O uso dos bordões no jornalismo econômico

O Valor Econômico tem alguns dos melhores quadros do jornalismo econômico brasileiro voltado para um público mais especializado.

No Banco Central, Alex Ribeiro tem conseguido destrinchar temas complexos – como os estudos sobre inflação – com uma competência à altura de Celso Pinto. Sérgio Léo tornou-se uma referência em diplomacia comercial; Cláudia Safatle mantém a mesma profundidade de sempre nos temas da Fazenda. Maria Cristina Fernandes é – na minha opinião – a mais abalizada analista política da imprensa.

Por isso causa um pouco de surpresa os artigos de Cristiano Romero.

Bom repórter, Romero decidiu revestir-se dos slogans de mercado na tentativa de se tornar um analista. Não se monta um analista com dez slogans. E, com isso, passa ao largo ou minimiza temas originais que porventura lhe caem às mãos.

É o caso de sua coluna de hoje – “Razões do PIB fraco: uma visão polêmica” (http://www.valor.com.br/brasil/4079112/razoes-do-pib-fraco-uma-visao-polemica) Romero identifica uma pequena joia, uma visão original – e lógica – contestando as interpretações de mercado sobre a crise.

É de Luiz Guilherme Schimura, diretor do ortodoxo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV-Rio, questionando uma das teses preferidas do establishment: a de que a crise econômica foi consequência da má alocação de recursos (como, por exemplo, na política de substituição de importações) ou da mudança de regras que assustou os investidores privados.

Diz Schimura:

·      as mudanças no setor elétrico foram feitas dentro do marco da legalidade em contratos que iriam vencer. Não havia qualquer diploma legal assegurando às empresas a manutenção das condições anteriores. Independentemente do mérito das mudanças, não houve mudanças nas regras do jogo.

·      Não existe nenhum estudo sólido, do ponto de vista acadêmico, que avalize o argumento da perda de crescimento em decorrência de uma deterioração alocativa num contexto mais amplo.  Tese está sendo sacramentada porque repetida à exaustão.

Para exemplificar:

A política de conteúdo nacional adotada pela Petrobras encareceu os equipamentos adquiridos – pelo custo do aprendizado. Mas movimentou o setor de máquinas, equipamentos e serviços, induziu a investimentos internos e ao aumento do emprego. Impactou positivamente o PIB.

A alternativa seria importar equipamentos mais baratos. Esse custo menor mediria a “eficiência” alocativa, mas não geraria uma máquina a mais, um emprego a mais no país.

Pode-se até discutir os efeitos no longo prazo. Mas é evidente que, no curto prazo, a suposta menor eficiência alocativa do conteúdo nacional foi um fator de dinamismo na economia muito maior do que seria a importação de equipamentos, ainda que mais baratos..

É uma evidente falácia que Schmira rebate com competência.

Quais seriam as razões para a perda de dinamismo da economia, segundo Schimura:

·      o crescimento contínuo das despesas previdenciárias, levando à redução da poupança pública e do crescimento potencial da economia, processos anteriores ao que o mercado denomina de “nova matriz econômica”. Segundo ele, o ciclo das commodities mascarou a crise fiscal.

Trata-se de um tema relevante, polêmico, que demanda uma discussão de alto nível, que vai muito além das planilhas.

Nas análises de mercado não entram as externalidades positivas das políticas sociais, o incremento do mercado de consumo, os ganhos nas áreas de saúde, educação e segurança com o aumento das transferências constitucionais.

E nunca entram os diagnósticos sobre as razões de se manter taxas de juros fora de qualquer parâmetro internacional, nem seus efeitos sobre os investimentos públicos.

Repito: é tema polêmico que demanda discussões de alto nível.

Ai entra o analista Romero, dizendo que “esta coluna (a dele) discorda dessa visão”. E qual a visão “desta coluna”?

“Com o desmonte do arcabouço de política macroeconômica que vigorou nos governos Fernando Henrique e Lula, os empresários perderam a confiança para investir”.

E nada mais disse, nem lhe foi exigido.

Há uma enorme complexidade no diagnóstico da crise.

Há as questões óbvias, como o aumento da demanda que não foi acompanhada pela oferta, por fatores que vão do câmbio ao custo Brasil, fazendo com que grande parte fosse apropriada pelas importações.

