Lalo Leal Filho: Na TV, ministro tenta esconder dossiê contra antifascistas

O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, ao ser questionado na Globo News sobre o dossiê contra antifascistas, é insuperável!

do Barão de Itararé

Lalo Leal Filho: Na TV, ministro tenta esconder dossiê contra antifascistas

Olá.

Foi constrangedora a presença do Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, na GloboNews, domingo à noite.

Perguntado sobre um dossiê secreto, elaborado na sua Pasta, para perseguir servidores públicos e intelectuais, disse não poder confirmar ou negar sua existência.

Jornalistas estão acostumados a receber respostas enroladas de autoridades.

Isso é comum quando elas querem fugir da pergunta.

Muitos dominam bem a arte de enganar o público.

Conquistando simpatia e votos.

Outros são toscos, como o atual presidente da República e suas frases truncadas.

Mas esse Ministro, do que vi até agora, é insuperável.

Depois de dizer que não podia negar ou confirmar a existência do tal dossiê, prosseguia falando de temas que nada tinham a ver com a pergunta.

Como dividia a tela da TV com três jornalistas, era impagável acompanhar as caras de desprezo e enfado deles, enquanto o Ministro divagava.

Mais grave ainda, é que são jornalistas geralmente dóceis com os poderosos, reverentes às autoridades.

Mas diante das respostas do Ministro, não conseguiam disfarçar o incomodo.

O que ele procurava esconder, com as respostas enviesadas, é muito grave.

É um dos passos clássicos rumo às ditaduras.

É quando opositores, ou simples críticos de um governo, passam a ser identificados, fichados e vigiados.

É o caso desse dossiê, revelado pelo jornalista Rubens Valente,

com 579 nomes de servidores públicos.

Além de quatro intelectuais, identificados no documento como “formadores de opinião”.

São eles, Paulo Sérgio Pinheiro, ex-Secretário de Direitos Humanos do governo Fernando Henrique e relator especial da ONU para a Siria.

O antropólogo Luiz Eduardo Soares, secretário nacional de Segurança Pública no primeiro governo Lula e coordenador de segurança, justiça e cidadania do governo do Rio, entre 1999 e 2000.

O secretário estadual de Cidadania do Pará, Ricardo Balestreri e jovem cientista político Alex Agra Ramos.

O dossiê foi produzido pela Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, órgão que nos faz lembrar o malfadado SNI, da outra ditadura.

O título do documento é “Ações de Grupos Antifa e Policiais Antifascismo”.

São tão primários que, ao tratar antifascistas como inimigos, assumem publicamente a defesa do fascismo.

Tive a oportunidade de conhecer, em um evento no ano passado em Brasília, integrantes do movimento de policiais antifascistas.

E pude constatar a coragem e a importância deles.

Não é fácil defender a democracia no meio policial, um ambiente amplamente contaminado por apoiadores do atual governo.

As ameaças que sofrem são constantes, e o dossiê do Ministério da Justiça é a mais recente delas.

E muito perigosa.

É a demonstração clara de como o fascismo vai se entranhando pelo país.

Suas características históricas ficam cada vez mais evidentes.

O professor Jason Stanley, da Universidade de Yale, publicou no livro “Como funciona o Fascismo” um conjunto de estratégias presentes nas formas fascistas de conquistar e manter o poder político.

Vejam como elas se encaixam direitinho na nossa realidade:

A primeira estratégia é fazer referências a um passado mítico.

“Antigamente que era bom. Na ditadura ninguém roubava”.

Não isso que se ouve por ai…

Outra: o antiintelectualismo

A universidade é uma bagunça, disse um ministro.

A universidade ensina sexo sem limites, diz outro.

Além, é claro, do descrédito em relação à ciência.

Como a negação do coronavírus.

Outras estratégias históricas lembradas pelo professor Stanley já são visíveis por aqui :

Por exemplo, a vitimização – “quiseram me matar”, repete o presidente a toda hora, lembrando a estranha facada da campanha eleitoral.

E mais: a Defesa da Lei e da Ordem, os apelos à noção de pátria, a desarticulação da união e do bem estar público.

Como se vê nada disso que ocorre no Brasil é novidade.

Aqui mesmo essas idéias já estiveram evidentes nos anos 1930, inflamadas pela Ação Integralista Brasileira, de Plínio Salgado.

E depois, colocadas em prática pela ditadura de 1964.

Agora, voltam a nos assombrar.

São estratégias ideológicas que se relacionam com práticas violentas e autoritárias.

Sustentadas por dossiês, como esse do Ministério da Justiça,

E outro, do Ministério Público do Rio Grande do Norte, visando também aqueles que se opõem ao fascismo.

Criam inimigos, sem os quais o fascismo não sobrevive.

Temo pelo próximos passos dessa escalada.

Os exemplos históricos são trágicos.

Tchau.

Veja o vídeo clicando aqui.

Redação

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