O protesto contra a exploração do gás de xisto em Toledo, PR

Enviado por mpaiva

Da Gazeta do Povo

População de Toledo vai às ruas contra exploração do gás de xisto
 
Mais de mil pessoas participaram de uma manifestação contra o método fracking para explorar gás de xisto. Procedimento é considerado danoso ao meio ambiente
 
Uma manifestação na tarde desta terça-feira (3) levou uma multidão às ruas de Toledo para protestar contra a exploração de gás de xisto na região Oeste do Paraná. O ato teve apoio de várias entidades representativas que consideram o método altamente danoso ao meio ambiente por usar produtos químicos injetados no solo que provocam explosões de rochas para liberar o gás. Há estudos que ligam esse tipo de procedimento a abalos sísmicos.
 
A utilização do fracking, também conhecido como fraturamento hidráulico, foi autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no ano passado por meio de um leilão. O consórcio vencedor é formado pela Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica), as empresas Petra, Bayar e Tucumann. Falando em nome do consórcio, a Copel informou que arrematou quatro blocos na porção oriental da Bacia do Paraná e que o bloco 297, onde se localiza Toledo, corresponde a área arrematada pela Petrobras.

Em nota, a companhia afirmou ainda que “quanto ao uso do fracking para obtenção de gás não convencional, a Copel reafirma sua posição de não iniciar quaisquer estudos para sua aplicação nos blocos sob sua concessão sem o suficiente diálogo com todas as partes interessadas nestas atividades, ou sem que as consequências ambientais sejam exaustivamente avaliadas.”

O Ministério do Meio Ambiente (e não a Petrobras, como informado pela Gazeta do Povo anteriormente)* enviou aos organizadores da manifestação em Toledo um documento com mais de 50 páginas detalhando todos os procedimentos da extração de gás convencional e não convencional. O documento traz um parecer técnico do Ibama sobre os impactos ambientais dos procedimentos de extração pelo método fraturamento hidráulico e reconhece que há registros de abalos sísmicos que teriam sido provocados pelo método utilizado. O Ibama recomendou ainda uma “discussão clara e abrangente por parte dos diversos segmentos da sociedade brasileira com relação a essa tecnologia.”

Para Tita Furlan, um dos organizadores do movimento, a manifestação alcançou o objetivo que era mostrar a indignação da população do Oeste do Paraná. “Que o Brasil inteiro se levante contra esse absurdo. Não permitiremos que nossas terras sejam exploradas pelo fraturamento hidráulico”, diz.

O italiano Nino Granata, que vive em Toledo há 12 anos, disse que em seu país houve exploração por meio de fraturamento hidráulico e as consequências foram desagradáveis, com a contaminação de lençóis de água. “Falaram que era uma coisa boa para a economia, para o país, mas no final a grande tecnologia foi um erro humano e quem pagou foi a população que foi abandonada pelo governo. Agora o povo é constrangido a gastar dinheiro para comprar água”, observa.

Campanha

José Marques, assistente da diretoria de desenvolvimento de negócios da Copel disse que a companhia pretende fazer uma campanha de esclarecimento para tirar as dúvidas da população. Ele enfatizou, no entanto, que o fracking ainda é apenas uma questão de estudo e que a companhia não adotará algo que não seja seguro caso os estudos indiquem que há riscos ao meio ambiente. “A Copel está focada em gás convencional, principalmente na região de Pitanga”, diz Marques.

O Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria da República em Cascavel, ajuizou na semana passada uma ação civil pública com objetivo de suspender a licitação que autorizou a exploração de gás na região Oeste do Paraná.

Diferenças

Para o geólogo Vinicius Lorence, existem poucas pesquisas sobre o fracking no Brasil para provar se existe ou não real situação de perigo do método. Ele lembra que em países como os Estados Unidos e Canadá o fraturamento hidráulico foi utilizado sem grandes impactos ambientais, mas o exemplo de lá não pode ser aplicado ao Brasil. Cada região possui rochas diferenciadas e que necessitam de novos estudos. “Não se tem estudos e, portanto, não se pode afirmar nada”, diz.

Lorence detalha ainda que até em uma mesma região o solo pode apresentar diferenças. Ele explica que em Cascavel, para atingir o aquífero Guarani, um dos maiores lençóis de água subterrâneos do planeta, é necessário perfurar 1.800 metros. Em Toledo, distante apenas 45 quilômetros, a profundidade cai para 1.100 metros. “Varia de caso para caso e qualquer incursão nessa área é prematura sem estudos”, avalia.

