Governo chileno não proibe a “ditadura”, diz porta-voz

Do Opera Mundi


Chile: Governo volta atrás e mudará orientação educacional sobre o termo “ditadura”


Nesta sexta-feira (06/01), o governo chileno teve de se explicar por conta da polêmica criada pela mudança da expressão “ditadura” por “regime militar” nas bases curriculares do primeiro ao sexto ano escolar do país. A mudança serviria para qualificar o regime do general Augusto Pinochet (1973-1990).


O porta-voz do governo, Andrés Chadwick, informou que o ministério da Educação deverá redigir e enviar uma nova proposta para a questão ao CNED (Conselho Nacional de Educação), órgão autônomo ligado ao Gabinete, que aprova ou não projetos governamentais na área. “A intenção do governo nunca foi produzir controvérsia sobre um tema de natureza estritamente política em relação à orientação curricular”, explicou Chadwick.



…Já o ministro da Educação, Harald Beyer, procurou explicar, em um evento público à imprensa, que a proposta inicial não censurava a palavra nos textos dos livros escolares. Disse também que os professores poderiam utilizá-la diante dos alunos. “[Os textos nos livros escolares] podem seguir sendo os mesmos. Os professores podem seguir usando a palavra ‘ditadura’ ou a que julgarem mais conveniente”, afirmou.


“Há uma leitura errada quanto a isso. São as bases curriculares [que foram alteradas]. Isso não impõe nenhuma visão sobre os textos escolares e nem sobre as aulas que serão desenvolvidas”, complementou. As bases são as diretrizes de conteúdo que o Ministério da Educação passa para as escolas em todas as matérias.


Ainda na quarta, quando a notícia saiu na imprensa, Beyer afirmou que reconhecia o governo de Augusto Pinochet como um regime ditatorial, mas que a expressão “regime militar”, segundo ele, seria geralmente “mais usada”. Além disso, justificou a mudança afirmando que, nos outros países, as expressões costumam ser mais gerais com o objetivo de incentivar o debate na própria sala de aula.


Diante da polêmica e das críticas de alguns membros do próprio CNED, que afirmaram não terem se dado conta da mudança de expressões durante a análise da proposta, o governo afirmou que a intenção era estimular o debate no ambiente educacional.


Para minimizar os efeitos negativos do caso, o CNED informou o governo chileno na tarde desta sexta que estava disposto a receber e analisar com celeridade uma nova proposta do Executivo para reformular a mudança proposta nas bases curriculares.

Luis Nassif

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