Nardes indica reprovação das contas de Dilma na próxima quarta

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O parecer final do relator Augusto Nardes foi enviado aos outros ministros, que vazaram à imprensa. O TCU já agendou o julgamento para o próximo dia 7 de outubro
 
 
Jornal GGN – Está programado para a próxima quarta-feira (07) o julgamento das contas da presidente Dilma Rousseff de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O parecer final do relator do processo, o ministro Augusto Nardes, recomenda a rejeição das contas, de acordo com O Globo, que obteve o parecer distribuído por Nardes aos demais ministros.
 
Para que as contas sejam rejeitadas, a maioria dos nove ministro do Tribunal deve concordar com Nardes. Precavendo-se de análises sobre a parcialidade do TCU, Augusto Nardes publicou em sua página do Facebook: “Julgaremos com equilíbrio e com toda avaliação técnica. Toda a minha equipe é concursada. Os ministros são eleitos pelo congresso nacional em votação secreta. Isto dá independência para a corte” [sic].
 
 
Em 13 de setembro, o ministro adiantou que havia recebido as explicações finais da presidente Dilma em relação às 12 irregularidades encontradas pelo Tribunal caracterizadas por ele como “com indícios graves”, entre elas as chamadas pedaladas fiscais, quando o governo cria uma dívida com bancos públicos para o repasse de recursos a programas federais. No comentário também publicado em sua página pessoal, admitiu que “em oito anos é a primeira vez que se estabelece o contraditório para um presidente do Brasil, as contas eram sempre aprovadas com ressalvas”. “As nações fracassam porque às instituições não cumprem sua parte”, completou, indicando a reprovação.
 
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Sexta-feira recebi as explicações finais da presidente Dilma em relação 104 bilhões com indícios graves de…

Posted by João Augusto Ribeiro Nardes on Domingo, 13 de setembro de 2015

 
Sobre as recentes declarações do ministro do TCU, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou nesta sexta (02) que Nardes tem falado demais. “Eu acredito que o ministro Nardes tem se manifestado em demasia publicamente sobre esses processos. E isso é um ponto de preocupação, e essas manifestações têm sinalizado uma intenção de reprovação”, afirmou, após o anúncio da reforma ministerial. 
 
O documento com o seu parecer foi encaminhado na noite de ontem aos demais ministros que vão julgar o balanço de 2014 na próxima semana. “As contas não estão em condições de serem aprovadas, recomendando-se a sua rejeição pelo Congresso Nacional”, diz o parecer.
 
A posição do ministro segue o relatório técnico do TCU sobre as contas, no qual os auditores concluem pela existência de “irregularidades graves na gestão fiscal”, comprometendo o equilíbrio das contas públicas, diz o documento.
 
O parecer rejeita a defesa da presidente Dilma para 12 dos 15 indícios de irregularidades listados pelo tribunal, informa o jornal O Globo, que analisou o arquivo.
 
Nessa mesma linha posiciona-se o Ministério Público do TCU: “O MP/TCU manifesta-se por que este tribunal aprove parecer prévio, no sentido de que as contas do governo referentes ao exercício de 2014 não representam as posições financeira, orçamentária, contábil e patrimonial em 31/12/2014, bem como não observaram os princípios constitucionais e legais que regem a administração pública federal”.
 
Os 14 auditores que analisaram as respostas do governo afirmaram que “não foram expostos elementos suficientes para elidir as irregularidades apontadas”
 
De acordo com essas informações, a tendência é o plenário aprovar um parecer pela rejeição das contas, o que não ocorre desde 1937. Mas a palavra final é do Congresso Nacional, que pode manter a recomendação ou modificá-la. A oposição busca usar a possível rejeição para um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
 
Leia mais sobre Augusto Nardes:
 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

19 Comentários

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      1. Parece-me que ele entrou pela

        Parece-me que ele entrou pela cota do Congresso. Cabia ao Lula apenas nomeá-lo.

        O CN escolhe 6 e o PR os outros 3 ministros, sendo que apenas 1 é de sua livre escolha; os outros dois são escolhidos por ele, mediante a “famosa” lista tríplice – esta constitucionalmente prevista -, entre os concurseiros que ocupam os cargos de Auditor Substituto de Ministro e Procurador do MP de Contas.

        Ainda que o TCU rejeite as contas – do governo passado! -, é preciso que o Congresso em peso (2/3) concorde com a rejeição para que seja aberto o processo de impeachment. A CF é clara: o PR não pode sofrer o processo em relação a atos praticados em período anterior ao atual mandato.
        O golpismo é tão descarado que não conseguem arranjar uma forma de legitimar a abertura do processo.

