Sabesp começa a falar em falta de água

 
Jornal GGN – Em mais um capítulo da crise hídrica de São Paulo, a SABESP – companhia de saneamento básico do estado – encaminha à Agência Nacional das Águas (ANA), um plano que não atende às determinações da Justiça Federal para que a retirada de água do Sistema Cantareira não se esgote antes de 30 de novembro. 
 
O documento apresentado pela companhia prevê o fim da primeira cota do volume morto quinze dias antes, admitindo um aumento de casos de falta de água na região metropolitana de São Paulo. Há três dias, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, negou que haja racionamento durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada para investigar se o contrato da companhia com a prefeitura de São Paulo está sendo cumprido. 
 
Estado de S.Paulo
 
Sabesp admite possível aumento de casos de falta d’água
 
Proposta prevê o fim da 1ª cota do volume morto 15 dias antes do que exige decisão judicial e a Possibilidade do aumento de ocorrências de falta d’água em São Paulo
 
SÃO PAULO – O plano da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para operar o Sistema Cantareira até abril de 2015 não atende as determinações da Justiça Federal e ainda prevê a “possibilidade de incremento” dos casos de falta d’água na Grande São Paulo. Após sucessivos adiamentos, a proposta foi enviada pela empresa nesta sexta-feira, 10, à Agência Nacional de Águas (ANA) com o objetivo de obter a autorização para usar uma segunda cota do volume morto do manancial.
 
No documento, a Sabesp diz que reduzirá neste mês a retirada de água do Cantareira para 19 mil litros por segundo – hoje, ela tem autorização para captar até 19,7 mil litros por segundo -, e para 18,5 mil litros por segundo a partir de novembro. Na prática, contudo, a Sabesp já tem retirado na média dos dez primeiros dias de outubro, 18,53 mil litros por segundo das represas do sistema.
 
Mesmo com essa medida, a Sabesp afirma em seu plano que a data para que a primeira cota do volume morto, que começou a ser retirada no dia 31 de maio, “chegue ao seu nível mínimo é estimado em 15 de novembro, consideradas as menores afluências adotadas nas simulações efetuadas”. No plano, a companhia ressalta que “esta data pode sofrer correção, dependendo das afluências provenientes de chuvas ocorridas na região”.
 
Ocorre que em decisão liminar divulgada nesta sexta-feira, 10, a Justiça Federal determina que os órgãos reguladores do Cantareira revejam o limite de retirada de água pela Sabesp para que a primeira cota do volume morto não se esgote antes do dia 30 de novembro. Nesta sexta, o manancial atingiu 5,1% da capacidade, índice mais baixo de sua história. Restam disponíveis para captação nas represas apenas
49,7 bilhões de litros.
 
A decisão judicial determina ainda que a Sabesp adote em suas simulações as vazões afluentes ao Cantareira mais conservadoras e que os órgãos reguladores definem limites de retirada para o sistema chegue ao final de abril de 2015 com, no mínimo, 10% do volume útil original, ou seja, 98 bilhões de litros acima de zero. Hoje, o manancial está com cerca de 12% negativos.
 
Em seu plano, contudo, a Sabesp apresenta três simulações. Na primeira, considera a vazão da média histórica do manancial, o que deixaria o Cantareira com 369,7 bilhões positivos ao final de abril, ou 37,6% da capacidade. Na segunda simulação, considera uma vazão igual a 75% da média histórica, e o volume
acumulado nas represas em seis meses seria de 148,8 bilhões, ou 15,1% da capacidade.
 
Na terceira e mais conservadora simulação, a Sabesp utiliza a vazão observada em 1953, ano que havia registrado a pior crise de estiagem até 2014. Por este cálculo, o Cantareira chegaria em abril de 2015 com volume negativo em 50,1 bilhões de litros, ou seja, -5,1% da capacidade, dentro do volume morto. Ocorre que desde o janeiro deste ano, as vazões do Cantareira estão bem abaixo daquelas de 1953.
 
