Julgamento do TSE não deve ser motivado por viagens de campanha de Dilma

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ao contrário do que divulga a Folha de S. Paulo, ministro do TSE informou que cassar a Presidência é complexo. Alckmin (PSDB) também já usou eventos oficiais para promoção eleitoral
 
 
Jornal GGN – Na véspera da audiência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que questionará Ricardo pessoa, presidente da UTC, sobre as contas de campanha da presidente Dilma, a Folha de S. Paulo publica que técnicos do Tribunal analisam a relação dos gastos do Planalto com viagens e eventos no período eleitoral, a fim de verificar se houve “abuso de poder” e “financiamento ilegal”. “O uso da máquina pública é um dos argumentos utilizados por partidos de oposição, puxados pelo PSDB, para pedir que o TSE casse o registro de Dilma e Temer e dê posse ao senador tucano Aécio Neves (MG) na Presidência”, publica o jornal.
 
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Apesar de levantar a tese de que viagens a eventos oficiais realizadas pela presidente da República no ano passado, que foram conciliadas com atos de campanha, seriam uma das justificativas para a cassação do registro de Dilma e Temer no TSE, o veículo informa que ministros do TSE “demonstraram irritação com as especulações sobre a tendência dos votos”, que dois membros rechaçaram a possibilidade de “golpe” e um terceiro viu como “complexa” a cassação, se não houver algo flagrante. 
 
Agenda de governo x campanha
 
O uso de compromissos oficiais para realizar campanhas por candidatos à reeleição não é novidade. Em agosto do último ano, o jornal O Estado de S. Paulo divulgou que Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo reeleito, aproveitou uma visita a uma escola na zona oeste de São Paulo para conceder também entrevista como candidato. Para a ida ao evento, Alckmin utilizou toda a estrutura do Estado, com carro oficial da secretaria de Educação.
 
Outras visitas do governador divulgadas como “compromisso oficial de governo” foram utilizadas para promoção eleitoral do tucano. Em julho, Alckmin vistoriou as obras do Parque da Mooca, na zona leste de São Paulo, onde funciona um reservatório da Sabesp. “Mesmo divulgada como agenda de governo, a visita de Alckmin ao parque foi acompanhada de perto por uma equipe de filmagem, da empresa Nova Estratégia, contratada justamente para eventos de campanha”, publicou o R7
 
Julgamento TSE
 
O que está sendo discutido pelo TSE, entretanto, não poderá se pautar apenas nas viagens de Dilma e de seu vice, concomitantes às campanhas eleitorais. A Presidência encaminhou à Justiça Eleitoral a prestação de contas de campanha, incluindo as informações de que o PT ressarciu os cofres públicos, em situações que os deslocamentos da presidente eram também utilizados para a corrida eleitoral. 
 
Outra tese utilizada pela oposição para pedir o julgamento das contas é de que a campanha da presidente foi financiada com dinheiro de corrupção da Petrobras. Para apurar essas informações, o TSE está ouvindo réus da Operação Lava Jato.
 
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Herton Araújo já participaram de audiências com os ministros do TSE. Amanhã (14), o Tribunal receberá em sessão fechada o dono da UTC, Ricardo Pessoa. Em delação premiada, ele afirmou que doou R$ 7,5 milhões á campanha de Dilma temendo prejuízos com contratos da Petrobras. Os repasses foram declarados à Justiça Eleitoral.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. irritante o PT não fazer o

    irritante o PT não fazer o mesmo que os tucanos, entrar com um pedido cobtra as contas do aecio e do senador que recebeu e NÂO declarou, gostaria muito de saber como votariam esses dois senhores do tse.

  2. Ricardo Pessoa doou dinheiro

    Ricardo Pessoa doou dinheiro para a campanha de Dilma “temendo prejuízo com contratos da Petrobras”. Temer prejuízo, por si só, caracteriza doação ilegal? A troco de que o delator doou quantia bem maior para a campanha de Aécio Neves?

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