Há a questão do impacto dos salários sobre os custos, que não pode ser ignorada – e que nada tem a ver com a tal “nova matriz econômica”.

Há o efeito Selic, que determina a análise custo-benefício para as decisões de investimento privado e para os recursos do orçamento público.

Nada disso entra em suas análises corriqueiras. Resume tudo a um “ na minha opinião”, com análises incompletas que prejudicam o bom repórter que ainda é.

Faria melhor em reportar as opiniões de quem lhe faz a cabeça.

 Post do comentário: O uso dos bordões no jornalismo econômico 

Por Cristiano Romero

Caro Nassif,

 

você presta um grande serviço a seus colegas jornalistas, puxando suas orelhas de vez em quando por causa de eventuais (ou frequentes) abusos cometidos. Como jornalista que, bem ou mal (você está dizendo que mal), gosta de exercer a opinião crítica, não posso me queixar das suas ao meu trabalho. Jornalista que tem medo de crítica não deveria ser jornalista. Mas, por conhecer e respeitá-lo, gostaria de fazer umas poucas ponderações.

 

Vou começar pelo fim: você acha, então, que eu não deveria dar opinião sobre o que apuro e leio? Sinceramente, espero não ter compreendido corretamente o que você quis dizer no fim de seu comentário. No fundo, o que você está dizendo é o seguinte: “Olha, Cristiano, suas opiniões não interessam” ou “Suas opiniões interessam, desde que elas concordem com o que eu penso”.

 

O tema da desaceleração dos últimos quatro anos é fascinante e, certamente, merece estudos, interpretações, análises aprofundadas etc. Muito provavelmente, repórter econômico que é, você tenha alguma opinião sobre o fenômeno. Queria lhe dizer que me dedico ao tema, como jornalista (é o que somos), desde 2011, quando começou a desaceleração. O que eu fiz na coluna _ e de maneira honesta, sem expor o entrevistado a qualquer tipo de constrangimento _ foi trazer a opinião de uma analista importante e, diante de sua análise e opinião, informar ao leitor que penso de forma diferente (você foi o único leitor que se queixou da minha opinião). Já escrevi inúmeras colunas sobre o tema, certamente, mais de uma dezena.

 

Eu trouxe o pensamento do Schymura para a coluna justamente por considerar que ele traz uma análise original, instigante, enriquecedora para o debate, mesmo não concordando com sua tese central. Este é o papel do repórter e esta _ disseminar análises e opinião com as quais muitas vezes não concorda _ é uma das características do meu trabalho de colunista desde quando me foi confiada, pela primeira vez, tarefa de tamanha responsabilidade _ editar a coluna diária Informe Econômico, do saudoso Jornal do Brasil.

 

Sobre as mudanças no setor elétrico, fiz mais de uma coluna explorando justamente avaliações como a de Schymura. Quem me conhece que não me pauto por preconceitos e que converso com todos. Tenho contato tanto com economistas de corte desenvolvimentista quanto liberal. Um jornalista não deve se pautar por paixões ideológicas.

 

Saudações cordiais,

Cristiano.

 

 

 

 

 

Redação

13 Comentários

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  1. Bordão ou mentira?

    “Com o desmonte do arcabouço de política macroeconômica que vigorou nos governos Fernando Henrique e Lula, os empresários perderam a confiança para investir”.

    É só comparar a taxa de investimento da era FHC com a taxa de investimento da era PT. Ela aumentou, e não diminuiu como dá a entender o “bom repórter – mau analista” do Valor.

    Que nesse caso específico, nem o dever de casa básico de um bom repórter (checar os fatos antes de emitir uma opinião) conseguiu fazer.

  2.  
    DA SÉRIE ‘jornalismo ou

     

    DA SÉRIE ‘jornalismo ou entretenimento’?!

     

    DA SÉRIE ‘TUDO A VER NO PLIN PLIN’!

    ‘O silêncio eloquente’ das organizações criminosas Globo revela o protagonismo de réu confesso dos Marinhos da ditadura militar e da *soNEGAção!
    *das verdades – e dos impostos!

