O “Fora Diniz!” que a Globo não mostrará, por Marcelo Auler

Protesto organizado neste domingo tem como principal bandeira escrachar presidente da Fecomércio no Rio, informação omitida por Infoglobo 
 
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Blog Marcelo Auler Repórter
 
O “Fora Diniz!” que a Globo não mostrará
 
Por Marcelo Auler
 
Neste domingo (25/06), a Avenida Atlântica, em Copacabana (zona Sul do Rio), será palco de mais uma manifestação com a bandeira do “Fora”. Mas, ao contrário do que vem ocorrendo nos últimos atos em prol da saída do presidente Michel Temer, dificilmente as Organizações Globo, ou mesmo outros canais comerciais de televisão e a imprensa tradicional marcarão presença na cobertura do evento.
 
A tão propalada e defendida liberdade de expressão, assim como a bandeira do combate à corrupção,  desfraldada enquanto o PT estava no governo, serão esquecidas. Tudo, em nome dos interesses comerciais/financeiros. Desta forma, ficará clara a hipocrisia dos meios tradicionais de comunicação, que classificaram de “sujos” blogueiros de esquerda por receberem míseros patrocínios nos governos, mas se calam diante de esquemas pesados de desvio de dinheiro e de corrupção. Basta estar em jogo seus interesses financeiros. Em nome deles, mandam às favas o compromisso social e o dever profissional de informarem leitores, ouvintes e telespectadores.
 
O fato de o movimento convocado para manhã de domingo no Rio ter como principal bandeira o “Fora Diniz”, justificará a omissão de grande parte da imprensa, em especial, do Infoglobo e da Rede Globo. Afinal, diversas outras manifestações como estas ocorreram nos últimos meses sem merecerem qualquer atenção destes órgãos de comunicação. Em compensação, gordas verbas publicitárias lhes foram destinadas, como comprova a ilustração acima.
 
Isso acontece por que o Diniz contra o qual protestarão é o açougueiro Orlando dos Santos Diniz, de 46 anos e há 19 dominando a Federação do Comércio do Rio de Janeiro e os Serviço Social do Comércio (Sesc) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac). Entidades com orçamentos consideráveis, mantidos com 3% da folha de pagamento de todo o comércio do Estado, que a grosso modo geram cerca de 3 milhões de empregos diretos. Uma verba recolhida e repassada pela Secretaria da Receita Federal, destinada a atender aos comerciários. Não jornais e televisões. Tampouco governadores.
 
Gordas verbas de publicidade em "projetos Especiais" garantem o silêncio dos jornais, em detrimento do interesse dos comerciários.
[Gordas verbas de publicidade em “projetos Especiais” garantem o silêncio dos jornais, em detrimento do interesse dos comerciários]
 
Pouco importará que os manifestantes de domingos apresentem números e dados sobre o esquema ilegal e corrupto que ajudou  o governo peemedebista de Sérgio Cabral a levar o Estado do Rio de Janeiro à bancarrota. No caso, não serão convicções, mas provas, lastreadas em documentos públicos que demonstram como sólidas instituições como o  Sesc e o Senac do Rio estão sendo levados à bancarrota e, em consequência já cortaram serviços e atendimentos aos seus associados.
 
Não foi pouca coisa, como relacionam servidores e ex-servidores. Entre janeiro de 2016 e maio de 2017 já ocorreram as demissõe4s de 923 servidores do Sesc e 1.004 do Senac, em um total de 1.927 novos desempregados no Estado.
 
Paralelamente foram fechados quatro centros odontológicos, estimando-se que 120 mil consultas deixaram de ser realizadas, com os consequentes cancelamentos de tratamentos como prótese, periondontia e canal. Isto a comerciários que só ali teriam condições de tratarem seus dentes.
 
Também foram suspensas as atividades da unidade móvel saúde da mulher, responsável por exames de colo de útero e mamografia e da preservação da saúde da mulher em geral. O caminhão adaptado a este atendimento está parado e corre o risco de se deteriorar, no estacionamento do Sesc São Gonçalo com um mamógrafo e materiais de exames preventivos estragando.
 
Como se não bastasse, projetos de abertura de academias nas unidades operacionais, cujos equipamentos já foram comprados, foram abandonados e adiados sem prazo definido de ocorrerem. Também suspenderam o chamado turismo social inclusivo; bibliotecas estão sem orçamento para compra de livros e sem bibliotecários; restaurantes da entidade foram fechados e lanchonetes terceirizadas, o que significa custo de comida mais caro para os associados; algumas entidades aguardam há anos por reformas; projetos culturais foram reduzidos. Matrículas de novos alunos de 03 anos de idade na educação infantil estão canceladas e há um processo planejado para o encerramento total destas atividades.
 
