Recado de Primavera, de Rubem Braga

Por jns

Recado de Primavera

 

“Quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?” – Vinícius

 

Redação

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  1. Viva a Ditadura,

    o sexo, a bebida e a bossa

    Vinícus lotava teatros no Brasil, Roma, Paris, Lisboa, Buenos Aires e, como não conseguia conciliar a música com a carreira diplomática, foi detonado pela ditadura no final da década de 60 – ganhamos todos!

    Após o AI-5, Vinicius foi, sumariamente, mandado para a rua e o então chefe do SNI, o cavalar João Baptista Figueiredo, tripudiou sobre a demissão do poetinha: “Nem pestanejamos. Mandamos brasa!”

    Perdemos o diplomata e ganhamos o poeta que viveu de bem com a vida e inspirou todo um folclore em torno da complexa relação com a bebida.

    O ‘uisquinho’, diminutivo afetuoso, tornou-se a marca registrada do reconhecido conquistador.

    Ele definia o seu ‘uisquinho’ como “o cachorro engarrafado”, o melhor amigo do homem.

    Era sempre visto com um litro na mesa e um copo na mão, até nos shows.

    Vinícius adorava o apelido “Vate 69”, criado a partir de uma marca de scotch, o Vat 69.

    Vate, sabemos, significa poeta, versejador e, também, profeta, vaticinador, vidente, já o 69, deixa pra lá…

    Ou, melhor: ‘sexo, bebida e bossa nova’.

    “E a coisa mais divina / Que há no mundo / É viver cada segundo / Como nunca mais”, cantava o poetinha.

    Carlos Drummond de Andrade, confessou:

    – “Eu queria ter sido Vinícius de Moraes. Foi o único de nós que teve vida de poeta, que ousou viver sob o signo da paixão.”

    1. bendito seja

      A Mulher e seu Passado

      Ela conta a história de uma freira que a atormentava no internato, em seu tempo de menina; de um homem que a fez viver longamente entre o desespero e o tédio, a revolta e a humilhação. E fica meio magoada porque a tudo eu sorrio, porque eu não pareço participar do sentimento com que ela fala contra essa gente que passou. Afinal ela também sorri: “Você é meu amigo ou amigo da onça?”

      Sou seu amigo. Mas rico ri à toa, e eu me sinto vertiginosamente rico porque essas histórias, alegres ou tristes, ela me conta de mãos dadas, junto de mim. Digo-lhe isso; mas não lhe confesso que aprovo e abençôo todas as coisas e pessoas que povoaram seu passado, e tenho vontade de dizer:

      “Benditos teu pai e tua mãe; benditos os que te amaram e os que te maltrataram; bendito o artista que te adorou e te possuiu e o pintor que te pintou nua, e o bêbado de rua que te assustou, e o mendigo que disse uma palavra obscena; bendita a amiga que te salvou e bendita a amiga que te traiu; e o amigo de teu pai que te fitava com concupiscência quando ainda eras menina; e a corrente do mar que ia te arrastando; e o cão que uivava a noite inteira e não te deixou dormir; e o pássaro que amanheceu cantando em tua janela; e a insensata atriz inglesa que de repente te beijou na boca; e o desconhecido que passou em um trem e te acenou adeus; e teu medo e teu remorso a primeira vez que traíste alguém; e a volúpia com que o fizeste; e a firme determinação, e o cinismo tranqüilo, e o tédio; e a mulher anônima que te vociferou insultos pelo telefone; e a conquista de ti por ti mesma, para ti mesma; e os integrantes do bairro que tentaram te envolver em suas teias escuras; e a porta que se abriu de repente sobre o mar; e a velhinha de preto que ao te ver passar disse: ‘moça linda…’; bendita a chuva que tombou de súbito em teu caminho, e bendito o raio que fez saltar teu cavalo, e o mormaço que te fez inquieta e aborrecida, e a lua que te surpreendeu nos braços de um homem escuro entre as grandes árvores azuis. Bendito seja todo o teu passado, porque ele te fez como tu és e te trouxeram até mim. Bendita sejas tu”.

      Pesca da boa nas água claras do site ‘Conto Brasileiro’.

  2. 2 homens inesquecíveis, como

    2 homens inesquecíveis, como não se fazem mais, eu penso ……. pois tudo mudou “De repente,,,,,, Não mais que de repente….”.

    1. Uma canção na chuva

      Rubem Braga (A outra noite – uma canção)

      Rosa Macedo e Paulo Cesar Moura

       

      Assobiei uma canção na chuva

      Os astros estão cegos  e as estrelas estão mudas

       

      A cidade é um navio fantasma

      E eu, um náufrago nessa madrugada

       

      A solidão tem mil braços, mil  rios, mil poças, mil lagos

      Mil meninos dormidos excluídos dos meninos afogados

       

      Assobiei uma canção na chuva

      Os astros estão cegos e as estrelas estão mudas

       

      Mas sobre nuvens escuras e pesadas

      Existem estrelas e uma noite enluarada

       

      Quem me disse, quem me disse foi um astronauta

      E um poeta chamado Rubem Braga

       

      Quem me disse, quem me disse foi um astronauta

      E um poeta chamado Rubem Braga

      [video:http://youtu.be/LSxB6YP-9BE%5D

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