A Alfredinho e Elton Medeiros, com afeto… por Gláucia Foley

Há pouco tempo, fui no bip-bip e perguntei para meu querido Alfredinho onde eu poderia encontrar Elton para entregar meu segundo CD produzido tão lindamente por Carlinhos 7 Cordas.

A Alfredinho e Elton Medeiros, com afeto… por Gláucia Foley

Elton Medeiros é, ao lado de Cartola, Nelson Sargento e outros bambas, um dos gênios que melhor expressou a beleza sofrida do samba. Esse cara, com sua obra, capturou minha alma. Abduziu-me para o samba desde muito nova.

Eu tive a honra de encontrá-lo (já madura) na vizinhança do apartamento que minha mãe mora no Rio. Ele estava na banca de jornal. Cheguei de mansinho para não ser invasiva. Conversamos. Pedi seu endereço. Descobri que ele morava no prédio cujo zelador era um querido, que bebia comigo e com Conor no boteco que ficava exatamente no térreo do prédio do Elton.

Um dia, num rompante de coragem, entreguei meu primeiro CD (Meu Canto, 2010) para o zelador, meu chapa, e pedi para entregar ao Elton.

Dias depois, toquei a campainha. A cuidadora dele me atendeu. Eu disse que queria conversar com o mestre (naquela altura, ele estava com limitação integral da visão). Entrei no apartamento com o coração aflito. O que dizer quando os olhos não veem? Resolvi contar minhas histórias. Minhas pequenas e humildes histórias diante daquele gigante. Contei sobre minhas histórias com o samba misturadas com as histórias com a justiça.

Enquanto ouvíamos o CD, Elton Medeiros ouviu minhas histórias porque minha alma pulsava ali. E ele riu muito!!!! E eu ri com ele a minha trajetória.

Elton mudou-se e eu não sabia para onde.

Há pouco tempo, fui no bip-bip e perguntei para meu querido Alfredinho onde eu poderia encontrar Elton para entregar meu segundo CD produzido tão lindamente por Carlinhos 7 Cordas. Como ele não lembrava o endereço mas sabia onde era, Alfredinho desenhou onde eu poderia reencontrar o mestre. Guardei o mapa cuidadosamente registrado no guardanapo de boteco.

Semanas depois, Alfredinho morreu. E agora, a localização de onde eu encontraria Elton está na minha agenda. Na minha memória afetiva. Na minha alma. Não há mais endereço a buscar.

Meus queridos, Alfredinho e Elton Medeiros, sempre que eu cantar, dedicarei o melhor de mim para vocês!

Com afeto, Gláucia Foley

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador