A pedido de Cunha, Lewandowski quer agilidade em informações de Sergio Moro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, determinou que o juiz Sergio Moro envie todas as informações solicitadas sobre os indícios de envolvimento de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, no esquema de corrupção da Petrobras. Conforme publicou o GGN nesta terça-feira, Lewandowski dará uma resposta à tentativa de Cunha, por meio de manobras jurídicas legais, de atrasar seu processo de julgamento.
 
O peemedebista presidente da Câmara enviou uma petição ao STF para suspender na Justiça Federal o processo que investiga contratos de navios-sonda na estatal, no qual seria intermediário o lobista Júlio Camargo. A justificativa de Cunha é que seu nome não poderia ser investigado pelo juiz Sergio Moro. Uma vez que detém de foro privilegiado, o processo do parlamentar deve, segundo ele, tramitar apenas na Suprema Corte.
 
Na prática, a suspensão do processo que envolve Júlio Camargo, já em curso na Operação Lava Jato, anularia o efeito de prova das delações do lobista ao juiz. 
 
Camargo, em acordo de delação premiada, afirmou na última quinta-feira (16) que Eduardo Cunha recebeu propina de US$ 5 milhões no esquema de contrato com a estatal. O presidente da Câmara teria pedido a quantia pessoalmente ao lobista, em uma reunião no Rio de Janeiro. Segundo Júlio Camargo, o valor foi entregue por Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção.
 
Leia mais: O suposto esquema de Cunha para não ser visto no caixa 2 de sua campanha
 

A tratativa de Cunha é mais uma forma de sua defesa adiar o início do processo no STF. Se antes Lewandowski aguardava da Justiça Federal do Paraná as informações dos autos, agora o presidente da Suprema Corte pede urgência na resposta de Sergio Moro, para se manifestar sobre a alegação de Cunha que o juiz “feriu competência do Supremo” e de que teria “induzido” o lobista Julio Camargo a envolver o presidente da Câmara no processo. 
 
A ênfase do pedido ocorre para atender a outra solicitação do presidente da Câmara de as informações serem enviadas eletronicamente. A defesa do deputado argumentou que se fossem por meio físico, a ação sobre Julio Camargo que tramita no Paraná poderia ser julgada antes que o STF analisasse a suspensão do processo. 
 
A partir da próxima quarta-feira (29), a ação conduzida por Moro deve estar disponível para que o juiz decida pela condenação ou não de Júlio Camargo, do doleiro Alberto Youssef, do intermediário do PMDB Fernando Baiano e do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró – todos apontados no processo do contrato de navios-sonda pela estatal, e que Cunha também teria envolvimento.
 
Leia também: As retaliações de Cunha para fugir da Lava Jato
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

18 Comentários

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  1. Como se vê, não é fácil mexer

    Como se vê, não é fácil mexer com os poíticos gordos. Vamos se o destino de Cunha será outro, e não o que esperávmos até ontem. 

  2. Hummmmm……

    a maracutaia do Moro está dando resultado. Pelo que se tem notícia é a única vez que nome de político é citado  em sua vara.

    acho que foi montada a cena para absolver o Cunha o que provocará um terremoto na república.

    se for isso, Maquiavel terá perdido sua originalidade e status do gênio do mal.

  3. buenosrespeitando o modus

    buenos

    respeitando o modus operandi supremo, nóis, pobres mortais, que somente lemos jornais versados na arte de manipular informações, vamos aguardar pacientemente em silêncio monástico a notícia de que em qual taberna medieval se dará a reunião furtiva, no lusco-fusco da zona portuária terra de gregos e troianos e filipinos e marselheses e jovens polacas, entre o supremo juiz polonês e o provinciano juiz mouro para tratar das tratativas extraofficiais do que fazer com o poderoso senhor fiel cristão pego com a boca na botija roubando de baciada o erário do povo brasileiro em nome deste mesmo povo brasileiro…

  4. Dog Ville

    Essa “investigação” é uma meleca só. Por muito menos que isso o delegado Protogenes quase perde o emprego. Mas agora pode tudo. É manipulação pra todo lado. A Policia Federal é uma vergonha. Pra uns, tarja preta. Para outros (e que outros) é merda no ventilador. Viva a Republica do Paraná, ou melhor, Dog Ville.

  5. Será que estou entendendo errado?

    Ué, Moro, ao dar publicidade à delação de Camargo, acabou fazendo duas coisas: deixou o Ministério Público sem alternativa quanto à delação contra Cunha – Janot, mesmo que quizesse, não teria como fugir disso – e pediu ajuda ao STF, tudo isso de forma bem mais célere do que se tal delação acabasse desprezada pela importância relativa das delações que Moro pode e deve julgar.

    Esse nhénhénhém de que Moro não pode julgar Cunha é só pirotecnia do deputado: é óbvio que não pode e nem Moro seria louco de tentar, não teria nem como, o MP teria que oferecer denúncia contra Cunha e claro que não ia encaminhar a denúncia a Moro.