    EM TEMPOS FASCIGOLPISTAS:
    na edição de hoje do programete panfletário terrorista e fascigolpista ‘MAU Dia Brasil’ do rádio o [pseudo-]jornalista Alexandre Garcia “nem pensou na notícia a respeito da renúncia do [MENSALEIRO/QUADRILHEIRO TRANSNACIONAL] Joseph Blatter!
    Coitada!
    Da [inocente] cunhada do senhor João Vaccari Neto(!):
    durante ‘trocentos’ dias teve a sua reputação – covarde e impiedosamente – assassinada pelo Garcia “dos Marinhos” e ex porta-voz da ditadura militar!

    #####################

    Globo tem cobertura discreta sobre Blatter; EUA aumentam foco

    Por NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO
    03/06/2015 08p1

    A Globo, até o “Jornal Nacional”, às 20p0, fez um breve registro aqui, outro ali.
    No “G1 em 1 Minuto”, por exemplo, vídeo transmitido pela rede no final da tarde, optou por destacar os postos de combustível que entraram no “dia sem imposto”, oferecendo desconto. Na sequência, anotou que, “depois da renúncia de Blatter, já tem candidato para presidente da Fifa”, citando o príncipe da Jordânia.
    Horas depois, em breve chamada do “JN”, prometeu “as novidades da investigação”. Na escalada de manchetes do telejornal, porém, nada da investigação.
    (…)

    FONTE, pasme: http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2015/06/1637282-globo-tem-cobertura-discreta-sobre-blatter-eua-aumentam-foco.shtml

  3. Valor

    “… política macroeconômica que vigorou nos governos Fernando Henrique…”?

    Fala sério.

    Qual? A do Proer? Que injetou mais de 30 bilhões (em valores histórios) em bancos de amigos, que quebraram depois?

    Ou por acaso esse tal Romero se refere à polícita das provatizações? Que resultou na venda, na bacia das almas, de quase 200 empresas estatais para o capital rentista, inclusive ao derredor de negociatas inconfessáveis. O quê dizer, p. ex., da venda da Vale por 3 bi e com recebíveis acumulados de mais de 8 bi, sem contar as reservas de minérios para 450 anos, que não entraram no preço?

    Vais se informar, inocente.

  4. Faço muitas críticas a Cristiano Romero, mas aqui ele se salva

     

    Luis Nassif,

    Um mérito a ser dado a Cristiano Romero: ter trazido para a coluna dele a boa análise de Luiz Guilherme Schimura, ainda que dela discordasse (Ou principalmente porque dela discordasse).

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 03/06/2015

    1. O Cristiano Romero é o melhor jornalistas com as idéias erradas

       

      Luis Nassif,

      Ao considerar que Cristiano Romero fez a boa prática jornalista de trazer a opinião contrária ao debate, eu não fiz vistas grossas para o fato de ele ter dito no texto dele que “os juros foram reduzidos na marra, o câmbio foi desvalorizado e depois estabilizado em detrimento do regime flutuante e o Ministério da Fazenda colocou em prática as “pedaladas fiscais” para maquiar a verdadeira situação das contas públicas”.

      Nem fiz vistas grossas pelo fato de não satisfeito com a relação das ações do governo que contrariavam a ideologia dele, Cristiano Romero ter ainda relacionado mais medidas que segundo ele levaram ao esfacelamento do PIB e dentre elas ele menciona “a mudança do regime de exploração de petróleo de concessão para partilha (realizada ainda no governo Lula, mas num processo liderado pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff); o congelamento dos preços dos combustíveis; a aprovação de lei para que a Petrobras fosse a operadora única na exploração de petróleo da camada pré-sal; a exigência de conteúdo nacional na construção de navios, plataformas e sondas; o gigantismo do BNDES no sistema de crédito; o voluntarismo na renovação das concessões do setor elétrico”.

      E nem desconsiderei que ele tenha colocado na coluna dele uma frase tão ao gosto dele: “Na visão do titular deste espaço . . . [o] que se viu, todavia, desde 2011 foi que, com o desmonte do arcabouço de política macroeconômica que vigorou nos governos Fernando Henrique e Lula, os empresários perderam a confiança para investir”.

      Ocorre que o que Cristiano Romero aponta como ações erradas do governo é um lugar comum hoje na mídia e há afirmações que se podem ler como sendo de sua lavra, salvo acusar o governo de “reduzir o juro na marra” e também falar em “congelamento dos preços dos combustíveis” quando no governo da presidenta Dilma Rousseff houve aumento. A frase “reduzir o juro na marra”, entretanto, foi a que mais foi ouvida na mídia então não vejo algo tão fora do prumo quando dita por Cristiano Romero. E Cristiano Romero elogiar Fernando Henrique Cardoso é tautológico. O duro foi ele ter colocado o Fernando Henrique Cardoso junto com Lula.