Em setembro, por exemplo, a média foi de 7,3 mil litros por segundo chegando aos reservatórios, metade dos 14,1 mil litros por segundo que entraram no manancial no mesmo mês em 1953. Na média parcial de outubro, a diferença é ainda maior: 3,7 mil litros por segundo em 2014, ante 15,4 mil litros por segundo na crise nterior.
 
Falta d’água. Segundo a Sabesp, as simulações atestam que a perspectiva de utilização da segunda cota do volume morto, de 106 bilhões de litros, “amplia a margem de segurança para a continuidade do
abastecimento metropolitano durante o ciclo hidrológico (de outubro a abril)”, porém, admite a companhia, “o risco para a garantia plena do abastecimento, com as vazões propostas, é aumentada obremaneira, com a possibilidade de incremento de ocorrências relacionadas à falta d’água”.
 
Redação

26 Comentários

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  1. um sentimento revanchista não quer calar

    e eu continuo pensando como vai ser divertido quando acabar a água. não consigo calar esse pensamento…

  2. Ah, sim, AGORA depois das

    Ah, sim, AGORA depois das eleicoes eles publicam nao uma, mas TRES simulacoes.  Entao ta.  Eu quero ver as simulacoes do dinheiro perdido pelos “investidores” deles.  So os “investidores” brasileiros de ultima hora, claro, ja que a Sabesp avisou os clientes internacionais dois anos atraz.

  3. Claro, Alckmin já foi

    Claro, Alckmin já foi eleito… Mas claro que a Sabesp não tem nada a ver com isso, nem Alckimin tem algo a ver com a falta dágua, tudo é culpa de São Pedro em sua rivalidade com São Paulo, conforme sabem os paulistas que votaram no tucano…

  4. E aí os que votaram em

    E aí os que votaram em Alckmin?

    Aguardem.

    A situação é bem pior do que se imagina e você o que fez?

    Endossou com seu voto o governo Alckmin?

  5. Vai jogar no colo do governo federal! É o fim da picada!

    Se a Agência Nacional das águas ( ANA ) não autorizar a retirada de água da segunda cota do volume morto, no sistema Cantareira, com certeza, a falta de água na capital  será atribuída ao governo federal.

    E a mídia irá dar a melhor das coberturas.

    Na linguagem do caipira do interior, ” é o fim da picada”

     

     

     

    1. Boa tentativa, mas se a ANA

      Boa tentativa, mas se a ANA autorizar a retirada da agua mais rapido o sistema ecologico se colapsa e vai levar 10 anos pra voltar ao lugar de novo, SE voltar.

  6. Alguem sabe informar se já

    Alguem sabe informar se já esta havendo multas por disperdício?

    Ouvi comentários que na Zona Leste isso vem ocorrendo, não sei

    da veracidade.Sendo assim em bairros como alto de pinheiros,perdizes

    e etc..ainda tudo ok..muita gente lavando carro.

    1. Ainda não, Morallis. Alckmin

      Ainda não, Morallis. Alckmin e Mauro Arce chegaram a cravar, em Abril, o começo da cobrança para Junho, mas a Arsesp levantou uma legislação que apontava para a necessidade de declaração de estado de emergência ou de calamidade (ou a instituição do racionamento) para que as multas fossem cobradas. Em meio ao processo eleitoral, o Governo recuou. Não duvido que venham a querer instituir a multa logo após o segundo turno (para não prejudicarem Aécio, é claro).

  7. Não existe falta d’água

    Posso assegurar que não existe falta d’água em Sampa e região.  Isso é intriga dessa imprensa oposicionista, o PIG (Pretendemos Incomodar Geraldo)!

    A verdade é que duas grandes empresas, Alstonckmin e Sabesp investiram em tecnologia.  Em consequência, ao abrir a torneira estamos recebendo água em estado gasoso, você não vê a água, mas para comprovar sua entrega, as torneiras fazem um barulho de vento.

    E como trata-se de um governo com forte cunho social, a prioridade para usufruir dessa nova tecnologia é dada aos lares da periferia!

