Cai desmatamento da Amazônia, por Fernando Brito

Enviado por Webster Franklin

Desmate na Amazônia cai e é o segundo menor em 36 anos

Por Fernando Brito

Do Tijolaço

Vocês e eu assistimos, nos últimos meses, um festival de hipocrisia em matéria ambiental.

“Desmatamento na Amazônia dispara”, escreveu a Folha, não faz muito tempo.

Tudo com base em dados preliminares, colhidos em períodos curtos, a partir de observações que tem a função essencial  de alertar para a ocorrência de focos de desmate ou queimadas.

Ontem à tardinha saíram os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do programa de monitoramento da Amazônia com satélites, o Prodes, que, desde 1988,mede as taxas anuais de desmatamento na região.

E o resultado foi que o desmate em 2013/2014 caiu 18% em relação a 2013/2012.

É o segundo menor área incremento de  desmatada na Amazônia desde que começaram as medições, perdendo apenas para o de 2011/2012.

Se os jornais gostassem de fazer cálculos primários contra outros, tal como faz com Dilma, poderiam, por exemplo, dizer que o desmatamento anual em 2009, último ano de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente era 54% maior do que agora.

Uma simplificação estúpida, claro, porque programas anti-desmatamento dependem menos de pirotecnias de rapazes e moças da classe média do que de políticas públicas, de legislação e, no final da linha, do funcionamento dos órgãos de fiscalização.

O papel do Código Florestal – que ainda precisa de aprimoramentos, sobretudo na questão das matas ciliares –  foi imenso nesta mudança e tende a ser mais ainda, à medida em que suas regras vão sendo implantadas, progressivamente, sobretudo a do Cadastro Ambiental Rural, que proibirá, a partir de 2016, a concessão de crédito ao produtor rural que não o fizer.

É preciso também que, como prevê o Código, atenção a algo normalmente esquecido pela mídia: a recomposição de áreas devastadas, que este ano alcançou mais do que o dobro da quantidade de terra vitimada pelo abate de árvores.

E, sobretudo, entender que, com todos os nossos problemas ambientais, não podemos cair no “conto do vigário” de que somos os “vilões” ecológicos do planeta.

Olhe só este gráfico do Banco Mundial sobre a percentagem de área florestal do Brasil, dos Estados Unidos e a média mundial.

E você sabe que a ocupação econômica do território interior dos EUA é muito, muito mais antiga que a brasileira.

Os EUA derrubaram 90% de suas florestas e a Europa arrasou 99%. Mas a imprensa brasileira baba de inferioridade ao dizer que eles conseguiram “aumentar em 1,5%” a área florestal nos últimos anos.

Defender o meio-ambiente é uma necessidade e um ato de lucidez indispensável.

Mas fazer isso só no quintal dos outros  depois de  ter devastado o seu  e, pior ainda, impor ao planeta um modo de vida estupidamente consumista e devastador, é só hipocrisia e defesa de privilégios.

Só acredita nisso quem acredita em fadinhas ou em consciência ambiental de bancos, que ocupam o topo da “cadeia alimentar” do capitalismo.

 

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1.  
    Depois quando reclama-se

     

    Depois quando reclama-se com a bandidagem dessa imprensa de merda, corrupta e mentirosa. Os ingênuos e os de má fé, Levantam seus estandartes em defesa da liberdeda das empresas de comunicações. Crentes, ou fingindo crer, que estão a defender as liberdades de imprensa e de opinião.

    Orlando

  2. boa sacada do brito.
    europa

    boa sacada do brito.

    europa aumenta área florestal em 1,5 sobre quase zero.

    do nada aumenta 1,5.

    aqui na maior mata do mundo, cobra-se tudo

    e criminaliza-se tudo.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador