Efeito copycat, violência e sincromisticismo

Poucos dias depois do massacre do Colorado, um atirador invadiu um templo religioso Sikh (religião hindu que combina hinduísmo e islã) em Oak Creek, Wisconsin (EUA), e disparou matando pelo menos sete pessoas. Entre as vítimas, o suspeito morto pela polícia. Existe uma conexão ou um padrão entre esses dois episódios? Para o pesquisador Loren Coleman, sim. Seria o que ele denomina como “efeito copycat”, efeito de imitação de criminosos a partir da repercussão que a mídia oferece a esse tipo de notícia. Sob as camadas sociológicas e conspiratórias desses acontecimentos apontadas pelo seu livro “The Copycat Effect – How the Media and Popular Culture Trigger the Mayhem in Tomorrow’s Headlines”, Coleman em seu blog Twilight Language observa as ondulações sincromísticas por trás de eventos aparentemente aleatórios.

Loren Coleman é um pesquisador com uma curiosa formação multidisciplinar: sociologia, psicologia, além de transitar pelos campos da parapsicologia, parapolítica e, de quebra, é um notório criptozoologista. A partir do livro “The Copycat Effect” onde estuda os comportamentos suicidas e homicidas a partir do contágio pelo sensacionalismo noticioso das mídias, Coleman não se limitou ao clássico diagnóstico sobre o poder hipordérmico dos meios de comunicação manipular e influenciar como uma estratégia de lavagem cerebral. 

Ele procura ir além dessa superfície: procura explorar conexões e significados ocultos via sincromisticismo, onomatologia (estudos dos nomes) e toponimia (estudo dos nomes dos lugares) em seu blog Twilight Language.

Explicando melhor, buscar padrões e coincidência significativas que envolvam nomes, lugares, comportamentos, atitudes etc. Por exemplo, o atentado ao um templo silkh dias depois ao atentado a um cinema em Aurora contém uma curiosa coincidência: as igrejas estão cada vez mais parecidas com salas de cinema e muito movimentos de mega-igrejas começaram em salas de cinema compradas ou alugadas.

 

Personagens, palavras ou narrativas podem adquirir força ao transformarem-se em verdadeiros arquétipos que, quando repercutidos pelas mídias, adquirem poder de contágio rápido como memes.

Para Coleman, esses “memes” ou arquétipos que passam a povoar esse contínuo atmosférico midiático atrai todo um subconjunto de pessoas vulneráveis, homicidas e suicidas em um nível inconsciente. Ou, como alerta um outro pesquisador em sincromisticismo Christopher Knowles, esses doentes psíquicos estão entre o mundo racional da causa e efeito e o mundo crepuscular dos sinais e dos símbolos. A diferença é que são atormentados por essa realidade sincromística que, então, pode infectar a população em geral.

        O padrão é chamado de “efeito copycat”. Ele também é conhecido como “imitação” ou o “efeito de contágio.” E o que ele lida com o poder da comunicação de massa e cultura para criar uma epidemia de comportamentos semelhantes. 
        O efeito copycat é o pequeno segredo da mídia. Isso não impede a mídia de chamar as várias epidemias de comportamentos semelhantes como “fenômeno copycat”, muitas vezes após o impacto de choque. Mas, curiosamente, o uso dessa expressão parece colocar uma distância entre os eventos e os meios de comunicação, permitindo-lhes uma posição como se não fossem parte do problema. Mas eles são. 
        Os sociólogos que estudam a mídia e o contágio cultural de comportamentos suicidas foram os primeiros a reconhecer o efeito copycat. Em 1974, Universidade da Califórnia em San Diego sociólogo David P. Phillips cunhou a frase, “O Efeito Werther”, para descrever o fenômeno de imitação. A palavra “Werther” vem de um romance de 1774, “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de autoria de Johann Wolfgang von Goethe, o autor de Fausto. Na história, o jovem Werther personagem se apaixona por uma mulher que está prometida a outro. Sempre melodramático, Werther decide que sua vida não pode continuar e que seu amor está perdido. Em seguida, ele se veste de botas, um casaco azul e um colete amarelo, senta em sua mesa com um livro aberto e exatamente às 11 horas atira em si mesmo. Nos anos que se seguiram, em toda a Europa, muitos jovens se mataram com um tiro vestidos como Werther e sentados em suas escrivaninhas com uma cópia aberta de “Os Sofrimentos do Jovem Werther” na frente deles.  O livro foi banido na Itália, Alemanha e Dinamarca. Apesar da tomada de consciência deste fenômeno ter sido há séculos, Phillips foi o primeiro a realizar estudos formais sugerindo que o efeito Werther era, de fato, uma realidade – que a atenção da mídia massiva em recontar os detalhes específicos de um suicídio (ou, em alguns casos, mortes precoces) poderia aumentar o número de suicídios. 
         O suicídio de Marilyn Monroe em agosto de 1962 apresenta um exemplo clássico moderno do Efeito Werther. No mês que se seguiu, 197 suicídios – principalmente de jovens, mulheres e loiras – parecem ter usado o suicídio da estrela de Hollywood como um modelo para o seu próprio. A taxa de suicídios nos os EUA aumentaram 12 por cento no mês após a notícia do suicídio de Marilyn Monroe. Mas, como Phillips e outros descobriram, não houve diminuição correspondente de suicídios após o aumento sob o efeito Marilyn Monroe. Em outras palavras, o suicídio da estrela, na verdade parece ter originado toda uma população de indivíduos vulneráveis bem acima do que seria normalmente esperado. Este é o efeito copycat funcionando como uma vingança. (COLEMAN, Loren. The Copycat Effect – How the Media and Popular Culture Trigger the Mayhem in Tomorrow’s Headlines. New York: Paraview, 2004. pags. 2-3.).

Loren Coleman

Abaixo a transcrição de recente entrevista concedida por Loren Coleman a Christopher Knowles do blog “Secret Sun” após os incidentes de Colorado e Oak Creek.

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Luis Nassif

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