Inquérito contra Breno Altman por críticas ao sionismo é assédio ao jornalista, diz ABI

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio"

O inquérito contra o jornalista Breno Altman, aberto pela Polícia Federal (PF), acusando-o de antissemitismo por suas críticas ao regime sionista e ao genocídio do povo palestino, é um assédio contra o jornalista, segundo a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

“Para a ABI essa investigação soa como evidente assédio a um jornalista crítico. Uma tentativa de calá-lo com ameaça de um processo criminal, o que é inconcebível no estado democrático de direito, que todos nós jornalistas sempre nos empenhamos em defender, notadamente nos últimos anos”, escreveu a instituição, em nota.

“Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina, ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças”, continuou.

A ABI pediu o arquivamento do inquérito ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal.

Leia a nota na íntegra:

INQUÉRITO CONTRA BRENO ALTMAN É INTIMIDAÇÃO!

A Associação Brasileira de Imprensa, por sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos, manifesta publicamente sua surpresa com a informação de que o Ministério Público Federal determinou à Delegacia de Direitos Humanos e Defesa Institucional da Polícia Federal, da Superintendência Regional do DPF em São Paulo, a abertura de Inquérito Policial para investigar o jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi. 

Pelas informações veiculadas na manhã deste sábado no site Brasil 247, o inquérito é resultado de reclamação descabida da Confederação Israelita do Brasil, que de forma enviesada e conveniente rotula as críticas de Altman ao sionismo como antissemitismo.

A ABI lembra que a Constituição de 1988 garante a todo e qualquer cidadão a liberdade de expressão. Da mesma forma, respaldado nesse princípio constitucional, o Supremo Tribunal Federal tem garantido por inúmeras decisões a liberdade de imprensa, assegurando a todos os jornalistas o direito à crítica. 

Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina, ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças. 

Para a ABI essa investigação soa como evidente assédio a um jornalista crítico. Uma tentativa de calá-lo com ameaça de um processo criminal, o que é inconcebível no estado democrático de direito, que todos nós jornalistas sempre nos empenhamos em defender, notadamente nos últimos anos.

Nesse sentido, entende que o próprio MPF ou a Justiça Federal, respeitando o estado democrático de direito e a Constituição Cidadã, devem providenciar o trancamento desse inquérito.

Certos de que a democracia que saiu vitoriosa no 8 de janeiro de 2023 prevalecerá e será respeitada, a ABI aguarda providências dos responsáveis por tal situação para dar um fim à campanha intimidatória que Altman vem sofrendo.

Aproveitamos o ensejo para desejar a todos um próspero 2024, no qual a democracia, a liberdade de expressão e de imprensa prevaleçam.

Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2023 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. O que a CONIB deixa a entender, para mim, é que escolhe o jornalista Breno Altman como um bode expiatório, para oficializar o que poderia se tornar uma espécie de jurisprudência sobre todas as criticas oficiais da imprensa, ao governo de Israel.
    Então, eu imagino que possam classificar toda crítica da imprensa em defesa do povo palestino (que está cercado, acuado e totalmente indefeso), e contra o que o mundo considera como uma covarde, pecaminosa e imoral carnificina comandada pelo insano e diabólico Benjamin “Bibi” Netanyahu, como uma grave acusação de antissemitismo, exatamente como procede contra o jornalista Breno Altman.
    Que outro entendimento poderá existir sobre CONIB, se não o que considero como um apoio e uma apologia ao massacre e a exterminação étnica de vítimas, que são seres humanos indefesos, desarmados, que não combatem, que não tem força física e mental para resistir, além de que, em grande parte, são crianças, mulheres e pessoas idosas?
    Avalio que a aventura maldita de um governo alucinado e desequilibrado está fazendo o mundo a maldizer o povo e o estado de Israel.
    No Brasil, o CONIB deve merecer a observação do nosso governo, do nosso Poder Judiciário e da nossa PF, para que essa abusiva e arrogante acusação não ganhe corpo e seja imediatamente arquivada.
    É muita cara de pau de quem se mostra querer defender o genocídio.

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