Primeiro cartel denunciado na Lava Jato favoreceu PP e PMDB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Procuradores da Lava Jato evitaram expor os repasses das empresas denunciados a ambos os partidos
 
 
Jornal GGN – A força-tarefa da Operação Lava Jato faz a primeira denúncia, nesta terça-feira (13), por cartel de empreiteiras no esquema de corrupção da Petrobras. No documento enviado à 13ª Vara Federal de Curitiba, nas mãos de Sérgio Moro, são acusados oito empresários ligados à Queiroz Galvão e Iesa Óleo e Gás pelos crimes de cartel e fraude em licitação.
 
O GGN apurou que, ainda que se restringindo às apurações nos anos de governos do PT, o documento do Ministério Público mostra que os recursos provenientes dos esquemas, entre os anos de 2006 e 2014, beneficiou as eleições do PP e do PMDB. A informação não consta no comunicado oficial dos procuradores ou nos jornais que noticiaram a denúncia.
 
Na denúncia de 49 páginas, os procuradores da República defendem a tese de que o esquema de corrupção na estatal, ainda que não tivesse contado com a participação e influência de políticos, ocorria pelas empreiteiras. “A cartelização delas por si só já produziria um dano bilionário”, disse o coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol.
 
“O fato é que o cartel não dependia necessariamente da corrupção pública para funcionar, ainda que tenha cooptado funcionários públicos para maximizar resultados. Houve, assim, uma espécie de ‘corrupção privada’, praticada por empresas que estão dentre as maiores do país e usaram seu poder e influência para desviar bilhões da sociedade”, disse o procurador.
 
De acordo com a denúncia, os executivos da Queiroz Galvão (Petrônio Braz Junior, André Gustavo de Farias Pereira, Othon Zanoide de Moraes Filho, Augusto Amorin Costa e Ildefonso Colares Filho) e da Iesa Óleo e Gás (Rodolfo Andriani, Valdir Lima Carreira e Otto Garrido Sparenber) formaram uma organização criminosa, com suposta corrupção, lavagem de dinheiro, cartel e fraudes à licitação da Petrobras nestes oito anos.
 
Nesse período, os procuradores defendem que houve em todos os contratos firmados pela Iesa e pela Queiroz Galvão junto à estatal “oferecimento, promessa e pagamento de propina para as diretorias de abastecimento e serviços”. 
 
Das empresas privadas para os políticos, o esquema seguia “após passar por operações de lavagem de capitais para esconder a origem, os valores da vantagem indevida eram distribuídos por operadores financeiros aos diretores e funcionários da Petrobras que auxiliavam no sucesso do esquema e para parlamentares dos partidos políticos que sustentavam os diretores no cargo”, defendem.
 
Os investigadores restringiram as apurações durante os anos de governos do PT. Com isso, apontaram apenas dois dos diretores nomeados que fraudaram as concorrências da estatal para o sucesso do esquema criminoso: Paulo Roberto Costa e Renato de Souza Duque.
 
Ainda assim, o documento mostra que as doações da Queiroz Galvão, registradas no Tribunal Superior Eleitoral, ao Diretório Nacional do PP, no ano de 2010, foram provenientes do dinheiro sujo. Entre os registros, está o de R$ 500 mil, em uma única transferência que coincidiu com um email enviado pelo doleiro Alberto Youssef, sobre o pagamento.
 
O MPF identificou que, dos R$ 70.740.520 doados pela Queiroz Galvão a campanhas eleitorais em 2010, pelo menos R$ 4.040.000 foram com origem no esquema criminoso. O GGN mostra que os partidos beneficiados foram o PP, com pelo menos R$ 2,2 milhões, e o PMDB, com pelo menos R$ 300 mil:
 
 
E em nome da Vital Engenharia, mais R$ 2,24 ao PP:
 
 
A denúncia também traz um indício do envolvimento dos outros gigantes do mercado no cartel: ao todo, foram 16 grandes empresas do ramo de engenharia civil que participaram do esquema junto à Petrobras, com a “finalidade de fraudar as concorrências da Petrobras e dominar o mercado de montagem industrial da companhia”.
 
Essa é a primeira denúncia de cartel do esquema da Petrobras. De acordo com o MPF, que já se adiantou, os executivos “das demais empresas deverão ser denunciados no decorrer das investigações”.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. Samba doido!..