      2. Faz tempo que eu digo: No

        Faz tempo que eu digo: No futuro, o primeiro que abrir a boca para pronunciar a palavra “republicano” terá que levar muita porrada pra deixar de ser bobo!

  1. Até o “petralha” que governa
    Até o “petralha” que governa São Paulo viu que a história de “pedaladas” que o TCU “INVENTOU” é extremamente frágil e ameaça a democracia !! Mas o ministro corrupto do tribunal segue com o golpe. …  .”Governador de São Paulo reuniu empresários no Palácio dos Bandeirantes e condenou um eventual impeachment provocado por um motivo fútil, como as chamadas pedaladas fiscais; Geraldo Alckmin disse ainda que, se isso ocorrer, “há risco para a democracia, pois nenhum governo terá mais segurança jurídica de que terminará o mandato”; no encontro, que teve representantes de empresas como Bradesco, Brasil Foods e Riachuelo, ele afirmou ainda que há exemplos de “pedaladas” em estados e municípios e também disse que qualquer pretexto poderá ser usado para tirar governantes do cargo;”  https://www.brasil247.com/pt/247/sp247/197678/Alckmin-se-Dilma-cair-todos-estarão-ameaçados.htm

  2.  “As nações fracassam porque

     “As nações fracassam porque às instituições não cumprem sua parte” 

    Nardes, o grande “estadista”. 

  3. Pegar fogo nunca foi atração de circo…

    Por que não pedir o impeachment desta figura, que tem muitas suspeitas sobre si, na Castelo de Areia, e possivelmente na Zelotes? Será que ele está seguindo a lógica do Eduardo Cunha achando que o planalto o está perseguindo?

    Como dizem, pegar fogo nunca foi atração de circo, mas que dá um belo espetáculo dá. O problema que esse pessoal se esquece que está de baixo da lona, e pode não sobrar ninguém…

  4. A terra natal do ministro

    A terra natal do ministro esta semana entrou no noticiário com a Câmara de Vereadores e a farra das diárias. A cidade ganhou o título de vice-campeã do  Estado. Pelo visto, na próxima semana, com o “ilustre” ministro a fama só tende a aumentar, ainda mais se sairem mais detalhes da operação Zelotes… Sai urucubaca

  5. O TCU é 100% de direita

    Todos os petistas ou esquerdistas aventados para ocupar uma vaga no TCU foram metralhados. Como o senador José Pimentel PT/CE. Mas pergunta pra ver se tem gente que foi da ARENA.

  6. Mas que argumentos perebas,

    Mas que argumentos perebas, esse do DD ministro:

    1) Toda a minha equipe é concursada.

        Poderia ser diferente? O TCU compõe a Administração Pública. Nos seus quadros só se pode ingressar via concurso público. Alegativa similar seria dizer que “toda a minha equipe é formada por seres humanos”.

    2) Os ministros são eleitos pelo Congresso Nacional. 

        Certo. São indicados pelo Chefe do Executivo e nomeados após aprovação do Senado Federal. Entretanto, a maioria dessas indicações recaem para políticos: a) Ou em fim de carreira; b) Derrotados em pleitos(prêmio de consolação); c) Apadrinhados por caciques políticos. Sua indicação, por exemplo, não foi por expertise, mas por ser prócer do PP.

    O que efetivamente conta, ou contará, é a verdade. Um parecer infenso de qualquer pressão, em especial da midiática.

    1. Não é o TCU que queremos, mas ele faz parte da democracia

       

      José Carlos Lima Spin (sexta-feira, 02/10/2015 às 18:54),

      Você está julgando muito pela aparência sem ligar para o contexto e nem para a essência. Você até hoje insiste que na Ação Penal 470 julgada no STF não havia corrupção e sim caixa dois. Recentemente os deputados defendendo o uso de doações empresariais alegaram que sem a legalização das doações vai haver caixa dois. Eles devem pensar como você e esquecem que o STF considerou que caixa dois quando o funcionário público é alguém com o poder de um deputado federal ou de um candidato a deputado federal se configura corrupção do caput do artigo e não caixa dois.

      Os deputados pensam que como eles obtiveram êxito no esforço que fizeram para impedir que o PT aumentasse a pena de caixa dois, eles podem continuar fazendo caixa dois que tem uma pena pequena e logo prescreve. Esquecem, entretanto, o mais importante no julgamento da Ação Penal 470 no STF: a condenação foi apenas com base no caput do artigo e, portanto, sem a prática do ato a que se refere o § 1º do Art 317 do CP no caso da Corrupção Passiva. Ninguém foi condenado por ter votado assim ou assado. Foi condenado pelo recebimento de vantagem indevida.

