A música inédita deixada por Raul Seixas

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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A música que Raul deixou no baú

Apesar de menosprezada, ela permaneceu intacta na memória de Claudio Roberto e de Tania Menna Barreto, companheira de Raul

Por Gabriel de Sá, do Correio Braziliense

 

Em 1977, Raul Seixas recebeu em seu apartamento de Copacabana, no Rio de Janeiro, um fã que, aos poucos, convertera-se em amigo – era Luiz Silveira, então com 17 anos.

No violão, o roqueiro mostrou ao rapaz uma composição feita com o parceiro Claudio Roberto, batizada de A loucura de Eva.

Contudo, apesar da associação bem-sucedida com Claudio — a dupla criou clássicos, como Maluco Beleza e O Dia em que a Terra Parou —, Raul preferiu não gravá-la como fora concebida.

Com outra letra e renomeada Por Quem os Sinos Dobram, agora coassinada com o argentino Oscar Rasmussen, Raul registrou a faixa dois anos depois.

A primeira versão foi para a gaveta, mas inspirou o mesmo Luiz Silveira a escrever, com autorização do ídolo, sua adaptação para a canção.

Atemporal

Apesar de menosprezada pelo roqueiro, ela permaneceu intacta na memória de Claudio Roberto e de Tania Menna Barreto, companheira de Raul na segunda metade dos anos 1970. Foi ela quem cantou, ao telefone, a música original. A história da composição guardada havia sido citada no documentário Raul — O início, o fim e o meio (2012), no qual o refrão é entoado por Claudio. Esta é a primeira vez, entretanto, que outros trechos da música chegam ao grande público.

O carioca Claudio Roberto conheceu Raul quando tinha 11 anos de idade e tornou-se compositor por influência dele. Desde 1977, vive retirado em um sítio na zona rural de Miguel Pereira (RJ). Aos 61 anos, disse não saber, e nem se importar, com a razão pela qual ‘A Loucura de Eva’ não ter sido gravada. “Não faço a menor ideia, amigo. Isso ele levou para o túmulo”, comentou. “Na época, algumas pessoas queriam que eu brigasse com ele por esse ou por aquele interesse, e eu avisei logo que eu não era parceiro do Raul, era amigo.”

Tania Menna Barreto aprendeu os versos da canção feita por Raul e Claudio e os guardou com carinho. “Eu canto ela de vez em quando ao violão, inclusive em alguns shows que fiz”, destacou. A ex-companheira do artista diz preferir A loucura de Eva à segunda versão, e acredita que a letra de ‘Por quem os sinos dobram’ traz vários recados de Raul para ela, já que, quando foi recriada, o casal ensaiava uma crise. “É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro”, cantarola, citando um dos versos da parceria com Oscar Rasmussen, morto há dois anos na Argentina, vítima de câncer.

Sylvio Passos, fundador do primeiro fã-clube oficial de Raul, também conhece as duas letras, mas discorda de Tania. “O texto de ‘Por quem os sinos dobram’ é muito mais impactante e atemporal do que o de ‘A loucura de Eva’. Acho que o Raul não curtiu muito, não. É interessante a brincadeira com Darwin e tal, mas penso que ele optou por uma coisa mais ampla”, sugere. Segundo Passos, era comum o roqueiro baiano refazer algo de que não tinha gostado. “Muitas músicas do Raul têm vários textos diferentes. Ele aproveitava a melodia e reEscrevia, com outra ideia no lugar”, afirmou.

Bobagem/Coragem

Quando Raul cantou ‘A loucura de Eva’ para Luiz, disse a ele que gostava muito do refrão, mas nem tanto do restante da poesia. “E eu, ousadamente, pedi pra tentar mudar”, lembra o fã, hoje produtor cultural, aos 53 anos. Raul deixou. O resultado é ‘Em quem Eva mamou?’, inspirada na temática original e de refrão semelhante, mas com melodia diferente. A faixa foi colocada no YouTube há algumas semanas, com vocais de André 14 Voltas, e deu início ao resgate dessa história.

‘Por quem os sinos dobram’, mesmo título do romance do americano Ernest Hemingway, versa sobre autoavaliação e encorajamento. A original, de viés feminista, ressalta a importância de Eva na origem do homem. Foi por esse caminho que Luiz Silveira seguiu. “Fiz o que Raul me pediu: mantive o refrão e mudei todo o restante, enaltecendo a figura da mulher. Em’ Por quem…’, ele aproveitou duas sequências de notas da original e, no refrão, em vez de ‘bobagem’, usou ‘coragem’”, detalha.

Silveira demorou muitos anos para mostrar o que tinha feito a Raul, mas diz ter tido a aprovação dele no camarim de um show com Marcelo Nova, no Rio, já no fim da vida do ídolo. O último suspiro de Raul nos palcos, parte desta mesma turnê, aconteceu em Brasília, há exatos 24 anos. O roqueiro seria encontrado morto em seu apartamento em São Paulo, em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos.

 

A Loucura de Eva

(Primeira estrofe e refrão da composição inédita de Raul Seixas e Claudio Roberto)

Ninguém tem certeza

a respeito da origem do homem

Pois a vida não começou onde

a história começa

Mil teorias, é gente falando à beça

E tudo que me oferecem tá sempre faltando uma peça

(…)

Bobagem, bobagem, pensar que o homem nasceu de um macaco qualquer

Bobagem, bobagem, o homem

nasceu da mulher

http://youtu.be/4mOo4QD8BE0]

 

Por Quem os Sinos Dobram

(Primeira estrofe e refrão da parceria de Raul e Oscar Rasmussen, gravada em 1979, com a mesma melodia anterior)

Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Cê sabe que a gente precisa entrar em contato
Com toda essa força contida e que vive guardada
O eco de suas palavras não repercutem em nada
(…)
Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais

http://youtu.be/8QQQEvn4zTk

 

Em Quem Eva Mamou?

(O fã Luiz Silveira se aproveitou do refrão da versão original para, com autorização de Raul, criar uma nova canção)

(…) Dão sempre a ela o papel de vilã
E ele o Narciso, macaco galã
Se é paraíso, pra quê sutiã?
Com ou sem leite, se entregue ao deleite
Aproveite o prazer da maçã
(…)
Bobagem, bobagem, bobagem, bobagem
Dizer que o homem veio de um macaco qualquer
Bobagem, bobagem, bobagem, bobagem
O homem veio mesmo foi de uma mulher

[video:http://youtu.be/JAmDl_AyyDM

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

3 Comentários

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  1. Humberto Teixeira

    Blog de musicaemprosa : Música em Prosa, Assum Preto. Lenine e Zeca Baleiro homenageiam Luiz Gonzaga

    “Com Humberto Teixeira fiz ‘Asa Branca’, o ‘Baião’, ‘Assum Preto’, tantas músicas de minha sensibilidade e que ficarão comigo eternamente. Quando apresentei a música a Humberto falei para ele: Agora estou com vontade de fazer ‘Asa Branca’, mas não boto muita fé, porque é muito lenta, cantiga de eito, de apanha de algodão. Humberto pediu para eu cantar a música, eu cantei e ele me convenceu a fazê-la” – Luiz Gonzaga

    zzhomen3

    O inspirado parceiro do genial Gonzagão, além de letrista, também foi advogado e deputado federal. Conhecido como “Doutor do Baião”, Teixeira notabilizou-se pela defesa dos direitos autorais dos músicos e pela divulgação internacional dos ritmos nacionais, através de uma lei de 1958 que levou o seu nome e fomentou a organização de caravanas anuais de música popular brasileira no exterior, entre os anos 50 e 60.