    Essa salada dessa Força Tarefa é uma vergonha!…Putzzz…..Cartel?…ora cartel, desde quando é crime empresas conversarem entre si sobre interesses e estratégias de negócios?

  2. 1–“”O fato é que o cartel

    1–“”O fato é que o cartel não dependia necessariamente da corrupção pública para funcionar, ainda que tenha cooptado funcionários públicos para maximizar resultados. Houve, assim, uma espécie de ‘corrupção privada’, praticada por empresas que estão dentre as maiores do país e usaram seu poder e influência para desviar bilhões da sociedade”, disse o procurador”

    2–“Os investigadores restringiram as apurações durante os anos de governos do PT”

    3–“doações da Queiroz Galvão, registradas no Tribunal Superior Eleitoral, ao Diretório Nacional do PP, no ano de 2010, foram provenientes do dinheiro sujo. Entre os registros, está o de R$ 500 mil, em uma única transferência que coincidiu com um email enviado pelo doleiro Alberto Youssef, sobre o pagamento”

    4–“MPF identificou que, dos R$ 70.740.520 doados pela Queiroz Galvão a campanhas eleitorais em 2010, pelo menos R$ 4.040.000 foram com origem no esquema criminoso”

    Ah bom, entao dos “bilhos de prejuizo aa sociedade” passamos a 6 por cento de 70 milhoes que eram “dinheiro sujo”.  Entao ta.

    NADA DISSO BATE COM QUALQUER REALIDADE QUE EU CONHECO!  NADA NADA NADA!

    Se a porra do esquema NAO dependia “necessariamente de corrupcao publica” porque eh que a investigacao esta necessariamente restringica aos anos de governo do PT?

    Dos SETENTA MILHOES de DOACOES REGISTRADAS, pouco mais de 6 por cento magicamente se transformaram em BILHOES em prejuizo “ao publico”?

    Como eh que eh????  Entao Yousseff, delator que NAO delatou o PSDB, estava envolvido em um pedido de pagamento claramente e…  ninguem notou nada de errado com isso?  Mas esperem la, essa eh a primeira vez que eu escuto falar nesse email!!!  QUAL EH A DATA de aparecimento desse email magico????  DE QUAL CONTA DE EMAIL ELE APARECEU, QUANDO??????

    Ele invalida a “delacao premiada” de Yousseff ou nao invalida?????

  3. Uma das primeiras denúncias

    Uma das primeiras denúncias contra políticos, nessa operação vaza-jato, abrangia 5 dos 6 deputados gaúchos do PP (só faltou 1 porque não havia mais se candidatado, mas, em compensação, seu filho havia sido eleito). Lembro que, na ocasião, todos ficaram “estarrecidos”, pois, os deputados pepistas levavam 50 mil reais mensalmente e a memeia jurava que nem sabia do escândalo, ou seja, eles dariam pernadas nela todos os meses. E só agora é que a denúncia chega no Moro? Muito esquisito, estranho e outras coisas que é melhor nem pensar (que dirá, escrever).

  4. Essa é a nova tese para

    Essa é a nova tese para livrar os outros partidos e para ferrar somente o PT. 

    Mais parcial, impossível.

    Até quanto alguem vai fazer alguma coisa para combater a mais nesfasta forma de corrupção:  A PARCIALIDADE DOS ÓRGÃOS DA JUSTIÇA E MP.

     

  5. “O GGN apurou que, ainda que

    “O GGN apurou que, ainda que se restringindo às apurações nos anos de governos do PT, o documento do Ministério Público mostra que os recursos provenientes dos esquemas, entre os anos de 2006 e 2014, beneficiou as eleições do PP e do PMDB”.

