Noticiário mundial choca-se com ataque de Bolsonaro às eleições para embaixadores

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O mundo chocou-se com o encontro do presidente brasileiro com embaixadores estrangeiros. Confira a repercussão do noticiário internacional

O mundo chocou-se com o encontro do presidente brasileiro com embaixadores estrangeiros, nesta segunda (18). O noticiário internacional amanheceu considerando “sem precedentes” as acusações de Jair Bolsonaro às eleições no Brasil, “perigosa campanha de desinformação sobre o sistema eleitoral”, “velhas e desmascaradas teorias da conspiração” e que o “líder de extrema-direita não apresentou nenhuma evidência de suas alegações”.

“Bolsonaro reúne diplomatas estrangeiros para lançar dúvidas sobre as eleições brasileiras”, manchetou o The New York Times.

O principal veículo norte-americano destacou a gravidade de o mandatário transformar suas “alegações de fraude em eleitoral” de uma “questão de política doméstica” para “política internacional”, “aumentando os temores internacionais de que ele contestará as próximas eleições”.

O jornal informou que “muitos diplomatas” saíram do evento “abalados com a apresentação”, principalmente por sugerir que “a maneira de garantir eleições seguras era por meio de um envolvimento mais profundo dos militares do Brasil”.

“Esses diplomatas temem que Bolsonaro estivesse preparando o território para uma tentativa de contestar os resultados da eleição se ele perder. A menos de três meses da eleição presidencial, Bolsonaro parece estar aderindo ao plano do ex-presidente Donald J. Trump.”

“Bolsonaro do Brasil encontra diplomatas para semear dúvidas nas eleições”, também propagou o The Washington Post, que logo na introdução desmascarou as tentativas do presidente brasileiro:

“O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, convidou nesta segunda-feira dezenas de diplomatas ao palácio presidencial para apresentar alegações sobre supostas vulnerabilidades do sistema de votação eletrônica do país, que as autoridades eleitorais já desmascararam repetidamente.

Mais uma vez, o líder de extrema-direita não apresentou nenhuma evidência de suas alegações, o que gerou críticas de membros da autoridade eleitoral e analistas que temem que ele esteja preparando as bases para rejeitar os resultados das eleições.”

A repercussão dos embaixadores chocados com as declarações do presidente do Brasil se dissipou em todo o mundo, por agências como a AP, Bloomberg e Reuters, que entregam hard-news para os principais veículos de todo o mundo.

“A organização sem fins lucrativos Human Rights Watch disse que a reunião é mais uma evidência de que Bolsonaro ‘continua sua perigosa campanha de desinformação sobre o sistema eleitoral'”, alertou a Associated Press (AP):

A Bloomberg, que chamou a acusações de Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas de “velhas e desmascaradas teorias da conspiração sobre a segurança do sistema que o Brasil vem usando há mais de duas décadas”.

O periódico ressaltou que o convite do presidente brasileiro aos embaixadores veio depois que a Justiça Eleitoral convidou os respresentantes estrangeiros para serem observadores internacionais durante as eleições no Brasil e para a mostrar as provas da segurança das urnas. “Autoridade eleitoral do Brasil e chefe do Senado repreendem Bolsonaro.”

E também a britânica Reuters, que caracterizou como “sem precedentes” o encontro do mandatário com representantes internacionais, “para ouvir suas acusações (…) sobre as eleições de outubro, nas quais ele está atrás na disputa”.

“‘O sistema é completamente vulnerável’, disse ele a cerca de 40 diplomatas convidados a sua residência em um encontro sem precedentes, três meses antes das eleições gerais.

