Desenvolvimento e meio ambiente

Comentário do post “Como resolver problemas inexistentes com soluções reais”

No começo do texto, vemos que o autor está preocupado com as assimitrias entre o que se propaga (ideal) e o que é possível mensurar (real). Isto se aplica à ambas “ecologias”. Contudo, vemos que no final do texto a ótica  defendida é a desenvolvimentista, não no sentido econômico, mas à vertente que prega o desenvolvimento a qualquer custo.

Qualquer cientista sabe que a ecologia é uma só. Eu, como biólogo evolucionista, não espero classificar a importância da espécie humana, muito menos a da biodiversidade restante. Somos todos parte de um processo que, como ou sem humanos, com ou sem a riqueza da biodiversidade, vai continuar enquanto a vida existir: a evolução. No âmbito da política, um certo grau de antropocentrismo pode (e deve) co-existir com o biocentrismo dos ambientalistas. Afinal, a população humana, assim como qualquer outra população natural (de hipopótamos, por exemplo), se adapta às mudanças ambientais, resultando na sua sobreviênvia temporária. A extinção é a regra do processo evolutivo. Se pudéssemos catalogar todas a espécies que já existiram neste planeta, veríamos que as espécies vivas atualmente correspondem a uma ínfima parte da história natural terrestre. Nós, humanos, seremos extintos um dia; mas enquanto existirmos lutaremos pela sobrevivência.

O problema crucial do texto é considerar como “subejetivos” os problemas de grandes obras. Sim, elas são necessárias. Sim, elas fornecem benefícios. Mas não, os problemas não são subjetivos. Sabemos que as comunidades biológicas são caracterizadas pelas complexas relações entre as diversas espécies que vivem em determinada localidade; não só os tipos de espécies mas também o número de indivíduos de cada espécie. Se, por algum motivo, os peixes diminuirem sua diversidade, tanto em tipo quanto em números, o restante da comunidade sofrerá consequências. Novamente inserindo o homem num contexto biocêntrico, constatamos que toda e qualquer ação de impacto terá consequências mensuráveis (e não subjetivas) para o restante da comunidade, inclusive o próprio homem. Isto não é devaneio; isto é ciência.

O homem, uma população natural, deve preocupar-se com sua sobrevivência sim. Grandes projetos, como a transposição do São Francisco, são de imprescindíveis para a papulação. Contudo, com mesmo grau de magnitude, seus impactos nos afetarão. Do que adianta, por exemplo, chegar água numa região se na outra, onde a pesca era fonte renda, os peixes diminuiram consideravelmente suas comunidades. Sim, concordo, essa última oração é meramente especulativa, mas existem instrumentos da política brasileira que permitem que os riscos sejam calculados e estimados. Em outras palavras, que esses riscos sejam mensurados. Avaliação de impacto ambienta, estudo de impacto ambienta, avaliação ambiental estratética e zoneamento ecológico ambiental são alguns deles. Além disse, Constanza, principal expoente economia ecológica, em sua obre “Ecological Economics”, faz a conexão entre idéias capitalistas e ambientalistas. 

Sou a favor da prosperidade humana e da biodiversidade. Teremos de contruir e teremos de causar impactos à biodiversidades. Porém, devemos sempre pensar (e medir) no quanto esses impactos afetarão os benefícios planejados. E se mesmo sabendo que os impactos superarão os benefícios, que tenhamos sempre um plano para contorna-los, ou seja, mais dinheiro para investir no reparo. Pelo princípio da parcimônia e neste ponto me permito especular, mais uma vez, notamos que essa última opção não é viável. Qual o fundamento em se causar um impacto, sabendo que mais prejudicará do que ajudará, e causará um déficit maior do que o esperado? Falo agora, em 2011, tempo no qual as tecnologias existentes não permitem que isso se concretize. Quem sabe, num futuro desconhecido, minha especulação seja infundada? Por enquanto, em minha visão, devemos nos preocupar com nossó próprio bem estar, se preocupando automaticamente com os impactos de nossa sociedade.

No fundo, me pergunto, pra que tanta discussão? Como ja dito, a extição é a regra. Numa escala de bilhões de anos a Terra sobreviverá; o homem não.

Luis Nassif

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