Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
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Torcida organizada e “Justiça” brasileira, por Percival Maricato

Os torcedores do Corinthians que invadiram o centro de treinamento do clube, após arrombarem parte da cerca e agrediram jogadores e funcionários, foram….absolvidos. O promotor preferiu não apelar da sentença, onde está dito que eles apenas queriam demonstrar “inconformismo” com as derrotas do clube. Para quem não lembra um deles pegou um roupeiro pela garganta, diverso faxineiros foram agredidos, jogadores ameaçados e  humilhados, alguns episódios com ameaças e violência foram filmados.

Nada a estranhar pois, com a agressão ao zagueiro André do Flamengo ou com a quebra das cadeiras no estádio do antigo clube do Parque São Jorge, hoje de Itaquera. Devemesses episódios, segundo S Excia, serem postos na conta dos inconformismos. Sabe-se lá até onde o inconformismo  pode chegar.

Sou do tempo em que torcidas se misturavam na geral ou nas arquibancadas dos estádios gritando e estimulando seu clube, sem agressões ao vizinho. Lembro que assisti aos três jogos do supercampeonato entre Palmeiras e Santos em 1959, o time de Julinho x o time do Pelé, num local onde tinha mais santistas e torci o tempo todo sem ser incomodado e até trocando opiniões. Velhos tempos.

É cansativo ouvir que o festival de violência dessas torcidas, em meio às quais muita gente se mistura apenas para poder descarregar seus recalques e frustrações do cotidiano na torcida adversária, ou outras facções de torcidas do próprio clube, ou até nas cadeiras ou nos carros do metrô, na falta delas, só terminará quando os dirigentes, a polícia e a Justiça reagirem. Mas raramente acontece algo. Muitos dirigentes tem rabo preso e então preferem se omitir. O futebol reflete um microcosmos do país:  se tem máfias em cima, por que não máfias em baixo?

Alguém propôs que apenas torcidas do próprio clube deveriam ser admitidas em jogos em que eles tivessem mando. Não resolveria, pois os conflitos e a quebra de cadeiras poderia acontecer do mesmo jeito. Torcedores do Palmeiras poderiam quebrar as cadeiras do novíssimo Parque Antarctica, em protesto contra o “presidente Paulo Nobre” (como se ele  que fosse pagar). È sem dúvida revoltante a capacidade dos dirigentes do Palmeiras de colecionarem times de jogadores sofríveis, alguns perna de paus já dispensados em uma dezena de outros clubes,

Dizem que o Palmeiras promete cobrar em Juízo os criminosos, que podem ser identificados por filmes. Devia fazê-lo e também na área penal. No entanto, dificilmente isso acontecerá. Uma pena pois a maioria dos valentes quando em massa, onde se escondem, encolhem ao ver o oficial de justiça bater em sua porta, ou quando tem que enfrentar um delegado de polícia e seu escrivão tomando seus depoimentos em um inquérito formal.  Todos sabem o quanto custa a irresponsabilidade, quando algo acontece. Outra possibilidade importante é a de torcedores processarem dirigentes. Se os do Palmeiras não cumprirem obrigações, pelo menos os que são sócios do clube deveriam exigir em Juízo a perda dos cargos e o ressarcimento do clube. A torcida deveria sim levar faixas de protesto ao campo ou a Pça da Sé, distribuir manifesto, e etc. O que menos dá  resultados  é vandalismo, O certo era excluir os vândalos  de campo, no mínimo.

Ou é isso, ou então teremos que voltar a estádios onde o lugar de sentar volte a ser a bancada de concreto, algo que um sujeito boçal, o valente em massa, não pode quebrar. Certamente estará em local mais adequado.  E assim terminaremos também com essa pretensão de frequentar estádios com mulheres e crianças. Quem voltem a ser arenas do circus maximus. Tem quem defende até esta possibilidade, de agressões contra o estádio ou outras torcidas. Se facções de torcidas organizadas lutam entre si, se um sujeito recalcado quebra cadeiras no estádio, deixam de usar o acúmulo de frustrações contra outros bens ou pessoas.

Não é nada fácil o caminho da civilização. Mas pergunto se não estamos regredindo.

Percival Maricato

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Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

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