Ato na Faculdade de Direito da USP contra o golpe de estado

Por Fábio de Oliveira Ribeiro

Em  16/12/2015, a partir das 11 horas, ocorreu no auditório da Faculdade de Direito da USP o ato dos intelectuais contra o golpe de estado. Compareci ao evento e registro aqui minhas impressões sobre o mesmo.

A primeira coisa que chamou a atenção foi a diversidade política dos professores convidados a compor a mesa. Lá estavam intelectuais historicamente ligados ao PT (como Marilena Chaui), e pesos pesados que ajudaram a fundar o PSDB (como Bresser Pereira). Havia professores da PUC, da USP e da UNESP, bem como de outras universidades menos conhecidas.

Dalmo Dallari fez comentários sobre a CF/88 e demonstrou como e porque não há qualquer base jurídica ao Impedimento de Dilma Rousseff. Relatou também suas experiências durante a Ditadura com a finalidade de infundir nos jovens presentes a necessidade de lutar pelo respeito às instituições.

Bresser Pereira lembrou a todos que o liberalismo pode perfeitamente conviver com a ausência de democracia. E que o que está em jogo não é apenas o respeito à Constituição Federal e sim a universalização de seus princípios, algo que apenas começou e que certamente será interrompido se o golpe de estado prevalecer.

O professor Schwartz afirmou que o golpe de estado via Impedimento não representa apenas um retrocesso, mas também um novo capítulo da luta de classes no Brasil. Se neste momento o interesse da oligarquia prevalecer aos princípios constitucionais, no futuro – quando o povo brasileiro se insurgir contra um governo realmente ilegítimo – o Impedimento não receberá qualquer apoio da mídia ou da FIESP como ocorre no momento.  

Marilena Chaui levou a platéia ao delírio ao criticar FHC por ele ter dito que o mercado deseja o Impedimento como se o mercado fosse uma entidade capaz de manifestar vontade e exercitar algum tipo de cidadania contra a vontade dos cidadãos brasileiros. Ela convocou todos a lutar contra o golpe de estado e lembrou que a classe média, especialmente, a classe média paulista, é suficientemente obtusa e autoritária para apoiar qualquer solução não democrática que lhe garanta exercer o poder político.

Um professor cujo nome esqueci – e que por falta de experiência jornalística não anotei – falou sobre o sequestro da energia das pessoas que são excluídas pelo capitalismo que está ocorrendo neste momento. Os maiores prejudicados pelo golpe de estado estão sendo convocados a apoiar o mesmo. A tarefa de todos deveria ser educar justamente esta parcela da população.

Vários outros professores falaram, mas não reproduzirei tudo o que foi dito. O evento foi gravado e em pouco tempo o vídeo estará na internet. O prefeito Fernando Haddad e o ex-senador paulista Eduardo Suplicy também estiveram presentes.

A composição da platéia também era bastante diversa. Havia professores, estudantes universitários, advogados e muitos estudantes secundaristas. Em vários momentos os participantes aplaudiram e gritaram o refrão “não vai ter golpe”. Assim seja.

As fotos que fiz do evento foram postadas no Facebook https://www.facebook.com/fabio.deoliveiraribeiro/posts/1109193439104483?pnref=story.

Fábio de Oliveira Ribeiro

5 Comentários

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  1. Eh isso ai, Fabio

    Que bom que o pessoal do Largo São Francisco esta consciente desse momento. E que intelectuais de todos matizes unam-se contra mais um golpe à republica brasileira.  Ja OAB quase que apoia essa loucura de interesses que resulta nesse impedimento, que so atranvaca mais ainda o Brasil. E que essa Lava Jato de meia tigela, va para o raio que a parta!

  2. Janaína Paschoal

    Quanto isso, remoendo ódios em sua histeria anticomunobolivariana, Janaína Paschoal fantasiava o futuro: – Um dia eu vou ser reitora da USP. Aí vocês vão ver. Minha vingança sará maligna…

  3. junto com o movimento dos

    junto com o movimento dos intelectuais e artistas

    (chico – aquele iniciado pelo fernado morais – ), 

    esse dos universitários é tb histórico.

    pega a nata atual do pensamento brasileiro.

    bresser…

    roberto schwarz, que tem um estudo sobre machado de assis  que é anbtológico.

    tipo assim:

    os escravoicratas da elite  autocrática e plutocrática brasileira

    são muito chiques, posam de vanguardistas,  vivem no e do estrangeiro,

    mas quando retornam ao seu pedaço (latifundio?)

    açoitam seus escravos….

    alguns dizem que ele estaria se referindo aos tucanos, mas aí já é maldade…

    demais….

    e aí surge a inteligencia da  marilena chauí, que tb deu uma entrevista muito boa

    aos jornalistas livres.

    tipo assim: a classe media não tem muita

    identidade porque não é nem pobre nem rica.

    aí fica engambelada pela vida dos ricos e quer imitá-los

    -um dia chego lá, pensam….

    essa gente da classe média é ignorante, não porque não tenha  conhecimento,

    mas porque não pensa mesmo….

    anda com seus carrões parecidos com os dos

    ricos e se acha rico tb,

    só que se iludem.

    não tem a mínima ideia de que os meios de produção estão  só nas

    mãos dos ricos e. ela, classe média, não se apercebe.

    e se perde no lufa-lufa infindável cotidiano e não vive….

    eu já acho que vegeta, por isso é raivosa….

    sequer pensa nisso..

     

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