A Arte de Moacyr Silva, por Laura Macedo

 

A Arte de Moacyr Silva, por Laura Macedo

Moacyr Silva (1918/2002) aos dez anos tocava na Banda do Centro Operário de sua cidade e, aos dezessete, mudou-se com toda a família para o Rio de Janeiro.

As dificuldades de sobrevivência na nova cidade diminuem quando serve o Exercito – ou, como ele mesmo dizia, ‘a boia do Exercito’ – e entra para a Banda do Quartel.

Ao dar baixa, arruma seu primeiro emprego na orquestra da Gafieira Elite, de onde sai o convite do maestro Fon-Fon, com quem trabalha até 1947.

Toca, também, nas orquestras de Zacarias e de Simon Bountman e, durante muitos anos, trabalha como diretor musical do Hotel Copacabana Palace.

Na década de 1950, apresenta-se nas boates do Beco das Garrafas com o primeiro conjunto que cria e tem, entre seus integrantes, o baterista Dom Um Romão e a cantora e compositora Dolores Duran.

No final dos anos de 1950, o produtor de discos Nilo Sérgio [foto abaixo], da Musidisc, precisando aumentar o faturamento da gravadora, contrata Moacyr para gravar uma série de discos dançantes e registra um nome fictício para o saxofonista que, então, era contratado da Copacabana.

Surgem, assim, as séries ‘Sax Espetacular’ e ‘Sax em Hi-Fi’ e o saxofonista ‘Bob Fleming’, com vendagens de mais de 400 mil cópias. Tempos depois, procurando músicos mais baratos do que Moacyr, Nilo Sérgio cria vários ‘Bob Fleming’ para continuar essas séries.

Na década de 1960, já como diretor artístico da gravadora Copacabana – cargo que exerceu por mais de quinze anos – Moacyr grava três discos com Elizeth Cardoso, intitulados ‘Sax e Voz’ e ‘Sax e Voz Nº 2’, ambos relançados em CD, em 2002.

Os discos alternam músicas cantadas e instrumentais. Especializado em sax tenor, Moacyr é considerado um mestre de seu instrumento, ao lado de Zé Bodega.

 

Vamos relembrar algumas faixas de Discos gravados por Moacyr Silva e Elizeth Cardoso!

 

Sax e Voz (1960) – com Elizeth Cardoso e Moacyr Silva!

O amor e a rosa” (Pernambuco/Antonio Maria) # Elizeth Cardoso e Moacyr Silva no álbum ‘Sax Voz’ (1960).

 

Meditação” (Tom Jobim/Newton Mendonça) # Moacyr Silva. Álbum ‘Sax Voz’, 1960.

 

Moacyr Silva e Elizeth Cardoso / Disco SAX e VOZ N 2

Samba triste” (Baden Powell/Billy Blanco) # Elizeth Cardoso [voz] / Moacyr Silva [sax]. LP Copacabana Sax & Voz / Volume 2 / 1961.

Guacyra” (Hekel Tavares/Joracy Camargo) # Elizeth Cardoso [voz] / Moacyr Silva [sax], 1961.

 

Disco Elizeth Cardoso e Moacyr Silva

 

 

Vem hoje” (Moacyr Silva/Antonio Maria) # Elizeth Cardoso [voz] / Moacyr Silva [sax], 1961.

Palhaçada” (Luiz Reis/Haroldo Barbosa) # Elizeth Cardoso [voz] / Moacyr Silva [sax tenor] / LP Sax e Voz Vol- 2. LP Copacabana, 1961.

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Fontes:

– Fotomontagens: Laura Macedo.

– Um Sopro de Brasil: Myriam Taubkin, 2005 – Projeto Memória Brasileira. Vários Colaboradores.

– Site #radinha.

– Site YouTube/Canais: “GotyouFish”, “Antonio Bocaiúva”, “luciano hortencio”, “Marcelo Maldonado”.

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Laura Macedo

4 Comentários

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  1. tristeza sem fim

    Triste.

    Muito triste escutar estas musicas gravadas mais de meio seculo atras.

    Era essa a musica que escutavamos no radio, na televisão.

    Comparadas em qualidade aos sertanejos e similares que o povo escuta hoje estavam 150 anos em avanço.