Uma das preocupações da população do Oeste do Paraná é que a extração de gás não convencional contamine o aquífero.

 

Redação

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Palhaço do BObama &fracking

    mpaiva,

    “Para o geólogo Vinicius Lorence, existem poucas pesquisas sobre o fracking no Brasil para provar se existe ou não real situação de perigo do método. Ele lembra que em países como os Estados Unidos e Canadá o fraturamento hidráulico foi utilizado sem grandes impactos ambientais, mas o exemplo de lá não pode ser aplicado ao Brasil.”

    O geólogo demonstra estar pessimamente informado, basta a ele ir ao Google e consultar a respeito da belíssima destruição que ocorre há muito tempou em Alberta, Canadá.

    Nos USA é a mesma coisa, óleo brotando nas ruas de algumas cidades, o sujeirto abre a torneira da cozinha e sai fogo ( boa matéria da Globo News sobre o tema fracking, quando mostra a tragédia em andamento), em resumo, a contaminação do solo é alarmante, e tudo só não é notícia por um único motivo, é USA e é petróleo que eles tanto precisam.

    O cínico do BOBama ainda vem a público prá dizer que está preocupado com o meio ambiente, aquecimento global, e a tragédia acontecendo no quintal da Casa Branca.

    A produção das jazidas em Tio Sam já começou a reduzir significativamente, muitas companhias já foram pro brejo e muitas outras estão a caminho da falência, todas as previsões de produção estão sendo revistas e isto o palhaço do BObama não pode evitar.

  2. Lamentável o que o governo

    Lamentável o que o governo está fazendo. Diante dos inúmeros casos apontando os prejuízos que o Fracking pode trazer ao meio-ambiente, o mínimo que deveria ser feito é adiar os projetos até que se façam estudos conclusivos sobre este tipo de exploração, ou que se crie tecnologia para contra-balancear os danos.

    Isso é princípio comezinho do direito ambiental, precaução, rejeição de licença ambiental a todos os empreendimentos em que não há certeza sobre a segurança do projeto.

    1. “Gestão Dilma é a pior da história para o meio ambiente”

      Gestão Dilma é a pior da história para o meio ambiente, diz ambientalista

      RICARDO MENDONÇA

      O geógrafo Mario Mantovani trabalha há cerca de dez anos como uma espécie de “lobista da natureza” no Congresso Nacional.

      Diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, ele tenta influenciar os projetos relacionados ao tema e coordena informalmente a chamada Frente Parlamentar Ambientalista, fórum com adesão de 187 dos atuais congressistas para debater assuntos da área em reuniões semanais.

      Militante da causa desde 1973, conhecido como um dos mais ativos ambientalistas do país, Mantovani não parece medir palavras para expor suas opiniões…

      Continua AQUI.

  3. Tecnologia x Falta de Conhecimento

    Temos hoje os americanos diminuindo sua dependência da importação do Petróleo devido ao uso dessa tecnologia. Podemos observar os seus resultados pelo ponto de vista da sustentabilidade e tomar as providências cabíveis. Mas, gente, não podemos ser contra o avanço só por misticismo religioso ecológico. Tem que ter argumento científico e baseado em evidências. Pode ser PhD em Geologia, mas eu só confio em dados e evidências cientificas para tecer comentários.

    Li vários artigos científicos que analisam esse processo de extração e os comentários são que com os elevados preços do petróleo a extração por fraking é altamente viável e os impactos ambientais ainda estão sendo medidos. A vida irá mostrar e lá no país deles.

    Com nossa matriz de geração de energia consolidada em usinas hidroelétricas e o petróleo com reservas (ainda não comprovadas) de quase 100 bi de barris, o uso dessa tecnologia é só para dizer que temos. A energia Eólica também está em alta no país. Mas nada substitui o uso de petróleo e eletricidade gerada por recursos hidráulicos. Ambos são a nossa alavanca para o desenvolvimento de nosso querido país.

    1. “Misticismo religioso

      “Misticismo religioso ecológico” ?

