‘Procedimento era soltar Lula’, afirma Galloro sobre dia em que Fraveto concedeu HC

Diretor-geral da PF contou que recebeu ligações de Raquel Dodge e Thompson Flores barrando procedimento para não seguir decisão
 
EBC, diretor-geral da PF
Imagem: EBC
 
Jornal GGN – A interpretação de Rogério Galloro, diretor-geral da Polícia Federal, no fatídico domingo de 8 de julho, quando o então desembargador de plantão do TRF-4, Rogério Favreto, expediu a ordem de soltura do ex-presidente Lula, acatando Habeas Corpus impetrado pelos deputados federais Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira, foi de cumprir a decisão. Em entrevista ao Estado de São Paulo, Galloro destacou:
 
“Diante das divergências, decidimos fazer a nossa interpretação. Concluímos que iríamos cumprir a decisão do plantonista do TRF-4”, completando que sua resposta para o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, no dia foi: “Ministro, nós vamos soltar”.
 
O diretor-geral da PF conta que, logo em seguida, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge ligou para ele dizendo que estava protocolando no Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma ação contra a soltura.
 
“Depois foi o (presidente do TRF-4) Thompson (Flores) quem nos ligou. ‘Eu estou determinando, não soltem’. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema”, resumiu a trajetória de mandos e desmandos que acabou culminando com a manutenção de Lula no cárcere.
 
O ex-presidente e candidato nessas eleições pelo PT, encontra-se desde o dia 7 de abril na superintendência da Polícia Federal, o que desagrada a instituição, revela Galloro. 
 
“O juiz Moro me ligou, pediu nosso apoio, ele sabe que não temos interesse nisso. Mas, em prol do bom relacionamento, nós cedemos”. O porta-voz da PF explicou também que não são responsáveis pela organização e regras para visitas, “mas [sim] o juiz da Vara de Execuções Penais”, completando:
 
“O Lula está lá de visita, de favor. Nas nossas novas superintendências não vão ter mais custódia. No Paraná, não vamos mexer agora. Só depois da Lava Jato”.
 
Nesta entrevista, Garollo também comentou que não tentou trocar de delegado no inquérito que investigam irregularidades do presidente Temer no Decreto dos Portos e que não acredita que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, blindou Cleyber Malta (o delegado responsável) ao autorizar a prorrogação do inquérito.
 
“Não. Eu estive com o Cleyber antes de me tornar diretor-geral. Depois disso sequer o vi. Houve um momento em que eu coloquei 25 policiais para ajudá-lo. Foi no período anterior à decisão do ministro de prorrogar por mais 60 dias (…) Acho que o ministro quis dizer que Cleyber toca bem o caso. Na linha: ‘Olhe, não tire ele, não. Se ele entrar de férias, não põe outro no lugar’”.
 
Sobre a abertura de inquérito contra professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que protestam contra agentes da operação Ouvidos Moucos, que levou ao suicídio do ex-reitor Luiz Carlos Cancellier, defendeu sua instituição dizendo que não se trata de perseguição.
 
“Depois que o reitor se suicidou, uma situação terrível, começou um movimento de muita crítica às autoridades que participaram da investigação, a delegada, a juíza, o corregedor da universidade. Foram colocadas fotos deles dizendo: ‘autoridades que cometeram abuso de poder e mataram o reitor’. E essa faixa é exposta toda vez que fazem uma manifestação. E essas autoridades se sentiram ofendidas”. 
 
Redação

12 Comentários

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  1. Mais um que prevaricou

    Se sabia que era para cumprir, por que nao cumpriu? Carteirada por telefone agora vale como LEI?

    Triste esse Brasil dos concursados!

  2. Caso Lula
    Mais um fim de semana em que Lula consegue algo positivo para sua jornada. As matérias veiculadas pela Veja e pelo Estadão demonstram que, mesmo enclausurado, ele demonstrou ao mundo (e aos brasileiros que queiram ver) um pouco do funcionamento das nossas instituições, as quais vão se contorcendo para forjar uma aparência de juridicidade. Com efeito, tudo aquilo que não é natural parace escancar a artificialidade e, por conseguinte, a realidade. Lamentavelmente, hoje é difícil não sentir o distanciamento daqueles que estão versando uma expressiva parcela do Poder para aqueles que são os titulares desse Poder e que, da mesma forma, são os titulares das regras jurídicas (do Direito) olvidados. O que vem ocorrendo é estranho ao povo e ao Direito. Estranho à Democracia e ao Estado Democrático de Direito.

  3. Pra que concurso público? Um sorteio seria mais justo
    Prevaricação se aplica?
    Preparados para o expurgo quando a democracia voltar?
    Reportagem nesse GGN há alguns dias dá conta do quadro psicológico de parte dos funcionários da PF, certamente resultado da transformação da instituição em capanga de outros interesses que não os nacionais e oficiais.
    O judiciário vai passar pelo seu expurgo também, e àqueles que são dignos do seu exercício cabe colocar a casa em ordem sob pena deste poder deixar de sê-lo e se tornar um fantasma de má memória, como já o são as Forças Armadas. (Salvo engano, há uma proposta do jurista Luiz Moreira que prevê que o judiciário deixe de ser um poder da República: haverá oposição da sociedade diante do que alguns representantes vêm fazendo? Duvido.)

    Sampa/SP, 12/08/2018 – 15:25

  4. … e nenhum dos dois, três ou quatro responsáveis por essa ilegalidade vai preso e sequer é importunado pela “justicia”.

    “Gebran e Thompson Flores (+ Moro e Raquel Dodge, grifo meu) são dois (quatro, g.m.) criminosos fora da lei.”

    JUDICIÁRIO CALHORDA, PF BANDIDA!

  5. e mais que de lambuja…

    entrega que a glória suprema que esta força tarefa incutiu na mídia é semelhante à corrupção

    para os estudos dos especialistas estrangeiros, fica a possibilidade de existir algo muito mais dantesco, a falsificação temporária da função de todos os envolvidos com esta prisão, principalmente o STF

    1. quão infeliz é o corruptor padrão brasileiro…

      não vive às custas dos contribuintes

      não falsifica a função de corromper seus iguais

      e exatamente por isso, por não ser um canastrão da justiça, precisa ser combatido e separado como um concorrente muito perigoso e prejudicial

  6. O que resta ao Lula, depois
    O que resta ao Lula, depois de tudo que está sendo descoberto, é processador todos os envolvidos nessa patranha.

    Quandro estiver na governo como presidente ou ocupando algum cargo, usar todo seu poder e influência para condenar todos eles.

    Pode demorar, mas Lula tem obrigação de fazer isto, processar todos os envolvidos.

    Até para dá uma satisfação a todos seus eleitores , admiradores e ao mundo.

    Esta fase do Brasil, não pode ficar impune para Historia. Até para servir de exemplo aos futuros golpistas togados.

  7. Crimes dos sem votos

    Dá pra entender porque Ciro Gomes recebeu porrada quando disse que o judiciário precisa voltar para sua “caixinha” ?

    Se o Brasil quiser ter futuro, o próximo Executivo e Legislativo precisam refundar o judiciário e o ministério público. Esses dois entes têm poderes demais.

  8. Prevaricadores
    O PT e o Ex-Presidente Lula tem o dever moral de processar criminalmente todos esses funcionários públicos PREVARICADORES. Todos deverão pagar com seus cargos o preço da perseguição sofrida. É inadmissível quevessa história caia no esquecimento ou se torne algo natural. Essas pessoas são pagas, e muito bem pagas pelos contribuintes para seguirem e se fazerem cumprir as leis. Jamais pode-se imaginar que usem da lei para perseguir qualquer que seja. Isso é inadmissível.

  9. A prisão do Lula aumenta sua popularidade. Soltem o Lula já!

    “Por ora, Lula prefere ficar na cadeia. A manutenção da ilusão e da fantasia lhe parece mais precisão que a liberdade. Se puder mantê-la até o final do mês, às vésperas da estréia da campanha televisa, ele transformará o debate eleitora até lá numa discussão sobre a candidatura Lula – e isso pode render votos.

    Se, ao contrário, ele fosse solto ou apenas declarado inelegível desde já, o discurso da vitimização estaria esvaziado. Os adversários passariam a concentrar seus ataques em Haddad, e Lula passaria do noticiário político para o policial”.

    Hélio Gurovitz, O dilema do prisioneiro Lula

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