Enfim, há uma situação caótica, apesar dos valores astronômicos arrecadados mensalmente. O dinheiro evaporou-se, ou melhor, serviu a outros propósitos. Entre 2015 e 2016, mais de 458 milhões de reais deixaram de ser revertidos em saúde, educação, cultura, esporte, turismo e lazer para classe comerciária e para população em geral.
 
Orlando Diniz, reprodução do Blog de Lu Lacerda
[Orlando Diniz, reprodução do Blog de Lu Lacerda]
 
Nem se tente culpar a crise econômica, pois por mais que ela atinja o comércio, em outras unidades da federação os Sescs e Senacs continuam atuando dentro nas suas funções educacionais/sociais/culturais.
 
Curiosamente, porém, ao longo de todos estes anos à frente de tais entidades, o patrimônio de Diniz só fez crescer e, ao que tudo indica, não foi um resultado direto do comércio de carne que ele herdou de seus familiares.
 
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[A unidade móvel da saúde da mulher está parada e com equipamentos correndo risco de se deteriorarem, em São Gonçalo]
 
Seu ingresso como comerciante deu-se em 1977, ao criar a Butcher´S Shop Comercio de Carnes Ltda. Me, em Copacabana. No negócio inicial da família, o Frigorífico e Mercearia Mercarne, em Ipanema, aberto em setembro de 1971, ele ingressou na sociedade apenas em 1989.
 
Como explicamos na reportagem Vícios privados, publicada em CartaCapital, em março de 2012, ao entrar no comércio varejista de carne Diniz habilitou-se cargo de presidente do Sindicato dos Açougueiros. Na época, quem o conheceu diz que, além da pequena participação na loja do pai, tinha um Fiat velho e um paletó surrado. Dali conquistou a Federação do Comércio Varejista (1997), uniu-a à do Turismo e Hospitalidade e criou a Fecomércio.
 
Depois, os negócios diversificaram, como mostra o quadro abaixo. Mais rapidamente ainda, o que cresceu a olhos nus foi seu patrimônio pessoal. Em pouco tempo trocou o prédio classe média da Rua Humberto de Campos, no Leblon, e foi morar com Daniele, sua segunda esposa, na Rua Aristides Espínola, no mesmo bairro, na quadra da praia, tornando-se vizinho e amigo íntimo do governador Sérgio Cabral. Trata-se de um dos metros quadrados mais caros da região. Mas, a vizinha e amizade dos dois estende-se ainda para o Condomínio Portogalo, em Mangaratiba – litoral sul do estado.
 
Diniz, porém, anda desaparecido do imponente prédio da Rua Aristides Espínola, onde atualmente a esposa de Cabral, Adriana Ancelmo, vive em prisão domiciliar. O registro abaixo foi feito por Lu Lacerda, em sua coluna, na sexta-feira, (23/06): clique aqui e continue lendo. 
Redação

2 Comentários

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  1. Ta na hora de acabar com o sistema S

    Fiquei sabendo que atraves das contribuicoes sindicais patronais e demais contribuicoes sociais o Governo gasta com o sistema S o triplo do que gasta com TODA A REDE FEDERAL DE ENSINO, e o famigerado Sistema S nao contribui em nada com sociedade, pois nao passa e carissimas escolas particulares bancadas com dinheiro publico, fazendo a riqueza de sindicalistas patronais e demais vagabundos que usa nosso dinheiro publico para politica e enriquecimento pessoal.

     

    O lixo do Skaf é o maior exemplo.

    Os servicos gratuitos prestados sao irrelevantes, e baixo impacto em nada pode ser comparada com a qualidade do que nossas Federais entrega com um terco do que esse cartorio suga da populacao.

    Ou se Estatiza ou Sistema S ou cortem os  seus recursos publicos, pois se os mesmo fossem direcionados pra o sistema Federal de educacao, seja o tecnico ou o superior poderia se quadruplicar o numero de vagas na rede com qualidade infinitamente superior e o melhor de graca.

  2. Alguns Brasileiro contam

    Alguns Brasileiro contam piada de Português, mas aqui recursos para atender e educar são controlados e direção quase só dos patrões e querem extinguir a contribuição sindical compulsória e esqueceram dos impostos S que são cobrados em produtos e serviços e ainda reclamam dia e noite da alta carga tributária embutidos no consumo. O pior das direções do sistema S é que eles relegem de forma constante fazendo delas um reinado. Daí nasce o prejuízo do monópolio da grande imprensa com grande capital, as pessoas recebem notícias controladas pelo grande capital e suas asseclas e poucas informações.

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