Bolsonaro não deu provas de fraude, mas disse que um hacker entrou no sistema de votação eletrônica durante a eleição que venceu em 2018, um incidente que a polícia concluiu não ter comprometido o resultado de forma alguma.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. Bolsonaro é um passo à frente de Moro & Dallagnol, três basbaques adoradores dos EUA.
    Os dois idiotas judiciários sabiam que o sujeito cometeu um crime, embora não soubessem qual crime.
    Condene-se, de qualquer jeito.
    Bolsonaro sabe que um crime será cometido. Altere-se a cena do crime, para que ele não aconteça. Ou, se for o caso, cometa-se um contra-crime preventivo. O Brasil é pródigo em metáforas, metonímias, eufemismos; qualquer coisa, menos a verdade. Justifica-se o terror, justifica-se a fraude. É o bastante dar nomes mais palatáveis a essas barbaridades. Creio que a próxima desgraça cotidiana a sofrer essa metamorfose cosmética será a FOME. Nunca duvidem da criatividade onomástica oficial brasileira. 500 anos de rabularia não foram em vão, graças a Deus.
    Aos “precedentes” de situações absurdas das quais a Bahia – onde hoje resido – e o Brasil tanto se orgulham, acrescentemos mais um: um chefe de governo convocar embaixadores estrangeiros para falar mal – oficialmente – de seu país, suas instituições, e até mesmo de eventuais ocupantes de cargos e funções, e, tal e qual Nostradamus, prevendo o futuro.
    Provas? Evidências? Essas insignificantes quinquilharias fazem parte de nosso devido processo legal?
    Caiamos na real, amigos. Enquanto escrevo este comentário, assisto na TV a humilhação diária que é ser pobre no Brasil: filas quilométricas e desumanas para o Cad único, para poder receber a merreca oficial, as migalhas caídas da mesa dos senhores.
    A cova rasa era a parte que nos cabia desse latifúndio; mas agora, antes de tomar posse de nossa propriedade, fiquemos um bom tempo na fila, quietinhos e ordeiros.
    Enquanto isso, em Brasília, na caserna…
    Por fim, não vi choque nem espanto, nem shock nem awe, nos jornais estrangeiros. Ninguém mencionou o que de fato tem sido a atuação desse presidente desgraçado: a preparação de um golpe, a tentativa de arregimentação de um efetivo (militar, civil, evangélico, etc.,etc.etc.) para um golpe de estado anunciado. A crônica desse golpe está sendo feita, apenas e tão somente, pelo Nassif e demais jornalistas independentes atuando na internet (até quando serão tolerados?) e plataformas (ainda) disponíveis. Os Washington Post e New York Times da vida seguem sob a rédea curta da Elite de que são os porta-vozes.
    Não tem direita cheirosa? E daí? Nem todo o perfume do mundo fariam a esquerda – ou um líder apenas moderado e timidamente progressista – deixar de lhes ofender as narinas. A tolerância deles, em relação a seus satélites, não se mede por mililitros, mas por dólares. Tivemos até mesmo direito a um “esse é o cara”. Na Casa Branca, a coisa é mesmo “esse cara sou eu”. Atiram rosas, mas de cara fechada, como o inefável Roberto Carlos.
    E além disso, a desgraça, a fome, a miséria, o sofrimento, serão apanágio nosso, e não deles. Pode acontecer, em alguma medida, infortúnio, escassez, pobreza, morte, por lá; coisas da vida.
    O inferno seguirá sendo os outros – nós.
    Nada de “et pluribus unum”.
    O negócio deles é “Frankly, my dear, I don’t give a damn”.

  2. Este texto contem pelo menos dois erros inaceitáveis: o primeiro é de repertório linguístico, o uso inadequado do verbo dissipar: “a repercussão desa declarações… se dissipou …” ; o segundo é simples desinformação: até onde sei aagência Reuters é alemã e não britânica.

    1. Reuters é uma agência de notícias britânica, a maior agência internacional de notícias do mundo, com sede em Londres. Foi parte da Reuters Group Plc até 2008. Seu foco estava em tópicos econômicos, mas semelhantemente à Bloomberg ou Associated Press, também outras notícias. Wikipédia

  3. Que outro sentimento se não o medo que o bolsonaro sente de ter que responder pelos seus crimes assim que se vir guindado do poder?
    Incompetente confesso para o exercício da presidência. Arrependido até os ossos de ter assumido o encargo. Aquele que chora no banheiro todos os dias porque não tem coragem de enfrentar o próximo dia de trabalho, luta desesperadamente para mante-lo.
    Incoerente e inconsequente como todos os covardes, assim é o mandatário.

  4. Diante dos reiterados ataques do Presidente negando a Constituição que jurou defender já era hora de tê-lo chutado do poder há tempos.
    Se os donos do dinheiro – OS DONOS DO PODER – não se manifestaram ainda é porque estão integralmente apoiando-o e mais uma ruptura institucional.
    Bem vindos a quarta Ditadura em cento e trinta anos. Os “resolvedores” estão de volta.
    De volta ao 68º lugar… ou pior.

    “Nas favelas, no senado
    Sujeira pra todo lado
    Ninguém respeita a constituição
    Mas todos acreditam no futuro da nação
    Que país é esse?”
    (Renato Manfredini Junior)

  5. Uma onformação importante saber quem mandou quem , pois não se nega um convite de um chefe de estado numa missão diplomática , mas cheirando coisa ruim se manda um subalterno para sinalizar um recado , e quanto mais subalterno maior o sinal.

  6. Alguem por gentileza poderia explicar por que esse prodígio tecnológico da ciência brasileira – o voto digital mundialmente elogiado = nunca mereceu um prêmio Nobel e nem sequer uma encomenda de compra?

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