia render apenas um pouco mais (se não o mesmo ou menos) do que o seguro recebido.

      Junte-se a isso a reclamação de que os estrangeiros, “commonwealth citizens” e outros cidadãos de “segunda classe” (ex. hindus) “roubavam-lhes os empregos, mas o fato é que eles sequer queriam tais empregos, aceitos pelos de “segunda”.

      Embora eu tivesse privilégios como expatriado, percebi o quanto a nossa cultura é influenciada negativamente por mitos autodestrutivos construidos pela nossa zelite e sua mídia, como o de nossa “vagabundagem”, de pessoas que caminham diáriamente alguns kms para pegar várias conduções e trabalhar em um ou dois turnos em um ou dois empregos.

      Para não desconectar da ex-colônia, há uma reportagem de capa da Time sobre o “lugar “mais pobre” dos EEUU à época, que se não me engano, era uma cidade do Missouri ou Mississipi, que juntamente com a Lousiana, têm grande população negra (com todo o respeito de Bushinho e a “pós-ajuda” do previsto Katrina).

      Se bem me lembro, era uma cidade dependente de uma indústria que quebrou e a foto mostrava uma cidadã que vivia do seguro (acho que uns $1.100/m) e morava numa casa “detonada”, mas com varandinha de madeira, jardim e quintal em centro de terreno.

      Sem deixar de reconhecer a vantagem de alguns países pela História, o mito da superioridade contra a realidade das oportunidades e explorações alheias explica muito sobre estes países.

      Ou os italianos de hoje tiveram alguma mutação degenerativa em relação aos tempos do Império Romano?

      Alguns deslumbram-se pelas “glórias e conquistas” que propiciaram este “welfare” e a (efetiva) dianteira em relação a outras nações.

      Outros preocupam-se em, independentemente dessa discussão, fazer o seu destino, por mais difícil que seja o seu passado e presente.

      Apesar da sabotagem dos poderosos (da vez) e seus deslumbrados.

    3. Como assim???

      “salvo da ruina absoluta pela Primeira Ministra Thatcher”

      A pioneira indústria inglesa virou anã no governo da Dama de Ferro, o crescimento posterior do país foi puxado pelo setor de serviços. No seu governo ainda foram plantadas as bases para a atual crise financeira/econômica.

      Sem recessão não haveria 30% da população de grandes cidades dependentes da assistência social.

      A China começa a construir programas de seguridade social para fidelizar a disciplinada mão de obra do país que começa a reinvidicar melhores condições (igual os ingleses do séc. XIX).

  2. Documentário The Spirit of ´45 (O espírito de 45)

    Essa discussão sobre a criação do Welfare State na Inglaterra no pós-guerra é um bom pretexto para assistir o documentário de Ken Loach, The Spirit of ´45 (O espírito de 45). 

    The Spirit of ´45 (O espírito de 45), o novo filme de Ken Loach é um documentário, baseado em imagens de arquivo, que relata o nascimento do Estado de bem-estar social no Reino Unido no fim da guerra, sob o mandato do governo laborista de Clement Attlee. Aquele período esteve marcado por uma onda de nacionalizações sem precedentes – e sem equivalência nos países ocidentais – assim como pela criação do NHS, (o sistema público de saúde), entre outras coisas.

     

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=ZZBRbbwiQlM%5D

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