O jogo político por trás dos ataques de Israel, segundo Ramzy Baroud

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Ataques em região sagrada para muçulmanos palestinos é manobra para manter extrema-direita e religiosos alinhados com atual primeiro-ministro

Mesquita de Al Aqsa, na cidade velha de Jerusalém. Foto: Andrew Shiva / Wikipedia

A polícia e o exército de ocupação israelense tem feito incursões diárias em Al-Haram Al-Sharif, na região de Jerusalém Oriental, desde 15 de abril, ferindo e prendendo centenas de cidadãos palestinos.

Em artigo publicado no site Eurasia Review, o jornalista Ramzy Baroud afirma que os palestinos estão vendo os ataques ao complexo na Mesquita de Al-Aqsa com um significado mais estratégico e político do que outros ataques.

Isso se deve ao significado que Al-Aqsa ganhou principalmente após a rebelião palestina de maio de 2021, que os palestinos chamam de Operação Saif Al-Quds (Espada de Jerusalém), e tanto os muçulmanos palestinos como os cristãos consideram a mesquita “uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada por Israel”.

O jornalista destaca que muitos dos ataques são liderados pelo integrante da extrema-direita do Knesset Itamar Ben-Gvir, o político do Likud Yehuda Glick e o ex-ministro do governo Uri Ariel.

Segundo Baroud, “os extremistas judeus estão se sentindo cada vez mais empoderados pela proteção que estão recebendo dos militares israelenses e pelo cheque em branco fornecido a eles por políticos israelenses influentes”.

Na visão do articulista, o primeiro-ministro israelense Naftali Bennett está usando os ataques “como uma forma de manter a extrema direita rebelde e o eleitorado religioso na linha”.

A renúncia de Idit Silman, membro do partido de direita Yamina, aumentou a pressão em torno da coalizão organizada por Bennett, que foi levado ao poder graças ao fanatismo religioso de judeus em Israel e nos territórios ocupados.

“O comportamento de Bennett é consistente com o de líderes israelenses anteriores, que escalaram a violência em Al-Aqsa como forma de desviar a atenção de seus próprios problemas políticos ou apelar ao poderoso eleitorado israelense de extremistas religiosos e de direita”, lembra Baroud.

Existe o temor entre os palestinos que Israel queira mais do que apenas provocar ataques, principalmente por conta do que houve na Mesquita Ibrahimi, que foi dividida por Israel e teve o acesso restrito aos fiéis palestinos, e o maior espaço reservado para os colonos judeus após um ataque extremista judeu que matou 29 pessoas.

“Bennett, no entanto, deve andar com cuidado. Os palestinos estão hoje mais unidos em sua resistência e consciência dos desígnios de Israel do que nunca”, lembra Baroud, lembrando que os cidadãos palestinos de Israel defendem um discurso político semelhante ao dos palestinos em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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