  6. Entendam primeiro, critiquem depois…

    A Reclamação – o instrumento jurídico usado pelo Eduardo Cunha – visa manter a competência do Supremo, e está prevista na Constituição. Lembrem que Cunha já está sendo investigado no STF, por ter foro privilegiado. Aí o juiz Moro começa a apurar coisas contra Cunha em 1ª Instância. Não vai lhe servir pra nada, ele não pode condenar Cunha e o máximo que pode fazer é remeter o que apurar pro STF, pra juntar ao que já se tem lá contra Cunha.

    Até aí tudo bem, nada de ilegal. O problema é que vazou o depoimento, seletivamente, como tem sido feito – lembrem que o senador tucano Antonio Anastasia está sendo investigado na mesmíssima Lava-Jato, e nunca vazou nada sobre ele…

    Voltando: se Moro não tivesse transformado o processo num espetáculo midiático ele tomaria os depoimentos em sigilo, como é o normal, e remeteria também em sigilo para o STF o que diz respeito a Cunha, sem qualquer reparo ao seu trabalho. Simples assim. Agilizaria o processo contra Cunha na devida instância. Pior pro Cunha.

    Mas aí o juiz Moro fez exatamente o que não deve fazer quem quer pegar uma galinha: gritou “xô” a plenos pulmões. E aí Cunha, que é tudo menos burro, usou dos devidos instrumentos legais junto ao Judiciário para contra-atacar. Melhor pro Cunha. Moro acabou ajudando Cunha e dando combustível pra ele. Se foi intencional ou não, deixo ao critério de cada um decidir.

    Qualquer um, na situação do Eduardo Cunha – Anastasia, Aécio ou Serra – faria o mesmo. Quem é que, podendo pagar por bons advogados e articular uma defesa com instrumentos legais, iria se deixaria atingir via mídia de graça? 

    Algum dos ilustres comentaristas que aqui criticam Lewandowski?

    1. Não, Alan. Os leitores

      Não, Alan. Os leitores atentos deste blog não farão críticas ao que determinou o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, acerca da competência exclusiva do STF para julgar um parlamentar federal, no caso Eduardo Cunha. O penúltimo parágrafo de teu comentário, sobre a estratégia de defesa usada por Eduardo Cunha, é irretocável e irrepreensível. Quanto à atitude do midiático juiz sérgio moro (com minúsculas propositais) eu já havia antecipado em comentário anterior que postei neste blog, em matéria sobre o mesmo tema, que o vazamento do depoimento com a citação do deputado tinha sido proposital e que isso ajudaria o deputado, que NUNCA foi o alvo predileto da lava jato (que sabemos ser o PT, o governo federal, os petistas, Dilma e, principalmente, Lula). Esses episódios mostram, de forma cabal, que a seletividade e a forma tendenciosa como são conduzidas as investigações e julgamentos relacionados a essa lava jato têm objetivos claramente políticos e não o de coibir a prática de corrupção.

    2. Não acho que tenha sido isso,

      Não acho que tenha sido isso, Moro perdeu completamente o controle do processo em meio a todas as disputas que essa Lava Jato gerou, com oportunistas espalhados em todas as instituições, do parlamento, partidos políticos, PGR, etc.

      A disputa em curso se dá entre Cunha e Janot, no meu ver, o PGR seria o maior interessado em vazar esse depoimento para enfraquecer Cunha, o problema é que Cunha não é o governo Dilma e reagiu.

      Os ministros do STF já se mostraram bastante cautelosos, e até críticos, das manobras da Lava Jato, vejo que os dias de Grande Inquisidor da República de Sérgio Moro estão chegando ao fim.

      1. Estranho seria não perder o controle

        O processo tem uns 18/20 delatoores (nem sei ao certo quantos são), cada um deu mais de um depoimento, existem os delatores “originais” e os delatores da “segunda leva”. E com os depoimentos dos delatores da 2ª leva muitos dos Originais tiveram que fazer “ajustes” em novos depoimentos. E ainda tem os delatores da “3ª Onda”, que delatam sobre a delação dos dois grupos anteriores.

        Vazam essas delações e muito pouco, quase nada, se conhece de prova efetiva do que foi delatado – delação por si só, sem prova que a corrobore, é o mesmo que carta de amor, só palavras no papel…

        1. É que a perda de controle do

          É que a perda de controle do juiz não se limita às delações, mas principalmente aos interesses por trás delas.

          Moro não é político, é só um magistrado cheio de si, um caipira deslumbrado pelos holofotes, por isso, em sua ânsia inquisidora, não entendeu que as disputas por poder geradas pela Lava Jato extrapolariam sua autoridade judicial sobre os autos. 

          O que é o poder d eum juiz de direito, ainda mais de primeira instância, se comparado com as forças com que ele se meteu nessa operação Lava Jato, que inclui a elite política, ricos empreiteiros, etc.

          Eduardo Cunha não é um operador do direito, mas um operador do poder, e o jogo do poder Moro não entende.

          Não acho que Moro tenha tido qualquer papel no vazamento da delação contra Cunha, minha suspeita maior recai sobre os procuradores, mas esse foi o início do fim da Lava Jato.

