PM’s são indiciados por tortura e estupro em São Paulo

Treze PMs são indiciados por tortura e estupro durante reintegração do Pinheirinho

 
 

Vítimas foram forçadas a fazer sexo oral e rapaz foi empalado; mais de um ano após a acusação, policiais podem ser expulsos da corporação

 

25/07/2013

 

da Redação

 

Um tenente, dois sargentos, um cabo e nove soldados da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) foram indiciados, nesta quarta-feira (24), pela Corregedoria da Polícia Militar por abuso sexual, tortura e lesão corporal. Os crimes, que ocorreram em janeiro do ano passado, foram cometidos durante a invasão da PM na desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo.

As seis vítimas, quatro homens e duas mulheres, teriam sido abordadas pelos policiais no bairro Campo dos Alemães, a cerca de 3 km do Pinheirinho, por volta das 23h30. Três delas estavam na rua e foram abordadas por policiais que alegaram uso de drogas. As demais pessoas correram e foram para uma casa, onde foram detidas.

A denúncia partiu de uma das mulher que estava na casa. À época, ela informou ao Ministério Público Estadual que foram obrigadas a fazer sexo oral e um dos homens foi empalado. As agressões foram confirmadas por meio de laudos e exames de corpo de delito.

A Polícia Militar tomou conhecimento da denúncia pela imprensa ainda em janeiro de 2012. Os policiais foram imediatamente afastados da função que exerciam. Um outro soldado, do Comando de Operações da Polícia Militar (Copom) de São José dos Campos, foi acusado de prevaricação (quando um funcionário público deixa de cumprir a função). Ele atendeu a um chamado, pelo telefone 190, de uma das vítimas e não deu a devida atenção ao caso.

Desocupação violenta

O terreno do Pinheirinho, de 1,3 milhão de metros quadrados, pertence à massa falida da empresa Selecta, do grupo de Naji Nahas. 1,6 mil famílias, que moravam há 8 anos no local, foram despejadas violentamente por mais de 2 mil policiais, que cumpriram ordens de reintegração de posse emitidas pela Justiça Estadual e pela Prefeitura de São José dos Campos.

Na última sexta-feira (19), cerca de 400 ex-moradores fizeram uma ocupação-relâmpago do Pinheirinho para protestar contra a demora na construção de moradias para as famílias despejadas há um ano e meio. A promessa feita pela prefeitura e o governo do estado logo após a desocupação ainda não foi cumprida e os ex-moradores afirmam que o aluguel social, no valor de R$ 500, é insuficiente para pagar por moradia na cidade.

Após a desocupação, o Pinheirinho ficou completamente abandonado. Onde antes havia centenas de casas, pequenos comércios, praças e igrejas, hoje existe um grande terreno baldio, tomado pelo mato. Os pertences deixados pelas famílias no despejo violento foram colocados um galpão, onde permaneceram até a ultima sexta-feira (19). Os ex-moradores denunciam que, após a ocupação-relâmpago, um grupo não identificado colocou fogo no galpão, queimando os móveis que ainda restavam. (com informações do Sindimetal/SJC)

Foto: Daniel Mello/ABr

Luis Nassif

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