      Aqui vale eu transcrever um trecho de um comentário meu enviado quarta-feira, 09/11/2011 às 18:31 para Raquel_ lá no post “A atuação do BC em dias anormais” de quarta-feira, 09/11/2011 às 11:43, aqui no seu blog. O post “A atuação do BC em dias anormais” consistia de sugestão de Raquel para artigo de Cristiano Romero que fora publicado no Valor Econômico de quarta-feira, 09/11/2011, com o mesmo título do post onde fora todo transcrito. O endereço do post “A atuação do BC em dias anormais” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-atuacao-do-bc-em-dias-anormais

      E o trecho que transcreverei a seguir já fora transcrito de outro meu comentário enviado terça-feira, 01/11/2011 às18:43 para junto do comentário de Domenico Amaral enviado terça-feira, 01/11/2011 às 11:25 e que era o segundo comentário do post “Guia de boas maneiras, por Maria Inês Nassif” de terça-feira, 01/11/2011 às 11:00 aqui no blog de Luis Nassif e originado de comentário de Vânia transcrevendo artigo na Carta Maior intitulado “Guia de boas maneiras na política. E no jornalismo” de autoria de Maria Inês Nassif. Na transcrição dentro da transcrição eu disse o seguinte:

      – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

      “Por fim cabe lembrar que a crítica mais completa feita ao preconceito que existe contra Lula, seja ao Lula torneiro mecânico seja ao Lula sem formação superior está condensada no ótimo texto de Bernardo Kucinski: “O preconceito contra Lula no jornalismo brasileiro” que saiu em 21/01/2008 às 15p5 no blog Vermelho e pode ser visto no seguinte endereço:

      http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=29449&id_secao=1

      O artigo teria sido publicado originalmente na Revista do Brasil em 21/01/2008. Aliás, o artigo de Bernardo Kucinski deveria ser uma primeira página de todo blog progressista e diariamente alguém ir acrescentando novos exemplos de preconceitos contra Lula. E Bernardo Kucinski já não fora exaustivo, pois recentemente encontrei um texto mais antigo do ótimo jornalista Cristiano Romero de quem eu discordo ideologicamente, mas jamais imaginaria que ele escreveria um texto como o do artigo “Estados Unidos: uma oportunidade perdida” publicado no Valor Econômico de quarta-feira, 21/09/2005 e que pode ser visto no seguinte endereço:

      http://www.iconebrasil.org.br/pt/?actA=7&areaID=5&secaoID=7&artigoID=769

      No artigo há essa pérola do preconceito:

      “O jeitão tosco de George W. Bush e a antipatia que nutria pelo antecessor de Lula facilitaram a aproximação entre o presidente americano e seu colega brasileiro. Os dois chefes de Estado têm essa característica comum. Ambos odeiam intelectuais e tiveram como antecessores justamente dois deles – Bill Clinton e FHC”.

      Dizer que Lula odeia intelectual, sabendo que o mais próximo assessor de Lula durante todo o tempo dele na presidência da República foi Luiz Carlos Dulci, é de um preconceito sem tamanho. E apesar da divergência que eu tenho com os escritos de Cristiano Romero e que eu não cheguei a esclarecer totalmente, mas tive oportunidade de destacar alguns pontos dos meus argumentos contra as idéias de Cristiano Romero e os colocar junto ao post “A Crise de 2005, 5 anos depois” de 23/05/2010 no blog de Na Prática a Teoria é Outra e que pode ser visto no seguinte endereço:

      http://napraticaateoriaeoutra.org/?p=6286

      Eu não podia esperar uma frase como essa dele.”

      – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

      Depois que descobrir o artigo “Estados Unidos: uma oportunidade perdida” não peco oportunidade de reproduzir o trecho preconceituoso. Não dou essa divulgação para espezinhar Cristiano Romero, divulgo porque a afirmação dele mostra que mesmo entre bons jornalistas não existe um limite inferior a que se pode descer e quando se desce de nível mediante o preconceito é válido dar o destaque negativo a esse preconceito. Escrevi o texto lá em “Guia de boas maneiras, por Maria Inês Nassif” e depois em “A atuação do BC em dias anormais”.

      Há cerca de quase um ano voltei a mencionar o trecho de Cristiano Romero quando se discutiu o livro de Mathias Spektor que seria lançado e no qual ele teria dado destaque ao papel de Fernando Henrique Cardoso na aproximação entre Lula e George Walker Bush, o filho. Interessante que o preconceito de Cristiano Romero mostrava que era pouco provável o que afirmara Mathias Spektor. Houve dois posts aqui no blog. Um foi “A verdadeira história da aproximação de Lula e Bush Jr.” de segunda-feira, 30/06/2014 às 12:02, com texto de autoria de Motta Araujo que, aliás, deveria ser uma das pessoas entrevistadas por Mathias Spektor para que ele pudesse contar a história da aproximação entre Lula e George Walker Bush, o filho.. Em um segundo post publicado logo depois você confirma as correções que Motta Araujo fizera no que seria o texto de Mathias Spektor. Trata-se do post “Como Lula aproximou-se dos Estados Unidos” de terça-feira, 01/07/2014 às 06:00.

      Deixo o link para os três post. O endereço do post “Guia de boas maneiras, por Maria Inês Nassif” é:

      http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/guia-de-boas-maneiras-por-maria-ines-nassif

      O endereço do post “A verdadeira história da aproximação de Lula e Bush Jr.” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/a-verdadeira-historia-da-aproximacao-de-lula-e-bush-jr

      O endereço do post “Como Lula aproximou-se dos Estados Unidos” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/como-lula-aproximou-se-dos-estados-unidos

      Este ano eu voltei a fazer críticas ao Cristiano Romero tendo em vista o artigo dele “‘Habemus’ ministro” e essas críticas podem ser vistas junto ao meu comentário enviado quinta-feira, 08/01/2015 às 13:30 para você lá no post “Ajuste fiscal sem reformas é blefe” de quinta-feira, 07/01/2015 às 05:00, aqui no seu blog e de sua autoria, e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/ajuste-fiscal-sem-reformas-e-blefe

      O que o Cristiano Romero dizia no artigo “‘Habemus’ ministro” já era por si pobre e eu nem precisava trazer a frase preconceituosa dele. O que eu fazia no meu comentário era colocar o Cristiano Romero na mesma vala comum em que se encontrava a revista Veja que elogiava o ministro Joaquim Levy pela passagem dele na Universidade de Chicago.

      Na segunda-feira, 01/06/2015 às 20:47, eu enviei um comentário para Andre Araujo (ou Motta Araujo) junto ao post “O engenheiro economista e o economista político” de sexta-feira, 29/05/2015 às 10:41, aqui no seu blog e de autoria de Andre Araujo, para mostrar que ao mesmo tempo que era importante a formação do ministro da Fazenda Joaquim Levy pela Universidade de Chicago, algo por sinal omitido por Andre Araujo no post “O engenheiro economista e o economista político”, esta formação só era superdimensionada no Brasil. Era a circunstância e não a formação em Chicago que dava ao ministro da Fazenda Joaquim Levy o endosso de correção da política econômica que se adotava.

      No fundo o que ocorre com o Cristiano Romero é a prevalência do Aforismo XLVI do “Novum Organum” de Francis Bacon: “O intelecto humano, quando assente em uma convicção (ou por já bem aceita e acreditada ou porque o agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. E ainda que em maior número, não observa a força das instâncias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo.”

      Aconteça o que acontecer, Cristiano Romero só verá o vigoroso arcabouço de política macroeconômica do governo de Fernando Henrique Cardoso. Lula entra porque existe o bordão que a política econômica de Lula foi a mesma de Fernando Henrique Cardoso e só assim se admite que mesmo um sapo barbudo fique na mesma seara de um príncipe.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 03/06/2015

  5. Outra explicação em e-mail para Bráulio Borges há seis meses

     

    Luis Nassif,

    Haverá muitas explicações para o fracasso da política econômica do primeiro governo da presidenta Dilma Rousseff. Um importante papel dos meios de comunicação seria divulgar as explicações. O Cristiano Romero desempenhou bem a atividade de jornalista ao tornar a coluna dele um veículo para a justificativa de Luiz Guilherme Schimura para o PIB fraco.