          Eu tenho a impressão que, ao contrário de tudo que foi anunciado nos últimos dias, Cunha vai se safar dessa. O rompimento com o governo foi só historinha pra mídia, Cunha sabe usar a “carta anti-PT” para tentar desviar o foco da imprensa, as briguinhas com o governo, além do oportunismo político, são mais jogo de cena, não há muito de substancial ali. Interessa a Cunha um governo fraco e acuado.

  7. Perca de tempo discutir as

    Perca de tempo discutir as prolixidades jurídicas desse processo do fim do mundo, que tudo apura. A essência é o jogo de poder. A jornada de otários de 2013 gerou um vazio de poder, ao minar a legitimidade da Presidência da República, nesse vácuo, a disputa política tornou-se uma disputa institucional no Brasil, país de instituições frágies e fortemente inclinando à “soluções” autoritárias. 

    Dessa patacada surge o Napoleão do Paraná(Luís, não Bonaparte), imbuído do provincianismo característico da magistratura nacional, crente deslumbrado no poder de sua autoridade. Mas existe muito mais entre os autos e a realidade do que imagina o meritíssimo inquisidor, e a revolução começa a devorar seus filhos.

    Sérgio Moro perdeu o controle da Lava Jato, de seus vazamentos, e as disputas políticas e institucionais começam a transbordar em todas as direções, segundo interesses diversos.

    A disputa entre o PGR e o Presidente da Câmara é o último episódio dessa trama, só que, desta vez, os limitados operadores do direito encontraram um adversário para lhes dar liçoes de maquiavelismo. Não estão mais lidando com o acuado e dividido governo do PT, mas com uma cobra política.

    A estratégia de utilizar a CPI da Petrobrás para atacar as partes do processo já colhe seus frutos, com a advogado dos delatores fugindo para Miami. Independente do que ocorrer com Cunha, indiscutível que o Parlamento já assimilou os golpes mais duros do ataque judicial e já iniciam a reação, com propostas de quarentena para a atuação de magistrados na política e outras reformas institucionais que visam submeter MP e Judiciário ao controle parlamentar.

    Assim que houver um acordo entre o Executivo e o Legislativo(leia-se, o que, desde de início, Lula vem recomendando à teimosa presidente Dilma, cuja autocracia e falta de bom senso é, em grande parte, responsável pela crise), a Lava Jato encontrará seu fim, e Moro terá o mesmo fim de Joaquim Barbosa.

  8. O roteiro da Lava Jato é

    O roteiro da Lava Jato é semelhante ao da AP 470(mensalão): enquanto o ministro Barbosa atuava no sentido de perseguir petistas, teve êxito, à partir do momento que perdeu a noção de que seu poder advinha tão somente dos grupos políticos interessados em enfraquecer o PT, e buscou, em um delírio de grandeza, passar por cima do parlamento de decretar judicialmente a cassação de mandatos, foi prontamente “aposentado” por seus próprios pares, muito mais cautelosos diante do jogo político.

    Sérgio Moro já amarelou, um juíz é o profeta sem espada sobre o qual falava Maquiavel. A era da retórica bvazia de Savanarolla já está chegando ao fim.

  9. Não há nenhuma possibilidade

    Não há nenhuma possibilidade de Cunha escapar da cadeia. Manobras paranaenses para tentar livrá-lo de ir em cana por seus crimes, a estas alturas serão inúteis. Processo contra ele já corre no STF, e a tendência é de que fique cada vez mais alentado, com o volume de provas que contra ele chegam e se acumulam. O que ele Cunha quer é apenas tempo – Ele acha que o tempo pode salvá-lo. Na sua cabeça de golpista, um pouco mais de tempo lhe é fundamental, até que ele possa julgar as contas de Dilma e iniciar seu processo de impeachment. Então, ainda segundo sua esperançosa crença, não haveria mais clima para seu julgamento. E depois, com o clima tenebroso que seria criado pela mídia para servir de fundo ao golpe final contra a Dilma, ele Cunha seria declarado herói nacional e estaria totalmente fora do alcance da justiça. Para ele, para tipos como ele, tudo depende do clima psicológico, antes de que das regras e das leis. O mundo gira em torno do “timing”. Porisso mesmo ele está tentando manter os carneiros de seu rebanho unidos, argumentando para eles que a outra opção que eles teriam seria a de “se juntarem aos 7%”. Em sua loucura, ele acredita mesmo que os sete por cento de popularidade do Governo no Ibope é um número real e definitivo, vai vigorar para todo o sempre. Mal sabe Cunha que este enredo seria o mais curto para sua desgraça, porque se o golpe fosse dado, a pessoa que menos a mídia e os donos do poder desejariam ver à frente do país ou em outra posição de destaque, seria ele Cunha. Mas, o que esperamos é que sua agonia seja abreviada com a denúncia iminente que dele fará a PGR. E com seu consequente iediato afastamento do alto cargo que mal ocupa, para que o país possa respirar melhor. 

  10. Bom ………………….

    Custa-me acrditar que o juizinho Moro,tenha deixado vazar o nome de Cunha por incompetência ou desleixo!

    Pra mim, tudo foi armado e só não consigo alcançar o objetivo por trás deste “vazamento”!

    Este Vaza Jato, não me convence !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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