As ligações entre Dantas e a ‘máfia do carvão’ de MG

Por Marco Antonio L.

Do Hoje em Dia

Máfia do carvão em Minas usou avião do banqueiro Daniel Dantas

Grupo Opportunity tenta na Justiça liberar jatinho avaliado em R$ 10 mi e apreendido na operação “Corcel Negro II”

Amália Goulart – Do Hoje em Dia

O grupo Opportunity, ligado ao banqueiro Daniel Dantas, pediu à Justiça mineira a liberação de um avião de médio porte, avaliado em R$ 10 milhões, apreendido na operação “Corcel Negro II”, que desbaratou um esquema de sonegação fiscal e extração ilegal de carvão, conhecido como “máfia do carvão”. O Hoje em Dia teve acesso aos documentos que correm na Justiça estadual.

Na documentação apresentada à Justiça, os advogados alegam que a aeronave, modelo 750 Cessna Aircraft, prefixo PT-WUM, pertence ao grupo Opportunity. O avião, no entanto, está registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), como sendo de propriedade da ADE Táxi Aéreo, empresa que segundo o Ministério Público Estadual pertence a Urbano Ferraz Gontijo, apontado como um dos chefes da máfia do carvão. A aeronave é uma das mais velozes do mundo para uso civil. Oficialmente, ela era utilizada para o serviço de taxi aéreo.

A ADE teve todos os bens confiscados por ordem judicial durante a “Corcel Negro II”, realizada pelo Ministério Público Estadual em conjunto com a Secretaria de Estado de Fazenda, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em julho passado. De acordo com as investigações, que já se converteram em ações judiciais na comarca de Monte Azul, no Norte de Minas, a empresa seria um dos tentáculos da família Gontijo, acusada de extração ilegal de carvão e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

Ao cumprir os mandados de busca e apreensão e bloqueio dos bens, os integrantes da força-tarefa que resultou na “Corcel Negro II” encontraram o avião no hangar da ADE, no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Ele está em poder da Justiça. Para surpresa do MPE, há cerca de um mês a Cooper Air Representação Ltda. pediu o desbloqueio da aeronave alegando ser a verdadeira proprietária. Esta empresa está registrada em nome da Araucária Participações e de Rodrigo Otávio de Paula.

A Araucária pertence à OPPI Fundo de Investimentos em Ações, popularmente conhecido como um fundo de investimentos de Dantas. Na operação “Satiagraha”, desencadeada em 2008, a Polícia Federal revelou que a Araucária tinha como endereço a sede do Opportunity, no Rio de Janeiro, e pertencia à irmã de Dantas, Verônica Dantas.

As autoridades envolvidas no caso da aeronave tentam desvendar o mistério que envolve o banqueiro e a máfia do carvão. Nos documentos apresentados pela Cooper, a ADE Táxi Aéreo teria realizado uma Sociedade em Conta de Participação com a empresa INC Empreendimentos e Participações S/A para a aquisição da aeronave. De acordo com o Ministério Público, a INC também pertence à máfia do carvão.

“Pelo contrato, datado de 6/04/2011, a INC contribuiria com R$ 10,5 milhões para aquisição de uma aeronave e de mais R$ 3 milhões para capital de giro. A INC por sua vez, teria firmado um dia antes, em 5/04/2011, um contrato de mútuo com a Alcobaça Consultoria e Participações S/A, cujo sócio majoritário é o Banco Opportunity S/A (leia-se Daniel Dantas)”, destaca trecho da descrição do Ministério Público em documento que relata a explicação dada pelas empresas ligadas a Dantas.

Pela justificativa apresentada, a INC teria recebido o dinheiro da Alcobaça para comprar o avião. Mais tarde, ela teria dado o jatinho executivo como pagamento da dívida. Já a Alcobaça teria cedido o bem à Cooper. No dia 16 de agosto deste ano, a Cooper e a ADE realizam o distrato, ou seja, cancelaram a operação.

Conforme a ação do Ministério Público, entre as justificativas apresentadas pelas empresas está a de que o cenário internacional não contribuiu para o desenvolvimento da atividade. Em outubro deste ano, a Cooper, com sede em Belo Horizonte, pediu à Axis – interventora legal da INC – que tentasse o desbloqueio judicial da aeronave. Em um dos documentos apensados ao processo, a empresa sustentou que foi feito um depósito de R$ 10,5 milhões da Alcobaça para a INC. Foi anexado um comprovante de depósito de uma conta bancária da empresa ligada a Dantas.

Agora, caberá à Justiça decidir se o avião ficará em poder da Justiça ou será entregue à empresa da família Dantas.

Luis Nassif

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