Os 100 livros mais influentes segundo o Times Literary Suplement

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O blog Mundo de K resgatou uma publicação do Times Literatury Suplement sobre os 100 libros mais influentes da história, com direito a indicação de leitura extra como entrevistas ou resenhas sobre as obras elencadas. O autor do blog faz uma ressalva sobre essa seleção de 1995: não há, nela, ilustres escritores como Kafka, Freud ou mesmo Heidegger. Mas há um belo passeio sobre o que as décadas de 1940, 50, 60, 70 e 80 registraram na literatura.  

Sugerido por Gilberto Cruvinel

Os 100 livros mais influentes segundo o Times Literary Suplement

Por Alexandre Kovacs, no blog Mundo de K

O suplemento literário do Jornal Times de 6 de Outubro de 1995 publicou uma lista com os 100 livros que mais influenciaram a cultura ocidental após a Segunda Guerra Mundial. Nesta relação não foram consideradas obras importantes da primeira metade do século XX produzidas por autores como Sigmund Freud, Martin Heidegger, Aldous Huxley e Franz Kafka. Enfim, assim como toda lista é sujeita a contestações e emendas, mas tem como maior mérito relembrar alguns clássicos da nossa época e abranger várias áreas do conhecimento humano, além da literatura, como filosofia, antropologia, economia, história, política etc. Acrescentei a tradução dos títulos com ano de publicação e alguns links, um serviço de utilidade pública.

Livros da década de 1940
(01) Simone de Beauvoir: O Segundo Sexo (1949);
(02) Marc Bloch: Apologia da História (1949);
(03) F. Braudel: O Mundo Mediterrâneo (1949);
(04) James Burnham: A Revolução Gerencial (1941);
(05) Albert Camus: O Mito de Sísifo (1942);
(06) Albert Camus: O Estrangeiro (1942);
(07) R. G. Collingwood: A Idéia de História (1946);
(08) Erich Fromm: O Medo à Liberdade (1941);
(09) T. W. Adorno: Dialética do Esclarecimento (1947);
(10) Karl Jaspers: O Escopo Perene da Filosofia (1948);
(11) Arthur Koestler: O Zero e o Infinito (1940);
(12) Andre Malraux: A Condição Humana (1933);
(13) Behemoth: Estrutura e Prática do Nacional Socialismo (1944);
(14) George Orwell: A Revolução dos Bichos (1945);
(15) George Orwell: 1984 (1949);
(16) Karl Polanyi: A Grande Transformação (1944);
(17) Karl Popper: A Sociedade Aberta e Seus Inimigos (1945);
(18) Paul Samuelson: Introdução à Análise Econômica (1948);
(19) Jean-Paul Sartre: O existencialismo é um Humanismo (1946);
(20) J. Schumpeter: Capitalismo, socialismo e democracia (1942);
(21) Martin Wright: Política do Poder (1946).

Livros da década de 1950
(22) Hannah Arendt: As Origens do Totalitarismo (1951);
(23) Raymond Aron: O ópio dos intelectuais (1955);
(24) Kenneth Arrow: Escolha Social e Valores Individuais (1951);
(25) Roland Barthes: Mitologias (1957);
(26) Winston Churchill: A Segunda Guerra Mundial (1953);
(27) Norman Cohn: A Perseguição do Milênio (1957);
(28) M. Djilas: Uma Análise do Sistema Comunista (1957);
(29) Mircea Eliade: Imagens e Símbolos (1952);
(30) Erik Erikson: Young Man Luther (1958);
(31) Lucien Febvre: Combates pela História (1953);
(32) John Kenneth Galbraith: The Affluent Society (1958);
(33) E. Goffman: A Representação do Eu na Vida Cotidiana (1956);
(34) Arthur Koestler: O Deus que Falhou (1959);
(35) Primo Levi: É Isto um Homem? (1958);
(36) Claude Levi-Strauss: A World on the Wane (1955);
(37) Czeslaw Milosz: A Mente Cativa (1953);
(38) Boris Pasternak: Doutor Jivago (1958);
(39) David Riesman: A Multidão Solitária (1950);
(40) Herbert Simon: Modelos do Homem (1957);
(41) C. P. Snow: As Duas Culturas (1959);
(42) Leo Strauss: Direito Natural e História (1953);
(43) J. L. Talmon: As Origens da Democracia Totalitária (1952);
(44) A. J. P. Taylor: The Struggle for Mastery in Europe (1954);
(45) Arnold Toynbee: Um Estudo da História (1934 – 61);
(46) Karl Wittfogel: Despotismo Oriental (1957);
(47) Ludwig Wittgenstein: Investigações Filosóficas (1953).