    Inclusive, o governador será o convidado ilustre de vários clubs e condomínios, a dar um mergulho de inauguração nas piscinas que serão cheias dessa forma.

  8. Falta água na torneira: Maria Antonieta paulista tem a solução

              A primeira dama Lu Alckmin, reeleita para o Palácio dos Bandeirantes, para o póximo quatriênio recomenda

    para o povo paulista: água engarrafada francesa Perrier ou a portuguesa Pedras Salgadas.

     

    1. rs…………..essa foi ótima

      parabéns

      pois a visão de 2015 sugere isso mesmo, residências e indústrias filtrando lama e vibrando, gritando vivas ao Alckmin, a cada gota d’água recuperada

  9. Presidenta Dilma Rousseff,

    Presidenta Dilma Rousseff, venha a público, no horário eleitoral gratuito externar sua preocupação com a calamidade que a falta de água poderá trazer para nossos irmãos de São Paulo e envie, com urgência, uma equipe de especialistas do Governo Federal para enfrentar este problema.

  10. Batalha decisiva da burguesia paulista

    “São Paulo resistiu sozinho a Getúlio; São Paulo vem resistindo até aqui quase sozinho a Lula.A luta de 1932, portanto, ainda não acabou. E em outubro próximo haverá uma batalha decisiva.” Fernão Lara Mesquita, jornalista da família do jornal que surgiu sob “A Província de S. Paulo” hoje circula sob o nome O Estado S. Paulo, julho/2014.

  11. Sabesp

    Apesar do debate, não vejo ninguém comentar a falta de investimentos da sabesp em saneamento. Aqui em Ubatuba, os bairros mais distantes do centro, o esgoto corre a céu-aberto. Não temos falda de abastecimento, porém, o custo d’água e exorbitante. Nossas reservas são generosas e próximas da cidade, mas a sabesp cobra tarifas que coibem o uso comercial em bares e restaurantes.

    Mas isto não é o meu foco. O que falo é que por causa do baixo investimento em tratamento de esgoto, as praias ficam poluídas. O impacto na saúde pública é imenso, complicando as finanças da Santa Casa e dos demais aparelhos de saúde pública.

    Aí esta o meu foco: Saúde Pública, sem os investimentos necessários, para dar suporte aos lucros dos acionistas, a sabesp contribui enormemente para o défcit da saúde. Viroses e doenças ligadas a falta de infra-estrutura são comuns e, é lógico, a periferia é a mais afetada. Será que não há nenhuma forma de investigarmos isto?

  12. ?

    Crise? Falta d’água? QUE CRISE? O índice de aprovação do novo – e futuro – governo diz que não tem nada errado. Ah, é, a culpa é da Sabesp.

    Tenho análise na terça. Estou ensaiando pra ter assunto.

  13. Turismo “subaqueira”

    O Governador Alckmin é um homem de visão,

    promovendo a falta de água em Sampa ele dá um passo gigantesco para a integração do Brasil.

    Agora os paulistas podem ir ao Nordeste, no fim de semana, para tomar um banho, vez que os chuveiros bandeirantes foram aposentados.

    É aquilo que no Cerará, que todos sabemos tem língua própria, o cearês, irão chamar de “Turismo subaqueira”.

    Parabéns governador.

  14. Que nada! Não acredito nessa

    Que nada! Não acredito nessa mentira; estou tranquilíssimo; o Alkmim GARANTIU que NÃO VAI TER RACIONAMENTO!

    Mesmo votando na DILMA (errei na hora de digitar o 45…) ele é  meu SUPER-HERÓI!

    Me desculpem, mas agora vou dar uma saidinha para beber uma água …. enquanto tem!