      Aqui também você está preocupado com a formação do TCU esquecendo que a formação do TCU é do processo democrático. O fato de o máximo que o PT conseguiu foi indicar a Mãe de Eduardo Campos para o TCU apenas mostra o quanto a esquerda sempre foi minoria no Congresso Nacional. Dada a crise econômica em 2014, o Congresso pendeu ainda mais para a direita e a esquerda sofre por isso.

      Aqui há essa campanha toda contra o TCU, e, no entanto, a decisão do TCU considerando crime de responsabilidade as chamadas pedaladas é instrumento de controle da União sobre estados e municípios. Há até que se pensar se o TCU não está fazendo o jogo do governo. Se fosse outra a condição política da presidenta Dilma Rousseff, isto é, se ela não estivesse tão fragilizada no Congresso Nacional, ela poderia fazer esforço para que as contas dela de 2014 fossem rejeitadas pelo Congresso Nacional. Porque o ato ilegal praticado antes do atual mandato não pode ser motivo para impeachment. É claro que corta a carreira política dela, mas não tem nenhum efeito sobre a possibilidade de impeachment no atual mandato.

      Sou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Considero uma lei para a União tolher e controlar os governos estaduais e municipais. Não sei se as pedaladas estariam expressamente proibidas na Lei de Responsabilidade Fiscal. Caso não estejam, mas o TCU declarar que estejam, todos os governos da União, dos estados e dos municípios estão a partir de agora submetidos a essa orientação. É tudo que a União quer: controlar a execução orçamentária financeira de Estados e Municípios que salvo o Estado de Tocantins não possui Medidas Provisórias que é um instrumento para legalizar as pedaladas caso elas sejam consideradas ilegais. Foi com intento de controle que a Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada, mas infelizmente ou felizmente apresentando vários furos.

      Há o comentário abaixo do Paulo Cezar de sexta-feira, 02/10/2015 às 16:41, em que há a seguinte afirmação de Geraldo Alckmin a respeito do impeachment com base na decisão do TCU sobre as pedaladas:

      “há risco para a democracia, pois nenhum governo terá mais segurança jurídica de que terminará o mandato”.

      Não em relação à presidenta Dilma Rousseff, mas em relação a ele, é bem esse o motivo apontado por Geraldo Alckmin que faz a decisão do TCU, apesar de ser contra o governo vir a ser utilizada pelo governo. Agora a declaração de Geraldo Alckmin é bastante falha no que diz respeito a atual discussão sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, sendo mais de interesse próprio. Ele não quer correr o risco da insegurança jurídica de ter uma decisão contrária no TCE de São Paulo e com isso ficar impedido pela lei de Ficha Limpa. E há também o risco do impeachment, mas só para as contas dele a serem analisadas pelo TCE daqui para frente. E é exatamente aí que mora o perigo porque a decisão do TCU torna-se lei daqui para frente. Na verdade, não se torna lei, mas apenas diz como a lei deve ser entendida. E qualquer governante que praticar as pedaladas daqui para frente pode ser condenado pelo respectivo Tribunal de Contas.

      Aliás, a frase de Geraldo Alckmin é bem política porque traz um falso motivo em relação ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, embora motivo verdadeiro em relação a ele, e que o faz passar por bonzinho, pois estaria defendendo a presidenta Dilma Rousseff e não a ele, e, além disso ele se defende sem que as pessoas achem que ele está se defendendo, e finalmente ele esconde o verdadeiro motivo que torna a decisão do TCU inócua em relação impeachment da presidenta Dilma Rousseff, motivo que se explicitado o deixaria mal com os arautos do PSDB que dizem que é possível o impeachment por ato do mandato anterior.

      A respeito do impeachment vale ler aqui no blog de Luis Nassif o texto de Lênio Luiz Streck “Constituição é contra impeachment de Dilma por fato do mandato” publicado pelo Consultor Jurídico e que foi reproduzido no post “Constituição é contra impeachment de Dilma por fato do mandato”, podendo ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/constituicao-e-contra-impeachment-de-dilma-por-fato-do-mandato-anterior

      Então para que a presidenta Dilma Rousseff sofra impeachment pela decisão do TCU seria necessário que o Brasil se transformasse numa república paraguaia.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 02/10/2015

  7. parente do cunha

    esse é outro hipócrita corrupto querendo moralidade … cunha/aécio/nardes … trio do poder tucanóide … ah, esqueci do gilmar vendes …

  8. a BandNews foi a única a transmitir direto

    na íntegra, a entrevista coletiva dos 3 representantes do governo e suas ótimas argumentações, questionados por vários jornalistas, até mesmo da Reuters (por sua jornalista aqui representante)

    BandNews é em canal pago, plano básico.

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