Livros da década de 1960
(48) Hannah Arendt: Eichmann em Jerusalém (1963);
(49) Daniel Bell: O Fim da Ideologia (1960);
(50) Isaiah Berlin: Four Essays on Liberty (1969);
(51) Albert Camus: Notebooks 1935 -1951 (1964);
(52) Elias Canetti: Massas e Poder (1960);
(53) Robert Dahl: Quem Governa? (1961);
(54) Mary Douglas: Pureza e Perigo (1966);
(55) Erik Erikson: A Verdade de Gandhi (1969);
(56) Michel Foucault: História da Loucura (1961);
(57) Milton Friedman: Capitalismo e Liberdade (1962);
(58) Alexander Gerschenkron: Atraso Econômico (1962);
(59) Antonio Gramsci: Cadernos do Cárcere (1960);
(60) H. L. A. Hart: O Conceito da Lei (1961);
(61) Friedrich von Hayek: A Constituição da Liberdade (1960);
(62) Jane Jacobs: Morte e Vida de Grandes Cidades (1961);
(63) Carl Gustav Jung: Memórias, Sonhos e Reflexões (1960);
(64) Thomas Kuhn: A estrutura das revoluções científicas (1962);
(65) Emmanuel Le Roy Ladurie: The Peasants of Languedoc (1966);
(66) Claude Levi-Strauss: The Savage Mind (1962);
(67) Konrad Lorenz: A Agressão (1966);
(68) Thomas Schelling: A Estratégia do Conflito (1960);
(69) Fritz Stern: The Politics of Cultural Despair (1961);
(70) E. P. Thompson: Formação Classe Operária Inglesa (1963).

Livros da década de 1970

(71) Daniel Bell: As Contradições Culturais do Capitalismo (1976);
(72) Isaiah Berlin: Pensadores Russos (1978);
(73) Ronald Dworkin: Levando os Direitos à Sério (1977);
(74) Clifford Geertz: A Interpretação das Culturas (1973);
(75) Albert Hirschman: Exit, Voice, and Loyalty (1970);
(76) Leszek Kolakowski: Correntes Principais do Marxismo (1976);
(77) Hans Kueng: Ser Cristão (1977);
(78) Robert Nozick: Anarquia, Estado e Utopia (1974);
(79) John Rawls: Uma Teoria da Justiça (1971);
(80) Gershom Scholem: A Idéia Messiânica no Judaísmo (1971);
(81) Ernst Friedrich Schumacher: Small Is Beautiful (1973);
(82) Tibor Scitovsky: The Joyless Economy (1976);
(83) Quentin Skinner: Bases do Pensamento Político Moderno (1978);
(84) Alexander Solzhenitsyn: Arquipélago Gulag (1973 – 1978);
(85) Keith Thomas: Religião e o Declínio da Magia (1971).

Livros da década de 1980 e além
(86) Raymond Aron: Memórias (1983);
(87) Peter Berger: A Revolução Capitalista (1986);
(88) Norberto Bobbio: O Futuro da Democracia (1984);
(89) Karl Dietrich Bracher: A Experiência Totalitária (1987);
(90) John Eatwell and others: Dicionário de Economia – 4 vol. (1987);
(91) Ernest Gellner: Nações e Nacionalismo (1984);
(92) Vaclav Havel: Living in Truth (1986);
(93) Stephen Hawking: Uma Breve História do Tempo (1988);
(94) Paul Kennedy: Ascensão e Queda das Grandes Potências (1987);
(95) Milan Kundera: O Livro do Riso e do Esquecimento (2001);
(96) Primo Levi: Os Afogados e os Sobreviventes (1990);
(97) Roger Penrose: A Mente Nova do Rei (1993);
(98) Richard Rorty: Filosofia e o Espelho da Natureza (1979);
(99) Amartya Sen: Recursos, Valores e Desenvolvimento (1984);
(100) Michael Walzer: Esferas da Justiça (1983).

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. De cara uma constatação… A

    De cara uma constatação… A mirada de quem selecionou essa lista é capitalista ou está à serviço do grande Capital. E como toda seleção de lista dos melhores livros, é bastante questionável sob o ponto de vista literário.  

  2. Eu  adoro ler. É puro

    Eu  adoro ler. É puro diletanismo mesmo. Não procuro aprender mais nada.Minha cérebro quando aprende algo,esquece outra coisa que sabia– coisas da idade.