    Bem, no ano passado o economista Bráulio Borges publicou no jornal Valor Econômico o artigo “Anatomia de um crescimento baixo”. O artigo apareceu no Valor Econômico de segunda-feira, 29/09/2014, há, portanto, mais de oito meses e pode ser visto, embora na integra apenas para assinantes do jornal Valor Econômico, no seguinte endereço:

    http://www.valor.com.br/opiniao/3713996/anatomia-de-um-crescimento-baixo

    O texto de Bráulio Borges não era propriamente uma explicação, pois ele centrava mais nas possibilidades de erros estatísticos na avaliação do PIB. No entendimento dele somente erros estatísticos poderiam explicar o que para ele seria um sumiço de 1 ponto percentual no PIB brasileiro quando se comparava a economia brasileira com economia de países em situação semelhante a nossa.

    Não entrei propriamente no mérito do que o Bráulio Borges alegava no artigo dele, mas enviei na terça-feira, 30/09/2014 às 19h09, um e-mail para ele em que eu dizia o seguinte:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    “Bráulio Borges,

    Não falo como economista que não sou, mas como um observador que acompanha há muito a economia brasileira. Considero que o terceiro trimestre de 2013 foi o ponto fora da curva que impediu a retomada da economia brasileira que se vislumbrava quando se olha o “GRÁFICO I.9 – PIB a preços de mercado” e quando se faz o levantamento FBCF no “GRÁFICO I.1 – PIB e subsetores (com ajuste sazonal)” sempre pela última informação disponível no “Indicadores IBGE – Contas Nacionais Trimestrais”.

    E para mim o que impediu a retomada foram as manifestações de junho de 2013. Elas em si e no imediato não tiveram efeito, mas elas atingiram o espírito animal do empresariado. A expectativa com o aumento do juro americano só veio a pesar em 2014. Vale a pena analisar esta questão”.

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    A meu ver, o efeito das manifestações nas expectativas foi algo fora do normal. Nunca em nenhum país em tempo de paz ocorreu uma queda da popularidade de um governante como ocorrera no intervalo de um mês, quando se compara uma pesquisa de popularidade da presidenta Dilma Rousseff feita em maio de 2013 e outra em junho de 2013. A queda da popularidade foi um efeito mensurável. O efeito na economia é só uma hipótese, mas coincidentemente houve uma reversão completa da curva de crescimento que entrara pelo terceiro trimestre em crescimento e de repente surge uma reversão com o PIB caindo principalmente o investimento.

    Como eu dizia na época: “as manifestações não trouxeram nada de novo, salvo as redes sociais na internet, e nada de bom, salvo as manifestações em si, como prova da democracia”. Talvez no futuro venha-se a descobrir coisas ruins que as manifestações causaram. Para o PT e a presidenta Dilma Rousseff sem dúvida que elas foram destruidoras. E quem sabe se o fortalecimento da direita no Congresso Nacional não originou do efeito que as manifestações tiveram na esquerda levando a um acabrunhamento dela.

    O mais interessante é que provavelmente daqui a dois anos a presidenta Dilma Rousseff e o PT consigam recuperar muito do prestígio que perderam e muito da recuperação que a presidenta Dilma Rousseff e o PT alcançarem será obtida fazendo contraposição ou antagonismo com as manifestações de 15 de março de 2015 que tinham cores, pois eram contra o PT, a presidenta Dilma Rousseff e contra a corrupção, ao contrário das manifestações de junho de 2013 que mas se assemelhavam a um bando de zumbis.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 03/06/2015

    1. Mais texto de Bráulio Borges sobre baixo crescimento do PIB

       

      Luis Nassif,

      O Bráulio Borges voltou a discutir o baixo crescimento do PIB no artigo “O reducionismo no debate” publicado no jornal Valor Econômico de terça-feira, 30/06/2015, e que pode ser visto no seguinte endereço ainda que na íntegra apenas para assinantes do jornal Valor Econômico:

      http://www.valor.com.br/opiniao/4114076/o-reducionismo-no-debate

      Em um trecho parece que ele vai na direção de apontar para o terceiro trimestre de 2013 como um momento de inflexão na economia. Trata-se do trecho em que ele diz:

      “A taxa de investimento (isto é, a razão entre a Formação Bruta de Capital Fixo e o PIB), medida a preços constantes (de modo a isolar somente as quantidades), atingiu, no começo de 2014, o nível mais elevado desde 1996 (quase 6 pontos percentuais acima do “vale” em 2003, e quase 3 pontos percentuais acima do patamar de 2008)”.

