Israel barra entrada de representantes da ONU

Governo de Benjamin Netanyahu age em resposta à declaração de Antonio Guterres sobre história de confrontos com a Palestina

Foto: Mathias Reding via Unsplash

Da Agência Brasil

Israel suspende emissão de vistos para funcionários da ONU
Por Lucas Pordeus León

O Estado de Israel suspendeu a emissão de vistos para funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) atuarem no país depois das críticas do secretário-geral da entidade, António Guterres, à ação do país na Faixa de Gaza.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira (25) pelo embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, em entrevista para uma rádio do Exército Israelense, segundo informou a agência RTP Notícias.

“Perante as suas declarações sobre Israel e os palestinos, recusamo-nos a fornecer vistos aos representantes da ONU. Já recusamos um visto ao secretário-geral adjunto para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths”, afirmou o embaixador.

O desentendimento entre Israel e Guterres ocorreu após fala do secretário-geral da ONU na sessão do Conselho de Segurança desta terça-feira (24). O chefe da ONU afirmou que “as queixas do povo palestino não podem justificar os ataques horrendos do Hamas. E esses ataques horrendos não podem justificar o castigo coletivo do povo palestino.”

Guterres acrescentou que há “graves e claras” violações do direito humanitário internacional em Gaza e que “os ataques do Hamas não se produziram em um vazio. O povo palestino está submetido há 56 anos a uma ocupação sufocante e tem visto sua terra devorada pouco a pouco por assentamentos [israelenses]”.

Israel interpretou que a fala buscou justificar os atos do Hamas no dia 7 de outubro, quando este grupo invadiu o país deixando mais mil mortos e fazendo mais de 200 reféns. “Cada pessoa entendeu muito bem que ele culpava Israel, ou pelo menos demonstrou compreensão pelo massacre”, afirmou Erdan.

O episódio levou o chanceler de Israel, Eli Cohen, a cancelar um encontro que teria com Guterres. Além disso, o embaixador de Israel na ONU pediu a demissão do secretário-geral das Nações Unidas.

Nesta quarta-feira (25), Guterres negou ter justificado os ataques do Hamas. “Estou chocado com as deturpações feitas por alguns sobre minha declaração como se eu estivesse justificando os atos de terror do Hamas. Isso é falso. Foi o contrário”, disse.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil demonstrou hoje apoio ao secretário-geral da ONU. “O trabalho do secretário-geral tem sido incansável, tanto no aspecto humanitário do conflito como na promoção do diálogo entre os membros durante a crise atual”, disse o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, segundo publicação do Itamaraty em uma rede social.

Redação

2 Comentários

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  1. Se fosse para adotar essa mesma conduta de moleque de Israel, a Assembleia Geral da ONU deveria então revogar sua resolução de 1948 que veio a resultar nesse “Sionistão” (que como é cediço está longe de representar a totalidade do povo judeu étnico). Se Israel, tomado por fundamentalistas, verdadeiros talebãs do Torá, faz pirraça e cospe no prato, talvez seja o momento da ONU reconhecer o erro em levar adiante esse abacaxi deixado pelo colonialismo britânico – feito inicialmente para agradar o banqueiro sionista da corte. Por que os britânicos (e depois a Liga das Nações) não propuseram um Estado Judeu nas terras do império alemão, igualmente vencido na primeira guerra como os otomanos e onde já viviam há séculos a maioria dos judeus asquenazes, também há séculos majoritários? Só os fundamentalistas religiosos faziam questão de “sua” “terra prometida” – a propósito, já ocupada há quase dois milênios por outrem. A verdade é que no fundo os europeus ao mesmo tempo almejavam despachar os judeus para bem longe da Europa (mesmo que a maioria não tivesse desejo de emigrar), em verdadeira conduta antissemita generalizada, que vinte anos depois acabou resultando no odioso holocausto na… mesma Alemanha. Poderia talvez ter sido evitado?

  2. Não tendo elementos para refutar a manifestação do Secretário-Geral da ONU, resta a Usrael, como vingança, barrar a entrada de representantes da Onu em seu território.

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