    [video:http://youtu.be/SQ02TKo9RQo width:600 height:450]

    Blackbird

    Pássaro preto cantando na calada da noite 
    Tome estas asas partidas e aprenda a voar 
    Toda sua vida 
    Você somente aguardava esse momento para alçar voo 

    Pássaro preto cantando no silêncio da noite 
    Tome estes olhos fundos e aprenda a enxergar 
    Toda sua vida 
    Você somente aguardava um momento para ser livre 

    Pássaro preto, voe, pássaro preto, voe 
    Para a luz da noite escura e negra 
    Pássaro preto, voe, pássaro preto, voe 
    Para a luz da noite escura e negra 

    Pássaro preto cantando na calada da noite 
    Tome estas asas quebradas e aprenda a voar 
    Toda sua vida 
    Você estava aguardando esse momento para alçar voo

    Tradução do UOL

    [video:http://youtu.be/RDxfjUEBT9I width:600 height:450]

  2. Humberto Teixeira

     

    O Homem Que Engarrafava Nuvens

    Se o Nordeste fosse um país, o hino nacional seria ‘Asa Branca’ – Bráulio Tavares

    Humberto Teixeira - O doutor do Baião

    “Quando o verde dos teus óio se espaiar na prantação, eu te asseguro, não chore não, viu?, que eu vortarei, viu?, meu coração1 – Estes são alguns dos versos mais belos que já foram criados na língua portuguesa” – Sérgio Vaz

    “Foi Tárik de Souza que me deixou clara a noção de que a música popular brasileira descende de três grandes vertentes: Noel Rosa, o samba urbano, metropolitano, Zona Norte do Rio de Janeiro; Dorival Caymmi, cuja obra abrigou as canções regionais, praieiras, nordestinas, e também as canções urbanas, Zona Sul, que prenunciavam a bossa nova; e Luiz Gonzaga, o cara que ensinou ao Brasil que existia o Nordeste”  – Sérgio Vaz

    Do encontro de Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira

    saíram algumas das mais belas canções já feitas neste país.

    Humberto Cavalcanti Teixeira nasceu em Iguatu, interior do Ceará, em 1916. Se os caprichos do destino não o houvessem feito conhecer Luiz Gonzaga do Nascimento, nascido em 1912 em Exu, Pernambuco, muito provavelmente ele teria sido, ainda assim, um personagem importante da música brasileira. Era um compositor e letrista de talento. Tem obra vasta, forte, ele próprio, sozinho.

    Mas o fato é que quiseram os tais caprichos do destino que ele viesse a conhecer, em meados dos anos 40, já no Rio de Janeiro, então a capital, a única metrópole e o centro irradiador de cultura para o país inteiro, o tal Luiz Gonzaga.

    Numa entrevista gravada, sabe-se lá quando, Humberto Teixeira lembrou que Iguatu, no Ceará, fica perto de Exu, em Pernambuco, e que o encontro entre ele e Luiz Gonzaga teria mesmo que acontecer. Numa belíssima sacada, o diretor Lírio Ferreira mostra no seu filme essa frase enquanto vemos um mapa do Brasil: de Iguatu para Exu e daí para o Rio de Janeiro, é uma linha reta.

    O filme “O Homem que Engarrafava Nuvens” retrata a vida e obra do compositor pernambucano, eterno parceiro de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira

    Por que as pessoas se encontram?

    O acaso. As coincidências. O destino. O que os deuses decidiram. Tudo isso, ou nada disso. Ira Gershwin encontrou George porque eram irmãos. Paul encontrou John porque moravam na mesma cidade. Tom encontrou Vinícius também porque moravam na mesma cidade, a capital federal, a única metrópole do país, em que as pessoas bem de vida e de talento se concentrava em três ou quatro bairros contíguos.

    Encontraram-se no Rio, uns 20 anos antes de Tom encontrar Vinicius, o cearense doutor, e o pernambucano de origem mais humilde, sanfoneiro, musicalidade saindo pelos poros.

    Do encontro de Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira saíram algumas das mais belas canções já feitas neste país, cuja principal riqueza, sei disso faz tempo, é a música popular. Saiu um fenômeno cultural – foi por causa de Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira que pela primeira vez um ritmo, uma tradição nordestina conquistou essa tralha imensa chamada Brasil, para usar uma expressão de Chico Buarque, ele mesmo presente no documentário cantando “Kalu”, uma canção só de Humberto Teixeira, sem Luiz Gonzaga.