      Sérgio Lamarca, a comunidade científica brasileira não tem a mesma tranquilidade que vc em relação aos perigos do fracking : 

      http://www.sbpcnet.org.br/site/noticias/materias/detalhe.php?id=1902

       

      SBPC e ABC pedem mais pesquisas sobre eventuais danos ambientais da exploração do gás de xisto

      ” … Por outro lado, os grandes volumes de água necessários no processo de extração, e que retornam à superfície, poluídos por hidrocarbonetos e por outros compostos e metais presentes na rocha e os próprios aditivos químicos utilizados, exigem caríssimas técnicas de purificação e de descarte dos resíduos finais.  A própria captação desta água pode representar uma forte concorrência com outros usos considerados preferenciais, como, por exemplo, o abastecimento humano.

      É importante destacar, por exemplo, que boa parte das reservas de gás/óleo de xisto da Bacia do Paraná no Brasil e parte das reservas do norte da Argentina estão logo abaixo do Aquífero Guarani, a maior fonte de água doce de ótima qualidade da América do Sul. Logo, a exploração do gás de xisto nessas regiões deveria ser avaliada com muita cautela, já que há um potencial risco de contaminação das águas deste aquífero.

      Nesse sentido, não é cabível que sejam imediatamente licitadas áreas de exploração a empresas, excluindo desta forma a comunidade científica e os próprios órgãos reguladores do País da possibilidade de acesso e discussão de todas as informações que poderão ser obtidas, por meio de estudos realizados diretamente pelas Universidades e Institutos de Pesquisas, com a finalidade de obter melhor conhecimento, tanto sobre as propriedades intrínsecas das jazidas e as condições de sua exploração, como das consequências ambientais dessa atividade, que poderão superar amplamente seus eventuais ganhos sociais.” 

    2. “Misticismo religioso ecológico” ? – II

      Um estudo de pesquisadores da Universidade Duke, publicado na revista Proceedings da Academia Nacional de Ciências, liga o fracking a contaminação águas subterrâneas. Os pesquisadores da Duke testaram 141 amostras de água potável de parte da Pensilvânia na bacia formação de xisto Marcellus.

      Aqui pode ser visualizado o resultado da pesquisa: http://www.pnas.org/content/early/2013/06/19/1221635110.full.pdf+html

      Trata-se do terceiro estudo da Universidade Duke comprovando tal ligação, leia matérias a seguir:

      Novo estudo: Fluidos do xisto de Marcellus provavelmente infiltram-se na água potável da Pensilvânia.

      http://www.propublica.org/article/scientific-study-links-flammable-drinking-water-to-fracking

      Estudo científico liga água potável inflamável ao fracking

      http://www.propublica.org/article/new-study-fluids-from-marcellus-shale-likely-seeping-into-pa-drinking-water

  4. O gás de xisto vai de mal a pior.

    Há um poderoso lobby para se embarcar nessa furada. Ele atua em vários países, na tentativa de tornar o fracking um negócio mundial. O fracking não é competitivo com o gás de poços convencionais, cujas maiores reservas estão em dois países “do mal”, para a política externa americana, Rússia e Irã; difundir a tecnologia do xisto supostamente diminuiria a importância econômica desses países. O EUA entraram na era do fracking, em função da queda de sua produção de gás convencional, agora a euforia com a “revolução” do xisto está se arrefecendo, leia a matéria:

    Do http://redecastorphoto.blogspot.com.br: O gás de xisto vai de mal a pior.

    29/5/2014, [*] Nick Cunningham − Testosterone PIT

    The Fracking Shakeout

    Traduzido por mberublue

    “Fraccking” – fraturação da rocha xistosa. Processo de extração

    O setor de extração de gás/petróleo do xisto dos Estados Unidos pode ser bem menos forte do que muita gente pensa. Em análise mais recente, Bloomberg News descobriu um elevado nível de endividamento das indústrias do setor, com muitas companhias se endividando mais e mais, desapontadas com suas receitas.

    Nos últimos quatro anos, relata a pesquisa, quase dobrou a dívida contraída pelas empresas de petróleo e gás de xisto. Enquanto as companhias perfuradoras necessitaram dobrar os empréstimos para se expandir, suas receitas nesses quatro anos não seguiram o mesmo ritmo, crescendo meros 5,6%.

    O caso é que embora muitos poços de petróleo e gás de xisto ofereçam uma produção inicial espetacular, esta cai verticalmente após o primeiro ou segundo ano. Se as empresas não conseguirem pagar suas dívidas nesse pico inicial, acabam com muito mais dificuldades nos anos seguintes do que anteciparam. Elas caem em uma espiral descendente em que uma grande parte de suas receitas tem que ir para o pagamento de dívidas.

