Corrupção, julgamento e demarcação de poder

O TESTE DO PODER

O julgamento do Mensalão pretende ser um teste  na demarcação dos poderes do Estado. Quem manda em quem, é a questão. O julgamento está anos luz de distancia de um mero combate à corrupção. Grão- Duques da corrupção estão no Senado, Casa que sequer foi citada no processo, alguns nomes estão associados à corrupção politica há 50 anos, estão atuando, controlam grandes setores do Estado e o STF passa por eles e dá bom dia.

Corrupção não é só dinheiro em maletas. Existem outros tipos de corrupção e dilapidação dos recursos do Estado. Nepotismo por exemplo, empregar amigos e compadres às centenas, vastas mordomias tambem são formas de corrupção. Encontros em resorts luxuosos patrocinados por quem tem interesses em julgamentos, fato explicitamente objeto de ce preocupação no CNJ, é tambem um tipo de corrupção e dos mais controvertidos, tem até quem defenda e bate a mão no peito.

Curiosamente um dos Ministros mais duros do STF no julgamento do mensalão exaltou-se quando a Corregedora Nacional de Justiça intensificou as inspeções nos Tribunais de Justiça dos Estados porque dizia com razão que esses Tribunais não investigavam a si proprios. Ficou a tal ponto irritado com a corajosa Ministra que convoucou uma reunião plena do CNJ para emitir uma declaração contra a Corregedora, que em pouquissimo tempo provou que tinha razão ao descobrir salarios absurdos nos Tribunais estaduais. Como se coaduna o combate a corrupção nos partidos com a leniencia desse mesmo combate nos Tribunais? É tolerania zero nos partidos e tolerancia dez na corporação?

Os bem pensantes do jornalismo e de parte da sociedade estão ovacionando a cruzada pela moralidade no julgamento do mensalão mas a imoralidade não está só no dinheiro no guichê. Está tambem no desperdicio em palacios monumentais de tribunais e procuradorias, em salarios fora de qualquer logica que ainda acham pouco, em férias, garantias e condições de trabalho muito acima da economia competitiva onde há riscos todo dia, inclusive de desemprego.

Os nichos de corrupção no Brasil são antigos, enormes, conhecidos, não estão SÓ no mensalão, será preciso cuidado para não levantar trofeus em cima de simples alvos faceis, quando os alvos grandes e poderosos continuam operando sem ser incomodados.

O espetaculo mediatico em torno do mensalão tem tudo para ser mais um teste na luta pelo poder

do que uma cruzada de Santo Agostinho. A manipulação politica do combate à corrupção é velha conhecida dos brasileiros. Janio Quadros e a UDN mineraram esse sempre rendoso filão com sucesso gerando crises pelo caminho. Estamos assistindo uma nova cruzada que como sempre produz fogos de artificio e nenhum resultado duradouro. Mas o espetaculo sempre tem publico,  é coisa antiga de

sucesso garantido, credulos sempre haverá e inocentes nascem todo dia.

Luis Nassif

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