    [video:http://youtu.be/FUaIJng6BwU width:600 height:450]

    A dupla criou um fenômeno cultural

    que se espalhou pelo país inteiro – e por muitos outros países

    Estou hoje com 62 anos; só fui entender a grandeza, a genialidade de Luiz Gonzaga quando já tinha passado dos 20. Este é um país jovem, e de memória pequeníssima – ou nenhuma. Metade dos brasileiros nasceu na era do funk, do rap, do hip-hop.

    Apenas cerca de um quarto, talvez um quinto dos brasileiros se lembra dos tempos em que o Rio de Janeiro era a única caixa de repercussão, de reverberação de cultura – os tempos da Rádio Nacional, da Revista do Rádio.

    Por causa de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, o baião virou mania nacional e, também, internacional.

    [video:http://youtu.be/bXNbZqc-f-E width:600 height:450]

    Os caras que ensinaram ao Brasil que existia o Nordeste

    Quer saber? Na minha opinião, foda-se o reconhecimento internacional. Para mim, não importa nada se o baião teve aplausos na Itália, nos Estados Unidos.

    Importa, isso sim, que o país inteiro curtiu o baião. Foi um imenso fenômeno cultural: pela primeira vez, o Brasil do Sudeste, do Sul, reconhecia e aplaudia e aprovava como sua a música do Nordeste.

    Quando era bem jovem, eu lia Tárik de Souza com o respeito com que os muçulmanos leem o Corão. Foi Tárik de Souza que me deixou clara a noção de que a música popular brasileira descende de três grandes vertentes: Noel Rosa, o samba urbano, metropolitano, Zona Norte do Rio de Janeiro; Dorival Caymmi, cuja obra abrigou as canções regionais, praieiras, nordestinas, e também as canções urbanas, Zona Sul, que prenunciavam a bossa nova; e Luiz Gonzaga, o cara que ensinou ao Brasil que existia o Nordeste.

    Às vezes, em termos de costumes típicos, de cultura popular, de música, parece que o Nordeste é maior do que o Brasil.

    Depois que Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira ensinaram ao Brasil (e ao mundo, mas o mundo que se dane) como se dança o baião, a cultura deste país, e o próprio país, jamais foram os mesmos.

    Metade, ou mais da metade da música brasileira vem de origens nordestinas, se entendermos a Bahia como Nordeste.

    Mirtão gravou, com sua voz de sino de cobre de igreja histórica das Gerais, junto com Gonzagão a canção “Légua Tirana”, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. (Fizeram juntos também outro dueto extraordinário, de doer o coração, em “Luar do Sertão”, no disco de 1971 em que Gonzagão comemorava alguma data importante de sua carreira, não me lembro qual.)

    [video:http://youtu.be/ie-vEA4NHrI width:600 height:450]

    Então, depois de romper a parceria com Lua…

    Pois então, depois de romper ou ter tido rompido a parceria com Lua, Humberto Teixeira compôs “Kalu”, que foi um imenso sucesso.

    A gravação de Chico de “Kalu” é belíssima. Chico é um grande cantor. Chico é grande em tudo o que faz – menos quando fala de política.

    Com uma coragem absurda,

    a filha mostra imensa distância entre o artista e o homem

    ‘Kalu, Kalu, tira o verde desses óis de riba d’eu’ – outro verso antológico, brilhante, genial.

    ***

    [video:http://youtu.be/GPDcjxeXpZY width:600 height:450]

    De uma forma extremamente corajosa, Denise Dumont expõe a imensa distância entre o Humberto Teixeira artista e o Humberto Teixeira pessoa.

    Denise, parece, passou muitos anos sem ver sua mãe, nascida Margarida Pollice no rico interior paulista, que, em sua carreira como atriz de cinema, entre 1951 e 1954, usou o pseudônimo Margot Bittencourt, e, nos últimos anos de vida, assinava-se Margarida Jatobá, por ter sido casada com Luiz Jatobá.

    Pois então Denise reencontrou a mãe para entrevistá-la para o documentário que vinha produzindo. Margarida morava em Nova York fazia anos. A entrevista, no amplo apartamento da velha senhora, é o ponto mais emocionante do filme. É visível que Margarida não se sente inteiramente à vontade para falar do ex-marido diante da câmara. Chega a perguntar para a filha se está tudo bem, se deve mesmo falar tudo, e Denise a incentiva a falar, se abrir. Diz a ela que todas as pessoas que havia entrevistado até então sobre o pai só tinham elogios a ele, o grande músico; mas que queria saber da pessoa do pai.

    [video:http://youtu.be/IgxYcpwMhX8 width:600 height:450]

    – “Era um nordestino do interior, macho”, define Margarida.

    Um machista, retrógrado, possessivo, conservador até a medula. Esse é o retrato que Denise Dumont descobriu do pai, e que tem a coragem de revelar.

    Coragem. Sobra coragem a essa moça.

    A uma determinada altura, Denise Dumont, sendo filmada, faz para a mãe a pergunta para a qual ainda não tinha tido resposta na vida:

    – “Como é que acabou ele ficando comigo e você deixando isso acontecer?”

    Quase tão ruim quanto um traficante de escravos – mas que maravilhoso compositor

    Sempre achei que a vida pessoal do artista não tem muito a ver com sua obra. Um sujeito pode ser egoísta, vaidoso, até mau caráter, e ser capaz de criar belas obras. Pode até traficar escravos e ser grande poeta, como prova Rimbaud. Dizem que Erza Pound simpatizava com o naz-fascismo, e no entanto era um grande poeta.

    Humberto Teixeira não foi um bom pai, um pai presente, amigo. Ao contrário. Ao descobrir que Denise estava fazendo usa primeira peça teatral, aos 16 anos de idade, foi ao teatro com um oficial de justiça, para proibi-la de continuar atuando: moça decente não trabalha em teatro.

    Era um machista, retrógado, possessivo, conservador – e, pior do que tudo isso, um pai ausente.

    E, no entanto, que grande compositor.

    Denise Dumont, filha de Humberto Teixeira

    Que belo, maravilhoso filme.

    Anotação de Sérgio Vaz em fevereiro de 2012

    http://50anosdefilmes.com.br/2012/o-homem-que-engarrafava-nuvens/

  3. Raul in NY

     

    Raul passou fome e se alimentou com sobras encontradas no lixo

    “E era um latão de lixo transbordando em Nova Iorque catchup e caviar”

    [video:http://youtu.be/W0l3LZly8fk width:600 height:450]

    ‘Banquete de Lixo’ é o lamento de Raul na linda canção composta com Marcelo Nova

    Às 3 horas da manhã na cidade tão estranha
    Um palhaço teve a manha de um banquete apresentar
    E era um latão de lixo transbordando em Nova Iorque catchup e caviar

    E eu dormindo embriagado, um par de coxas do meu lado
    E eu sem saber se devia ou não tocar
    Se era estrangeira, mãe, esposa ou outra besteira
    Que eu inventei de aprontar

    O hoje é apenas um furo no futuro
    Por onde o passado começa a jorrar
    E eu aqui isolado onde nada é perdoado
    Vi o fim chamando o princípio pra poderem se encontrar

    Fui levado na marra, pois enfermeiro quando agarra
    É que nem ordem de prisão
    A ambulância me esperava, e aí o que rolava, internamento e injeção

    E lá em Serra Pelada, ouro no meio do nada
    Dor de barriga desgraçada resolveu me atacar
    O show estava começando e eu no escuro me apertando
    E autografando sem parar

    Muitas mulheres eu amei e com tantas me casei
    Mas agora é Raul Seixas que Raul vai encarar
    Nem todo bem que conquistei, nem todo mal que eu causei
    Me dão direito de poder lhe ensinar

    Meu amigo Marceleza já me disse com certeza
    Não sou nenhuma ficção
    E é assim torto de verdade com amor e com maldade
    Um abraço e até outra vez

    [video:http://youtu.be/SMJxj_LYJMI width:600 height:450]

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