    Das 61 companhias pesquisadas, a Bloomberg concluiu que mais ou menos uma dúzia está gastando 10 % de suas receitas apenas para pagar os juros das dívidas contraídas.
     

    Diagrama de prospecção de gás de xisto

    O que significa haver tantas companhias de perfuração de gás/petróleo de xisto lutando para obter algum lucro? Quer dizer que o entusiasmo com o qual tantos investidores colocaram dinheiro nas companhias do xisto pode ter chegado ao fim. A indústria está abalada.

    As empresas em pior situação – aquelas que estão muito endividadas – sem um portfólio de produção em crescimento, podem estar a caminho da falência. Conforme vão caindo os elos mais fracos, consolidam-se e permanecem em campo apenas os produtores mais fortes e organizados.

    É normal que qualquer indústria sofra um abalo, quando diminui o ímpeto inicial de crescimento. Ocorre que, ao contrário da indústria de tecnologia, por exemplo, na indústria do gás/petróleo de xisto, a sorte econômica das companhias ramifica-se para além delas, atingindo seus empregados e investidores.

    Se as companhias perfuradoras começam a fracassar, o crescimento da produção de óleo e gás natural pode diminuir drasticamente ou mesmo parar. A administração de informações energéticas projeta em seu mais recente Panorama Anual de Energia que a produção de gás natural nos Estados Unidos crescerá a um percentual de 1,6% ao ano até meados de 2040, o que quer dizer que a produção deverá se expandir para admiráveis 55%.

    Os dados podem estar sendo oferecidos de forma muito otimista, levando-se em consideração que as empresas neste mesmo instante estão lutando para ter rentabilidade na venda do xisto. Dito de outra forma, nos preços atuais, a produção pode não ser sustentável. Para que o crescimento continue no mesmo nível, o preço tem que subir.

    Movimentação do solo superficial causada por “fracking”

    Seja o crescimento mais lento, sejam os preços mais elevados, de qualquer maneira, ambos os cenários alterariam de forma dura as expectativas sobre a imagem vendida pelos Estados Unidos quanto à sua matriz energética. Como exemplo, se para manter o crescimento, o preço do gás necessitar de uma majoração, isso diminuiria muito a oportunidade da exportação de grandes volumes de gás natural liquefeito (GNL), porque as companhias americanas enfrentariam difícil competição para a venda do gás americano que teria que ser liquefeito para ser depois vendido a preço mais elevado para os consumidores ávidos no leste asiático.

    Como resultado, as companhias que investem dinheiro na construção de terminais de exportação de gás natural liquefeito, que custam bilhões de dólares, poderia começar a achar esse gasto um tanto exagerado.

    Um abalo na indústria do xisto teria consequências também no setor de energia elétrica, dado que o estancamento da produção de gás de xisto seria como uma espécie de bênção para a energia renovável. Esperava-se que o gás natural seria usado em grande escala para a geração de energia elétrica, mantendo os preços da eletricidade estáveis, mesmo porque a produção de gás estaria sempre em ascensão. Como essas expectativas parecem erradas, abre-se espaço para outras formas de geração de energia elétrica. Já que carvão e a energia nuclear são cada vez menos competitivos no século 21, criou-se uma janela de oportunidades enorme para a energia renovável.

    Poluição dos aquíferos causada pela extração de gá de xisto por “fracking”

    Em relação ao petróleo, uma produção fraca do xisto quer dizer que os Estados Unidos continuarão a contar com a importação de petróleo no lugar da produção nacional. Mesmo que isso não queira dizer grande coisa, o fato é que a indústria americana de petróleo não pode mais vir com a conversa fiada de “independência energética” o que quer dizer que o Congresso terá que se confrontar com o fato de que os EUA precisam encontrar alternativas ao petróleo no longo prazo.

    Caso a indústria de gás/petróleo do xisto começar a vacilar, começará também a mudar esse ópio para muitos problemas energéticos dos Estados Unidos que se chama “revolução do xisto”.

    Em tempo: Aqui está o porquê de ser uma ilusão, conversa fiada, vento quente, o papo de que a exportação de gás natural liquefeito dos EUA “vai tirar a Europa das Garras da Rússia” e ganhar muito dinheiro abastecendo o Japão sedento de energia. Não passa de uma isca suculenta no jogo das grandes negociatas.

     [*] Nick Cunningham é um escritor que vive em Washington DC – escreve sobre assuntos que envolvem desde energia até questões ambientais. 

  5. protestam e com toda razão…

    pois esta tecnologia sempre reduziu a qualidade de vida em todos os locais onde foi utilizada……………….