    Isto é, o Brasil regrediu 200 anos em termos de cultura.

    A televisão, atualmente, é um aparelho de triturar cerebros.

    O fato de uma parte significante de nossa juventude votar e se mobilizar por Bolsonaro é consequencia desse atraso.

    A arte e a cultura nos anos 60 eram vistos como elementos fundamentais para o desenvolvimento do pais.

    Nossos filmes ganhavam em festivais pelo mundo. Os maiores artistas do estrangeiro se curvavam diante da musica brasileira.O teatro de Nelson Rodrigues não ficava atras de nada que se produzia pelos palcos dos paises ricos.

    Não se conta aos jovens de hoje, mas a primeira vitima da ditadura militar foi a arte.

    Aquela fonte de riqueza intelectual, aos olhos dos militares e seus apoadores estrangeiros tinha que ser sufocada.

    E chegamos onde estamos hoje.

    Existem novas Elizeths. Os cerebros ainda não foram totalmente apagados. Mas elas, hoje, são “cults”, marginais, assistidas por minorias.

    Moacyr Silva, nosso maior maestro e arrajador popular, mudou-se para os EUA e morreu por la, assim como Airton Moreira, Dom Salvador, Flora Purin, Egbeerto Gismonti, Baden e muitos outros.

     

    1. “O apito do Samba”!

      Caríssimo antonio rodrigues,

      Excelente comentário! Assino embaixo!

      “Não se conta aos jovens de hoje, mas a primeira vitima da ditadura militar foi a arte”. Concordo plenamente!!

      Só nos resta resistir até o fim… E assim vamos sobrevivendo… até QUANDO?!

      Grata pelo seu comentário. Deixo para você mais uma interpretação do nosso grande Moacyr Silva:

      “Apito do Samba” (Luiz Bandeira) # Moacyr Silva e seu Conjunto. Álbum “Samba é bom assim”. Gravação/1958.

      Grande abraço!

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=Sk0fQvzGeZw%5D

       

  2. O fera de Cataguases

    Antes de mais nada, retiro o que disse, previamente, sobre a Divina. E o que eu disse? Ah, ela canta músicas lentas… Bobagem minha, lindona. A Divina é o máximo, e neste post isto está evidenciado mais uma vez. Moacyr Silva, brilhante, só poderia ser a escolha de Elizeth. 

    Conforme eu lhe falei, dei um tempinho para concluir a oitiva, para só então fazer um comentário. E, como se diz, saí no lucro: Há quanto tempo eu não ouvia o Apito do Samba? Quarenta anos? Acho que foi lá pelos anos 60, em Piracuruca. Mas foi só começar a ouvir e a sequência veio à mente, de forma nítida. Uma beleza, como de resto as que você já havia apresentado. 

    O Antonio Rodrigues fez contundente desabafo. C’est la vie, amigo. Mundão cada vez mais confuso. Resta-nos torcer para que a qualidade musical seja resgatada. De certo, mesmo, só a avidez tresloucada do mercantilismo musical, dificilmente superável. Não há dúvida: a MPB mereceria homenagens consentâneas com o seu histórico.

    Grato pelos brindes, garota.

    Beijos.

     

    1. Querido Gregório,

      Querido Gregório,

      Esse encontro da Elizeth Cardoso e Moacyr Silva é até hoje uma maravilha musical que atravessa o túnel do tempo, com excelência em músicos, repertório e arranjos. São dois discos, ora Moacyr Silva apenas com o seu conjunto em músicas como La Barca, ora acompanhando Elizeth em todo seu resplendor de magnífica.

      Deixo para você mais dois Vídeos:

      Beijos!!

      “Chorou, Chorou” (Luiz Antonio) # Moacyr Silva. LP Sax & Voz Volume 2 / LP Copacabana / 1961.

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=rqcY0pz4iPQ%5D

      Elizeth Cardoso e Moacyr Silva: ” Meditação ” (Newton Mendonça/Tom Jobim ) / “Mulata assanhada ” (Ataulfo Alves) / ” Samba triste ” (Billy Blanco/Baden Powell).

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=gqs_4qlKkgw%5D

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