      Ele se aproxima de analisar o terceiro trimestre de 2013, mas acaba afastando dele porque ele faz a análise comparando quatro trimestres com os quatro trimestres anteriores e ai a inflexão que realmente ocorre no terceiro trimestre fica menos perceptível.

      Embora o artigo de Bráulio Borges não seja um estudo mais aprofundado, vale ser visto exatamente por trazer mais uma visão que ajuda a entender porque nós tivemos no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff baixo crescimento econômico.

      Há que se considerar que o baixo crescimento de 2011 e 2012 foi como que forçado pelo governo para que pudesse contrabalancear o crescimento exagerado que tivemos em 2009 e 2010, sendo que há análise do Banco Central apontando para um possível início de bolha na construção civil no ano de 2009. Assim, o governo adotou muitas medidas, algumas sendo tomadas ainda em 2010, para reduzir o crescimento e o que ocorreu em 2011 e 2012 não foi muito fora do previsível. O que precisa ser analisado é porque motivo não houve recuperação em 2013 e 2014.

      Em relação a 2014, há também como uma influência à parte o problema do fim do QE que acabou acarretando instabilidade para a economia.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 30/06/2015

  6. Um repórter sem opinião?

    Caro Nassif,

    você presta um grande serviço a seus colegas jornalistas, puxando suas orelhas de vez em quando por causa de eventuais (ou frequentes) abusos cometidos. Como jornalista que, bem ou mal (você está dizendo que mal), gosta de exercer a opinião crítica, não posso me queixar das suas ao meu trabalho. Jornalista que tem medo de crítica não deveria ser jornalista. Mas, por conhecer e respeitá-lo, gostaria de fazer umas poucas ponderações.

    Vou começar pelo fim: você acha, então, que eu não deveria dar opinião sobre o que apuro e leio? Sinceramente, espero não ter compreendido corretamente o que você quis dizer no fim de seu comentário. No fundo, o que você está dizendo é o seguinte: “Olha, Cristiano, suas opiniões não interessam” ou “Suas opiniões interessam, desde que elas concordem com o que eu penso”.

    O tema da desaceleração dos últimos quatro anos é fascinante e, certamente, merece estudos, interpretações, análises aprofundadas etc. Muito provavelmente, repórter econômico que é, você tenha alguma opinião sobre o fenômeno. Queria lhe dizer que me dedico ao tema, como jornalista (é o que somos), desde 2011, quando começou a desaceleração. O que eu fiz na coluna _ e de maneira honesta, sem expor o entrevistado a qualquer tipo de constrangimento _ foi trazer a opinião de uma analista importante e, diante de sua análise e opinião, informar ao leitor que penso de forma diferente (você foi o único leitor que se queixou da minha opinião). Já escrevi inúmeras colunas sobre o tema, certamente, mais de uma dezena.

    Eu trouxe o pensamento do Schymura para a coluna justamente por considerar que ele traz uma análise original, instigante, enriquecedora para o debate, mesmo não concordando com sua tese central. Este é o papel do repórter e esta _ disseminar análises e opinião com as quais muitas vezes não concorda _ é uma das características do meu trabalho de colunista desde quando me foi confiada, pela primeira vez, tarefa de tamanha responsabilidade _ editar a coluna diária Informe Econômico, do saudoso Jornal do Brasil.

    Sobre as mudanças no setor elétrico, fiz mais de uma coluna explorando justamente avaliações como a de Schymura. Quem me conhece que não me pauto por preconceitos e que converso com todos. Tenho contato tanto com economistas de corte desenvolvimentista quanto liberal. Um jornalista não deve se pautar por paixões ideológicas.

    Saudações cordiais,

    Cristiano.

     

     

     

     

     

    1. Resposta improcedente

      Como é tola a resposta! Nassif pede, mui simplesmente que o tema é mais complexo que um simples no meu entender é assim e assado (aliás nem tem o assado).  E a resposta do jornalista não toca nesse ponto, que é a crítica do Nassif.

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