    é o mesmo que comprar a cidade, com retornos sociais, só para ter a liberdade de destruí-la

  6. A Asibama Nacional

    A Asibama Nacional (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DA CARREIRA DE ESPECIALISTA EM MEIO AMBIENTE E PECMA) protocolou, entre os dias 19 e 21 de novembro de 2013,  notificação no MMA, no MME e na ANP questionando a utilização do fraturamento hidráulico para a exploração do gás não-convencional.

    Segue, abaixo, (parte do) texto base utilizado na elaboração dos documentos:

    (texto inteiro no link http://www.asibamanacional.org.br/asibama-nacional-notifica-o-mma-o-mme-e-a-anp-sobre-o-fracking/ )

    Assunto: Fraturamento hidráulico para a exploração de gás não-convencional

     

    III – PEDIDO

    Ante o exposto, a ASIBAMA NACIONAL manifesta expressamente a sua profunda preocupação para com a exploração do gás não-convencional no Brasil por meio do faturamento hidráulico e, considerando a argumentação exposta, requer as seguintes informações:

    Quais as razões do MMA para permitir o prosseguimento da 12ª Rodada de Licitações da ANP-MME sem observar as ponderações técnicas do Parecer GTPEG nº 3/2013, do qual o próprio MMA fez parte?

     

    O que o MMA está fazendo para equacionar os graves impactos ambientais advindos do faturamento hidráulico da 12ª Rodada de Licitações da ANP-MME relacionados no capítulo I desta notificação, quais sejam: 5.1) Indução de abalos sísmicos; 5.2) Risco de contaminação dos consumidores do mesmo reservatório de água por metano, etano, propano e outras substâncias tóxicas, inclusive cancerígenas; 5.3) Contaminação do ambiente pela água contaminada descartada na superfície; 5.4) Risco de explosões nos poços de água de consumidores do mesmo reservatório de água; 5.5) Grande diminuição da quantidade de recursos hídricos disponíveis na região do empreendimento e disputa entre os usuários; 5.6) Extensa ocupação territorial itinerante?

    Desde logo, a ASIBAMA NACIONAL, em nome de toda a categoria que representa, pede que seja estabelecida uma moratória ao faturamento hidráulico enquanto subsistem sérias dúvidas científicas e, agradecendo a atenção dispensada, espera a regular comunicação da resposta desta notificação nos termos do art. 28, da Lei nº 9.784/99 e no prazo não superior a 20 dias, nos termos do § 1º, do art. 11, da Lei nº 12.527/2012, art. 8º, da Lei nº 7.347/85 e art. 1º, da Lei nº 9.051/1995, sob pena da adoção de todas das medidas administrativas e judiciais cabíveis.

    Brasília, 21 de novembro de 2013.

    ANA MARIA EVARISTO CRUZ

    Presidente da ASIBAMA NACIONAL

    Diego Vega Possebon da Silva

    OAB/DF nº 18.589

  7.  
    http://www.sbpcnet.org.br/s

     

    http://www.sbpcnet.org.br/site/noticias/materias/detalhe.php?id=1902

    28 DE AGOSTO DE 2013SBPC e ABC pedem mais pesquisas sobre eventuais danos ambientais da exploração do gás de xisto

    Recentemente a Agência Nacional do Petróleo (ANP) anunciou a decisão de incluir o chamado “Gás de Xisto”, obtido por fraturamento da rocha (shale gas fracking), na próxima licitação, em novembro, de campos de gás natural em bacias sedimentares brasileiras. A decisão tem preocupado a comunidade científica, por causa dos riscos e danos ambientais envolvidos na exploração econômica desse produto. Para tentar evitar o problema, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC) enviaram carta à presidente Dilma Rousseff, solicitando a suspensão da licitação para a exploração do gás de xisto, até que estudos mais conclusivos sobre a questão sejam realizados.

    No documento, a presidente da SBPC, Helena Nader, e o presidente da ABC, Jacob Palis, justificam sua preocupação pelo fato de que a exploração econômica do gás de xisto vir sendo muito questionada pelos danos ambientais irreversíveis que pode causar. Por isso, eles pedem que antes da realização da licitação sejam realizados novos estudos por universidades e institutos de pesquisa públicos, sobre a real potencialidade da utilização do método da fratura hidráulica para a retirada do produto das rochas e os possíveis prejuízos ambientais causados por isso.

