Um tratado desigual, por Antônio Feitas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Antônio Feitas

– As negociações para um acordo entre Mercosul e União Europeia serão retomadas nesta semana em Montevidéu.

– A atual rodada de negociações foi reiniciada em maio de 2016, no contexto do afastamento de Dilma.

– Seus parâmetros de então já eram prejudiciais ao Brasil.

– Em 2017, Temer e Macri flexibilizaram bastante as posições do Mercosul.

– Os europeus ainda assim seguiram jogando duro.

– Na última semana, em meio à confusão no país, Temer e Aloysio impuseram ao Itamaraty a decisão de fechar um acordo. Não se sabe até que ponto ou como será cumprida, pois as propostas europeias seguem muito decepcionantes.

– Por razões históricas e conjunturais, há pressa também de Macri. O Paraguai e em menor grau o Uruguai também têm interesses em se vincularem diretamente aos europeus. – O acordo, nos atuais termos, é desequilibrado, problemático, lesivo aos interesses da população brasileira. – Estamos oferecendo concessões exageradas em propriedade intelectual, investimentos, serviços, compras governamentais e outros temas importantes.

– A indústria perderá significativos mercados de exportação de manufaturados no Mercosul; a concorrência europeia, apoiada aberta ou disfarçadamente por seus governos, tomará mercados automotivos e de autopeças, gerando desemprego no ABC e em outras regiões; teremos problemas com a indústria química e de máquinas e equipamentos. A produção nacional de bens de alto valor tecnológico será em alguma medida inviabilizada.

– Há pouco ou nenhum ganho em agricultura, em tese nosso maior interesse ofensivo. O próprio Ministro Blairo Maggi reconheceu isso recentemente. Seguiremos sujeitos a modestas quotas em açúcar, carnes e milho, por exemplo. A questão dos embargos europeus aos frigoríficos brasileiros não está nem em discussão. Nada resolvido também com etanol. Haverá perdas sensíveis: pequenos produtores, de lácteos por exemplo, ficarão na pior.

– Cabe saber o que pensam fabricantes de automóveis e peças, organizações empresariais, representantes de áreas industriais ou mesmo o pessoal do agronegócio. A academia e o jornalismo de qualidade devem se manifestar. A população deve ser melhor informada do que vem sendo negociado.

– Temer e Aloysio são dois políticos medíocres e fracos. Não têm experiência, legitimidade e mandato popular para fechar um acordo com essa ambição. A alternativa mais segura, correta e democrática é deixar para retomarmos a negociação no próximo ano.

Antonio Freitas é Diplomata (em licença) com boa experiência em assuntos econômicos e financeiros em Brasília, Pequim e Washington

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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