  15. Esse texto merece ser

    Esse texto merece ser lido:

    Como o governo de SP subverteu o conceito de civilização

     

    Não foi a humanidade que inventou a hierarquia. Qualquer espécie que vive em bando está dividida entre líderes e subordinados. Matilhas de lobos caçam seguindo os comandos do lobo-chefe. Chimpanzés se aliam para matar o macho alfa do grupo, quando sentem que podem usurpar o trono. Humanos que vivem em estado de barbárie, como crianças de condomínio, também elegem seus líderes. O chefe mirim do prédio pode ser a criança mais forte, ou a mais carismática. Ou, mais usual, a que é mais forte justamente por ser a mais carismática. Ninguém ensina isso para a molecada, nem para os macacos, nem para os lobos. A formação de grupos com líderes e subordinados é tão natural entre as coisas vivas quanto a formação de nuvens é entre as moléculas de vapor d’água suspensas no ar.

    Mas a formação de cidades, estados, governos, não. Não é algo que brota da natureza. É algo que inventamos justamente para controlar a natureza. Até por isso a primeira civilização propriamente dita, com cidades e governos, surgiu num lugar onde a própria natureza nunca colaborou muito: a Mesopotâmia, onde hoje fica o Iraque.

    Começou quando os proto-iraquianos hackearam o solo. Em estado natural, só 0,1% da biomassa de um terreno consiste de algo digerível por humanos. O resto das plantas e dos animais são ou veneno ou coisas que o nosso corpo não sabe converter em nutrientes (caso do capim, que exige quatro estômagos e muita ruminância para se transformar em calorias).

    Mas quando a agricultura apareceu, você sabe, as coisas mudaram de figura. Ao selecionar e cultivar as plantas mais interessantes para o nosso estômago, os caras fizeram a quantidade de biomassa por metro quadrado saltar daqueles 0,1% para coisa de 90%. Além disso, a maior parte dessas plantas interessantes eram grãos (trigo, cevada). Grãos digeríveis na forma de pão e de cerveja, armazenáveis na de farinha e, de quebra, conversíveis em ração para animais. Aí pronto, a natureza estava oficialmente hackeada, e domesticada: a vida nômade, com a obrigação de matar um bisão por dia, se tornava obsoleta. E a humanidade ganhava tempo livre para desenvolver a mais profunda das formas de arte: a engenharia.

    É que a maior parte do terreno da Mesopotâmia era árido (e ainda é). Só as áreas próximas aos rios prestavam. A agricultura para valer, numa extensão decente de terra, só seria possível se o pessoal construísse canais e reservatórios Mesopotâmia afora. Aí eles aproveitariam as eventuais cheias dos rios para transformar terra seca em solo arável. Foi o que fizeram, por volta de 4000 a.C. Esses canais e reservatórios se tornariam os primeiros projetos de engenharia da história. E marcariam o início de algo ainda mais importante do que isso: a Suméria, primeira civilização de todos os tempos.

    O projeto mesopotâmico de irrigação só teve como sair do papiro porque contou com algo inédito até ali: centenas de indivíduos cooperando num plano de longo prazo. Longo mesmo, porque não bastava canalizar e armazenar água das cheias. Tão importante quanto era racionar o uso dos reservatórios nas épocas de chuvas magras. Sem esse controle não haveria como alimentar todo mundo. E quem fornecia esse controle era um comando central, dividido em vários níveis hierárquicos, cada um com funções pré-definidas. Era a primeira forma de organização que dava para chamar de governo. Ou seja: o próprio conceito de Estado surgiu na Terra justamente para controlar o suprimento de água.

    Mas agora, 6 mil anos depois, essa ordem virou de cabeça para baixo. Outro Estado, o de São Paulo, trocou o gerenciamento da água pelo de outro recurso, menos nobre: seu projeto de manutenção de poder. Se as chuvas continuarem magras, talvez nem dê mais tempo de racionar o consumo – não vai sobrar água para consumo nenhum, nem esbanjado nem racionado. E tudo porque a palavra “racionamento” não soaria bem no meio da campanha. Ao deixar de lado a racionalização do suprimento de água por marquetagem, o governo Alckmin consegue uma façanha épica: subverte o conceito de civilização. E devolve seus próprios eleitores à barbárie.

    Link: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-o-governo-de-sp-subverteu-o-conceito-de-civilizacao/

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