    Também foi enviada cópia da carta para os presidentes da Câmara e do Senado, a ANP, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ministério do Meio Ambiente, o CTPetro, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as Sociedades Associadas à SBPC.

    Leia abaixo, a íntegra da carta:

    São Paulo, 5 de agosto de 2013

     

    SBPC-081/Dir.

     

    Excelentíssima Senhora

    Presidenta DILMA VANA ROUSSEFF

    Presidência da República Federativa do Brasil

     

    Senhora Presidenta,

     

    A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) manifestam a sua preocupação com o anúncio da Agência Nacional do Petróleo (ANP) da decisão de incluir o chamado “Gás de Xisto”, obtido por fraturamento da rocha (shale gas fracking), na próxima licitação, em novembro, de campos de gás natural em bacias sedimentares brasileiras.

    Apesar das notícias publicadas pela Agência Internacional de Energia dos EUA, que sugerem reservas de gás de xisto da ordem de 7,35 trilhões de m3 nas bacias geológicas do Paraná, do Parnaíba, do Solimões e Amazonas, do Recôncavo e do São Francisco (norte da Bahia e sul de Minas Gerais), e das estimativas da ANP, de que as mesmas podem ultrapassar no Brasil o dobro desse número, deve-se destacar o caráter totalmente preliminar dessas possíveis reservas, especialmente devido à falta de conhecimento, até o momento, das características petrográficas, estruturais e geomecânicas das rochas consideradas para esse cálculo, que poderão influir decisivamente na economicidade da sua explotação.

    Por outro lado, a explotação de gás de xisto, apesar do sucesso tecnológico e econômico apresentado principalmente nos Estados Unidos, tem sido muito questionada pelos riscos e danos ambientais envolvidos. Enquanto o gás natural e o petróleo ocorrem em estruturas geológicas e nichos próprios, o gás de xisto impregna toda a rocha ou formação geológica. Nesta condição, a tecnologia de extração de gás está embasada em processos invasivos da camada geológica portadora do gás, por meio da técnica de fratura hidráulica, com a injeção de água e substâncias químicas, podendo ocasionar vazamentos e contaminação de aquíferos de água doce que ocorrem acima do xisto.

    Por outro lado, os grandes volumes de água necessários no processo de extração, e que retornam à superfície, poluídos por hidrocarbonetos e por outros compostos e metais presentes na rocha e os próprios aditivos químicos utilizados, exigem caríssimas técnicas de purificação e de descarte dos resíduos finais.  A própria captação desta água pode representar uma forte concorrência com outros usos considerados preferenciais, como, por exemplo, o abastecimento humano.

    É importante destacar, por exemplo, que boa parte das reservas de gás/óleo de xisto da Bacia do Paraná no Brasil e parte das reservas do norte da Argentina estão logo abaixo do Aquífero Guarani, a maior fonte de água doce de ótima qualidade da América do Sul. Logo, a exploração do gás de xisto nessas regiões deveria ser avaliada com muita cautela, já que há um potencial risco de contaminação das águas deste aquífero.

    Nesse sentido, não é cabível que sejam imediatamente licitadas áreas de exploração a empresas, excluindo desta forma a comunidade científica e os próprios órgãos reguladores do País da possibilidade de acesso e discussão de todas as informações que poderão ser obtidas, por meio de estudos realizados diretamente pelas Universidades e Institutos de Pesquisas, com a finalidade de obter melhor conhecimento, tanto sobre as propriedades intrínsecas das jazidas e as condições de sua exploração, como das consequências ambientais dessa atividade, que poderão superar amplamente seus eventuais ganhos sociais.

    Face ao exposto, e tendo em vista os resultados das discussões realizadas durante a 65ª Reunião da SBPC em Recife, Pernambuco, de 22 a 27 de julho de 2013, solicitamos à Presidenta da República, que seja sustada a licitação de áreas para explotação de Gás de Xisto, na 12ª Rodada prevista para novembro próximo, por um período suficiente para aprofundar os estudos, realizados por ICTs públicas, sobre a real potencialidade da utilização da fratura hidráulica e os possíveis prejuízos ambientais.

     

    Muito Cordialmente,

     

    HELENA B. NADER                                                   JACOB PALIS

    Presidente da SBPC                                         Presidente da ABC

     

    C/C:  Presidentes da Câmara e do Senado, ANP, CNPEM, MME, MCTI, MMA, CTPetro, FINEP, CNPq e Sociedades Associadas à SBPC.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador