Supremo ficou refém de seu posicionamento, por Emmanuel Pinheiro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Supremo ficou refém de seu posicionamento

Por Emmanuel Pinheiro

Comentário ao post O xadrez-relâmpago inconcluso das decisões do Supremo

Não houve grandes surpresas no julgamento de ontem, ao menos quanto a ADIn, que buscava a inconstitucionalidade do artigo do regimento interno da Câmara. Apesar de algumas tentativas argumentativas (Marco Aurélio e Barroso), o texto não possui nada contrário ao texto constitucional.

Nos mandados de segurança, relatados por Barroso, já houve uma posição inquietante. Não foram providos por maioria, nos votos vencidos, uma indicação de reverência a decisão de Cunha, pela independência dos poderes. Poderia ser um resultado normal, não fossem as discussões em seu desfecho. A discussão sobre como seria resolvido um empate no caso, explicitou a importância do regimento interno de cada poder e, diferente do que foi pregado por ele, o min. Gilmar Mendes viu um direito subjetivo de aplicação do regimento do STF, conforme sua opinião.

A discussão não teve repercussão prática, mas demonstrou uma característica esperada em instituições democráticas. Havendo um impasse, o presidente da corte, min. Lewandovski, levou a questão ao plenário, que tomou decisão não aplicável pela inexistência de empate, entretanto deixou claro que o regimento interno vale e que seu respeito é direito dos integrantes de um poder. Só faltou esta mesma corte indicar nesse mandado de segurança que o regimento da Câmara também é válido, que a indicação deputado não é sinônimo de bancada e que faltou ao presidente da Câmara a postura democrática de, em questão de tamanha repercussão, consultar os pares.

Por fim, no mandado de segurança relativo ao relatório, o STF virou refém de sua decisão. Seguindo a lógica da ADPF sobre o rito do impeachment, chegaram a conclusão de que o relatório da comissão de nada vale. O problema disto é que voto de parlamentar, diferente de um juiz, não é fundamentado, de modo que qualquer manifestação sobre o tema pode influenciá-lo. Assim sendo, a demonstração que o Supremo deu ontem foi de que o impeachment é simplesmente um processo político e, ao que me parece, não adentrará no mérito, mesmo com alguns ministros favoráveis a esta tese.

Vejo com pesar isto, pois a mensagem que fica é que presidente impopular pode ser deposto, apesar do texto Constitucional, transformando nosso presidencialismo em mais uma jaboticaba.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Nada se tem a lamentar, nem

    Nada se tem a lamentar, nem essa de o Supremo ter ficado refém de sua decisão. O Supremo Tribunal Federal mostrou  que também é parte do golpe, isso sim, ao menos em sua maioria, e os Ministros que possam divergir, exceção do Marco Aurélio Melo, não se arriscam, silenciam. Falam muito bonito, mas agem de modo muito feio.  Essa a verdade. Nada diferente de 1964. Houvesse cadafalso à frente, uns dois ou três pagariam com o pescoço sua divergência. A diferença é que dessa vez a  maioria pode continuar Ministros, mas com suas biografias chamuscadas, porque fazem política, prevaricando ao não cumprirem suas funções judicantes, desmoralizados, com direito de muitos admitirem venalidade em seus atos.  porque há muitas chances de não ter golpe.

  2. Não Se Pode Analisar O Supremo…

    Bom dia.

    … dissociado de uma necessária análise, compósita, global, da Justiça, enquanto instituição de Estado. A Justiça brasileira (ou o que vem a pretender sê-lo) é, tem sido, historicamente, coonestadora da violência do Estado, em suas várias vertentes,  uma justiçadora da Casa Grande. Justiça (sic!) punitiva, patronal, seletiva, confessional, arrogante, autossuficiente.
    O STF(4p) é reflexo da justiça (!) da Casa Grande. Ou partimos para uma (defendo isso, há séculos) rotunda reforma da justiça (!) ou continuaremos a viver eterno clima de golpe. Problema na origem…

  3. A curva fora do ponto.

    O STF é refém da violenta pressão exercida pela associação espúria da imprensa golpista, lava jato e políticos mais do que suspeitos.

    Em resumo: O STF está ca…., (tremendo) de medo.

  4. A inutilidade,….

    … de qualquer análise, ou tentativa de análise do judiciário no Brasil.

     

    Do contínuo que bate o carimbo no guichê de entrada nos processos até os juízes da mais alta corte do país, …  a corrupção e o corporativismo mancha, denigre e apodrece aos pobres coitados que tentam ser honestos nesse ambiênte podre…

    vejam essa troca de mensagens entre deputados:

     

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/temer-prometeu-parar-a-lava-jato-diz-mensagem-de-whatsapp-de-deputado/

     

    Se o judiciário não se manifestar sobre isso, … sobre essa quadrilha vergonhosa, … perde o pouco que tinha de credibilidade,  …. passa a ser um cancer que apodrece o estado brasileiro e suga o sangue do povo que trabalha…

     

    judiciário, … o poder mais corrupto da República !

  5. O STF  (Só Tem Frouxo) é um

    O STF  (Só Tem Frouxo) é um tribunal irrelevante, contra José Dirceu, quando não tinham nenhum fiapo de prova, condenaram com base em uma obscura interpretação de uma doutrina jurídica estrangeira, já contra Eduardo Cunha, contra quem pesam inúmeras provas de corrupção, deixam livre leve e solto e ainda por cima comandando o processo para retirada do poder de uma presidenta eleita com 54 milhões de votos, sem falar que usa descaradamente as prerrogativas do cargo para escapar impune dos crimes que cometeu. Barroso ficou perplexo com o que chamou alternativa de poder, se olha-se para os lados veria que ele e companhia são frutos da mesma estrutura podre, não tem nenhum santo nessa história.

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