      Nessa lsta eu li apenas 5 livros.

             Mas o quero falar é outro.Faço minhas as palavras do articulista: E parece que seus mestres não estão na listas.

                      LEONARDO PADURA

    Os mestres

    Literatura é um processo intelectual no qual o criador é também resultado da obra de muitos artistas

    O grande escritor cubano Alejo Carpentier recomendava aos colegas que nunca revelassem a identidade de seus mestres literários.

    O ato de reconhecer influências e magistérios poderia, em muitos casos, desvelar as chaves do trabalho realizado, e o sábio e sagaz Carpentier era partidário de não exibir voluntariamente essas aprendizagens às vezes difíceis de rastrear.

    Mas a literatura é um processo intelectual no qual o criador é também resultado da obra de muitos artistas que em seu momento lutaram com as mesmas dificuldades e incertezas que costumam acossar os que trabalham nessa disciplina.

    Antes e depois de ler o conselho de Carpentier, nunca tive o menor pudor de revelar as fontes de meus aprendizados.

    Pelo contrário: considero que isso seja um ato de honestidade, gratidão e justiça para com os escritores que me antecederam e sem cujas obras minha vida nunca teria existido –pelo menos do mesmo modo.

    Como escritor, sou devedor de tantos autores que enumerá-los me custaria todo o espaço desta crônica. Com o que cada um deles me aportou, realizei um aprendizado e uma assimilação que, com o esforço necessário, se foram convertendo em expressão individual, o que é a tarefa do escritor verdadeiro.

    Pois, um escritor cubano contemporâneo poderia não reconhecer qualquer dívida para com a obra de Carpentier? Ou com o emprego da linguagem oral cubana patenteado por Guillermo Cabrera Infante?

    Sempre reconheço que aprendi a escrever diálogos com Hemingway, que assumi o risco da criação de estruturas dramáticas “em catedral” estudando a maestria construtiva de Mario Vargas Llosa; que a visão do policial como romance social que me foi propiciada por Manuel Vázquez Montalbán, Raymond Chandler e Rubem Fonseca foi decisiva para o meu conceito de gênero; que a relação entre os indivíduos e a história que busquei expressar se deve aos mestres russos; que na concepção de argumentos assimilei algo do que sei de John Updike, J. D. Salinger e Carson McCullers; que assumi o desafio da adjetivação por conta das leituras de García Márquez; que bebi de Sartre e Camus quanto à responsabilidade social do escritor.

    E o fato é que cada um desses escritores teve, por sua vez, mestres influentes, que por via transitiva (ou ocasionalmente direta) também são meus mestres, em uma cadeia de assimilação de experiências que pode nos levar aos tempos renascentistas de recuperação da grande cultura grega: e com isso veremos que somos todos alunos de Sófocles e Eurípedes (como o foi Shakespeare, o gênio máximo), e que eles certamente também foram alunos, de mestres perdidos que remontam aos tempos dos aedos narradores de histórias épicas.

    Talvez tenha sido desses bardos errantes, no final do caminho da literatura ocidental, que aprendi a expressar algumas das inquietudes da condição humana que, desde sempre, e a nosso modo, temos tentado expressar como escritores.

  3. O livro na posição 13 da

    O livro na posição 13 da lista da década de 40 há um erro: o autor do Behemot é Franz Neumann.

    Eu fiz esta correção no comentário que postei no Fora de Pauta. Quem subiu o comentário para o blog, ao invés de buscar meu comentpário, foi bucar no blog original do post onde havia erro.

  4. A lista me pareceu enviesada,

    A lista me pareceu enviesada, embora demonstre o caráter avassalador da ideologia direitistas nos últimos trinta anos.Por exemplo, Hayek que conta com um livro nos ‘mais importantes’ da década de 1960 era completamente ignorado nessa época, era uma inexistÊncia no debate politico e intelectual. Somente nos anos 1970 que foi lembrado que Hayek existia, graças a um providencial premio nobel, a crise econômica dos anos 1970 e a reação da direita à movimentação poltica de esquerda da década de 1960.

    Note-se que livros da literatura de esquerda que provocaram enorme debate e tiveram profunda influência nos anos 1960 foram completamente ignorados. Me refiro por exemplo a “PAra ler o Capital” de Althusser e “O homem unidimensional” de Herbert Marcuse.

    1. Se tá de brincanagem com a minha cara o livro de Hayek foi distribuído gratuitamente nos EUA. A Margareth Thatcher usou Hayek como referência para governar…

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