     

    Nassif,

    Se a Vaza Jato, apesar de saber que houve desvios durante o governo FHC (PSDB), recusou-se a investigá-los;

    Se a Vaza Jato, por óbvias razões políticas (delegados, procuradores e juiz são ligados e/ou simpatizantes do PSDB e anti-petistas declarados) resolveu restringir a investigação somente aos governos do PT;

    Se o juiz Moro, que já havia feito acordo de colaboração premiada com o doleiro Youssef no caso Banestado (governo FHC- PSDB) e o doleiro descumpriu o acordo, voltando a cometer os mesmos delitos e o juiz, mesmo investigando o cartel da Petrobrás desde 2006 (http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/03/documentos-indicam-grampo-ilegal-e-abusos-de-poder-na-origem-da-lava-jato.htm), “quando foi instaurado um procedimento criminal para investigar relações entre o ex-deputado José Janene (PP), já morto, e o doleiro Alberto Youssef, peça central no escândalo da Petrobrás”, não tomou NENHUMA PROVIDÊNCIA PARA ESTANCAR OS DESVIOS que estavam sendo feitos pelo cartel e DEIXOU O DOLEIRO SOLTO até março de 2014, às vésperas da eleição presidencial (“O doleiro foi preso em 17 de março pela PF na Operação Lava Jato, sob a acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões em quatro anos” http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1498307-preso-desde-marco-doleiro-alberto-youssef-quer-colaborar-com-a-justica.shtml);

    Não está claríssimo que a Vaza Jato não teve interesse em investigar a corrupção mas somente fazer uso político da investigação?

    1. Tem cara de idiota, mas….

      Esse suposto Procurador Dallagnol, suposto chefe da suposta força tarefa dos novos Keystone Cops instalados em Curitiba, tem cara de idiota. Daqueles meninos criados pela a avó, que tomavam cascudos da molecada na escola primária e ajudava o padre na missa como coroinha. Só um idiota completo para tentar fazer crer que eles, os Keystone Cops, descrubiram a roda. Ou talvez seja mais idiota ainda e realmente acredite que descobriu, porque ele fala e a Globo/Mossack-Fonseca repete, e os paneleiros acreditam, o fazem de conta que acreditam. Mas, todo mundo sabe, e, como diria o Mino Carta, até o reino mineral, para aqueles que atuam no meio e conhecem ou conheceram gestão de grandes contratos de grandes empreendimentos, como Construção de linhas de Metrô e Rodoanel, por exemplo que os velhos fundadores das grandes empresas de construção, que ganharam mustulatura recentemente e se lançaram em posição competitiva em concorrencias internacionais, que a combinação de preços em concorrências sempre existiu, continua sendo praticada e sempre existirá, aqui e no exterior. Conta um amigo que lá pelos anos 90 um alto executivo da Camargo Correia reclamava que o Governo Quercia estava quebrando as regras do acordo de contratos e exigindo uma tarifa (a tal da propina) maior, na faixa de 20 a 25 %. O usual, no limite, era de 15%, naqueles bons tempos, quando o Estado não investia nem perto do que passou a investir na década passada, em obras públicas. Sabe-se que boa parte dessa grana “reservada” para fins de movimentação de caixa dois, era destinada a pacificar investigações e até aliviar eventuais sentenças de órgãos de controle, como tribunais de contas e tantas outras faces do judiciário, em que agora o cara de idiota ingressou. E já quer sentar-se perto da janelinha. Ele e seus Keystone Cops até podem ser idiotas ou se fazerem como tal, mas devem, pelo menos, respeitar a inteligência alheia que observa a movimentação de toda essa malandragem desde os tempos em que eles ainda estavam levando cascudos dos colegas mais espertos nas escolinhas que frequentavam.

  6. “(…) Operação Lava Jato faz

    “(…) Operação Lava Jato faz a primeira denúncia, nesta terça-feira (13), por cartel de empreiteiras no esquema de corrupção da Petrobras.

    (…) ainda que se restringindo às apurações nos anos de governos do PT, o documento do Ministério Público mostra que (…) beneficiou as eleições do PP e do PMDB. A informação não consta no comunicado oficial dos procuradores ou nos jornais que noticiaram a denúncia. (…) Na denúncia de 49 páginas, os procuradores da República defendem a tese de que o esquema de corrupção na estatal, ainda que não tivesse contado com a participação e influência de políticos, ocorria pelas empreiteiras. 

    (…) “O fato é que o cartel não dependia necessariamente da corrupção pública para funcionar, ainda que tenha cooptado funcionários públicos para maximizar resultados. Houve, assim, uma espécie de ‘corrupção privada’ (…) “

    Não entendi, o que eu sabia até agora é que o PT estava estava no comando de um esquema criminoso para benefício do partido e de membros ilustres de sua cúpula.

    Não foi isso que a “força tarefa” em um esquema criminoso com a mídia nos vendeu?

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